O que fazer quando usode cassinomáscaras não é mais obrigatóriode cassinoacademias

Especialistas apontam quem não deve aderir à flexibilização e que cuidados devem permanecer ao treinarde cassinolugares fechados e abertos

Por Marina Borges, para o Eu Atleta — Bauru, São Paulo


Em algumas cidades do país, não há mais a obrigaçãode cassinousode cassinomáscaras nem mesmode cassinoambientes fechados, como academias. Em outras, acredita-se que isso também aconteceráde cassinobreve. Mas será que esse é o momentode cassinopararmosde cassinoutilizar máscara na horade cassinomalhar? Os especialistas apontam que a flexibilizaçãode cassinoseu uso não deveria ser uma discussão para agora no Brasil. Para entender melhor o que fazer nessa fase da pandemia e orientar as pessoas que se exercitamde cassinolocais fechados, o Eu Atleta conversou com a infectologista Raquel Stucchi e com o médico cardiologista e do esporte Mateus Freitas Teixeira, que apontam que academias são, geralmente, locais especialmente facilitadoresde cassinocontágio.

- A academiade cassinosi é um local que respiramos normalmente com mais vigor, então a gente elimina mais vírus. Normalmente elas são fechadas com ar condicionado, portanto, sem ventilação natural. Então, a chancede cassinovocê ter nuvens ali do SARS-CoV-2 é maior e, por isso, o riscode cassinotransmissão é muito aumentado - aponta a infectologista.

Usode cassinomáscarade cassinolocais fechados como academias não é mais obrigatóriode cassinoalgumas cidades brasileiras — Foto: Istock Getty Images

O usode cassinomáscarade cassinoacademiasde cassinoginástica, portanto, deveria ser mantido. Mateus Freitas também concorda que, apesar da flexibilidade ede cassinoa vida estar voltando ao normal, se o ambientede cassinoexercício for pequeno e sem ventilação, é fundamental o usode cassinomáscara por ora.

Orientações para se exercitarde cassinoambientes fechados

Distância entre clientes na academia e usode cassinomáscara continuam sendo medidas importantes — Foto: Istock Getty Images

De acordo com os especialistas, o ideal é que se mantenha os mesmos cuidados como se fosse ainda necessário o usode cassinomáscaras. É importante lembrarmos que daqui a pouco se inicia o outono e,de cassinoseguida, o inverno, que são estações do anode cassinoque aumenta a ocorrência dos quadros respiratóriosde cassinouma maneira geral, não sóde cassinoCovid. E a máscara é um item muito importante durante esse período, pois impede a transmissão dos agentes causadores dos quadros respiratórios no geral. Raquel Stucchi destaca que esse é mais um motivo para mantermos o uso das máscarasde cassinoacademias.

  1. Usar máscara durante o exercíciode cassinoambientes fechados;
  2. Manter as mãos higienizadas;
  3. Evitar colocar a mão na boca e nos olhos;
  4. Não se exercitar com sintomas gripais;
  5. Continuar tendo a higiene com os aparelhos;
  6. Falar o mínimo possível.

- O vírus irá permanecer ainda por algum tempo e não é raro que possa haver outras ondasde cassinoinfecção. Os profissionaisde cassinosaúde que trabalhamde cassinounidadesde cassinoterapia intensiva (UTIs) utilizam uma forma simples e muito eficiente para evitar contaminação cruzada e, viade cassinoconsequência, não se infectar: lavar adequadamente e regularmente as mãos. Portanto, se conseguirmos manter o máximode cassinohigiene nas mãos, conseguiremos nos protegerde cassinouma sériede cassinoinfecções. Por isso, o hábitode cassinolavar sempre as mãos com álcool ou mesmo água e sabão é muito importante. Evidentemente, não precisamos criar neuras ou manias, mas caso as mãos não estejam limpas, é importante não as levar levar aos olhos e boca. Com essa atitude simples, já será possível proteger a si e aos demais - recomenda Matheus.

Para exercícios realizados ao ar livre, tudo bem dispensar o uso da máscara?

O riscode cassinotransmissão durante exercícios ao ar livre é pequeno — Foto: Istock Getty Images

Sim. De acordo com os especialistas, nesses espaços, com os índices comunitáriosde cassinoinfecção sendo baixos, é muito difícil que a pessoa se contamine, não sendo necessário, assim, o usode cassinomáscara. Claro, deve-se sempre ter atenção as recomendações sanitárias. Mas, no atual cenário, é possível fazer exercícios sem máscara ao ar livro sem maiores problemas. No entanto, caso a atividade ao ar livre gere aglomeração, na qual não seja possível manter o distanciamentode cassino1,5 metro, é recomendável o usode cassinomáscara. De qualquer modo, é recomendável que a pessoa sempre tenha uma máscara consigo. Afinal, caso decida passarde cassinoalgum local, como padaria e farmácia, depois da prática física, é importante utilizar o itemde cassinoproteção.

Quem precisade cassinomais cuidados nesse momentode cassinoflexibilização?

