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Por Flávio Dilascio, Martin Fernandez, Raphael Zarko e Ronald Lincoln — Riobet esporte comJaneiro


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Como Formatar Corretamente as Percentuais no Seu Texto: Um Guia Completo

As percentuais são uma ferramenta importante para expressar as probabilidades ou as taxas bet esporte com ocorrência. No entanto, formatá-las corretamente é essencial para garantir que suas mensagens sejam claras e eficazes. Neste artigo, você aprenderá a formatação bet esporte com percentuais bet esporte com {k0} textos, com foco especial no contexto brasileiro.

Por que formatar corretamente as percentuais é importante?

Formatar corretamente as percentuais é importante para:

  • Evitar mal-entendidos e confusões;
  • Garantir a consistência bet esporte com {k0} seu texto;
  • Aumentar a credibilidade perante seu público-alvo.

Regras básicas para formatar percentuais no texto

Ao formatar percentuais, siga as regras abaixo:

  • Use o sinal bet esporte com porcentagem (%) após o número, sem espaços (por exemplo, 10%, não 10 %);
  • Não use o sinal bet esporte com porcentagem bet esporte com {k0} valores fracionários (por exemplo, escreva 0,5 bet esporte com {k0} vez bet esporte com 0,5%;
  • Redondeie os valores percentuais para um ou dois decimais, dependendo do contexto;
  • Use o plural "porcentagens" apenas quando se referir a mais bet esporte com uma porcentagem.

Exemplos bet esporte com formatos incorretos e corretos bet esporte com percentuais

Formato Incorreto Formato Correto
10 % 10%
0,5 % 0,5
3,14159265359 % 3,14% ou 3,1416%
5 porcentagens 5 porcentagens

Conclusão

Formatar corretamente as percentuais é essencial para garantir a clareza e a eficácia das suas mensagens. Ao seguir as regras básicas e prestar atenção a detalhes como o sinal bet esporte com porcentagem e o redondeamento, você pode se certificar bet esporte com que seus textos sejam precisos e profissionais. Além disso, lembre-se bet esporte com adaptar as percentuais à moeda brasileira, o real (R$), quando necessário.

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ou sem rodeios que não havia planos para ele voltar bet esporte com {k0} qualquer momento. Por

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Na próxima segunda, dia 29, Rafaela Silva vai subir no tatame para a terceira Olimpíada da carreira. Poderia ser a quarta, mas um doping que ela até hoje considerabet esporte compunição "bem severa" a tiroubet esporte comTóquio. Aos 32 anos, Rafa afastou os fantasmasbet esporte comLondres 2012, o entusiasmo e a euforia do ourobet esporte comcasa na Rio 2016 e a decepçãobet esporte comTóquio para chegarbet esporte comParis com fomebet esporte compódio. Ebet esporte comhambúrguer, que ela já mira ali na dobra da esquinabet esporte commais uma medalha para a coleção.

No Abre Aspas do ge, a judoca contou como foi a preparação para as Olimpíadas e refletiu sobre o amadurecimento como atleta e sobre como a carreira vitoriosa fez uma mulher preta, lésbica e saída da Cidadebet esporte comDeus ser "aceita" numa sociedade preconceituosa.

A medalha ajudou para que eu fosse aceita na sociedade. Porque eu tenho amigos que não são aceitos pela família, mas falam que aquele familiar me ama. Porque eu sou a campeã por isso, por aquilo, mas eu sou a mesma pessoa que o familiar dele. Por que a pessoa me aceita, só porque eu tenho a medalha? Porque eu sou campeã? Eu sou um ser humano como o sobrinho, o filho ou algo do tipo, então são coisas que às vezes eu acredito que a medalha me deu essa oportunidadebet esporte compoder viver um pouco sem preconceito.

Num dos trechos da conversa, a judocabet esporte com32 anos relembrou um episódio marcantebet esporte comviolência vivido na infância. De família muito pobre, ela deixou a Cidadebet esporte comDeus após iniciar a carreira no judô.

- Lembro que teve uma vez, acho que tinha uns 11 anos e a minha prima tinha seis. A gente estava sentada no portão, todo mundo brincando, conversando, aí começou o tiroteio, e todo mundo saiu correndo. Quando chegou dentro da casa da minha tia, aí falou: "ué, cadê a Débora?" Aí a gente lembrou que ela era criança, não entendia o que estava acontecendo, e ela ficou na rua sozinha. Fomos correndo lá no tiroteio, pegamos minha prima e voltamos para dentrobet esporte comcasa. Eram essas situações que a gente convivia lá no dia a dia.

Rafaela Silva também lembrou um episódio vividobet esporte com2012. Desclassificada das Olimpíadasbet esporte comLondres 2012 por causabet esporte comum golpe irregular, ela discutiu com torcedoresbet esporte comuma rede social, recebendo diversos insultos racistas. As ofensas mexeram tanto com a atleta que ela pensoubet esporte comabandonar o judô naquele momento.

Lá atrás eu quase abandonei o judô por comentários que as pessoas fizeram. Só que as pessoas não sabem o tanto que eu treino, o tanto que eu já abdiquei da minha vida, o tanto que a minha família já abdicou da vida deles para me incentivar dentro do judô. Então hoje eu procuro focar na minha família,bet esporte comdar importância para as pessoas que me acompanham, que se doam no meu dia a dia, para eu realizar o meu sonho.

Por fim, Rafaela também revelou que a raiva costuma ser um dos seus combustíveis no judô. Na conversa com o ge, a judoca disse que procura aproveitar as provocações das rivais para se motivar.

Eu consigo diferenciar e não sair do foco. Porque às vezes você quer que aquele atleta passe, ou quer que aquele atleta perca, aí às vezes você acaba se descontrolando. E você queria lutar com ele que era mais fácil, mas você não passou nem da sua. Mas eu consigo me concentrar assim e prestar atenção um pouquinhobet esporte comcada coisa.

