Um estudo da Universidaderoleta editavelOhio, nos Estados Unidos, realizado entre janeiro e abril do ano passado com 1.285 paisroleta editavelcrianças e adolescentes menoresroleta editavel18 anos, identificou que 66% dos participantes sofriamroleta editavelburnout parental. A pesquisa revelou ainda que o problema estava possivelmente relacionado com ansiedade, depressão e também com o aumento do consumoroleta editavelálcool. Para entender sobre o que é o burnout parental e como lidar com a prevenção e o tratamento, o EU Atleta conversou com o psicólogo Marcelo Matias, que desenvolve pesquisas e um doutorado sobre burnoutroleta editavelLondres, na Inglaterra.
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O que é
Burnout é uma síndromeroleta editavelesgotamento normalmente ligada ao trabalho. Com sintomas como exaustão física e mental, autoconfiança baixa, dificuldaderoleta editavelconcentração, insônia, ansiedade, depressão, cansaço e apatia, é uma reação ao estresse causado pelo trabalho. Mas há outras situação sem conexão com o mundo profissional levando a casos semelhantes. Um deles é o burnout parental, relacionado à rotina e às preocupações inerentes à vidaroleta editavelpais e mães.
O burnout parental,roleta editavelacordo com o psicólogo Marcelo Matias, é caracterizado como uma condição que atinge mães, pais e cuidadores diretos, que provoca extrema exaustão emocional junto a sentimentosroleta editavelderrota, frustração ou redução na capacidaderoleta editavelcuidar. Enquanto o burnout ocupacional está ligado ao ambienteroleta editaveltrabalho e à relação da pessoa com esse ambiente, no burnout parental é a relação com o cuidar que causa o desgaste extremo.
- Uma diferença interessante entre essas duas formasroleta editavelburnout é que o burnout parental leva mais tempo para mostrar os sintomas, alémroleta editavelainda existir uma subnotificação desse fenômeno - explica Marcelo Matias.
O estudo americano avaliou 1.285 pais a longoroleta editavelquatro mesesroleta editavel2021, com o resultadoroleta editavel66% com burnout parental. Entre os pais que sofriam com o problema, 68% eram mulheres e 42%, homens, com uma clara prevalência do problema entre as mães. No Brasil eroleta editaveloutros países do mundo,roleta editavelacordo com o psicólogo, a cargaroleta editavelatividade das mulheres ainda permanece maior do que aroleta editavelhomens e, por esse motivo, mulheres podem sofrer mais com o burnout parental do que os homens.
- As exigências para ser uma mãe adequada são maiores do que para os homens. Quando pensamos no burnout e na questão da demanda e dos recursos, na conta da mãe entram mais demandas e menos recursos quando comparados ao pai - explica Matias.
Causas
Segundo o psicólogo, não existe um consenso sobre as causas do burnout parental. A teoria mais aceita entre os pesquisadores é a do excessoroleta editavelexigências aos pais. De acordo com Marcelo Matias, a pandemia, por exemplo, aumentou significativamente as demandas dos cuidadores, mães e pais que tiveram que se desdobrar para dar contaroleta editavelsuas próprias atividades e também dasroleta editavelseus filhos.
- Seroleta editavelum lado a pressão para ser aquilo que o senso comum chamaroleta editaveluma “boa mãe” ou um “bom pai” aumentou consideravelmente, do outro lado as condições para conseguir lidar com a demanda extra não foram proporcionais. Por condições, entendemos diversos elementos como tempo, treinamento, saúde emocional, descanso, habilidades, rederoleta editavelapoio e também maior igualdade entre o que é exigido para cada gêneroroleta editavelnossa sociedade - explica.
O estudo americano, por seu lado, aponta uma sérieroleta editavelmotivos para o burnout parental, destacando-se: ansiedade dos pais, ansiedade dos filhos, TDAH dos filhos ou preocupação dos pais com um possível transtorno mental não diagnosticado dos filhos.
