Após uma vitória para cada lado, Peñarol e Américanacional betCali disputam o desempate no Estádio Nacionalnacional betSantiago. Com placar zerado, falta apenas o último minuto da prorrogação e, pela diferença no saldonacional betgols nas duas partidas anteriores, o empate dá o título inédito aos colombianos. No lado esquerdo do ataque carbonero, Diego Aguirre tem ambições adjacentes. Passou a tarde inteira sendo surrado, leva uma mancha roxa abaixo do olho, e agora aproxima-senacional betum defensor encarnado para dar o troco antes que o juiz encerre a contenda. Estão, todos os jogadores do Peñarol, preparados para distribuir sarrafaços assim que ouvirem o apito.

O Peñarol acabaranacional betperder o que se julgava seu último tiro e os reservas do América se preparam para entrarnacional betcampo e comemorar. Os locutores colombianos fazem contagem regressiva. Pereira, arqueiro do Peñarol, desfere um balão aparentemente sem sentido, a bola pipoca entre as cabeças na meio do campo e chega nos pésnacional bet"Bomba" Villar, que apenas aquieta a pelota. Nesse momento, relaxando o punho cerrado, Aguirre surge rápido como um déjà vu e apanha a bola para driblar dois zagueiros e desferir um zurdazo sem chances para o excelente arqueiro Julio César Falcione. Tamanha era a incredulidade que, além dos jogadores escarlatas, o que eranacional betse esperar, também os carboneros levam as mãos à cabeça. Faltando dois segundos para o fim da prorrogação, Diego Aguirre garante a quinta (e última) taça do Peñarol e prega seu nome no firmamento libertador. Não era um gênio, mas uma Fiera.

Vários condimentos fazem daquele gol o mais decisivo da história da Libertadores. Pelo momento do jogo,nacional betque o cigarro já andava pelo filtro, e também pela brutal reversãonacional betexpectativas. Pela terceira vez consecutiva o Américanacional betCali perdia uma decisãonacional betLibertadores, e agora com contornos sádicos. O fortíssimo time colombiano havia vencido o primeiro jogo e na partidanacional betvolta, no Centenário, segurava o empate que lhe dava o título também até o final: levou um golaçonacional betfaltanacional betVillar quando faltavam três minutos para o fim. Três minutos para o sonho. Naquela noite, três dias antes, o próprio Diego Aguirre havia empatadonacional betcabeça, após o América abrir o placar e julgar que dessa vez não havia mais volta. Mas para o Américanacional betfinalnacional betLibertadores sempre é cedo demais para esboçar um sorriso. Após aquele gol crepuscularnacional betAguirre,nacional betterritório chileno, um locutor colombiano cobrava das esferas divinas tamanha crueldade: "No lo voy a cantar. Por qué siempre a nosotros, Señor?".

Ao contrárionacional betsuas conquistas anteriores, quando contava com esquadrões destinados ao sucesso, naquele anonacional bet1987 o conjunto carbonero passava por sérias dificuldades financeiras, inclusive com atrasonacional betsalários, e o gruponacional betjogadores era extremamente jovem, com médianacional betidadenacional bet22 anos, justamente a idade que Aguirre tinha naquela catártica tarde chilena. No comando, um então iniciante Óscar Tabárez, sobre quem se dizia que não era técniconacional bettime grande. O próprio técnico esteve para cair no início do ano e, segundo se soube depois, seria demitido após um clássico amistoso contra o Nacional. Mas justamente naquele embate os manyas promoveram a primeira façanha da temporada: venceram o rival mesmo atuando quinze minutos com três jogadores a menos, no que entrou para a história como o clássico dos "Ocho contra 11". Na Libertadores, o jovem time se agrandou e deixou pelo caminho o Independiente, ainda sob a cátedra do lendário Ricardo Bochini, batidonacional betseu estádio pela primeira vez na história da Libertadores por um clube estrangeiro, e o atual campeão River Plate.

A própria chegadanacional betDiego Aguirre ao Peñarol fazia parte daquela realidadenacional betrestrições financeiras, pois chegara ao clubenacional bet1985, após ser artilheiro da segunda divisão uruguaia pelo modesto Liverpool. E a missão do jovem montevideano parecia inglória, já que terianacional betvestir a mesma camisa nove usada pelo ídolo Fernando Morena, multicampeão pelo Peñarol. Durante o aquecimento, antes da partida que lhe alçaria à condiçãonacional betentidade carbonera, Aguirre olhava para o fatídico arco do Estádio Nacional e lembrava que justamente ali, cinco anos antes, contra o Cobreloa, Morena havia marcado o gol que valeu a quarta Libertadores dos aurinegros. Por capricho cósmico, um gol anotado aos 44 minutos do segundo tempo.

Depoisnacional betcolocarnacional betassinaturanacional betum dos momentos mais emblemáticos da Libertadores, Diego Aguirre jogaria no Brasil, defendendo São Paulo e Inter, onde aliás, dois anos depois, se envolverianacional betoutros perrengues copeiros, inclusive contra seu próprio Peñarol. Já técnico, levaria os aurinegros à final da Libertadoresnacional bet2011, sendo derrotado pelo Santosnacional betNeymar. Jamais vestiu a camisa da seleção uruguaia. Não era, como já sabemos, um gênio. Apenas um atacante que entravanacional betcamponacional betestadonacional betcombustão. Que no último minutonacional betuma finalnacional betLibertadores andava com os punhos fechados rondando os zagueiros, mas sem tirar o olho da bola que sobrevoa o meio-campo.