Como personal virou corredorbetano atrajetos inusitados no Rio

Famoso pelo bordão "correr é bom demais", Pedro Paulo Amorim conta que a corrida o salvou da depressão na pandemia e revela desejobetano afazer roteiros inusitadosbetano aoutras cidades

Por Gabriel Oliveira — São Paulo


De Copacabana ao Jardim Oceânico, da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo,betano aMaria da Graça a Nova Iguaçu. O educador físico e personal trainer Pedro Paulo Amorim,betano a32 anos, faz das ruas do Riobetano aJaneiro abetano apista para longas, inusitadas e às vezes perigosas corridas. O estilo aventureiro com que desbrava a cidade o fez se tornar popular na internet, somando hoje maisbetano a400 mil seguidores no Instagram. Famoso pelo bordão "correr é bom demais", Pedro revela que a corrida o salvou da depressão e conta que, após correrbetano aSão Paulo, indobetano aItaquera à Barra Funda, pretende incluir outras cidades na listabetano aroteiros surpreendentes.

Pedro Paulo Amorim correndobetano aMaria da Graça a Nova Iguaçu

— Eu achei uma maneirabetano asobreviver bem. Não só fisicamente, mas para estar bem psicologicamente. A corrida me trouxe para o mundo real e me salvou — confessa Pedro,betano aentrevista ao EU Atleta, sobre a importância da atividade no auge da pandemiabetano aCovid-19, épocabetano aque começou a correr,betano amadrugada, pelas ruas do Riobetano aJaneiro.

— Eu me aproximei muito fortemente da depressão e ansiedade. Era pouco provável que, sem a corrida, eu saísse disso íntegro, como eu saí. Eu não precisei tomar nenhum remédio e fazer a terapia a que todos os meus familiares precisaram se submeter depois. Foi um momentobetano aque eu me reaproximei da corrida, que se tornou a minha terapia.

Pedro Paulo Amorimbetano aDuquebetano aCaxias, no final do percurso — Foto: Arquivo pessoal

betano a Correndo para fugir do trânsito

Pedro havia começado a correrbetano a2013, quando estava no 2º ano do cursobetano aEducação Física na Universidade do Estado do Riobetano aJaneiro (UERJ). Insatisfeito com os congestionamentos e o transporte público lotado que enfrentava na saída das aulas no horáriobetano apico, passou ir a pé para casa,betano aMaria da Graça,betano aum percursobetano a5 quilômetros.

— Percebi que voltar a pé era mais confortável do que enfrentar o metrô cheio ou irbetano acarro. Um trajeto que, a pé, eu levavabetano a30 a 35 minutos,betano acarro eu levaria 1 hora — relembra.

— Como todo início, era entre caminhadas e corridas, intercalando velocidades. Com o tempo, comecei a iniciar e terminar o percurso correndo. Peguei gosto pela corrida.

Pedro Paulo Amorimbetano adiabetano acorrida — Foto: Arquivo pessoal

betano a Corrida como terapia

Devido ao trabalho como professorbetano amusculaçãobetano aacademia, a profissão que exerce até hoje, Pedro deixou a corridabetano alado e só voltou a correr na pandemia,betano a2020, quando saíabetano amadrugada para espairecer.

— Eu saíabetano acasa às 3 da manhã para correr. Eu corria por 1 hora, 1 hora e meia e não via ninguém nas ruas. Isso se tornou uma válvulabetano aescape para aquele momento delicado que a gente vivia.

Encerrado o período mais crítico da pandemia, Pedro abandonou novamente a corrida e só retomou a atividade no meio do ano passado, quando viralizou na web por causabetano aum trajeto que gravou por acaso, saindobetano acasa e indo até o Estádio Olímpico Nilton Santos, o Engenhão.

— Minha esposa estava grávida, e a gente teve uma discussão no meu horário padrão, 3 horas da manhã. 'Vou sairbetano acasa para correr para não estressá-la e não me estressar'. Foi sempre minha válvulabetano aescape. Saíbetano acasa para correr. Só que, nesse dia especialmente, eu saí com o celular no bolso. Eu não saía com o celular. 'Bom, já que eu estou com celular no bolso, vou filmar'. Essa corrida eu filmei, editei e postei. Foram 40 mil visualizações. Eu fiz o que sempre fazia, só que filmei, e a galera gostou. Explodiu. O vídeo saiu do meu círculobetano aamigos.

Pedro Paulo Amorim correndobetano aCopacabana ao Jardim Oceânico

betano a Percursos inusitados

Ele passou a publicar vídeos dos treinamentos que fazia, sempre correndo pelas ruas, mas por lugares que conhecia, indo a Maracanã, Engenhão e São Januário. Botafoguense, Pedro é amante do futebol - daí abetano apredileção por roteiros que envolvam estádios.

Por sugestãobetano aum aluno, o personal trainer ousou ir além dos trajetos que conhecia e saiu correndo - literalmente -betano acasa para a Zona Sul. Foi a partir daí que o educador físico passou a correr longas e desconhecidas distâncias. São vários percursos que, aos olhos das pessoas, são impossíveisbetano aserem percorridos a pé, seja pela enorme distância, pelo trajeto não linear e cheiobetano aobstáculos ou pelo perigo da insegurança urbana.

