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Por Guilherme Costa e Marcos Guerra — São Paulo


Abre Aspas: Diego Hypólito falacomeço na ginástica esuperação por medalha olímpica

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"Todas as vezes era estampado o Diego chorando. Sempre fui muito exposto". As lágrimas marcaram a trajetóriaDiego HypolitoOlimpíadas. Na imagemum ginasta espantado com a quedabundaPequim 2008, desolado após a quedacaraLondres 2012, mas também no êxtase da prata no solo da Rio 2016,pé. Um atleta à flor da pele, sem medocolocar suas emoções sob os holofotes.

- Eu nunca tive vergonhaser quem eu sou. Eu mostro para as pessoas que eu sou real,carne e osso. Tenho problemas, tenho altos e baixos. Eu caio, eu levanto - disse o bicampeão mundial do solo.

A uma semana das OlimpíadasParis, a trajetóriaDiego constantemente ressurgevirais nas redes sociais como um exemplosuperação e persistência. Um motivoorgulho para ele. Aos 38 anos, não tem mais o ginásio narotina, mas aiquem tenta tachá-loex-ginasta. Fica bravo. Dá bronca. Diz logo: "Sou o eterno ginasta". Afinal, cresceu no ginásio do Flamengo, na Gávea. Hoje é comentarista, toca um projeto socialiniciação na ginástica e ainda faz acrobacias no circo. Uma vida dedicada ao esporte.

Abre Aspas: Diego Hypólito relembra susto com fama e problemasaúde mental

Em entrevista ao Abre Aspas, Diego Hypolito abriu o peito ao repassar uma carreiraatleta apimentada pela fama e por polêmicas. Falou que "foi cruel" consigo depois dos tombos olímpicos2008 e 2012 e ressaltou o "furacão" no caminho para a sonhada medalha nas Olimpíadas do Rio, superando uma depressão severa. Contou as táticas para beber às escondidas e se disfarçar dos paparazzifestas LGBTum tempo que temia perder patrocínios por causasua sexualidade.

- Eu fazia muita besteira. Saía. Eu fui uma pessoa muito autêntica. Tudo que eu fazia virava notícia. “Diego é tal coisa, Diego não é tal coisa, Diego ficou com fulano, Diego ficou com beltrano.” Isso mexia surrealmente comigo. Eu não tinha noção que eu tinha me tornado uma celebridade.

"Achava que todo mundo já sabia", diz Diego Hypólito sobre sexualidade

Ficha técnica:

  • Nome completo: Diego Matias Hypolito
  • Nascimento: 19junho1986,Santo André-SP
  • Principais títulos: Prata no solo das Olimpíadas (Rio 2016), bicampeão mundial do solo (2005 e 2007), donomais uma prata e dois bronzes no soloMundiais (2006, 2011 e 2014), alémcinco ouros e três pratasJogos Pan-Americanos (2003, 2007 e 2011).

Carrossel Diego Hypolito — Foto: Arte Esporte

Abre Aspas: Diego Hypolito

ge: Eu queria que você olhasse para aquele Diego criança ainda no início da ginástica. Que mensagem que você passaria hoje para aquele Diego que ainda era “apenas” o irmão da Daniele Hypolito?
Diego Hypolito:
Eu falaria pra ter paciência, porque sempre a gente é recompensado quando a gente faz o caminho correto,não desistir,cair e levantar, né? Que foi muito sobre a minha carreira. Então, ter paciência. Iniciei muito jovem, com sete anos,São Paulo, no Sesi-Santo André, com condições bem precárias. A gente treinavapneu,cimatatamejudô. De lá, a gente teve a oportunidadeirmos ao RioJaneiro, por influência da Dani. A gente passou por muitas necessidades na infância, que construíram muito o meu caráter. Era muito complicado não ter o que comer dentrocasa, ficar sem energia, ser vendedor ambulante, que é um trabalho difícilconjuntoser ginasta. Então se eu fosse pensar hoje, pela minha infância, eu jamais imaginaria naquele momento (ser medalhista olímpico).

