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futebol facil bet apostas aquiFernando Scherer tem duas frases eternizadas no corpo que norteiamsite do esporte da sortevida nos últimos anos: "enquanto durar a paixão, que dure a vida" e "entrar no casulo, virar larva e voltar a ser". As tatuagens nos braços que consagraram a natação brasileira nas Olimpíadassite do esporte da sorteAtlanta 1996 e Sydney 2000 farão sentido ao longo das duas horassite do esporte da sorteentrevista que o ex-atleta e palestrante,site do esporte da sorte50 anossite do esporte da sorteidade, concedeu ao ge, nos estúdios da TV Globo,site do esporte da sorteSão Paulo.

Fontes de referência
Abre Aspas: Fernando Scherer passa carreira a limpo e relembra medalhasite do esporte da sorteAtlanta-96
Xuxa, como é conhecido desde a infância, estava à vontade. Deixou o tênis quadriculadosite do esporte da sorteum canto e ficou descalço. Não imaginava um bate-papo tão longo, muito menos que o esporte fosse apenas um dos muitos assuntos abordados durante a entrevista. Aposentado desde 2005 - embora o anúncio tenha sidosite do esporte da sorte2007 - decidiu sumir da mídia, se resguardou. Viveu um luto no ano seguinte ao ver a "morte" do seu personagem como nadador. Entrousite do esporte da sortedepressão. Não queria mais viver.
— Hoje a depressão é clara para mim. É o estado da alma que está cansadasite do esporte da sortevestir uma máscara, uma farsa,site do esporte da sorteviver uma ilusão. A farsa era achar que eu era o Fernando nadador. O marco da depressão foi a hora que caiu a ficha que não ia mais poder nadar, ser amado, não ia ter mais reconhecimento, valor perante a sociedade, que eu não teria mais nada. Durante a depressão, você não tem vontade nemsite do esporte da sortecomer,site do esporte da sortesair da cama. Nada tem beleza.
Fernando Scherer tatuou frases nos braços — Foto: Marcos Ribolli
Espiritualizado - não tem religião -, mas, ao buscar o autoconhecimento, encontrou resposta para momentos vividos décadas atrás. Saiu do casulo rumo à metamorfose. Bem antes, porém, abusou da bebida alcoólica ao se aposentar. Era a válvulasite do esporte da sorteescapesite do esporte da sortemeio à depressão.
— Depoissite do esporte da sortepararsite do esporte da sortenadar entreisite do esporte da sorteum mergulho profundo na bebida, principalmente depois das cinco da tarde. Eu bebia todos os dias das cinco da tarde até umas duas ou três da manhã.
- Nome completo: Fernandosite do esporte da sorteQueiroz Scherer
- Apelido: Xuxa
- Nascimento: 06/10/1974 (50 anos), Florianópolis (SC)
- Principais conquistas: Medalhistasite do esporte da sortebronzesite do esporte da sorteAtlanta 1996 (50m livre), Medalhistasite do esporte da sortebronzesite do esporte da sorteSydney 2000 (revezamento 4x100 livre), Medalhistasite do esporte da sorteBronze no Campeonato Mundialsite do esporte da sorteEsportes Aquáticossite do esporte da sorteRoma 1994, Campeão Pan-Americanosite do esporte da sorteMar del Plata 1995 (50m livre), Quatro medalhassite do esporte da sorteouro no Pan-Americanosite do esporte da sorteWinnipeg 1999, duas medalhassite do esporte da sorteouro no Pan-Americanosite do esporte da sorteSanto Domingo 2003
ge: Quem é Fernando Scherer?
