Acerca dessa questão, publicamos uma análise mais aprofundadabet 364 app“UEFA improvisa, libera multi-clubes para a temporada e gera incertezas”. Lá explicamos caso a caso e como um “jeitinho europeu” foi criado para o assunto. Nessa nova oportunidade interessa olhar para alguns dos principais atores desse movimento: os investidores norte-americano que inundaram o futebol europeu nos últimos 5 anos.

É certo que quando falamosbet 364 app“multi-club ownership/investment” – esses grupos que estão se formando sobre a propriedade ou investimentobet 364 appvários clubesbet 364 appfutebol ao mesmo tempo – não podemos resumir a história apenas aos fundos e holdings instaladas nos Estados Unidos.

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Há um movimento mais amplo e, dado o caráter global do próprio futebol e do financismo contemporâneo, ébet 364 appse imaginar que egípcios, gregos, poloneses, chineses, dinamarqueses e britânicos também estão envolvidosbet 364 appprojetos do tipo.

Mas é impossível desconsiderar a proporção, a pujança econômica e a voracidade do que aqui chamaremosbet 364 app“vulture football” (futebol abutre,bet 364 appinglês) sobre o futebol a nível global – especialmente a Europa, epicentro dessa indústria.

Um tipobet 364 appforça que tem se mostrado uma ameaça muito maior do que os tão falados casosbet 364 app“sportwashing”, protagonizados pelos sheiks, emires e monarcas dos países do Golfo Pérsico, que atraem atenção pelo agressivo uso do futebol como estratégia geopolítica.

Quando sugere-se a imagem do “abutre” não é por uma razão qualquer. Há uma ideia consolidada acercabet 364 appum perfilbet 364 appgrupobet 364 appinvestimento que se especializoubet 364 appadquirir empresasbet 364 appdificuldades, assumindo e reestruturando suas dívidas, cortando salários e empregos e posteriormente vendendo abet 364 appantiga marca por um valor superior.

Há ao menos 40 anos, a história dos clubesbet 364 appfutebol é basicamente essa. Com a consolidação dos direitosbet 364 apptransmissão como fonte principalbet 364 appfaturamento, a desregulamentação dos mercadosbet 364 apptransferências, as mudanças provocadas pela Lei Bosman e o descontrole dos custo dos salários dos atletas e das comissões dos agentes, o futebol (sobretudo europeu) é um ecossistema tomadobet 364 appclubes no vermelho: hiperendividados, insustentáveis, quebrados oubet 364 appfato falidos.

Não à toa a grande dorbet 364 appcabeça da UEFA tem sido elaborar mecanismos que controlem os gastos dos clubes mais ricos (ebet 364 appdonos gastadores), para evitar que esse efeito inflacionário prejudique toda a cadeia do futebol. Recentemente, como também analisamos aqui, criou-se a “regra do custobet 364 appelenco”, que busca limitar gastos globaisbet 364 appsalários, comissões e transferências.

Acontece que, mesmo com a já sabida natureza deficitária do futebol nos moldes europeus (que é a fôrma do resto do mundo), onde o resultado esportivo tem impacto direto no orçamento dos clubes – desclassificação, rebaixamento, fracassobet 364 appfase precoce – uma nova ondabet 364 appinvestidores norte-americanos alimenta uma crença realbet 364 appque é capazbet 364 apptransformar essa indústria.

Acostumados com uma cultura organizacional totalmente diferente,bet 364 appque ligas são empresas fechadas e cada time opera como uma franquia dentrobet 364 appum negócio mais amplo (e altamente regulamentado), essa nova geraçãobet 364 appinvestidores entende que não apenas pode agregar seu know-how gerencial ao futebolbet 364 appclubes, como elabora os caminhos para que tudo seja transformadobet 364 appcima para baixo.

À parte da crençabet 364 appque os valores da comercialização dos direitosbet 364 apptransmissão sofrerão crescimento inédito por causa das novas fronteiras midiáticas abertas pelos avanços tecnológicos – com ocorre na utopia do streaming –, esses grupos também entendem que há um valor a ser destravado nas “sinergias” desses negócios com a iminente realização da Copa do Mundobet 364 app2026, com suas 11 sedesbet 364 appterritório estadunidense.

A aventura da chamada European Super League já foi uma iniciativa produzida da cabeçabet 364 appmuitos desses grupos norte-americanos, mas vale observar que ainda estaríamos falandobet 364 appuma velha guarda. Os calouros estão mais convencidos, menos reticentes e, agora, munidos da disseminação da lógica dos multi-clubes como um pontobet 364 apppartida.

Mesmo assim, há dúvidas sobre a própria tesebet 364 appquestão, como o conceituado economista do esporte Stefan Szymanski: “Eu não vejo nadabet 364 appfundamental na estrutura do futebol que tenha mudado nesse período. Eu não vejo a estratégia aqui. A não ser que você pense que essas pessoas eram estúpidas e você é mais esperto. A ideiabet 364 appque as pessoas que tentaram isso no passado eram idiotas que não sabiam o que eles estavam fazendo, isso é sem sentido”, afirmou ao site The Ringer.

Uma reticência pretinente que pode deixarbet 364 appexistir se reestruturações mais profundas começarem a deixarbet 364 appserem vistas como um tabu. Uma superliga negociada com a UEFA, por exemplo, não pode ser descartada. O que nos leva a outra questão crucial.

