Protocolosbetesporte quem e o donoexames cardíacos para atletas após a Covid-19

Médico cardiologista do Vasco da Gama e um dos pesquisadores envolvidosbetesporte quem e o donodois estudos brasileiros recém-publicados, Mateus Freitas Teixeira explica procedimentos que devem ser adotados por esportistas amadores e profissionais

Por Rebeca Letieri — Riobetesporte quem e o donoJaneiro


Diante do cenário da pandemiabetesporte quem e o donoCovid-19 e suas inúmeras sequelas ainda desconhecidas pela ciência, cardiologistas do esportebetesporte quem e o donovários lugares do país tiveram a iniciativabetesporte quem e o donopesquisar, estudar, criar e sugerir um protocolo que pudesse ser aplicado a atletas, profissionais e amadores, com objetivobetesporte quem e o donoidentificar e prevenir os efeitos mais nocivos do vírus no coração. Com basebetesporte quem e o donoestudos próprios ebetesporte quem e o donoartigos científicos divulgados ao redor do mundo, o desafio foi propor protocolos eficientes e adaptados à nossa realidade. Dois novos estudos brasileiros buscaram isso: "Esportesbetesporte quem e o donotemposbetesporte quem e o donoCovid-19: Alerta do Coração", reunindo pesquisadoresbetesporte quem e o donodiversas instituições, como a Universidade Federal Fluminense e o Hospital do Coraçãobetesporte quem e o donoSão Paulo; e "O retorno dos atletas pós-Covid-19", com pesquisadores do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (UFF). O primeiro deles possui enfoquebetesporte quem e o donoprevenção e diagnóstico precocebetesporte quem e o donoqualquer possível alteração inflamatória no coração e outros órgãos.

A Covid-19 pode deixar sequelas no coração, como uma miocardite, que pode causar arritmias, parada cardíaca e até a morte — Foto: Istock Getty Images

– Importante destacar que esse protocolo é mutante, e precisa ser revisado a todo momento. O estudo foi realizado por meio da revisão bibliográficabetesporte quem e o donovários outros artigos publicados pelo mundo, alémbetesporte quem e o donoestudos próprios e diversos debates entre especialistas com base nos primeiros atletas infectados pela Covid-19. A “novidade” do vírus exigiu e exige a utilização e consideração dos estudos sempre mais atuais e com metodologia coerente com as premissas estabelecidas – destaca o médico cardiologista Mateus Freitas Teixeira, do Vasco da Gama e coordenador do Covid Group Control durante a Copa América 2021, pesquisador que fez parte dos dois estudos.

Os resultados apontam para cuidados a que devemos estar atentos nos períodos infecção. A problema principal está relacionado à tempestade inflamatória inicial causada pela Covid-19, que pode gerar sequelas graves e/ou manifestações clínicas agudas e tardias, sendo, por isso, necessário o acompanhamento constante do atleta profissional ou amador. Essas alterações muitas vezes causam miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco que causa, com alguma frequência, paradas cardíacasbetesporte quem e o donoatletas e que possui potencialbetesporte quem e o donolevar à morte súbita.

– Nesses casos, eu me refiro especificamente à miocardite, ou seja, à inflamação do coração, que fez alguns atletas terem que parar suas atividades. Hoje, devemos buscar alterações subclínicas por meio dos exames que solicitamos e no dia-a-dia com os atletas. No entanto, existe uma sériebetesporte quem e o donosequelas, além da cardíaca, como a pulmonar, a renal, a neurológica e outras que podem interferir diretamente no alto rendimento – explica Teixeira, completando. - Quando pensamos e escrevemos no protocolo foi para que médicos do esporte pudessem usar para avaliar seus atletas e também atletas amadores.

Entre os sinais da miocardite estão:

  1. Cansaço
  2. Arritmia cardíaca
  3. Em casos mais graves Disfunção ventricular;
  4. Contratilidade segmentar anormal;
  5. Troponina US (uma enzima cardíaca) alterada.