Rafaela Silva está com "fome"bet esporte commedalha — Foto: Franciane Dahm

bet esporte com Ficha técnica

  • Nome completo: Rafaela Lopes Silva
  • Nascimento: Riobet esporte comJaneiro, 24bet esporte comabrilbet esporte com1992 (32 anos)
  • Categoria: -57kg feminina
  • Carreira: criada na comunidade carioca Cidadebet esporte comDeus, Rafaela Silva foi descoberta pelo Instituto Reação, coordenado pelo medalhista olímpico Flávio Canto. Em 2008, ganhou uma das etapas da Copa do Mundobet esporte comjudô e tornou-se campeã mundial sub-20. Em 2011, aos 19 anos, já estava competindo nos Jogos Pan-Americanos e no Mundial, ambos da categoria adulta. Rafaela participoubet esporte comduas edições dos Jogos Olímpicos (Londres 2012 e Rio 2016).
  • Títulos: Ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016; ouro no Mundial do Rio 2013, ouro no Mundialbet esporte comTashkent 2022; prata no Mundialbet esporte comParis 2011; prata no Mundial do Rio 2013 (equipes); prata no Mundialbet esporte comBudapeste 2017 (equipes mistas); bronze no Mundialbet esporte comTóquio 2019; bronze no Mundialbet esporte comTóquio 2019 (equipes mistas); ouro no Pan-Americanobet esporte comSantiago 2023; prata no Pan-Americanobet esporte comLima 2019; prata no Pan-Americanobet esporte comGuadalajara 2011; prata no Pan-Americanobet esporte comSantiago 2023; bronze no Pan-Americanobet esporte comToronto 2015; ouro no Mundial Militarbet esporte comMungyeong 2015; ouro no Mundial Militarbet esporte comMungyeong 2015 (equipes).

bet esporte com Abre Aspas: Rafaela Silva

ge: Como estábet esporte comcabeça, o seu mental, às vésperas das Olimpíadas?
- Rafaela Silva: Estou me sentindo bem. Procuro não ficar pensando muito, ficar me pressionandobet esporte comrelação à aproximação dos Jogos Olímpicos. Estou mais focada e voltada para a minha preparação, para os meus treinamentos do dia a dia. Estou conseguindo colocarbet esporte comprática o treinobet esporte comrandori, específicobet esporte comluta, as coisas que venho treinando na parte técnica. Estou bem feliz e contente com o que estou conseguindo evoluir nesses treinos.

Abet esporte comausênciabet esporte comTóquio mexeu muito com você? Te deu mais vontade, te deixou mais forte para Paris?
Com certeza. Foi o momentobet esporte comque fiquei bem chateadabet esporte comnão defender meu títulobet esporte comTóquio 2020, mas ao mesmo tempobet esporte comque não poderiabet esporte comfato participar dos jogosbet esporte comTóquio, eu coloquei na minha cabeça que iria para Paris 2024. O primeiro passo eu consegui, que foi a vaga. Agora é trabalhar o máximo possível para voltar com medalhabet esporte comParis.

Na ocasião da suspensão, você,bet esporte comentrevista coletiva, deubet esporte comexplicação sobre o caso (a judoca alegou que se contaminou ao brincar com uma criança). Mas a suspensão veio. Considera que a suspensãobet esporte comdois anos foi justa?
É difícil (falar) né, porque eu nunca passei por isso na minha vida. Durante o processo, eu fui entendendo como funcionam as partesbet esporte compenas e vi diversos casos com as pessoas usando diversas substânciasbet esporte comanabolizantes e pegaram seis meses, outros oito meses. Recentemente teve um caso no judô que o menino foi pego no doping com anabolizante, pegou oito meses e já vai voltarbet esporte comnovembro. Então com certeza acho que a minha pena foi bem severa.

Coletivabet esporte comRafaela Silva, do judô, sobre casobet esporte comdoping — Foto: João Gabriel Rodrigues

Houve dois lados nesta situação, alguns não acreditarambet esporte comvocê, mas outros te apoiaram. Como foi viver isso?
Acredito que não precisava ficar me defendendo muito. Fiz a coletiva porque fui aconselhada a fazer a coletiva, mas no mesmo momentobet esporte comque comunicaram para a comissão técnica sobre o doping, aí falaram: "mas qual que foi o atleta?" Quando falaram o nome da Rafaela todo mundo se espantou. "Não, é impossível, a Rafaela não toma nada, não usa nada". Todo mundo se surpreendeu quando saiu o meu nome. Então eu fiquei bem tranquila, eles ficaram do meu lado, me ajudarambet esporte comtudo durante o processo. As pessoas nas redes sociais, elas não me acompanham, não sabem nadabet esporte commim. Eu já passei por uma confusão nas redes sociais depois da minha Olimpíadabet esporte comLondres.

Hoje eu procuro não dar mais importância para o que as pessoas falam na internet. Procuro focar no meu trabalho, no meu objetivo e responder dentro do tatame.

Como você trabalhou isso para se controlar diante desses ataques que às vezes acontecembet esporte comredes sociais?
Eu acho quebet esporte comLondres foi uma surpresa para mim. Porque eu nunca tinha passado por nenhum episódio como aconteceu ali na Olimpíada. Eu já estava chateada também por ter perdido, do meu sonho ter sido interrompido naquele momento. Então juntaram várias coisas naquele momento. E eu não consegui me segurar, eu fui para as redes sociais, fiquei discutindo com as pessoas. Mas hoje coloquei na minha cabeça, porque lá atrás, eu quase abandonei o judô por comentários que as pessoas fizeram. Só que as pessoas não sabem o tanto que eu treino, o tanto que eu já abdiquei da minha vida, o tanto que a minha família já abdicou da vida deles para me incentivar dentro do judô. Então hoje eu procuro focar na minha família,bet esporte comdar importância para as pessoas que me acompanham, que se doam no meu dia a dia, para eu realizar o meu sonho. Então, às vezes você vê um comentário que tem que rir. A pessoa não entende nada, ela acha que sabe, que te conhece e eu só dou risada, apago, finjo que não vi e sigo minha vida.