No início dacarreira, você era o irmão da Daniele. Depois vocês passaram a ser os irmãos Hypolito. Acho que no fim da carreira dos dois, você tinha até mais conquistas do que ela. Como foi crescer sendo irmão da Daniele?
Eu considero que sermos os irmãos Hypolito e ter sido irmão da Daniele, como eu ainda sou, me deu oportunidades grandiosas, porque era uma geração que o esporte não tinha valorização que tem financeira atual. Eram os “pai-trocínios”, né? E meus pais eram muito pobres. Então eu tinha a oportunidadever uma menina dentrocasa que eu queria ser igual a ela. A minha referência na ginástica e no esporte é uma mulher. É minha irmã. E depois do surgimento, quando foi crescendo mais, eram duas mulheres, que eu me inspirava na Daniele e na Daniele Santos. Eram as minhas referências nacionais. Via tudo que eu achavapositivo nelas e colhia pra mim.

Diego Hypolito criança — Foto: Arquivo Pessoal

Você disse quereferência era uma mulher, a Daniele. A ginástica no Brasil naquela época era uma modalidade vista como uma modalidade para mulheres. Como você vê esse cenário hoje? E como você também se enxerga no papelmudar esse cenário?
Sinto orgulho, porque vimuma geração que nada podia, tudo era um pouco restrito, muito autoritário. A gente tinha muito medo das pessoas. Tudo que você ia fazer, você tem medoperder o patrocínio, você tem medoperder o clube. A gente veiouma geraçãofamília muito pobre, e a ginástica era uma modalidadepessoasuma condição financeira alta, porque os aparelhos são caros. A aulaginástica é cara, a roupa é cara. Crianças pobres chegando lá... As pessoas não têm consciênciaquão pobre a gente era, beirava um pouco à miséria, porque muitas vezes a gente não tinha o que comer. Não é não ter a proteína. Não tinha arroz e feijão, às vezes. Ficávamos seis, oito meses sem energia. Dá orgulho ver que a gente conseguiu, com esforço, mudar essa realidadeuma modalidadeesporte praticada por mulheres.

Você falou que no início ali a ginástica era autoritária. Você é um cara que já fez procedimentos estéticos, transplante capilar, harmonização facial, preenchimento labial... É vaidoso. Você sente que no início ali você era meio travado com relação a isso? Não podia se mostrar tanto?
Vejo que sou muito vaidoso hojedia. Essas coisas sempre me tocam, porque me sinto uma pessoa muito realizada. "Ah, por que fez isso no rosto? Por que faz isso no cabelo?" Porque me faz bem. Não é por uma questãobuscar padrão. Quando eu era criança, me sentia muito feio. Meus apelidos depreciavam a minha pessoa, eram terríveis. Um deles era Frankenstein. Eu não gostavaescutar isso, mas eu ia chegarcasa com minha mãe lá, passando necessidade, a gente sem ter o que comer e reclamar? Eu era uma criança muito pobre. Nós somos uma geração que cuida muito da questão do bullying. Isso (o cuidado) não existia nessa época. Eu me sentia uma pessoa inferiorizada. A ginástica era minha única esperançavida. Deus tinha me dado aquele talento. Eu o abraceitodas as maneiras pra esquecer os outros problemas e poder sonhar, ter esperança, né?

Você estava falando que já via a ginástica comoesperançavida, mas a gente está falandoum Diego ainda adolescente, né? Como é, ainda adolescente, já ser colocado nessa posiçãoter que olhar assim para o futuro,lidar com a pressão do esportealto rendimento desde cedo?
O que mais vinha na minha cabeça era que meus pais tinham mudado a vida deles pela Daniele, principalmente, mas também pelo Diego e pelo Edson. Era uma maneira até retribuir para minha família, o que eles tinham feito não eravão. Essa responsabilidade hoje considero que era muito grandiosa, partia muito maismim, porque eu queria muito chegar a grandes resultados. Eu me cobrava muito, treinava demais. Por isso que todas as vezes era estampado o Diego chorando. Se eu caía, eu chorava, sempre fui muito emotivo. Eu valorizava tanto aquele momento, queria tanto conseguir para valer aquelas tantas horas que a gente treinava. Eu valorizava minha família.