— Talvez eu sinta a mesma adrenalinabetano aquem que pulabetano aparaquedas. Eu acho uma loucura o cara que coloca uma mochila nas costas e pula. Eu falo: 'Este cara é maluco'. Talvez esse cara que pula fale para mim a mesma coisa. Tenho medobetano aaltura, não dá para pular. Mas dá para correr. Talvez seja uma boa adrenalina. Uma boa sensação que sinto quando a pessoa fala: 'Não tem como fazer isso'. Não, não… Tem! Calma que tem.

Apesar do espanto das pessoas que assistem aos vídeos,betano arazão dos trajetos que incluem locais considerados perigosos, Pedro diz ser um avaliadorbetano arisco ruim, mas ressalta que corre sempre prestando atenção no entorno.

— Sou bem otimista. Eu me sinto bem correndo e, quando estou me sentindo bem, não estou muito preocupado e nem penso nas coisas que podem acontecer. Eu não encho minha cabeça com essas coisas, até pelo meu início na corrida, sozinho na rua. Estavabetano aambiente que pode ser que as pessoas digam: 'Aí eu não passaria nembetano acarro nessa hora'. E eu estava a pé correndo. Eu meio que blindei a minha cabeça para o eventual perigo. É lógico que ando olhandobetano avolta. Sou um cara muito atento — conta Pedro.

Pedro Paulo Amorim correndobetano aMaria da Graça a Jardimbetano aAlah

betano a Como são os trajetos

O educador físico já correubetano aMaria da Graça para Copacabana, Botafogo, Glória, Ilha do Governador, entre outros destinos. Os maiores trajetos foram da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo,betano aMaria da Graça ao Leblon ebetano aMaria da Graça a Nova Iguaçu - todos perto dos 30 km, percorridos entre 2h30 e 3h.

Pedro elege o roteirobetano aMaria da Graça a Nova Iguaçu como o mais longo, o mais inusitado e o mais perigoso.

— E o que eu me diverti mais, para você ver como diversão é uma coisa muito relativa — complementa Pedro, com sorriso no rosto.

— Foi doideira. Peguei a [Rodovia Presidente] Dutra e regiões que as pessoas falam que não passam nembetano acarrobetano ajeito nenhum. Eu me perdi bastante, mas deu certo. Foi muito divertido. Eu cheguei e me senti realizado.

Pedro Paulo Amorim correndo do estádio da Neo Química Arena ao Allianz Parque

betano a Relação com o Rio

O olhar atento por onde passa e os percursos inesperados que percorre fizeram Pedro conhecer o Riobetano aJaneirobetano auma perspectiva diferente.

— Eu conhecia o meu bairro e a minha região. A corrida me fez conhecer a cidade. Tanto Centro quanto Zona Sul. Tanto é que, no primeiro vídeo que vou para a Zona Sul, eu me perco absurdamente. Hojebetano adia, se tu me botarbetano aqualquer lugar, Centro, Zona Norte ou Zona Sul do Rio,betano aqualquer esquina, eu vou conhecer. Mudou completamente o meu olhar sobre a cidade.

betano a Conhecendo outras cidades

O interessebetano aPedro, porém, vai além das divisas cariocas. Ele já correu os 20 kmbetano adistância entre o Castelobetano aItaipava e o Museu Imperial,betano aPetrópolis, e os 25 km que separam a Neo Química Arena, estádio do Corinthians, e o Allianz Parque, do Palmeiras.

— O percursobetano aSão Paulo, eu não achei que seria tão inusitado assim, mas, pelos comentários, parece ter sido. Percebi que esse vídeo seria bom quando perguntei para o cara da pousadabetano aque eu estava: 'Alguém aqui já correu do estádio Corinthians até o estádio do Palmeiras?' Ele já meteu assim: 'Você é louco, dá não'. Eu falei: 'É isso. Esse é o trajeto que vou fazer' — diverte-se Pedro.

Ele quer correrbetano amais cidades e conhecer outros lugares, mas dependerbetano apatrocínio para bancar as viagens e hospedagens.

— Agora estou pensandobetano aum monte [de percursosbetano aoutras cidades], não tem nenhum concreto. Vai ser meio aleatório, mas vai rolar com certeza. O objetivo é que seja o mais divertido possível para mim.

Atualmente, Pedro correbetano atrês a quatro vezes por semana, normalmentebetano atrajetos com maisbetano a20 km. Ele está se preparando para a primeira maratona da vida, a Maratona do Riobetano aJaneiro, a ser realizadabetano a2betano ajunho.

— Às vezes a pessoa pode até achar 'por que tu não dá três voltas na Lagoa [Rodrigobetano aFreitas], que vai dar o mesmo 21 km?' Porque é completamente diferente. Sairbetano aum ponto e chegar a outro é completamente diferente, a sensação é outra. Para mim, é muito melhor. Tem gente que prefere correr na esteira. Eu prefiro correr na rua.