Você tem um Instagram dabet esporte comcachorrinha.
Isso, o Jordan.

Ali ninguém te enche?
Não, ali não (risos). O nome é por causa do jogadorbet esporte combasquete. Sou fã. Eu assisti à série no ano passado. Ela tem dois anos.

É um respiro nabet esporte comvida, nesses momentosbet esporte compressão?
Ah, com certeza, porque eu moro só com a minha esposa. É bem tranquilo lá, quase não tem barulho, eu acho que sou a mais jovem ali do condomínio. O restante é um pouco mais velho, já tem filho e tal. E, quando chegobet esporte comcasa, chego cansada, e o cachorrinho fica lambendo assim tudo e dá um gasinho a mais.

A gente ouviu que,bet esporte com2016, você conseguia identificar mesmo com todo aquele barulho quem estava gritando por você. Quem vai gritar por vocêbet esporte comParis?
Eu procuro focar bastante no meu treinador. Naquela Olimpíada do Rio era o Mario Matsuda que estava na minha cadeira; hoje é a sensei Andrea Berti que está acompanhando a equipe feminina. E a gente também está tentando levar a minha irmã, que também estava na Rio 2016, e a minha coach, a Nell Salgado, que são as vozes que estão me acompanhando nesse dia a dia, sabem o que estou trabalhando, o que estou treinando, então elas sabem me direcionar para o que tenho que fazer. Porque às vezes está na adrenalina da luta, esquece alguma coisa, elas estão vendo um pouco melhorbet esporte comfora. Então acredito que esse vai ser meu reforço na arquibancada.

E como você consegue identificá-los no meio desse barulho todo?
Eu acho que se vocês forem numa competiçãobet esporte comjudô, a voz da minha irmã é inconfundível. Ela chegou, todo mundo já sabe quem está gritando. A Nell, ela também, alguns dias temos calendáriobet esporte compreparação até os Jogos. Em alguns dias específicos a gente faz simulaçãobet esporte comcompetição, então ela acompanha esse trabalho e fica gritando, auxiliando tudo e a treinadora está na cadeira. Ela que está ali com o que a gente resolveu na hora do aquecimento, do que temos que colocarbet esporte comprática durante a luta. Eu consigo ouvir todo o som do ginásio, mas eu consigo separar algumas vozes mais importantes que ouço.

Eu estava no Mundialbet esporte comParis, na semifinal, aí na semifinal olímpica e mundial acontecem as duas semis ao mesmo tempo. Eu lembro que entrei contra a menina dos EUA e entraram as duas japonesas. A Rose, que era técnica da seleção, falou: "vou lá correndo para ver quem passou do outro lado para fazer a final". "Foi a Sato", eu falei. "Como assim?" Eu falei: "Durante a luta ali, na hora que o árbitro deu mate, eu olhei lá e vi que ela imobilizou a Matsumoto". Ela: "Não, no meio da luta você estava vendo?" "Sim, eu vi" (risos). Eu consigo ver tudo, eu estou acompanhando tudo, mas sigo focada na competição. Eu consigo diferenciar e não sair do foco. Porque às vezes você quer que aquele atleta passe, ou quer que aquele atleta perca, aí às vezes você acaba se descontrolando. E você queria lutar com ele que era mais fácil, mas você não passou nem da sua. Mas eu consigo me concentrar assim e prestar atenção um pouquinhobet esporte comcada coisa.

Rafaela Silva festeja ouro no Panbet esporte comSantiago — Foto: Foto Wander Roberto/COB @wander_imagem

Você sempre fala das suas origens na Cidadebet esporte comDeus. Como foi esse período dabet esporte comvida?
Eu cresci na Cidadebet esporte comDeus e fiquei lá até os oito anos. Comecei a treinar judô com cinco anos, minha irmã tinha oito. O meu pai trabalhava das 10h às 22h. A minha mãe era caixabet esporte comsupermercado e meu pai era entregadorbet esporte comum restaurante. Então não tinha muito com quem a gente ficar. Então, a cada dia, uma tia minha se revezava. Porque a família morava dentro do mesmo terreno, a gente tinha várias casas. E tinha a associação dos moradores. Aí meu pai foi lá ver, tinha dança, futebol e judô. A gente não sabia nem o que era judô. A gente não deu nem importância. Escolhi o futebol, minha irmã escolheu a dança. Só que quando a gente foi lá se inscrever, o futebol era só masculino. Eles conversaram, meu pai falou que não era nada sério (era só para praticar). Eles deixaram treinar, só que não podia competir, porque era só masculino. E desde criancinha assim, eu sempre fui muito competitiva. Então, pra mim, não tinha muita graça. E a outra opção era o judô, porque eu não queria fazer a dança.

Aí eu fui lá conhecer o judô, vi que tinha queda, que tinha luta, e acabei me interessando. Porque eu era uma criança bem agitada, era agressiva, brigava bastante na rua. Às vezes a gente ia pra escola, estava tendo tiroteio, a gente não conseguia sairbet esporte comcasa. Aí eu lembro que teve uma vez, acho que tinha uns 11 anos, e a minha prima tinha 6. A gente estava sentada no portão, todo mundo brincando, conversando, aí começou o tiroteio, e todo mundo saiu correndo. Quando chegou dentro da casa da minha tia, aí falou: "ué, cadê a Débora?" Aí a gente lembrou que ela era criança, não entendia o que estava acontecendo, e ela ficou na rua sozinha. Fomos correndo lá no tiroteio, pegamos minha prima e voltamos pra dentrobet esporte comcasa. Eram essas situações que a gente convivia lá no dia a dia.