Entrevistei um atleta do ciclismo do Brasil chamado Renato Rezende. Ele tinha caídoduas Olimpíadas. Então ele falou: "Quero fazer igual ao Diego, caí duas vezes e depois conquistar a medalha". Você é uma referência não só na ginástica comooutros esportes. Como você vê atrajetória olímpica?
Eu jamais falaria que era possível. Cheguei num favoritismo2008, e com certo tomarrogância, porque eu achava que ia ser campeão olímpico antescompetir. Ninguém ganha uma competição antesparticipar. Por mais que tivesse me esforçado muito. Aí vai para 2012, mais velho, eu estava muito lesionado. Tive quatro cirurgias no mesmo ano. Operei duas vezes o pé direito, uma vez o joelho direito, uma vez o ombro esquerdo. Estava muito debilitado. Na semana dos Jogos, eu estavamuleta. Mesmo assim eu queria enfrentar. Quando caícaraLondres, foi forte para mim. "Caramba, vou ter que esperar mais quatro anos para tentar." Uma negação gigantesca para eu competir a Rio 2016, porque um menino que caiu dois Jogos Olímpicos, é difícil acreditar que ele vai ficarpé. Quando terminei, vi que tinha acertadocasa, aquilo foi tão inexplicável, como Deus tinha sido bom comigo, porque sou um privilegiadotodas as situações. Oito anos depois, as pessoas me tratam com um carinho tão grande por esse momento, por eu não ter desistido, porque é uma história real.

Abre Aspas: Diego Hypólito relembra climaVilas OlímpicasPequim, Londres e Rio

Qual foi a viradachave que te levou a essa medalha? O que tevediferente na Rio 2016 que você não tevePequim eLondres?
Sempre fui muito exibicionista. Só que, naquele momento, eu precisava ser abraçado. Lembro que fui subir a escada e o Marcos Goto, meu treinador no momento dos Jogos, fez uma coisa que foi muito importante para mim. Olhou para mim e falou: “Diego, eu acreditovocê.” Às vezes, acho que a diferença só foi que eu precisava ser incentivado. Quando caí nos Jogos Olímpicos as duas vezes, fui muito cruel comigo. E não me senti amparado pelas pessoas ao meu redor. Caí, fui cruel, falei que amarelei. Não tinha amarelado nada. Eu era um menino ainda, representando uma nação. Cheguei aos terceiros Jogos e fiz tudo o que precisava. Usei as pessoas ao meu redor para me ampararem, com a fisioterapia, com a psicologia, com a nutrição, com o treinamento, com a preparação física. Ninguém éferro, gente. A gente sempre precisaauxílio. Foi o que eu fiz. Pedi a ajuda das pessoas.

Ainda falandoOlimpíadas, masum lado mais curioso para a gente, você viveu três Vilas Olímpicas. O que tem na Vila dos Atletas? Tem festa? Tem um monteromance? O que que você tem para contar da experiência na Vila Olímpica?
Nos Jogos Olímpicos, assim, sem hipocrisia, fui uma pessoa muito: quarto, alimentação, vai para a competição, vai para o treinamento. Eu estava lá por um propósito. Mas acontecetudo. A gente vê as histórias... A Vila Olímpica é um sonhotodos os atletas, é muito peculiar. A VilaLondres, achei um pouco mais fria, era menor. A VilaPequim, achei grandiosa. A partejogos era muito legal. A do RioJaneiro foi mais festiva. Por ser no Brasil, acho que tinha muita gente querendo bagunça.