Os protocolos têm como base a sintomatologia do atleta. Por meiobetesporte quem e o donohistória/avaliação clínica, o médico especialista deve colocar o atletabetesporte quem e o donouma rotabetesporte quem e o donoavaliações com exames. Segundo o primeiro estudo, voltado para a avaliaçãobetesporte quem e o donomiocarditebetesporte quem e o donoconsequência da Covid-19, os procedimentos dependem se os casos são leves, moderados ou graves,betesporte quem e o donoacordo com a classificação da Sociedadebetesporte quem e o donoCardiologia Brasileira:

  • Leves: casos assintomáticos ou com sintomas autolimitados que desaparecembetesporte quem e o donoaté 14 dias, como febre, mialgia, cefaleia, fadiga, e sintomas respiratórios sem a ocorrênciabetesporte quem e o donodispneia, pneumonia ou necessidadebetesporte quem e o donooxigênio;
  • Moderados: dispneia persistente após resolução inicial do quadro; dispneiabetesporte quem e o donorepouso; necessidadebetesporte quem e o donooxigênio suplementar; saturaçãobetesporte quem e o donooxigênio abaixobetesporte quem e o dono92%; internação hospitalar; evidência radiológicabetesporte quem e o donoacometimento pulmonar pela Covid-19;
  • Graves: internaçãobetesporte quem e o donoUTI; ventilação mecânica invasiva; evidênciabetesporte quem e o donoacometimento cardíaco na internação, como elevação da troponina, alterações ecocardiológicas e arritmias ventriculares sustentadas.

Avaliação cardiológica para o retorno às atividades físicas pós-Covid-19:

  1. Atletas assintomáticos ou leves, sem sintomas debilitantes - Devem ficar afastados da prática esportiva pelo tempo recomendado pelo médico, realizar avaliação clínica e exames físicos detalhados, exames laboratoriais, eletrocardiograma (ECG)betesporte quem e o dono12 derivações, ecocardiograma e testebetesporte quem e o donoesforço;
  2. Atletas com casos moderados ou graves, com sintomas debilitantes e/ou internação - Devem ficar afastados da prática esportiva pelo tempo recomendado pelo médico, realizar avaliação clínica e exames físicos detalhados, exames laboratoriais, eletrocardiogramabetesporte quem e o dono12 derivações, testebetesporte quem e o donoesforço e ecocardiograma transtorácico. Em casobetesporte quem e o donosinaisbetesporte quem e o donomiocardite, considerar ainda usar holter e fazer uma ressonância magnética cardíaca;
  3. Atletas com suspeitabetesporte quem e o donomiocardite durante ou após a Covid-19,betesporte quem e o donofunção dos seguintes sintomas: disfunção ventricular, contratilidade segmentar anormal, derrame pericárdico e alteraçãobetesporte quem e o donotroponina - Devem ficar afastados da prática esportiva pelo tempo recomendado pelo médico , geralmente 6 meses, realizar avaliações cardiológicas especializada periódicas segundo recomendações atuais sobre miocarditebetesporte quem e o donoatletas. Considerar ainda usar holter e fazer uma ressonância magnética cardíaca.

Importante: atletas com suspeita não confirmadabetesporte quem e o donoCovid-19, com dispneia, sintomas gripas, febre, diarreia ou alteraçõesbetesporte quem e o donopaladar e olfato,betesporte quem e o donomeio à pandemia devem ser tratados como COVID. Assim, ficarão isolados e sendo acompanhados por médicos. Em caso das entidades esportivas, solicita-se teste para confirmação da Covid-19. Sendo casosbetesporte quem e o donosintomas moderados, é sugerido que se faça repouso absoluto pelo tempo recomendado pelo médico, deve-se ainda passar por uma consulta cardiológica e realizar exames como ECG, ECO e teste ergométrico. Em alguns casos e pelo protocolo da Sociedade Brasileirabetesporte quem e o donoCardiologia, solicita-se também troponina us (ultrassensível).

Fluxogramabetesporte quem e o donoCovid-19 — Foto: Divulgação/Mateus Teixeira

– Já sabemos que o pacientes sintomáticos graves, aqueles internados, apresentam possibilidadebetesporte quem e o donodesenvolver sequela cardíacabetesporte quem e o donoaté 40% dos casos. Porém, há uma grande zona “cinzenta” que é a dos pacientes que não apresentaram sintomas, que correspondem a 8%, ou os pouco sintomáticos (leves). Dessa forma, a aplicação dessas rotasbetesporte quem e o donoavaliações facilita o médico a liberar ou não o atleta para o esporte com uma certa segurança – explica o médico.

betesporte quem e o dono A liberação para o esporte

O cardiologista lembra que, como o protocolo ainda não pode ser considerado 100% eficaz, sob o pontobetesporte quem e o donovista dos riscos criados pelo vírus, é importante conscientizar a equipe da importância do acompanhamento clínico constante, estando todos sempre atentos a pequenos sinais clínicos como cansaço, palpitação e algumas arritmias, mesmobetesporte quem e o donoatletas previamente liberados para o retorno às atividades físicas, sejam eles amadores ou profissionais. No quadro abaixo, retirado do segundo estudo, ficam mais claros os critériosbetesporte quem e o donoliberação:

Protocolobetesporte quem e o donoexamebetesporte quem e o donoatletas que tiveram Covid-19 — Foto: Mateus Teixeira/Divulgação

Teixeira reforça que os protocolos são importantes ferramentasbetesporte quem e o donodiagnóstico e, como consequência, prevenção para alterações clínicas mais graves, que possam causar, inclusive, a morte súbita. Os protocolos, os cuidados intensivos e o acompanhamento constante "são as chaves para não termos surpresas desagradáveis", ressalta.