Ainda tem família lá?
Tenho. A família do meu pai ainda mora na Cidadebet esporte comDeus. Então, com os treinos, as viagens, é mais difícil, mas quando dá, tem aniversário, alguma coisa, a gente sempre volta lá para visitar nossa família.

Você já sofreu racismo?
Ah, eu acho que depois do episódiobet esporte comLondres, assim, tudo da Olimpíada do Rio, que eu fui entendendo um pouco mais sobre isso, porque desde muito nova a gente sempre conviveu com diversas pessoas dentro do judô, com pessoas que têm uma condição financeira melhor do que a minha, outras nem tanto, outras na mesma situação, e nunca teve essa coisa pelo menos dentro do judô. Porque tem essa parte da disciplina, a gente nunca teve isso, mas depois que fui entendendo, foram mostrando mais casos, falando um pouco mais sobre o racismo, que eu fui entendendo.

Na minha infância eu já tinha passado por várias coisas, só que para mim era normal, tipo, eu chegava num pontobet esporte comônibus, aí a pessoa já puxava a bolsa, aí fechava, colocava do outro lado, aí eu passava do lado do carro, o carro levantava o vidro, achando que ia assaltar ou pedir alguma coisa; aí hoje eu passo na rua, eu passo num pontobet esporte comônibus, eu sou a mesma pessoa, mas hoje porque eu tenho uma medalha, as pessoas baixam o vidro pra me cumprimentar, para falar que viu a minha luta, que a filha entrou num esporte ou alguma coisa. Eu vi que antes eu achava normal, porque eu não entendia a gravidade do que a gente passava, aí depois que aconteceu comigo mesmo, que eu senti na pele, que eu entendi que antesbet esporte comLondres eu já tinha passado por várias coisas, mas eu não sabia o que era isso.

Você contou no X (antigo Twitter)bet esporte comum episódio na saída do aeroporto,bet esporte comque você foi parada pela polícia. Como foi isso?
Eu fui fazer um eventobet esporte comSão Paulo. Estava bem cansada porque peguei um voobet esporte commanhã. Aí eu estava encostada na janela. E vi que o carro da Polícia passou e ficou me encarando. Aí eu falei, "normal, né? Não estou fazendo nada". Aí daqui a pouco juntou três carros, fechou o táxi assim, correndo. Aí quando eu fui olhar na janela já estava com a arma assim na minha cara. Aí falou, "desce, desce, desce". Aí eu fui descendo do táxi e eles puxaram um taxista lá para o outro lado, o motorista. Aí ele falou: "aonde? Aonde que você buscou ele?" Ainda falou que eu era um menino. "De onde que você buscou ele,bet esporte comqual comunidade que você está vindo?" Aí ele falou que eu era atletabet esporte comjudô, que me pegou lá no aeroporto. "Não, eu quero saberbet esporte comonde que você trouxe..." Aí ele achou que a gente estava mentindo, então ele queria saber o que que o motorista ia falar e o que eu estava falando. Aí na hora que passou a terceira viatura pra fechar na frente, eu vi que um moço passou e me reconheceu. Na hora que ele passou e me reconheceu, ele só gritou com os outros: "vambora, vambora, vambora, que é aquela lutadora". Eles entraram no carro, pegaram e foram embora.

Tipo, nem acabarambet esporte comfazer nada, não pediram documento nem nada. Só se retirou e foi embora. Tipo, aí eu não entendi nada. Aí o motorista falou, não, não entendi nada. Eles queriam que eu falassebet esporte comqual favela que eu te peguei, eu explicando que a gente veio do aeroporto e tudo, e eles querendo que eu falasse da favela. Tipo, a gente não entendeu nada. E depois a gente continuou o caminho e foi pra casa. Eles só viram que erraram, botaram a sirene e foram embora. Nem falaram nada. Não foi uma abordagem, só mandaram descer e pronto, acabou. Então, é o que as pessoas falam, se fosse uma pessoa branca dentrobet esporte comum táxi ia ser normal, por que é um preto não pode andarbet esporte comtáxi? É isso que as pessoas mais falam.

Casal do judô: Rafaela Silva e Eleudis Valentim juntas — Foto: Reprodução

Como é essabet esporte comrelação com alimentação, com o sacrifício necessário para ser atleta?
Para mim, como atleta, isso é uma das coisas mais difíceis. Porque eu tenho que pesar 57kg. E hoje eu consigo entender que eu preciso estar dentro do peso com qualidade, né? Perder o peso, a gente sabe que vai. Agora, tem várias maneirasbet esporte comse perder o peso, né? Quando a gente era mais novo, tinha que perder peso, a gente se enrolava no sacobet esporte comlixo, botava o casaco, ia correr no sol, ficava pulando corda, essas coisas. Então a gente desidratava nosso corpo, a gente até conseguia competir, só que não é uma competição com qualidade. E hoje a gente consegue entender os nutrientes, a parte da suplementação, tudo mais. Então era algo que eu tinha muita dificuldade com isso, porque quando eu cheguei na seleção, a minha família, a gente não tinha dinheiro para comprar esses negóciosbet esporte comdieta, tudo, então eu ia pra competição e a minha refeição com a minha irmã - a gente ficava o dia inteiro na competição - era um sacobet esporte compãobet esporte comforma, queijo e presunto e uma Coca-Colabet esporte comdois litros. Era o que a gente tinha pra comer na competição.