— Essa é uma pergunta... complexa. São várias as respostas. Vou começar com a verdadeira. Tudo e todos. A consciência pura e universal que está aqui nesse corpo representando um estadosite do esporte da sorteser. Esse estado pode ser confundido com quem eu sou, aí eu seria Fernandosite do esporte da sorteQueiroz Scherer, nascidosite do esporte da sorteFlorianópolis, que se tornou nadador, que não é nadador, que estava nadador. Hoje é empresário, pai, filho, amigo, palestrante e esses outros atributos. Mas nada disso faz quem eu sou. É só o estadosite do esporte da sorteque estou, na hora que deixarsite do esporte da sorteser empresário ou palestrante, me tornarei outra coisa. É como se fossem diversas facetas, diversas máscaras, que fui representando na minha vida inteira e continuo representando até morrer. Aquele que eu sou,site do esporte da sortefato, é antessite do esporte da sortenascer e depoissite do esporte da sortemorrer. É o mesmo, é imortal. É quem eu sousite do esporte da sorteverdade. É profundo, é complexo, mas esse é quem eu sou.
Xuxa garante que apelido ajudou a torná-lo famoso — Foto: Marcos Ribolli
Para a maior parte das pessoas, ainda é o Xuxa...
— O apelidosite do esporte da sorteXuxa é muito engraçado. No momento que ganhei o apelido, não gostei, talvez por isso ele pegou. Eu tinha nove anos, estava na escola. Começaram a fazer a brincadeira com a Xuxa, a brincar nos intervalos. Eu não gostava, corria atrás dos amigos, aquela picuinha, e o apelido pegou. Todo mundo da escola me chamava assim. Fiquei conhecidosite do esporte da sorteFlorianópolis como Xuxa por causa dos cabelos compridos. É difícil acreditar nisso, porque o cabelo caiu, e o apelido continuou. Em 1992, no meu primeiro Campeonato Brasileiro, venci a primeira competição no Brasil com dois atletas russos, na prova que era a do Gustavo Borges, que havia sido medalhasite do esporte da sortepratasite do esporte da sorteBarcelona 92. Era a prova deles, eu estava começando. Venci os 50m e 100m. Quando eu ganho, tiro a touca e alguém na arquibancada grita: "Valeu, Xuxa". Era o pessoalsite do esporte da sorteFlorianópolis que estava me assistindo. Tinha o cabelinho comprido. O apelido pegousite do esporte da sortedezembrosite do esporte da sorte92. Em janeirosite do esporte da sorte93, eu passo no vestibular e raspo a cabeça. O apelido continua até hoje, e o cabelo, como a gente vê, tem cada vez menos.
Dá para dizer que o apelido abriu - e continua abrindo - portas para você?
— Aos nove anos, não gostei, por estar atrelado a uma figura feminina, parecia bullying na escola. Mas foi a melhor coisa que me aconteceu, me abriu muitas portas, tive um reconhecimento mais fácil das pessoas. É mais fácil as pessoas saberem quem é o Xuxa do que o Fernando. Xuxa é mais rápido e mais claro. Tenho relação com crianças mais novas, que nunca me viram nadar, mas recebo esse carinho pelo apelido. O apelido trouxe uma proximidade maior com o público, abriu portas para patrocínio, para melhorar minha imagemsite do esporte da sortetermossite do esporte da sortereconhecimento,site do esporte da sorteremuneração por campanhas... Tenho facilidadesite do esporte da sorteabrir portas por causa do apelido.
Você estavasite do esporte da sortecomeçosite do esporte da sortecarreira quando ficou a um centésimo do índice para conquistar uma vaga nas Olimpíadassite do esporte da sorteBarcelona,site do esporte da sorte1992. Apesar disso, garante que vai ser medalhista olímpico na edição seguinte. Foi uma promessa?
