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Por Sérgio Xavier Filho

É jornalista, comentarista do sportv. Correu 13 maratonas e escreveu os livros “Operação Portuga” e “Boston, a Mais Longa das Maratonas”


Daniel Krutman da Ticket Sports: pesquisa com 3,5 mil respostas — Foto: Ticket Sports

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Eu passava um certo aperto para explicar aos meus colegasoutros países o fenômeno das assessoriascorrida. Todo ano editores15 países da revista Runner’s World se encontravam para discutir o segmento e trocar experiências. Não era simples descrever como se corria no Brasil, contar que pessoas pagavam mensalidades para treinaremum determinado grupo. “Ah, são como nossos clubescorrida?”, tentava me ajudar o americano. Só que os clubescorrida são outra coisa, pessoas que se reúnemforma colaborativa, horizontal. A assessoria esportiva brasileira é vertical, um business, um ou mais treinadores orientando um grupo.

Os gringos achavam tudo muito curioso depois que entendiam. Perguntavam o tamanho do fenômeno, a gente não tinha uma resposta clara. Se eu ainda fosse editor da Runner’s e encontrasse a turma, agora teria respostas embasadas graças a uma detalhada pesquisa com 3500 respostas da Ticket Sports. As assessoriascorrida estão gigantes, e crescendo. E crescem num mercado que, porvez, não paracrescer.

A ironia da história é que voltei ao ano2009 na Runner’s, quando tomei conhecimento da pesquisa da Ticket. E o CEO da Ticket e responsável pela pesquisa é justamente o Daniel Krutman, meu colegaEditora Abril, que ajudou a lançar a revista no Brasil. Fazia 15 anos que não via o Daniel, desconhecia os rumos profissionais dele. O cara, alémter virado corredor, se tornou um dos maiores especialistasvendainscrições para provas. Umacada três inscrições no Brasil é processada pela empresa dele.

Conversar com o Daniel foi uma pequena aula. Começamos pela pesquisa,si. Mais da metade das pessoas que participamalguma prova no Brasil estãouma assessoria, pequena ou grande. Estamos falando54%, muita gente se pensarmos que a estimativabrasileiros que correm ao menos duas vezes por semana fique na faixa13 milhõespessoas. O interessante é que a turma parece satisfeita, 97% considera que está sendo bem atendida.

No fenômeno das assessorias, muita gente chegando agora — Foto: Reprodução

E as assessorias crescendo. A pesquisa revela que há 16%“entrantes”, corredores que ingressaram nas assessoriasum ano pra cá. E mais 22% que fizeram o mesmo entre um e dois anos. Somando os dois grupos, 38%novos assessorados a partir2022. É gente nova entrando no universo da corrida, algo que se confirma pelo impressionante número da Ticket. Cerca35% das pessoas que se inscreveramprovas2024 fizeram isso pela primeira vez na vida. Mas gente estreandoprovas, mais gente debutandoassessoriascorrida.

A resposta que eu mais queria saber era porque diabos tanta gente se reúne nesse formato para praticar um esporte que é, fundamentalmente, individual. A melhoraperformance aparece com 42% seguida por manutençãoqualidadevida, com 35%. Como o questionário não exigia escolha simples, era possível cravar duas razões, a soma extrapola mesmo os 100%. Treinar motivado pelo grupo foi citado por 30% e encontrar novos relacionamentos/amizades por mais 26,5% dos respondentes.

Na pesquisa da Ticket Sports, a vontadecorrer junto — Foto: Repreodução

Debatemos um bom tempocima dessa questão dos objetivos. Daniel observou, com razão, que somos complexos demais para encaixotar numa resposta simples o que nos move para os treinosgrupo. Raramente é uma única razão, nem sempre a gente consegue racionalizar essa motivação. Quantas vezes entramos num grupo pensandoperformance e logo estamos empolgado com as novas amizades e possibilidadesviagens?

Sim, o bagulho é mesmo doido, as respostas aqui talvez mais confundam do que esclareçam. Sempre achei que o fenômeno das assessorias no Brasil tinha alguma relação com a necessidadeser tutelado do brasileiro. Queremos alguém ao lado dando dicas, evitando nossos erros. Daniel ressalta o espírito gregário do brasileiro, a galera junto, o grupo do zap nos comentáriostreinos e provas.

Talvez tenha um poucocada um dos fatores, o certo é que somos assim. Corremos agrupados e gostamos disso. Talvez os gringos não consigam mesmo nos entender, paciência. Seguiremos acordando convictosque a corrida é um esporte coletivo, por mais que muitos digam o contrário.

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