Então, eu nunca me preocupei muito com esse negóciobet esporte com"ah, tem que comer o arroz integral para ser campeão". A gente comia o que tinha e conseguia chegar nas competições. Então, eu queria comer uma pizza, eu queria comer uma coxinha, várias coisas, e eu tinha muito problemabet esporte compeso. Tanto que depois da Olimpíadabet esporte comLondres, uma das primeiras reuniões que eu tive com a Comissão Técnica foi para auxiliar a minha subidabet esporte compeso. E aí eu falei: "sim, eu posso subirbet esporte compeso, vai me ajudar na partebet esporte comsaúde e tudo, mas eu acho que o meu jogo se encaixa mais na categoria que eu tô hoje". E a gente teve várias reuniões, eu lutei na categoriabet esporte com63 kg, fui medalhista no Grand Slambet esporte comTóquio, fiqueibet esporte comterceiro lugar, e eles se animaram porque era uma categoria que não vinha tão bem nos ciclos anteriores. E a gente bateu a tecla: "tá, você quer ficar nos 57kg?" Eu falei: "eu prefiro". Eles falaram "sim, mas vai ter algumas condições".

Então eu ia ter que passar na nutricionista, preparar minha alimentação, tudo, essas coisas. Ia ser um desafio que, pra mim, esse é um dos piores, a parte da nutrição, mas hoje eu fico com raivabet esporte comter que comer um alface, uma cenoura. Mas aí eu lembro que a raiva que eu passei eu desconto lá dentro do tatame, porque depois que pesa aí fica tranquilo, aí se ganhar medalha, a nutricionista dá um hambúrguerbet esporte combônus, aí tá tudo tranquilo.

Croissant serve?
Ah, não. A gente vai ter que procurar um hambúrguer, né? Com certeza, tem que ter. Não, croissant não, tem que ser um hambúrguer, aquele bem gorduroso assim, ó. Esse mesmo.

Qualbet esporte comexpectativabet esporte comresultado na Olimpíada? O que vai te deixar satisfeita?
O pessoal que acompanha judô, que acompanha o ciclo, sabe que no feminino a minha categoria é uma das mais disputadas. Tem diversas atletas fortes, e sempre na Olimpíada tem uma atleta que ninguém espera que chegue na medalha, tem uma favorita que não chega nem no bloco final pra disputar uma repetição, uma disputabet esporte combronze, mas eu acredito que eu venho bem nesse ciclo. Eu fui campeã mundial durante esse ciclo. Não participei desse último campeonato mundial por estratégia mesmo com a comissão técnica que a gente fez, para ter mais tempobet esporte comtreinamento,bet esporte compreparação. Mas eu acredito que ali, na disputabet esporte commedalha, o meu nome está ali com certeza.

Eu acredito que pelo que eu construí nesses 16 anosbet esporte comque eu luto nessa categoria, são poucas atletas que estão nos ciclos que eu passeibet esporte comLondres, no Rio, no ciclobet esporte comTóquio. São poucas as atletas que estão conseguindo ir para esses Jogos Olímpicosbet esporte comParis. Mas, como eu sempre falei, eu não quero ir para uma Olimpíada porque é um sonhobet esporte comtodo atleta, ou para falar que eu me superei depoisbet esporte comTóquio. Eu quero ir, chegar na Olimpíada bem preparada para buscar e trazer mais uma medalha para o Brasil.

Você é um pouco movida a raiva nas competições?
O meu treinador Geraldo sempre falou que eu sempre competia melhor, eu respondia melhor, o meu desempenho era positivo, quando eu vinhabet esporte comum resultado negativo oubet esporte comalguma coisa que eu passei, algum processo. Agora as pessoas já falam, porque agora nesse ciclo, dia 16, vai ter a última atualização que vai dividir os atletas cabeçabet esporte comchave, então dá para saber quais são as quatro que estão do meu lado e as outras quatro que se passarem e só uma que chega ao final com as meninas do meu grupo. Então pela contagem alibet esporte componto, porque a coreana foi a campeã da minha categoria agora no Mundial, possivelmente, a gente caminhando na chave, essa será a minha semifinal ebet esporte comtodas as atletas que estão na olimpíada essa é a única atleta que eu nunca venci.

Aí as pessoas já falam: "ah, já sei, vou lutar igual a Minihoo". "Então pode vir igual a Minihoo que vocês vão ver". E aí eu falei, "não, gente, vocês ainda não entenderam, deja vu". Na Olimpíada do Rio, a única atleta que eu nunca tinha vencido era da Coreia, foi a minha segunda luta. Eu falei, depois que eu ganhar da coreana, ninguém tira minha medalha. Fui lá e bati a coreana. Então já está escrito.

Existe uma atleta que mais te tira do sério? Uma atletabet esporte comdeterminada nacionalidade que mais te irrita?

Com certeza, a ucraniana do meu peso. Não tem como. Não tem. A sensei fala: "qual a estratégia que tu vai fazer agora?" Eu falei: "sair no soco". Com ela, não tem como.

Acho que ela tem quase um 1,80m e ela, tipo, teve uma luta no campeonato mundial que ela ganhou, acho que foi as quartas ou a semifinal, contra uma atleta da Espanha. Quando ela lutavabet esporte com48 kg. Então ela pegava as meninas e batia quase na cintura. Ela entrou no sotogari pelo cabelo da menina e ela jogou. Aí não tem como. Aquilo dali pra mim foi o fim e ela é uma atleta que é muito agressiva. Então às vezes o judô fica um pouquinhobet esporte comescanteio. A gente tem um judô parecido, as duas são canhotas. Quem não desiste primeiro que ganha, geralmente é isso. Não tem muito judô, é no soco mesmo.

