Na segunda-feira (11), a assembleia da Deutsche Fussball Liga (DFL), a liga dos clubes alemães, aprovouonabet 2024votação apertada a possibilidadeonabet 2024vendaonabet 20248% dos seus direitos comerciais para um investidor externo.
Seguindo a prática recente das ligas vizinhas, receitas dos direitosonabet 2024transmissão eonabet 2024outras propriedades comerciais poderão agora ser cedidas para um futuro parceiro (ainda indefinido), por pelo menos 20 anos,onabet 2024trocaonabet 2024um aporte antecipado para os clubes – estimadoonabet 2024até 1 bilhãoonabet 2024euros.
Uma proposta semelhante já havia sido rejeitadaonabet 2024maio, também por margem apertada: o estatuto da DFL exigia que 24 dos 36 clubes da primeira e segunda divisão votassem “SIM” pela autorização da ligaonabet 2024iniciar as negociações, o que não ocorreu.
O blog abordou o assunto à época, analisando as questões que impactavam o voto dos clubes contrários, bem como as particularidades culturais e políticas do futebol alemão.
Leia o textoonabet 2024maioonabet 20242023: Entenda por que os clubes alemães recusaram boladaonabet 2024€2 bilhões, apesar da hegemonia do Bayern.
Sete meses depois, com novos CEOs, novos termos e nova convocação, o placar na DFL foi diferente: venceu a proposta “SIM”, após uma assembleia com portões fechados para a imprensa e com votação secreta, isto é, sem identificação dos votosonabet 2024cada clube.
A surpresa foi geral quanto a uma mudança tão bruscaonabet 2024apenas meia temporada. Anunciados 24 votos a favor, 10 votos contrários e 2 abstenções, iniciou-se o trabalho da imprensa alemãonabet 2024tentar desenhar o novo “mapa eleitoral”.
Na primeira divisão, declararam que votaram “NÃO” os representantesonabet 2024FC Köln, Union Berlin e Freiburg com abstenção do Augsburg. Na segunda divisão, foram declarados votos contráriosonabet 2024St. Pauli, Düsseldorf, Hertha Berlin, Nuremberg, Braunschweig, Magdeburg, Kaiserlautern, com abstenção do Osnabrück.
Por exclusão, isso significaria que todos os demais clubes teriam votados a favor da venda dos direitos comerciais da liga. Dentre esses clubes estaria o “Hannover 96 GmbH & Co. KgaA”. No dia seguinte à assembleia, Sebastian Kramer, presidente da associação original do clube (Hannoverscher Sportverein von 1896, ou apenas Hannover 96 e.V.), foi a público informar que o Hannover 96 havia deliberado pelo voto contrário.
“Nós solicitamos ao sr. [Martin] Kind por escrito que nos fornecesse, como clube matriz, informações sobre como ele votou. A resposta ainda está pendente”, disse Kramer à imprensa. A acusaçãoonabet 2024possível fraude abriu uma crise no futebol alemão, porque indica complacência da DFL e fere uma posição histórica dos clubes locais sobre a soberania da associação.
O futebol alemão é cheioonabet 2024particularidades e é preciso primeiro entender a diferença entre o “Hannover 96 GmbH & Co. KgaA” e o “Hannover 96 e.V.”, representados respectivamente por Martin Kind e por Sebastian Kramer.
Após mudança no estatuto da DFLonabet 20241999, muitos clubes alemães puderam adotar uma estrutura semelhante às SAFs brasileiras: os ativos do futebol profissional são alocadosonabet 2024uma empresa à parte, que pode ser vendida para investidores externos. No clubeonabet 2024questão, a empresa tem a longa e confusa sigla “GmbH & Co. KgaA”, uma “sociedadeonabet 2024comandita por ações”, mas outros formatos podem ser adotados.
A diferença principal está no papel desse investidor: o mesmo estatuto da DFL impede que a associação civil (e.V) deixeonabet 2024ser a controladora desta empresa. Essa regra, conhecida como “50%+1”, vem sendo defendida por torcedoresonabet 2024todos os clubes desde então, apesar dos consecutivos ataques.
O “50%+1” é a razão central para entender também porque a relação entre a associação do Hannover 96 e o megaempresário Martin Kind – autor do voto secreto na assembleia – já é tensa há muito tempo. Kind é um dos principais inimigos da norma, já tendo buscadoonabet 2024diversas ocasiões adquirir o direito absoluto do controle do Hannover 96, mesmo contra o interesse da associação original.
No estatuto reformadoonabet 20241999, clubes que já possuíam relaçõesonabet 2024maisonabet 202420 anos com “empresas financiadoras” foram autorizados a ser controlados pelas mesmas. Foi o que permitiu o Bayer Leverkusen (da Bayer) e o Wolfsburg (da Wolksvagen)onabet 2024serem considerados exceções à regra “50%+1”.