– O conhecimento nos torna mais responsáveis. Não têm sido raros os achados, os noticiários divulgam semanalmente a grande quantidadebetesporte quem e o donoatletas que vêm sendo afastadosbetesporte quem e o donorazão da Covid-19 e quantos ainda permanecem doentes, com algum tipobetesporte quem e o donosequela – alerta.

Com a Copa América no Brasil, muitos médicos demonstraram preocupação com os participantes do torneio, uma vez que a imunização não será obrigatória. Vinte jogadores do River Plate infectados com Covid-19 já retomaram as atividades, mas pelo menos um deles ficarábetesporte quem e o donofora da competição. A imprensa argentina informou que o zagueiro chileno Paulo Díaz apresentou um quadrobetesporte quem e o donomiocardite e precisará ficar pelo menos um mêsbetesporte quem e o donorepouso. Na seleção do Chile, o meio-campista Arturo Vidal também não irá participar do torneio, devido a infecção pelo novo coronavírus, que também atingiu 12 atletas da Venezuela, entre outros jogadores e membros da comissão técnicabetesporte quem e o donooutros países.

As Olimpíadasbetesporte quem e o donoTóquio, que começambetesporte quem e o dono23betesporte quem e o donojulho, também causam apreensão. Mas, mais do que isso, os atletas amadores, menos monitorados do que os profissionais, preocupam.

Nem mesmo os jovens são imunes. Um estudo publicadobetesporte quem e o donomaio na JAMA Cardiology revela que entre 1.597 atletas universitários submetidos a testes cardiovasculares abrangentes nos EUA, a prevalênciabetesporte quem e o donomiocardite clínica baseadabetesporte quem e o donosintomas foibetesporte quem e o donoapenas 0,31%. Mas a triagem com ressonância magnética cardíaca aumentou a prevalênciabetesporte quem e o donomiocardite clínica e subclínica por um fatorbetesporte quem e o dono7,4, para 2,3%, relatam os autores, mostrando um aumento a partir da inclusãobetesporte quem e o donoassintomáticos na avaliação.

Outro estudo com Eletrocardiograma (ECG)betesporte quem e o donoatletas da National Collegiate Athletic Association (NCAA) Divisão II revela que "aqueles que foram infectados com COVID-19 tiveram um intervalo PR (um problema na condução elétrica cardíaca) prolongadobetesporte quem e o donocomparação com atletas compatíveis que não foram infectados".

– O Covid-19 exige uma sériebetesporte quem e o donoprotocolosbetesporte quem e o donoprevenção e acompanhamento dos eventuais infectados. No caso dessa Copa América, o pouquíssimo tempo para a organização da competição no Brasil, exigirá muita disciplina e compromissobetesporte quem e o donotodos os integrantes das seleções, além do próprio comitê organizador, para evitar possíveis “surtos” que possam prejudicar a competição e, principalmente, os atletas que estãobetesporte quem e o donoinício (atletas que atuam na Europa) ou meio (atletas que atuam na América do Sul)betesporte quem e o donotemporada nos campeonatos locais – acrescenta Teixeira.

Fonte: Mateus Freitas Teixeira é médico do esporte e cardiologista. É o cardiologista do Clubbetesporte quem e o donoRegatas do Vasco da Gama, coordenador médico Fit Center e médico do setorbetesporte quem e o donoSoluções Médicas Integradas do Complexo Hospitalarbetesporte quem e o donoNiterói (SER CHN), alémbetesporte quem e o donoser Membro do Comitêbetesporte quem e o donoMedicina Desportiva da Associação Médica Fluminense (AMF) e Diretor da Sociedadebetesporte quem e o donoMedicina do Exercício e do Esporte do Riobetesporte quem e o donoJaneiro (SMEERJ). É um dos pesquisadores dos dois estudos brasileiros citados na reportagem e coordenador do Covid Group Control durante a Copa América 2021.