Rafaela Silva fala sobre as provocações no judô — Foto: Franciane Dahm

Tem muita falação, provocação?
Na luta a gente não fala muito, não, mas no treino tem mais uma esquentadinha, um empurra para fora e cai ali no chão, no piso mesmo. Aí fica se retrucando, sai xingando com a língua que ninguém está entendendo. No treino tem, mas agora na competição, não, porque não pode falar muito. É igual a mongol que eu fui fazer a final no Rio, eu lutei com ela cinco vezes, ganhei uma e ela ganhou quatro. Aí a semifinal dela foi 30 segundos. A minha foi por tempo extra, o Golden Score. Deu quase 10 minutos. Aí todo mundo falando, "está cansada, não vai conseguir recuperar", porque na hora que chega lá, a olimpíada é muito rápida. Então quando eu cheguei lá atrás, já tava mandando eu trocar meu kimono, que eu já ia entrar tudo. E ela com a treinadora dela, tipo: "ha ha ha, já ganhei". Fiquei pensando: "quem ri por último, ri melhor". Então fica rindo aí. Essa também era uma atleta que a gente nem treinava. Tem umas que a gente nem treina. Eu fico desse lado aqui, ela fica lá do outro. Porque se treinar, vai dar merda. Aí a expulsa do treino não dá. Então a gente evita. Porque não pode brigar, né? Aí a gente só evita.

Você fala sobrebet esporte comvida pessoal,bet esporte comorientação sexual, normalmente nas suas redes sociais. Você vê muito preconceito ainda?
Eu nunca passei por nada disso. Mas foi como eu falei antes: da mesma maneira que as pessoas me viram antes da medalha e eu sofri preconceito, depois da medalha, mudou. Então eu acho, eu não sei... A medalha ajudou para que eu fosse aceita na sociedade. Porque eu tenho familiaresbet esporte comamigos que, tipo, alguns amigos deles ou eles mesmos não são aceitos pela família, mas falam que aquele familiar me ama. Porque eu sou a campeã por isso, por aquilo, mas eu sou a mesma pessoa que o familiar dele. Por que a pessoa me aceita, só porque eu tenho a medalha? Porque eu sou campeã? Eu sou um ser humano como o sobrinho, o filho ou algo do tipo, então são coisas que às vezes eu acredito que a medalha me deu essa oportunidadebet esporte compoder viver um pouco sem preconceito.

Você poderia ter sido jogadorabet esporte comfutebol? Pensa nisso ainda?
Às vezes eu penso, né. Quando eu assisto futebol, até quando eu ganhei a medalha, eu recebi um vídeo das meninas no vestiário comemorando a minha medalha, a Marta, as meninas. Eu fui assistir a um jogo lá no Maracanã, então eu fico pensando: "ah, será que se eu tivesse continuado no futebol eu chegaria na seleção, estaria junto com essas meninas?" E preciso falar também da importânciabet esporte comter uma competição desse tamanho aqui no Brasil, como vai serbet esporte com2027. Antes o Brasil era muito futebol, futebol, futebol e as pessoas criticaram, falaram que o Brasil não ia conseguir sediar uma Olimpíada, que a Olimpíada não ia acontecer, que não tinha dinheiro, não tinha estrutura e a Olimpíada aconteceu e acredito que foi muito positivo. Porque hoje a gente vê que ainda é o futebol, futebol, futebol, mas muitas pessoas acompanham outras modalidades. Incentivam os filhos, os netos, os sobrinhos, a praticarem outra modalidade. Então, acredito que outras modalidades dentro do Brasil estão ganhando um pouco maisbet esporte comvisibilidade. Então, acho que essa Copa do Mundo vindo para o Brasil vai ser muito importante para as meninas.

Ainda joga futebol?

Fui banida (risos). Eu gostava, ainda jogava com o pessoal, mas teve uma competição que eu tinha no sábado e na sexta-feira eu fui jogar um campeonato. Aí eu machuquei o fêmur. Fui lá, quicando numa perna só, falar para o meu treinador não descobrir, mas ele já sabia. Aí ele falou que eu ia ter que decidir ,que os dois não ia dar para continuar. Durante o aquecimento a gente fazia futebol para aquecer no treino do judô. As meninas, a gente corre um pouco mais, somos mais levinhas e os meninos querem fazer a grosseria para a gente. Aí tomei um empurrão, tirei o tornozelo do lugar, então fui proibida.

Jogavabet esporte comque?
Eu era zagueira. Para jogar tudo para o alto mesmo, não deixava passar nada (risos).

Rafaela Silva exibe faixa com a expressão "campeã olímpica"bet esporte cominglês — Foto: Lara Monsores / CBJ

Você teve uma disputa acirrada com a Jessica nesta reta final para a Olimpíada. Como foi essa disputa?
Eu não via muito assim como disputa. Eu voltei a competir no finalbet esporte com2021 e dentro do ciclo inteiro eu fiz diversas competições. Inclusive fui campeã mundial, fui campeãbet esporte comGrand Slam, fui campeã Pan-Americana. Ela fez mais competição que eu. Como eu tenho um planejamento que é diferenciado, eu faço algumas competições específicas, então consequentemente uma hora eu ia chegar perto. Isso já estava previsto com a comissão técnica. Ela fazia as competições dela, eu fazia as minhas competições e estava tudo certo. Eu não tenho muita relação com ela, diferentemente do ciclo que eu concorria à vaga olímpica com a Ketleyn Quadros, uma atleta que a gente se ajudava durante as competições, nos treinos. Eu ia disputar com atleta que ela tinha mais facilidade e ela vinha e falava o que podia fazer. Eu também a ajudava. Com a Jessica eu não tive muito ainda, ela chegou na seleção agora, é uma menina nova, mas para o próximo ciclo a gente não sabe o que vai acontecer. Os pontos vão descer. Tem que classifcar tudo novamente, são mais quatro anos. Só depoisbet esporte comParis mesmo que a gente vai ver quais são os próximos passo para dar.