Diego Hypolito foi medalhaprata nos Jogos Olímpicos do RioJaneiro. — Foto: Alex Livesey, Getty Images

Saindo um pouco das Olimpíadas e indo para o Pan do Rio,2007, foi um momentoque você despontou para o Brasil, né? Você ganhou muitas medalhas, muita notoriedade e muita fama. Queria saber para você como que foi esse momento e como que foi lidar com essa fama também.
Tive a possibilidadesempre ser dentrocasa minhas grandes conquistas. Isso fez minha carreira se tornar maior. Virei uma celebridade na época. Isso faz a gente perder um pouco da noçãoreferência, porque eu tinha convites infinitos. São lugares a que você não imagina chegar. Não imaginei ser famoso, eu queria ser campeão mundial. Você olha hojedia os grandes jogadoresfutebol, que é a modalidade que é tratada mais como fanatismo. As pessoas tinham fanatismo.

Como era essa vidacelebridade e atleta ao mesmo tempo? O que você viveu nessa época?
Vivi muito a geração do paparazzo. Sempre gosteisair. Todo mundo sabe. Acho que isso deixou minha carreira mais apimentada. Eu fazia muita besteira. Saía. Eu fui uma pessoa muito autêntica. Não deixavafazer minhas coisas. Se tivesse vontadesair na sexta e tinha treino sábado, eu saía. Se eu treinasse mal, eu não sairia mais. Mas eu me obrigava a treinar muito bem. Lembro que eu bebia escondido. Se eu fosse beber, colocava dentrouma latinhaoutra coisa e fingia que não estava bebendo, porque eu tinha esse medo. Atleta vende saúde. Não pode atrapalhar no desempenho. E era errado, mas eu era um moleque20 anos, campeão do mundo. Eu queria fazer tudo que todo mundo fazia. Só que paparazzo atrás é muito estranho. Hojedia, nós somos nossos próprios paparazzi. A gente se filma, publica, se divulga. Naquela época a gente queria esconder tudo. E as pessoas são curiosas. Querem saber o que um campeão mundial faz. A gente é curioso. A gente é fofoqueiro.

Diego Hypolito balada — Foto: Reprodução/Instagram

Você já contou, inclusive nabiografia, que nessa época você lia tudo o que escreviam sobre você. Era uma época que ainda tinha menos rede social do que a gente tem hoje, mas já existiam os haters. Esses haters ainda te assombram?
Muitas coisas mexiam com o meu psicológico, né!? A gente não cuidava muito dessas questões psicológicas, mas eu não tinha noção que tinha me tornado uma celebridade. Tudo que eu fazia virava notícia. “Diego é tal coisa, Diego não é tal coisa, Diego ficou com fulano, Diego ficou com Beltrano.” Isso mexia surrealmente comigo. Eu passava mal, não conseguia ir treinar. Tenho 38 anos. Trabalhei para que eu tivesse a possibilidadehoje estar aqui falando com naturalidade sobre esses assuntos, mas eles mexiam muito com o meu psicológico. Eu não lidava nem um pouco bem com tantas críticas, porque vejo a Internet hoje e entendo que as pessoas procuram alguém para odiar. As pessoas podem falar o que elas quiserem. A gente, na realidade, tem que ser definido pelas nossas atitudes. Ver o que falam hojedia não me afeta maisabsolutamente nada.

Você já se sentiu canceladoalgum momento? Já passou por essa experiência?
Acho quemuitos períodos já me senti cancelado, mas eu não mudo a questão da minha personalidade, caráter e segmentos do que eu vejovida, a vida é uma passagem. Acho que sempre as minhas atitudes vão falar quem eu sou. Sempre. O tempo é o maior remédio para qualquer pessoa. Pensa nos meus Jogos Olímpicos. Eu fui tão criticado por muitas pessoas quando eu caí, pensar que eu iria construir uma carreira com dois tombos, cairbunda,cara e ficarpé...