Além disso, o estudo indicou ainda que possivelmente o burnout parental se relaciona com transtornosroleta editavelansiedade, depressão e também com o aumentoroleta editavelconsumoroleta editavelálcool. Psicólogo e pesquisadorroleta editavelburnoutroleta editavelLondres, Marcelo Matias explica que como o burnout é um processo gradual, que não acontece do dia para a noite, a pessoa que sofre com o problema tenta encontrar diferentes maneirasroleta editavelenfrentar e modificar o que está sentido.
Com isso, algumas pessoas buscam encontrar maneiras mais saudáveis e funcionais para lidar com o problema como: ter um gruporoleta editavelamigos, uma rederoleta editavelapoio, fazer exercícios físicos, respeitar as próprias necessidades. Estratégias saudáveis que podem ajudar. Mas as pessoas são diferentesroleta editavelsuas reações, e algumas podem buscar o silenciamento da dor, um escapismo do sofrimento e do cansaço ou buscam aumentar a própria energia para dar conta. Nesse caso, o abusoroleta editavelsubstâncias e os comportamentos compulsivos podem ser entendidos como tentativasroleta editavelaliviar o desconforto ou sofrimento, segundo o especialista.
Sintomas
- Estado extremoroleta editavelcansaço;
- Esgotamento;
- Fadigas física e emocional que não necessariamente estão ligadas à energia que foi usada ao longo do dia, pois o cansaço não diminui mesmo após o descanso diário;
- Sentir que precisaroleta editaveldistância dos filhos;
- Sensaçãoroleta editavelisolamento;
- Irritabilidade;
- Faltaroleta editavelpaciência e aumentoroleta editavelconflitos com outros membros da família;
- Aumentoroleta editavelatividadesroleta editavelescape, com usoroleta editavelcomida, bebida ou drogas para conseguir enfrentar o dia a dia;
- Faltaroleta editavelmotivação;
- Sinais físicos como doresroleta editavelcabeça, gastrites, quedaroleta editavelcabelo;
- Sentimentosroleta editavelansiedade eroleta editaveldepressão.
Cuidados e tratamento
Um dos caminhos para prevenir e tratar o burnout parental é saber colocar limites para si e para os outros, compreendendo que "é ok, dizer não”. O psicólogo Marcelo Matias recomenda acompanhar os filhos nas liçõesroleta editavelcasa, levá-los filhosroleta editavelatividades extracurriculares e garantir que eles estarão presentes nos aniversáriosroleta editavelamigos, por exemplo. No entanto, também é fundamental para os pais ou cuidadores priorizarem suas próprias necessidades como:
- Cuidar da alimentação, consumindo nutrientes variados;
- Descansar;
- Buscar estratégias para um sono reparador;
- Dividir as tarefas domésticas com o parceiro e também com os filhos, que já podem assumir algumas funções na casaroleta editavelacordo com a faixa etária, desde guardar seus próprios brinquedos até lavar a louça, no caso dos maiorzinhos;
- Dar responsabilidade e autonomia aos filhosroleta editavelrelação às tarefas da escola e à arrumação do próprio quarto;
- Se necessário, vale diminuir o númeroroleta editavelatividades extracurriculares dos filhos, quando forem muitas, pois,roleta editavelexcesso, elas podem estressar as crianças ou adolescentes e os pais;
- Ter um horário para atividades para lazer;
- Praticar exercícios físicos;
- Procurar uma rederoleta editavelapoio para desabafar e falar sobre as experiências;
- Aprender boas práticas que já funcionam para outras pessoas é também uma excelente formaroleta editavelcombate ao burnout, principalmente nas etapas mais iniciais, quando a vontaderoleta editavelse isolar aumenta;
- Procurar ajudaroleta editavelterapeutas, como psicólogos, psicanalistas, psiquiatras.
Fonte:
Marcelo Vieira Matias é psicólogo há maisroleta editavel10 anos pela USP, especialistaroleta editavelOrientação Profissional eroleta editavelGestalt-terapia. Atualmente faz doutorado e pesquisa sobre Burnoutroleta editavelLondres, na Inglaterra.