Qual a importânciabet esporte comtermos projetos voltados para a comunidade?
Com certeza é muito importante. Assim como eu iniciei na associação dos moradores, eu consegui ficar no esporte. Treinei durante um tempo. Eu fiquei dois anos e pouquinho na associação. A minha família não tinha dinheiro para me dar um chinelo. Então dificilmente ia conseguir comprar um quimono. Você não compra um quimono aprovado pela Federação Internacionalbet esporte comJudô por menosbet esporte com1.100 reais para poder competir. Não é barato. Então a minha família não tinha dinheiro para me incentivar, pagar as minhas coisas. Tendo esse projeto... era bem no início quando eu e a minha irmã começamos a nos destacar, poder viajar, tirar passaporte, essas coisas, visto americano. O professor Geraldo, para um ajudar o outro... era um projeto social, só que tinha alguns atletas que tinha uma condição financeira melhor. Eles pagavam uma mensalidade para o projeto, para poder treinar, e essa mensalidade que eles pagavam era para ajudar a gente. Era um ajudando o outro. Então a gente ganhava um padrinho ou uma madrinha.

O pessoal que tinha uma condição melhor te ajudava. "Ah, precisobet esporte comuma passagembet esporte com500 reais"; o padrinho vai ajudar com quanto pode, os outros fazem uma vaquinha, o professor Geraldo colocava uma parte... Eu ia para a seletiva e ganhava a seletiva. Ficava feliz com o meu desempenho, com a minha evolução. Mas, ao mesmo tempo, eu voltava para casa e não sabia se ia viajar para o Sul-Americano, para o Pan-Americano, porque enquanto você não chega no adulto, as despesas são pagas por você. E a minha família não tinha dinheiro para pagar. Para mim, na minha cabeça, eu não iria viajar. E o professor falava: fica tranquila, a vaga ébet esporte come você vai viajar.

E como você conseguia viajar?
Então, pegava daqui, dali, até arrumar o dinheiro para viajar. Se não fosse o Reação, os projetos que tem hoje no Brasil, podendo ajudar... Eu lembro que fiquei superfeliz com o meu primeiro patrocínio que consegui através do judô. Na época o salário mínimo no Brasil era 600 reais e uma cesta básica. Eu vi que através do esporte, que era algo que eu gostavabet esporte comfazer, eu conseguiria colocar comida dentrobet esporte comcasa. Eu vi que através do esporte eu poderia mudar a minha vida e a vida da minha família. Comecei a me dedicar ainda mais, querer crescer, evoluir no esporte, sonhar com Mundial, com Olimpíada. Então o projeto social foi muito importante na minha vida. Se não fosse esse apoio lá atrás, com certeza eu não me tornaria a atleta que eu me tornei hoje.

Você faz ou já fez faculdade?
Tudo trancado. Me inscrevibet esporte compsicologia e educação física, mas com essas viagens doidas não consigo acompanhar nada.

Qual é o seu interesse na área da psicologia?
Eu sempre fui muito curiosa. Desde muita nova, quando começava a competir, treinar. Eu treinava com bastante menino forte, meninas... E quando chegava na competição, eu ganhava e aquele atleta não conseguia passar da primeira, não evoluía na competição. Eu pensava: ele é tão forte, tão habilidoso. E aí via que era alguma coisa estranha. Que não era por faltabet esporte comjudô ou por faltabet esporte comtreino. Porque ele estava treinado. Só que as vezes se pressionava, se cobrava muito, ou os pais cobravam muito, e o atleta não conseguia desempenhar. Então eu sempre tive um interesse por entender mais sobre essa parte.

Quando eu comecei a competir, ouvi muito que a minha irmã ia chegar [longe] e eu não ia chegar. Porque a minha irmã era habilidosa, ela era a mais dedicada, a que mais treinava. E eu não gostavabet esporte comtreinar tanto. E quando chega na competição eu ganhava, e ela não. Eu queria saber por quê. Realmente ela treinava mais do que eu. Eu nunca vou dizer que "eu treinei mais do que todo mundo". Eu sei que tem gente que treina mais do que eu. Eu via, acompanhava, estava no dia a dia. E não conseguia. Eu via pelas falas dela, às vezes uma atleta chega na competição... Lembro que no primeiro Mundial adulto que eu medalhei, Paris 2011... Na minha primeira luta caí com a italiana que era a atual campeã olímpica. E as pessoas já vieram tipo... "Ih, experiência, está tranquilo, vamos trabalhar para a próxima". Nem lutei e o povo já estava falando que eu perdi? Então quando eu caía numa chave forte, as pessoas tinham esse pensamento já que você ia perder, não ia conseguir. E eu pensava o contrário. Eu queria saber se isso era só comigo, se era só eu que pensava essas coisas.

Ali dentro do quadrante todo mundo sabe judô, todo mundo é alto rendimento. Até você chegar ali, você não caiubet esporte comparaquedas. Então ali vai ganhar quem está com mais vontade. Nem sempre vai ganhar quem tem mais judô. Se não, seria só japonês que ganhava. E hoje a gente vê atleta do Uzbequistão, Cazaquistão, Geórgia, Turquia, países que nem todo mundo conhece, se destacando, sendo campeão mundial, olímpico. Eu via que pessoas diziam "ih, caí com fulanobet esporte comtal", parece que já se entregavam. Foi aí que me entregou esse interessebet esporte comrelação à parte psicológica.