— Em 1992, eu nado a seletiva olímpica para ir a Barcelona. O índice é 23s30. São três mesessite do esporte da sortetreino nas férias. Eu falo para o meu treinador: "Quero ir a Barcelona". Eu treino incansavelmente. E faço 23s31. Fico a um centésimo do índice olímpico. Eu lembro da carasite do esporte da sortevelório, todo mundo vindo... eu sabia que nunca mais chegaria tão perto. Por um centésimo não dá. Na próxima ou eu vou ou eu não vou. Quando as pessoas me olham e falam "que pena", eu falo: "Pode parar. Eu já sou atleta olímpico, porque com esse tempo eu merecia ir. Daqui a quatro anos eu serei medalhista olímpico". Mudei o sonho simplessite do esporte da sorteser atleta olímpico e decidi que seria medalhista olímpico. Isso me serviu para lá na frente ser medalhista. Treinei quatro anos focado na medalha e mais nada me tirava da frente. Era a medalha olímpicasite do esporte da sorte96. Não é o que acontece contigo, é o que você faz com aquilo que acontece com você, transformar o negativo, aprender e usar para o positivo.
Xuxa ergue a bandeira diante do russo Alexander Popov — Foto: Getty Images
De onde vinha essa autoconfiança?
— A gente nasce com um único propósito: ser feliz e realizar sonhos. As pessoas falam "não sei se posso, se consigo"... É obrigação e dever seu, por ter nascido, realizar todo os teus sonhos. Ninguém vai dizer se você pode ou não. Mesmo que todo mundo dissesse que eu não ia ganhar do (Alexander) Popov, eu ria por dentro. Eu vou ganhar do Popov, ninguém vai me dizer que não posso. Tenho certezas para o futuro que vão ser realizadas, não tenho medo ou dúvida nenhuma. Essa é a fé no caminho. Essas passagens são claras para você entender que tudo é possível, desde que você creiasite do esporte da sorteti esite do esporte da sortealgo maior que vai te sustentar no caminho, que vai te dar tudo que for necessário para que você concretize. Tem que fazer asite do esporte da sorteparte. A minha parte na natação era treinar. Hoje é me autoconhecer. Por exemplo, se alguém debater comigo quem eu sou e disser que eu sou o Fernando, vou rir. A pessoa não chegou na autorrealizaçãosite do esporte da sortequem ela ésite do esporte da sortefato. Somos algo maior, inatingível, que não dá para ser mensurado ou pronunciado. Essa compreensão é maior que a mente, que não consegue trazersite do esporte da sortepalavras quemsite do esporte da sortefato você é. Você é tudo, todos, tudo isso aqui, vivendo essa experiência. Com essa compreensão clara, não era o ego. O ego fez parte para falar sonhe e acredite, porque vou te abraçar, te apoiar, te amar no processo. Você nunca estará sozinho na jornada. E assim foi. É acreditarsite do esporte da sorteum jeito que para chegar aqui eu dou minha vida, porque sei que é possível. Sumi os últimos 10 anos, sumi da mídia, abandonei o Xuxa, a natação, o Fernando,site do esporte da sorteverdade,site do esporte da sortefato, para chegar onde cheguei.
— Eu sabia que era possível, porque no fundo eu já era. Essa é a brincadeira. A gente não se reconhece com esse poder, que eu aprendi na natação. Esse poder é interior e inerente a todo ser humanosite do esporte da sortequalquer área. Qualquer sonho que você tenha seria uma obrigação realizar. Esse é o propósito da vida. Viva com amor, leveza, diversão. Se eu soubesse disso, não teria deixado o peso do mundo, do Brasil, do Fernando, entrar, porque o Fernando tem que ganhar uma medalhasite do esporte da sortebronze. Fo**-se o resultado. Se você ganhar ou não uma medalha, isso não vai mudar quem você ésite do esporte da sortefato. Trabalhe duro, dê o teu melhor todo dia, se divirta fazendo o que você tiver que fazer. Dê o teu amor, o teu melhor, porque o resultado é consequência da construçãosite do esporte da sortequem você fez.
Colocousite do esporte da sorteprática na épocasite do esporte da sortenadador?