Quando a gente fala dessatrajetória olímpica, a gente fala muito das Olimpíadassi, aqueda2008, a queda2012. Mas teve tanta coisa no entorno, né? Perto ali das Olimpíadas do Rio teve uma época que você ficou sem ginásio para treinar, você chegou a ficaruma clínica internado, né? Como foi esse bastidor do esporte essacorrida antes das Olimpíadas do Rio?
As Olimpíadas do Rio foram muito difíceis para mim, porque eu tive muitos problemas psicológicos. Fui muito negado. Eu dormia numa clínica, mas eu treinava no outro dia, então eu não ficava internadotempo integral, mas tomando muitos medicamentos para que controlasse esses meus medos. Tive todo tipoclaustrofobia depois que eu saí do Flamengo. Eu não saí do Flamengo. Eu fui mandado embora do Flamengo. Foi o clubeque eu treinei por 20 anos. O ginásio pegou fogo com aparelhagens que tinham sido conseguidas pelo meu patrocinador. Eu me senti jogado fora, isso mexeu totalmente comigo. E foi a época que eu comecei a assumir a questãosexualidade comigo mesmo, comecei a me dar a oportunidadeconhecer alguém pra namorar. A minha vida trocou muito. Aí decido que quero ter um clube. Pareiter o treinador que tive durante 20 anos (Renato Araújo). Fechei com um clube, que foi São Bernardo do Campo. Meu treinador (FernandoCarvalho Lopes) é acusadopedofilia. Foi uma avalanchecoisas, como se tivesse passado um tsunami. E o Diego no meio daquilo, sem saber o que fazer, fiquei muito perdido, desnorteado.

Minha Medalha: Duas quedas e um pódio, as históriasDiego Hypólito

Não é porque tive problema psicológico que eu não podia ser campeão olímpico. Eu estava cuidando. Todo mundo tem fragilidade, problema, dificuldade. Todo mundo chora, um dentro do quarto, o outro exposto. Eu sempre fui muito exposto. Eu nunca tive vergonhaser quem eu sou. Eu mostro para as pessoas que eu sou real,carne e osso. Tenho problemas, tenho altos e baixos. Eu caio, eu levanto. O que me construiuverdade foi o meu ciclo olímpico do RioJaneiro. Construí meu caráter, me tornei um homem íntegro, suscetível a problemas, a dificuldades. Sou cheiodefeitos, gente, mas eu sou cheioqualidades também. Isso me fez olhar meu valor. Vi que preciso cuidarmim antescuidar dos outros. Fui muito testado psicologicamente. Foi difícil ser medalhista olímpico. Não foi fácil me provar. Foi um ciclosuperação pra me tornar uma pessoa que não desistoqualquer sonho.

Nabiografia, você deu nome a esse problema psicológico e diagnóstico, que é depressão severa. Como foi lidar com essa depressão? E como o esporte,alguma maneira, te ajudou ou contribui para essa depressão?
A minha vida era o esporte. Quando comecei a ter uma vida mais pessoal, eu não tinha controle emocional, vivia muito intensamente. Aquilo mexeulugares que eu nunca tinha vivido, né!? Quando me encontrei com a depressão, ainda bem que eu procurei médico. Muitas pessoas não entendem a própria sexualidade, ouvárias situações: “Ué, por que tenho esse sentimento?” Fiquei muito desequilibrado. Não era só a depressão severa. Tive muitos pânicos. Fiquei dois anos sem andaravião. Não é a doença do momento, sempre existiu. Ela é falada hojedia, as pessoas procuram ajuda. E têm que se cuidar. As pessoas se matam por faltaentendimento do que tão passando. Tive a oportunidadeter médicos ao meu redor que me auxiliaram. Minha geração falava assim: "Isso aí é frescura". Não é frescura. Depois que a Simone Biles expôs para o mundodeixarcompetir nos Jogos, teve gente que a criticou muito. A menina tava perdida no ar. Mas que bom que essas coisas acontecem, porque faz com que outras pessoas vejam que isso não é só com elas. Tem que cuidar.