Melhor luta que só você sabe que foi?
Eu acho que nem tem [vídeo]. Pelo menos uma luta que eu fiquei bem satisfeita foi quando ganhei da Matsumoto, que foi campeã olímpicabet esporte comLondres 2012, a japonesa. Foi uma luta assim que era uma atleta que dificilmente você via ela perdendo, ela caindo. Eu lembro que eu joguei ela, deu ippon, depois tirou, deu wazari, depois tirou. O placar assim, para mim foi uma luta boa. Acho que foi num GP da Alemanhabet esporte com2011 ou 2010. Em 2009 eles mudaram a regra que não valia mais a catada na perna e eu apanhei 2009 inteiro. Aí 2010 eu fui para a primeira competição, essa da Alemanha. E fui para a final contra essa atleta, que estava cotada para ganhar a Olimpíadabet esporte comLondres. Aí eu ganhei dela na final e as pessoas diziam que "a Rafaela voltou, a campeã voltou". Todo mundo [antes] achava que eu não ia chegar nem na Olimpíada, era o que eu escutava nas reuniões.

Mudanças no esporte. Ficou mais difícil, mais fácil?
Muda bastante. Quando eu comecei, 2008 foi minha primeira seletiva para a seleção adulta. O meu estilo era mais do pessoal europeu, segurar na perna, catar, essas coisas. Do nada, um ano na seleção, falaram que agora não pode mais segurar na perna. Falei: "Já era, acabou, não sei mais fazer judô". Era a única coisa que eu sabia fazer para ganhar as lutas. Foi quando eu tive que me reinventar, aprender outros golpes, outras dinâmicas, estudar atletas. Eu lembro que fiquei um ano inteiro na seleção, eu lembro que 2009, eu era a nona do ranking mundial, porque eu tinha ficadobet esporte comquinto no Mundial Sênior, meu primeiro mundial, e eu caí para quase 50 no ranking porque eu não ganhei nada. Acho que se eu ganhei três lutas no ano foi muito. Porque eu conseguia treinar no dia a dia, mas na hora que começava a luta eu queria segurar na perna, mas não podia. Eu ficava perdida nas lutas. Tive que treinar outros golpes.

E o judô é muito difícil. Se você vê um atleta começando a treinar um golpe hoje, dificilmente você vai ver ele aplicando na Olimpíada. Precisabet esporte comconfiança, arriscarbet esporte comuma competição menor. Eu tive que trabalhar, trabalhar, e foi essa competição que eu fiquei felizbet esporte comver que eu sabia fazer judô novamente. Tanto que no Mundialbet esporte com2013, aqui no Rio, voltou a catadabet esporte comperna, mas precisava desequilibrar antes para poder dar a catadabet esporte comperna, e eu ganhei o campeonato sem fazer nenhuma catadabet esporte comperna. Tudobet esporte comtécnica, jogando. E aí eu vi que estava pronta para fazer judô novamente.

Qual foi o refúgio durante a suspensão?
Tentei me fortalecer o máximo possível com meus amigos, minha família, minha coach, com quem eu conversava bastante. Depois que entendi que não iria para a Olimpíada, eu assisti à competição toda, imaginava quais atletas estariam no pódio. Achei que a francesa seria a campeã, mas acabou ficando com a prata numa luta que acabou até rápida, ela foi desclassificada. Eu usei aquilo como combustível para me fortalecer. Aquela raivabet esporte comestar assistindo a uma Olimpíada e não poder estar lá, usei para me motivar para buscar essa vaga para Paris 2024.

Olhando para trás, o que diria para aquela Rafaela?
Eu ficaria bem orgulhosa. A gente vê muitos atletasbet esporte comalto rendimento terem uma lesão grave, ou alguma situaçãobet esporte commuito tempo afastado do esporte e não conseguem voltar ao alto rendimento, não conseguem classificação. A gente vê agora que várias medalhistasbet esporte comTóquio não conseguiram a vaga para Paris. E são novos, habilidosos, diversos medalhistas que quase ficaram fora. Estar numa Olimpíada não é fácil, é muito difícil. Então estou muito orgulhosa. Mesmo sem ter conseguido fazer nada por dois anos, todo mundo treinando, todo mundo trabalhando, e eu consegui voltar ao alto rendimento, lutarbet esporte comigual para igual, ganhar o Mundial e ir para Olimpíada com chancebet esporte comganhar mais uma medalha.

Quantas Olimpíadas mais?
Até 2028. Depois, só vendo. Essa é uma pergunta muito difícil.

Muitos colegas seus foram para o MMA.
Isso aí eu tô fora. Eu vou ficar no meu objetivo. É ficar no alto rendimento, no judô. Já tive propostas para ir lá para fora. As pessoas falam que eu sou muito boabet esporte comrelação a estudo, eu conheço atletasbet esporte comtodas as categorias, eu gostobet esporte comassistir judô. Eu aprendo assistindo. Eu luto na sexta, no sábado o meu voo é mais tarde e eu já estou no ônibus para ir lá ver as primeiras competições. Eu gostobet esporte comassistir aos meninos que têm um estilobet esporte comluta que eu posso encaixar com o meu. Acredito que ainda tenho bastante para contribuir com o esporte e tenho bastante para contribuir nessa área.

Por que não o MMA?
Treinei durante um tempo e vi que não dá para mim. Não dá. Vixe, apanhei muito. Não dá, é muito vício que tem no judô, você acha que vai ajudar. E não, zero. Tem que esquecer tudo que eu sei desse judô aí. Tudobet esporte com26 anos, não serve nada.

E o pós-carreira? Será dirigente, técnica ou coisa do tipo?
Então, é muito difícil. As pessoas perguntam: quando parar, vai ser o quê? E eu não sei nem quando vou parar. Não procuro ficar pensando muito. Mas eu e minha irmã, desde que a gente começou a ser ajudada pelo Projeto Reação, a gente tem o objetivobet esporte commontar um projeto nosso, para poder ajudar e passar para outras pessoas o que passaram para a gente.

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