Comprar clubes anda relativamente fácil para esses grupos. O acesso a crédito barato, o chamado “cheap money”, está disponível tanto por planos estataisbet 364 appresgate econômico, nas sucessivas injeções feitas para combater os efeitos da pandemia, quanto pela grande quantidadebet 364 appbancos privados dispostos a financiar esses ativosbet 364 apprisco. Isso faz desse capital norte-americano um bicho papão conveniente aos antigos donosbet 364 appclubes já cansadosbet 364 apptanto prejuízo.

A grande questão entretanto é que parece haver um movimento coordenadobet 364 appaquisiçãobet 364 appclubes que podem representar finalidades políticas mais elaboradas. Não são poucos os analistas que acreditam que, no geral, o que essas redes também representam é a conquistabet 364 appvotos no seleto grupobet 364 appclubes “membros ordinários” da European Club Association (ECA).

Essa entidade fundadabet 364 app2008 é reconhecida pela UEFA como uma associação legítimabet 364 apprepresentação das agremiações. Atualmente, a ECA alega ter a representaçãobet 364 appmaisbet 364 app500 clubes, dos quais 140 passarão a ter direito a voto nas assembleias – bem como o poderbet 364 appcompor uma diretoria executiva responsável por ditar as transformações do futebol europeu.

Muitas das mudanças recentesbet 364 appformato ebet 364 appcritériobet 364 appclassificação das competições continentais foram produzidas pela ECA. Para 2024/25, por exemplo, a Champions League passará a ter um novo formato, com mais jogos e maior chancebet 364 appencontro precoce entre as potências, numa influência que já existe há muito tempo.

De modo a soar menos excludente, a ECA desenvolveu critérios para garantir representação dos 55 países europeus, com pesobet 364 appacordo com o ranking da UEFA. Por essa razão, países como Inglaterra, Itália, Espanha e Alemanha possuem cinco ou seis membros ordinários, enquanto Portugal, Holanda e Turquia possuem três. Já países menores, 39 no total, possuem apenas dois ou um membro.

Isso criou uma lógica que tira o direitobet 364 appvotobet 364 appclubes importantesbet 364 apppaíses centrais, mas confere esse poder a clubesbet 364 apppaíses menos ricos. Adquirir um clubebet 364 appum mercado periférico, aparentemente menos interessante, como Suécia, Polônia ou Áustria, pode garantir uma representação política ao donobet 364 appum clube sem voto na Inglaterra.

Por isso especulam-se as motivações políticas da aquisição do dinamarquês Brondby pelo empresário David Blitzer (sóciobet 364 appJohn Textor no Crystal Palace), ou a entrada da 777 Partners no belga Standard Liège. Movimento que pode ganhar novos exemplos à medidabet 364 appque os membros ordináriosbet 364 appcada país são trocados a cada ciclobet 364 appquatro anos – ou mesmo adquiridos os que já possuem esse direito.

Isso se agrava por uma questão recente:bet 364 appreforma estatutária aprovadabet 364 appmarço desse ano, a ECA vai passar a conferir o caráterbet 364 appmembro ordinário, com direito a voto, a todos os clubes classificados para as competições continentais – Champions, Europa League e Conference – no primeiro ano do ciclo quadrienal.

Diante da recente autorizaçãobet 364 apptrês casosbet 364 appmulti-clubes pelo Organismobet 364 appControle Financeirobet 364 appClubes (CFCB) da UEFA para a temporada 2023/24 – caso relatado no texto citado no início desse artigo – será cada vez mais provável que um mesmo grupobet 364 appinvestimento consiga acumular maisbet 364 appum voto na assembleia da ECA.

O fato do presidente do CFCB da UEFA – o órgão que deu aval à farra dos multi-clubesbet 364 appcompetições europeias – ser presidido por Sunil Gulati, ex-presidente da Federaçãobet 364 appFutebol dos Estados Unidos, só deixa a história ainda mais complexa. Gulati vem ganhando importância e poder dentro da entidade e somando decisões favoráveis aos seus conterrâneos.

Se na atual estrutura já seria possível suspeitar que um clubebet 364 appum país periférico serviria ao interessebet 364 appum grupo que controla um clube maiorbet 364 appum país central, não é demais se preocupar com a possibilidadebet 364 apptrês ou quatro clubes votantes se posicionarem a partir do interessebet 364 appuma mesma rede. A relaçãobet 364 app“clube satélite” estaria levada às últimas consequências.

Ainda não há evidências concretas do alinhamento desses tantos grupos econômicos que desembarcaram na Europa nos últimos anos. Arctos Sports, Amber Capital, Clearlake Capital, Fenway Sports Group, Global Football Holdings, Pacific Media Group, Eagle Holdings, 777 Partners, dentre outras, não apenas compartilham suas origens ou teses financeiras e políticas, como também são muitas vezes sócios dentro das suas próprias redes.

Algo a ser observado com muita atenção pelos próximos anos.

As reflexões dos textos desse blog são frutobet 364 appmuitos anosbet 364 apppesquisa acerca da estrutura do futebol. Caso agradem, te convido a conhecer meu novo livro: "A Produção do Clube: poder, negócio e comunidade no futebol", recém-lançado pelo editora Mórula.

Nessa obra o futebol do passado, do presente e do futuro são pensadosbet 364 appperspectiva político-econômica e sociocultural, sem esquecer dos sentidos comunitários que ainda persistem no futebol globalizado e hiper-mercantilizado dos tempos atuais.

Um conteúdo muito útil aos torcedores brasileiros que ainda tentam decifrar a nova realidade das SAFs, investidores estrangeiros e redes multi-clubes, porque aborda realidadesbet 364 appoutros oito países que vivenciaram questões semelhantes.

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