Depoistudo que aconteceu com o Flamengo, qual arelação hoje com o clube?
O Flamengo é o meu formador. Foi ali que me construí, me deu a oportunidade, desde criança,ter uma aparelhagem que era a melhor na época. Foi quem acreditou na minha história. Fui mandado embora por uma pessoa específica. Então, sou laureado no Flamengo, eu voto, eu auxilio. Eu vou às vezes no clube quando eu tenho um tempinho.

Voltando a falar das Olimpíadas2016, ainda tinha a questão da convocação, essa discussão se valia mais a pena levar alguém que briga para ganhar uma medalha olímpica, mas não ajuda tanto a equipe ou se leva alguém para compor equipe para o Brasil ficartop 5, top 6. Isso te afetou?
Quando falavam que o Diego atrapalhava a equipe, era um pretexto que os treinadores podiam ter, só que o maior resultado da história tinha sido2014 comigo na equipe. Eram 20 pessoas falando uma coisa, e o Diego, o recalcado, falando outra. Entendo as pessoas acharem que eu não seria medalhista olímpico. Se eu não fui das outras vezes com eles, por que eu seria sem eles? É um poucoegoísmo. A gente tem sempre que pensar o que foi feito no ano. Me colocaramvárias etapas da Copa do Mundo, etodas fui medalhista. Quando me colocaram como segundo reserva2014 para o Mundial, eu declarei na internet tudo contrário do que tinham falado. Falo o que penso. Eu me exponho, por mais que as pessoas possam achar que tô errado. Tenho direito a errar como todo mundo. Se eu tiver errado, vou pedir desculpa, ué. Mas eu não tava vendo erro. O ciclo olímpico2016 me fez muito forte. Eu tinha formado uma casca grossa, né!? “Passei por isso tudo e tô aqui.”

Diego Hypolito — Foto: AP Photo/Dmitri Lovetsky

Você falou que o ciclo para a Rio 2016 fez você ser quem você é hoje e que foi nesse período que você estava começando a se aceitar no sentido da sexualidade. Como foi esse processo e qual a importância dele para você2019 ir a público e declararsexualidade?
Eu achava que todo mundo já sabia. Minha família sabia, meus amigos sabiam. Eu não tinha mais esse tabu. Quando me perguntaram, virou uma super notícia. Era muito confuso na minha cabeça, porque não vou deixarser cristão e não vou deixarfalar da minha religião, da minha crença. “Caramba, tô indo contra coisas que penso, meus ideais.” Isso que foi uma coisa conflitante na minha cabeça. Hoje não ligo que as pessoas saibam minha sexualidade. Sou um pouco mais feliz.

Você costumava sair para festas LGBT às escondidas. Como você fazia para se esconder nesse tempo? Como eram essas escapadas?
A capa do Harry Potter. (risos) Olha que ridículo: eu iaboné, chapéu e óculos escuros. De noite. Tem cabimento? Era o que eu vivia, o que me dava segurança pra ir a um lugar que eu queria estar. Hojedia eu faço um topetão. Mas tinha meus receios, né!? Porque a gente vemuma geração muito machista. A sexualidade, muitas vezes, poderia intervirpatrocinador,muitas coisas. Hojedia não tem nenhum tabu, pelo contrário. As empresas gostam e devem mostrar que somos diferentes, né!? Cada um com os seus amores da maneira como querem amar. Diversos.

E como foi a primeira vez que você pôde ir a uma festa sem nenhum disfarce?
Eu me senti livre. Eu me sentia um pouco libertopoder fazer aquilo que eu quisesse fazer e mudaropinião. Quando vi que eu podia fazer aquilo que eu quisesse com naturalidade, me fez bem.

Como a ginástica está navida hoje? Você trabalha no circo, mas como érelação com a ginástica artística?
Minha vida ficou muito corrida. A ginástica fica mais na questão do meu instituto (Instituto Hypolito, projeto socialiniciação esportiva na Penha, no RioJaneiro). Não consigo ir tanto ao ginásio quanto eu queria. Vou mais para ver minhas crianças, para acompanhar, para tentar contribuir para a sociedade. Não tenho essa vontadeviver dentroum ginásio. Fico um tempinho e já quero ir embora. A gente muda nossos sonhos muitas vezes.