Esta é uma questão que gera grande incerteza, já que tivemos, há bem pouco tempo, um grande surtode cassinocasos da variante ômicron. Porém, as autoridades sanitárias e seus respectivos gabinetes científicos monitoramde cassinoperto o númerode cassinoinfecções, internações e mortes, que, inegavelmente, vem apresentando estabilização e queda. A partir dessas análises, algumas cidades flexibilizaram as medidasde cassinocontrole. De acordo boletimde cassino11de cassinomarço do Observatório da Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a medida é precipitada.

- Sempre haverá bons argumentos para os dois lados, creio que a melhor medida, por ora, seria manter o usode cassinomáscarade cassinolugares fechados, como vem sendo aplicado na Europa, tendode cassinovista que o contato mais próximo é que perpetua viroses, seja ela qual for - aponta o médico Mateus Freitas.

Neste momentode cassinoflexibilização já decidida do usode cassinomáscaras, os especialistas apontam que alguns grupos devem ter ainda mais cuidados com a manutenção do usode cassinomáscaras, especialmente:

  • As pessoas que não estão vacinadas ou que não completaram o esquema vacinal;
  • As pessoas com maisde cassino60 anos (mesmo aquelas que já fizeram a terceira dose da vacina devem manter o usode cassinomáscara, porque sabemos que eles já precisariam da quarta dose);
  • As pessoas imunocomprometidas;
  • As pessoas que estão fazendo quimioterapia;
  • As pessoas com comorbidades (diabetes, hipertensão, obesidade, etc);
  • As pessoas que convivem com pessoas do grupode cassinorisco também devem manter o usode cassinomáscara, principalmente nos ambientes fechados.

- Todos esses grupos citados devem manter o usode cassinomáscara ao ar livre, quando houver aglomeração e nos ambientes fechados, mesmo que já haja autorização para não usarem. Afinal, essas populações têm o maior riscode cassinoter doença grave pelo SARS-CoV-2 - aponta a infectologista Raquel Stucchi.

Estou vacinado com as duas doses e o reforço: ainda assim, que riscos eu corro se for malhar sem máscara?

O riscode cassinoter doença grave principalmente se a pessoa tiver menosde cassino60 anos é muito pequeno. Porém, é sabido que, com a variante ômicron, existe o riscode cassinoadoecermosde cassinouma forma leve.

- O fatode cassinoestar com esquema vacinal completo não tira a possibilidadede cassinocontrair a doença ou transmiti-la. A vacina é uma proteção que fará nosso corpo possuir anticorpos suficientes para que não fiquemos com a forma grave da doença e, consequentemente, que o desfechode cassinomorte não seja atingido. É importante frisar que o esquema vacinal deva estar completo, ou seja, com três doses, sempre. À medida que os dados científicos mais atuais são robustos no sentido da proteção que as vacinas exercem, criar notícias falsas a respeito da imunização é intolerável. Assim sendo, recomendo quede cassinolugares fechados e com pouca ventilação as pessoas mantenham o usode cassinomáscaras por ora - conscientiza Mateus Freitas.

Panorama do Brasil

Fomentar a vacinação ainda deveria ser discussão prioritária no Brasil — Foto: Istock Getty Images

Mateus Freitas aponta que, como vivemos no mundo dos dados e das análises que produzimos por meio desses dados, as estatísticas podem responder a maioria das perguntas que fazemos. Assim, o número absolutode cassinovacinados no Brasil é alto. Porém, quanto aos que estão com esquema vacinal realmente completo com três doses, nota-se que há uma grande desigualdade entre regiões brasileiras. Logo, é possível que outras variantes surjam e, por isso, medidasde cassinorestrição voltem a ser empregadas.

- O ideal seria que todos usassem os dadosde cassinoforma eficiente e sem vieses, assim seria possível olharmos para os problemasde cassinoforma realista. Junto a isso, há pesquisas contínuas que são capazes, quando bem feitas,de cassinoajudar a alertar e prevenir problemas da Covid ede cassinosuas variantes. Agora, entramosde cassinouma fasede cassinogrande flexibilização, todos estão contentes e assim devemos permanecer. No entanto, não podemos esquecer do que passamos - alerta Mateus Freitas.

Raquel Stucchi ressalta que que a grande preocupação no Brasil não deveria ser o usode cassinomáscara:

- Temos outras prioridades, como fomentar a vacinação das crianças e que as pessoas completem o esquema vacinal. Temos que disponibilizar a quarta dose para todos os idosos o mais rápido possível e temos que ter disponível, como programade cassinosaúde pública, as medicações já aprovadas pela Anvisa que impedem a evolução grave da Covid-19de cassinoidosos e nos imunocomprometidos, que sabemos que são populações que respondem mal à vacina. Então, essas questões são urgentes neste momento, e não a liberação do usode cassinomáscara - frisa a infectologista.

Fontes:
Mateus Freitas Teixeira é médico cardiologista do Clubede cassinoRegatas Vasco da Gama, mestre pela Universidade Novade cassinoLisboa, diretor da Sociedadede cassinoMedicina do Exercício e Esporte do Riode cassinoJaneiro e membro do comitêde cassinoMedicina Desportiva da Associação Médica Fluminense.
Raquel Stucchi é médica infectologista da Unicamp e Membro da Sociedade Brasileirade cassinoInfectologia (SBI).