Com dois a mais desde o começo do segundo tempo, devido às expulsõesbets barãoFagner e André Ramalho, pode parecer que a vitória do São Paulo diantebets barãoum aguerrido Corinthians aconteceubets barãoforma quase constrangida. Afinalbets barãocontas, com tamanha vantagem, era jogo para golear o rivalbets barãotoda a vida. Alémbets barãoroubar os pontos, também destruí-lo moralmente na briga para não cair, e fazer desaparecer as assombrações que rondam as noites são-paulinas desde a última quarta-feira. Em vez disso, o São Paulo sofreu e conseguiu marcar o gol do alívio, que decretou o 3 a 1, apenas pouco antes do juiz encerrar o jogo.

No entanto, como sabemos, a equação dos clássicos não se baseiabets barãopura exatidão -- mais doisbets barãocampo, dezbets barãoacréscimos, Wellington Rato ao quadrado, que seja. Há fatores subjetivos envolvidos, e são eles que ditam os ânimos. Na entrevista coletiva, o técnico Luis Zubeldía evitou uma análise tática da partida e preferiu falarbets barão"jogar com dor". A declaração esteve longebets barãosoar como um drible discursivo: pareceu realmente uma sinceridade brutal. 

Até dias atrás o time tricolor realmente parecia preparado para conquistar algo grande na temporada, o que fez as quedas nos torneiosbets barãomata-mata serem duríssimas, especialmente devido às circunstâncias. Na Libertadores, por exemplo, era quase unanimidade que o Botafogo era favorito, e mesmo assim o São Paulo esticou a corda dos seus limites a pontobets barãolevar a decisão para uma desesperadora e imprevisível definição por pênaltis. 

Aliás, a pequena reunião na marca da cal para definir quem cobraria o pênalti contra o Corinthians, com Calleri demovendo Luciano da ideia e oferecendo a bola para Lucas, mostra como os eventosbets barãoontem estavam sob influência do que aconteceu na última quarta: o pênalti perdido por Lucas ainda era uma dor a ser resolvida. Para ele, para os colegasbets barãotime, para os são-paulinos todos.

Algo chamou a atenção após a partida: quando um time vence, geralmente as notas das atuações do público superam bastante a avaliação dos jornalistas do GE. Ontem, foi o contrário: os torcedores tricolores foram mais rigorosos com quase todo mundo, pois ainda sofrem pelo que a temporada prometeu e não será cumprido. Essa comoção também deturpa bastante o que aconteceu no jogo. O pavor da última parte da partida dominou as impressões, mas o São Paulo teve bons momentos e atuações convincentes -- com Lucas, Alan Franco e Arboleda, por exemplo. 

Remendar essas dores para seguirbets barãofrente justamentebets barãoum clássico, contra um rival desesperado ebets barãoascensão, é uma missão exigente. E, mesmo caminhando sobre brasa, o São Paulo conseguiu superar, ainda que não tenha esquecido, abets barãodespedida da Libertadores. Jogou com dor e ganhou. Afinalbets barãocontas, está longebets barãoser vergonha vencer um clássico, mesmo passando algum sufoco com dois jogadores a mais. A vergonha seria não levantar, é o que os torcedores aprendem desde muito cedo.