Por muito tempo o seu sonho foi ser medalhista olímpico. Hoje você é. Então, qual é hoje o seu sonho?
Gosto muitocirco, é uma extensão do que o Diego Hypolito é como ginasta. Então acredito que meu sonho é me fixar no circo, mostrar também meu valor como circense. Não sei explicar o porquê me move tanto. Acho que no circo nada tá errado. O esporte tem muito do ganhar e perder, cair, tem competitividade. O circo tudo dá certo, então eu gosto muito.

Como é para você viver as OlimpíadasParis nessa nova funçãocomentarista?
É muito diferente e muito tocante. Sempre que vejo o Arthur Nory competindo, por exemplo, tenho muita a sensaçãoque estou competindo. Me deixa muito vivo, porque ele viveu o melhor momento da minha vida e nós tivemos a oportunidadeviver a mesma felicidade no mesmo dia (a dobradinha olímpica do solo). É muito bom poder contribuir. Ser comentarista é um privilégio.

"Rebeca Andrade vai ser bicampeã olímpicasalto", diz Diego Hypólito

Como comentarista, qual éexpectativa para a ginástica brasileira nas Olimpíadas?
A gente tem muitas chances por equipes no feminino, só que tem que entrar humilde, com os pés no chão, entendendo o que são os Jogos Olímpicos. Elas estão no melhor nível técnico que a ginástica feminina já teve. Temos muita chance com a Rebeca Andrade de, no mínimo, prata no salto, muita chanceser bicampeã olímpicasalto. A gente tem chance com a Rebeca no individual geral tambémno mínimo prata. Simone Biles é tecnicamente melhor, mas Rebeca é muito melhor do que a terceira. A gente tem muita chance com a Flávia Saraiva e a Rebeca no solo, mais com a Rebeca. Na trave, a gente tem chance com as duas. A Flávia sempre foi a melhortrave do Brasil, mas a Rebeca tá mais segura. A gente tem chancea Rebeca ser finalistaparalela, mas acho que medalha tá difícil. No masculino, só o Nory tem chancesmedalha (na barra fixa). O Diogo Soares só se fizer uma competição muito como o Nory fez no Rio, sabe? Uma surpresa. Temos muitas possibilidades.

A gente falou sobre a ginástica do momento, a gente já falou sobre a ginástica do passado, eu queria saber um pouco da ginástica do futuro. Como é que você enxerga o futuro da ginástica no Brasil?
Vejo muito os principais atletas tendo uma manutenção. A gente tem que trabalhar para que no próximo ciclo volte a se classificar como equipe no masculino. Temos grandes meninos. Tem o Yuri Guimarães, que vejo muito talento. Ele pode ser um próximo atleta a deslanchar, principalmente no salto e no solo. Vejo o Diogo com muita ginástica a melhorar, é muito técnico. No feminino, algumas atletas das principais ainda vão estar pro próximo ciclo. Rebeca só sai da ginástica se ela quiser, tem ginástica para muito ciclo ainda, tem o corpo para muito tempo. Ela é uma atleta que mantém a ginástica brasileira num nível surreal. Temos boas meninas para esse próximo ciclo. Quando você chega no topo, você sempre fica na expectativa que vai manter.

Queria também saber um pouco do futuro do Diego. O que é que você imagina para você tanto no campo profissional como no campo pessoal? Pensater filho? Se casar? Como você vê o Diego no futuro?
Nesse último ano trabalhei muito. Foquei muito nessa questão minha do circo, porque gosto muito e me mantém vivo. Quero focar no Diego ginasta, eternamente, mas com uma vertente mais circense. Tenho um projeto novo, grande, que vai ser anunciadopouco tempo, viés Circo. Quero também ser pai. Sempre tive o sonho da questão paternal. Não penso atualmentecasamento. Estou com 38 anos, sempre me doei para as pessoas. Estou me curtindo um pouco, me amando um pouco mais.

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