Alémonabet 2024acionista da empresa que controla o futebol do Hannover 96 desde então, Martin Kind também era presidente da associação desde 1997. Neste posto, vinha tentando encaixar o clube como mais uma exceção à regra, no que enfrentou severa resistência na associação original – algo que lhe custou o postoonabet 2024presidente da “e.V”.
No mesmo anoonabet 20242019, os sócios do Hannover 96 e.V. elegeram uma diretoria contrária às intençõesonabet 2024Kind, que levou o tema à justiça e à própria DFL – e é na liga que o assunto ainda estáonabet 2024uma zona cinzenta. Apesaronabet 2024ter deixadoonabet 2024ser presidente da associação, Martin Kind conseguiu se manter como CEO da “GmbH & Co. KgaA” pela influência exercida no conselhoonabet 2024administração da empresa.
A faltaonabet 2024posicionamento da DFL sobre o imbróglio tem permitido que Martin Kind ainda seja reconhecido como representante legal do Hannover 96 emonabet 2024assembleias: foi exatamente o que teria permitido Kind a votar pelo “SIM” no dia 11, mesmo quando a associação orientou pelo voto “NÃO” quanto à venda dos direitos comerciais da liga alemã.
Ainda é incerto como os demais clubes reagirão à suposta fraude relacionada ao Hannover 96 e, consequentemente, à própria votação na assembleia da DFL. O fato é que os clubes contrários elencavam diversas razões concretas para barrar a proposta, que vão desde o aprofundamento das desigualdades econômicas entre os clubes, até ao poderonabet 2024ingerência do novo sócio na organização das competições (confira no texto anteriormente mencionado).
O acordo rejeitadoonabet 2024maioonabet 20242023 previa a vendaonabet 202412,5% dos direitos comerciais pelo mesmo períodoonabet 202420 anos, por um valoronabet 2024até €2 bilhões. O novo acordo aprovado não apresentou um valor fechado, mas a imprensa alemã aponta algo entre €800 milhões e €1 bilhão, por até 8% dos direitos.
Também não há informação oficial sobre o possível comprador, mas na ocasiãoonabet 2024maio o site Bloomberg News noticiou que três empresas se apresentaram como interessadas no negócio. O mesmo site confirmou que as três empresas estavam interessadas no novo acordo, dentre as quais está a CVC Capital Partners.
Esse grupo adquiriu 9% dos direitosonabet 2024LaLiga (Espanha) por €1,99 bilhões,onabet 2024dezembroonabet 20242021 (com exceçãoonabet 2024Real Madrid, Barcelona e Athletic Bilbao). Logo depois,onabet 2024marçoonabet 20242022, a CVC Capital Partners também adquiriu 13% da Ligue 1, a liga francesa,onabet 2024trocaonabet 2024um aporteonabet 2024€1,5 bilhões.
“A faltaonabet 2024clareza sobre o 50%+1 no Hannover 96 talvez tenha permitido um resultado que agradou à DFL, graças a esse voto decisivo”, questionou Sebastian Kramer, presidente da associação do clube, destacando como a opção pelo voto secreto foi central pra a confusão, no que classificou a postura da liga como uma “inação ativa”.
Enquanto Martin Kind se resumiu a defender que o voto era secreto – se eximindoonabet 2024explicações – os diretores da DFL se pronunciaram apontando que “se houve uma possível violação” por parteonabet 2024Martin Kind contra a associação original, ainda se tratariaonabet 2024um problema interno do clube. Ressaltou ainda que a decisão da assembleia foi “efetiva e legal”.
Sebastian Kramer defende que uma vez que as instruções do controlador do Hannover 96 tenham sido ignoradas, então “a decisão da DFL careceonabet 2024legitimidade”. Se os dez clubes contrários compartilharem do mesmo entendimento, a assembleia do dia 11onabet 2024dezembro poderá ter seus efeitos anulados.
Mas, para além dessa questão, há outro problema capazonabet 2024inflamar ainda mais a crise. Caso confirmada alguma colaboração da DFL na teórica violação da norma do 50%+1 no Hannover 96 por Martin Kind, a responsabilização poderá recair sobre os atuais CEOs da DFL, Marc Lenz e Steffen Merkel.
A dupla foi nomeadaonabet 20248 junhoonabet 20242023, poucos dias depois da primeira assembleia que rejeitou a venda dos direitos comerciais, ocupando o lugaronabet 2024uma junta interina que substituía Donata Hopfen, CEO que havia renunciadoonabet 2024dezembro passado.
A votação pela venda dos direitos comerciais colocouonabet 2024cheque a normaonabet 202450%+1, porque expôs fios soltos no texto do estatuto da DFL, no que passa agora a demandar uma posição mais efetiva da atual diretoria da liga sobre o tema, especialmente no caso do Hannover 96 – algo que falhadoonabet 2024fazer.
Levandoonabet 2024conta a importância da norma 50%+1 para a combativa cultura torcedora alemã, não é difícil apostar que a segunda metade da temporada 2023/24 será marcada por numerosos e massivos protestos nas arquibancadas da Bundesliga – algo tão tradicional na Alemanha quanto o chucrute e o bratwurst.