Álcool: beber antescódigo h2betdormir ajuda ou atrapalha o sono?

Especialistas explicam os efeitos da ingestãocódigo h2betbebidas alcoólicas à noite e repercussões na saúde

Por Juliana Baptista, para o Eu Atleta — São Paulo


Depoiscódigo h2betum longo diacódigo h2bettrabalho, muitas pessoas têm o hábitocódigo h2bettomar uma bebida alcoólica para relaxar. O vinho, cerveja ou até mesmo destilados promovem uma sensação momentâneacódigo h2betbem-estar e relaxamento, mas será que estas bebidas ajudam a dormir melhor? A resposta é não. O álcool até leva a dormir mais rápida e profundamente no início, mas o sono não écódigo h2betboa qualidade, como explica a neurologista e médica do sono Andrea Bacelar.

Com a ingestãocódigo h2betbebidas alcóolicas, a interaçãocódigo h2betneurotransmissores é afetada, prejudicando a qualidade do sono — Foto: Istock Getty Images

Isso acontece porque ao longo da noite, a concentração e a interação dos neurotransmissores se modificam para que haja a promoção do sono adequado. Existe uma espéciecódigo h2betengrenagem natural entre os neurotransmissores que auxilia nessa transição da vigília para os estágios do sono. Com a ingestãocódigo h2betbebidas alcóolicas, essa interação é afetada, principalmente no caso da noradrenalina, da dopamina e da serotonina, que têm as suas concentrações alteradas.

- Estudos apontam que o álcool modifica os canaiscódigo h2betcálcio ecódigo h2betglutamato, gerando sedação, sonolência, até promovendo o sono, ou seja, o tempo para (começar a) dormir acaba diminuindo. Por outro lado, as concentrações dos neurotransmissores vão se modificando até alcançarmos o sono profundo. Quando se está sob efeito do etanol (álcool), o sono fica mais superficial e há menos sono REM, que é uma fase importante para a consolidação da memória e relaxamento do corpo. Então, a tendência é que no dia seguinte o indivíduo não esteja refeito, com aquela sensaçãocódigo h2betbem-estar. Mesmo que se tenha dormido um tempo total adequado, ou seja, sete, oito horas, a arquitetura deste sono estará modificada - explica Andrea.

E as consequências para o nosso organismo,código h2betmaneira geral, podem ser muito graves se tivermos frequentemente noites mal dormidas, com pouco sono profundo:

  • Alteração da memória
  • Menor concentração
  • Mudançascódigo h2bethumor
  • Irritabilidade
  • Aumento das chancescódigo h2betganhocódigo h2betpeso por causa das alterações do metabolismo durante o sono
  • Maior resistência à insulina
  • Apneia
  • Ronco

Quando esse sono ruim ocorre com muita frequência, aumenta-se o riscocódigo h2betdesenvolvimento de:

  • Diabetes tipo 2
  • Obesidade
  • Doenças cardiovasculares
  • Depressão e ansiedade

- Além disso, o álcool é extremamente calórico e ao beber com recorrência, o indivíduo pode apresentar problemas nutricionais, pois o álcool dá uma sensaçãocódigo h2betsaciedade e com isso o indivíduo deixacódigo h2betconsumir os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo - comenta Bacelar.

Além da má qualidade do sono, a ingestãocódigo h2betbebidas alcoólicas faz com que a pessoa se levante mais vezes durante à noite para ir ao banheiro, já que elas possuem um efeito diurético. Este é outro fator que pode colaborar para uma noitecódigo h2betsono pouco restauradora.

Por que é comum roncar ao dormir depoiscódigo h2betbeber?

Os homens são três vezes mais propensos a terem predisposição ao ronco se comparados às mulheres. — Foto: Shutterstock

É muito comum, principalmente os homens, roncar durante o sono após ingerir bebidas alcóolicas e existe uma explicação para isso. A neurologista Andrea Bacelar comenta que os homens são três vezes mais propensos a terem predisposição ao ronco se comparados às mulheres. E após a ingestãocódigo h2betálcool, é mais usual a ocorrênciacódigo h2betapneia, distúrbio do sonocódigo h2betque para-secódigo h2betrespirar por alguns momentos, ou seja, a respiração para e volta diversas vezes.

- Isso acontece porque o álcool relaxa a musculatura geral e também do retrofaringe, região da garganta. No momentocódigo h2betque a musculatura está mais relaxada, ela está mais complacente, com mais chancescódigo h2betobstruir,código h2betfechar, já que o palato relaxado vibra mais e isso gera um barulho maior. Isso também aumenta a chancecódigo h2betpausa respiratória,código h2betapneia. Então, o indivíduo que já tem apneia e ronca, na noitecódigo h2betque ingere bebida alcoólica vai roncar mais e vai ter mais apneia do sono, vai fragmentar mais o sono. Não tratando, a tendência é o agravamento dos índices, dos sintomas diurnos e maior chancecódigo h2betobesidade, hipertensão, diabetes, acidentes, entre outros - elucida a médica.

Como funciona o ciclo do sono? Quais são os estágios?

A médica neurologista Márcia Assis, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono, explica que o sono possui um padrão cíclicocódigo h2betatividade cerebral que se repete a cada 90 a 120 minutos,código h2betque duas grandes fases se alternam durante a noite. Estas fases são chamadascódigo h2betsono não-REM e sono REM, que possuem padrões neurofisiológicos distintos.

A nomenclatura REM vem do inglês rapid eye moviment (movimento rápido dos olhos) e representa o sono com movimentos oculares rápidos. Considerando uma noitecódigo h2betsonocódigo h2bet8 horas, uma pessoa saudável terá umcódigo h2betmédia quatro cicloscódigo h2betsonocódigo h2betque o sono não-REM e sono REM se alternam a cada 90 a 120 minutos. Importante ressaltar que ambos contribuem para o aprendizado e memória.

  • O sono não-REM é divididocódigo h2bettrês fases

  1. Quando adormecemos iniciamos o sono não-REM no estágio 1, que é considerado um sono superficial ecódigo h2betseu primeiro ciclo terá uma duração curta,código h2betcercacódigo h2bet10 minutos. Nesta primeira fase estamos relaxados e podemos despertar facilmente com ruídos;
  2. No estágio 2código h2betsono não-REM, ocorre maior relaxamento e o estímulo para nos despertar precisa ser mais intenso. Esta segunda fase tem uma duração aproximadacódigo h2bet20 minutos;
  3. A seguir, ocorre o estágio 3, que é considerado um sono profundo.

  • Sono REM

Após o estágio 3 do sono não-REM, ocorre uma fase mais profunda da noite que é o sono REM. Ele costuma começar cercacódigo h2bet90 minutos após o adormecer e nele ocorrem variações fisiológicas, como da frequência cardíaca e respiratória, acompanhadascódigo h2betatonia muscular. É quando os sonhos são mais presentes.

O sono REM é muito importante para a consolidação da memória, mas todas as fases são essenciais para o nosso repouso, restauração, bem-estar físico e mental. O sono não-REM ocupa 75% a 80% da noite e o sono REM, 20% a 25% da noite.

- Na presençacódigo h2betum distúrbio do sono, algumas fases podem não ser alcançadas e isto pode causar danos para a saúde como um todo, com prejuízo da função cerebral, provocando falhas na atenção e concentração, alterações do humor como irritabilidade e impulsividade, aumentocódigo h2betriscocódigo h2betacidentes e sonolência - ressalta Assis.

A médica do sono Márcia Assis comenta que existe uma relação bidirecional entre insônia e doenças como depressão e ansiedade — Foto: Shutterstock

A neurologista explica que quando o sonocódigo h2betmá qualidade ocorre com frequência,código h2betmaneira crônica, pode afetar a saúde do indivíduo com o aumentocódigo h2betriscocódigo h2betdoenças como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Márcia Assis também comenta que existe uma relação bidirecional entre insônia e doenças como depressão e ansiedade, já que a ocorrênciacódigo h2betinsônia crônica aumenta a incidência dos problemas, que afetam fortemente a saúde mental.

código h2bet Impacto na qualidade dos treinos

O álcool afeta a rotinacódigo h2bettreinoscódigo h2betdiversas formas. Alémcódigo h2betinterferir no ciclo do sono, fazendo com que o indivíduo não esteja descansado e disposto para se exercitar, também abala a concentração do atleta, fazendo com que ele esteja mais suscetível a lesões. Como a médica do sono explicou anteriormente, a ingestãocódigo h2betbebidas alcóolicas interfere ainda no apetite, fazendo com que a alimentação seja prejudicada e o corpo não receba os nutrientes necessários para a recuperação muscular. Uma boa noitecódigo h2betsono é fundamental para a energia e a restauração dos praticantescódigo h2betatividades físicas.

Além disso, o organismo faz um esforço para eliminar o álcool presente no corpo, sobrecarregando o fígado, e também provoca desidratação ao eliminar a substância por meio do suor e da urina. Em consequência dessa perdacódigo h2betágua, ocorre um déficit dos eletrólitos, como sódio, potássio e magnésio, que são essenciais durante a atividade física, principalmente para evitar a fadiga muscular.

Então se você está pensandocódigo h2betencarar um treino intenso ou participarcódigo h2betalguma prova, evite as bebidas alcóolicas, especialmente antescódigo h2betdormir.

Fontes
Andrea Bacelar é médica neurologista com graduaçãocódigo h2betMedicina pela Universidade do Estado do Riocódigo h2betJaneiro, mestrado e doutoradocódigo h2betNeurologia pela Universidade Federal do Estado do Riocódigo h2betJaneiro. Possui títulocódigo h2betEspecialistacódigo h2betNeurologia - ABN/AMB, Especialistacódigo h2betNeurofisiologia Clínica - SBNC ecódigo h2betEspecialistacódigo h2betMedicina do Sono - AMB. É membro da American Academy of Sleep Medicine.
Márcia Assis é médica formada pela Universidade Federal do Paraná, com residência médicacódigo h2betNeurologia e Neurofisiologia no Hospitalcódigo h2betClínicas da Universidade Federal do Paraná. Foi Research Fellowcódigo h2betMedicina do Sono pela University of Minnesota EUA e possui títulocódigo h2betEspecialistacódigo h2betNeurofisiologia com áreacódigo h2betAtuaçãocódigo h2betPolissonografia pela Sociedade Brasileiracódigo h2betNeurofisiologia. É mestrecódigo h2betMedicina do Sono pela Universidade Federal do Paraná e é vice-presidente da Associação Brasileira do Sono.