— Eu não fiz isso no esporte. Queria a medalha pela medalha. Perdi a jornada. Eu não a aproveitei, e ela se tornou um fardo. No final, eu olho para a natação e falo: "Eu odeio isso aqui". A coisa que eu mais amava eu odeio? Como pode odiar o grande amor dasite do esporte da sortevida? É o paradoxo da vida. Eu não deixei esse amor ser cultivado todo dia, comosite do esporte da sorteum relacionamento. Botei peso. Olhei pontos negativos do esporte, as dores, as lesões, as cobranças, a obrigaçãosite do esporte da sorteganhar medalha,site do esporte da sorteacordar 5h da manhã,site do esporte da sorteentrar na água gelada,site do esporte da sortefazer a massagem,site do esporte da sorteme alimentar direito. Se eu tivesse falado "uau, vou fazer o que eu amo", mudado a lente para olhar aquilo, teria aguentado nadar mais 50 anos. Talvez não tivesse lesão, problemas na coluna. O passado é maravilhoso porque me trouxe essa consciência. Tudo que passou foi maravilhoso para essa construção. Depois desconstruí tudo que eu era para chegar nesse lugarsite do esporte da sorteque sou uma consciência, vivendo uma vida maravilhosa, uma experiência mágica. A visão que mudeisite do esporte da sortemim mesmo mudou a minha visãosite do esporte da sortemundo.
Fernando Scherer: caras e bocas durante duas horassite do esporte da sorteentrevista — Foto: Marcos Ribolli
E, quando chegasite do esporte da sorteAtlanta 1996, você cumpre o que havia prometido quatro anos antes...
— Foi um ano maravilhososite do esporte da sortetermossite do esporte da sorteprocesso. E não digo nem só pela medalha olímpica, que foi nos últimos 22s29, quando parou o sufoco. Em fevereiro teve o nascimento da minha filha Isabella (Scherer), ali tudo mudou na minha vida. Um mês e pouco depois tenho que abrir mão dela para treinarsite do esporte da sortePorto Alegre, o único lugar que tinha piscinasite do esporte da sorte50m. Cara, como vou ficar longe do meu bebê? Tá, mas tenho que ganhar a medalha olímpica, porque vai ajudar na criação dela. Tenho que fazer esse sacrifício. Ganho todas as competições do ano. Chega na hora da prova, na eliminatória dos 100m, eu estava todo feliz. Tinha certeza que ia ganhar do Popov. Quando faltam 20 metros para terminar os 100m, sinto um cansaço, um peso, parecia que tinha um piano nas costas. Não consigo terminar como queria e me classifico na raia 8.
— O Brasil era o único país com dois na mesma final. O Gustavo ganha o bronze, e eu terminosite do esporte da sortequinto. Senti muita dor. No revezamento, ficamossite do esporte da sortequarto lugar. O Gustavo tinha a prata nos 200m e o bronze nos 100m. O lado "bom"site do esporte da sorteter muita mídia: Xuxa sem nenhuma (risos). E eu lendo aquilo. Eu falava para ele: "Cara, se eu não ganhar a minha, tranque o seu quarto, porque eu vou roubar uma sua. Não voltarei sem nenhuma. Não aguento esse negóciosite do esporte da sortefalarem que você tem duas, e eu nenhuma". Eu enchi o saco dele, brincando, todos os dias, ao mesmo tempo, botando a confiança que eu ia ganhar.
Fernando Scherer conquistou a primeira medalha do Brasil nos 50m livresite do esporte da sorteOlimpíadas,site do esporte da sorteAtlanta 1996 — Foto: Divulgação/COB
E no dia da competição?
— Fiz 22s74 no desempate, o mesmo tempo da eliminatória, não tinha maissite do esporte da sorteonde tirar nada. Vou para a Vila descansar, refletindo, acreditando na medalha, visualizando. Nesse dia eu não tinha comido, estava com um nó na garganta, moendo, não passava nem saliva. E recebo um telefonema do meu irmão, do nada, pelo celular do Ricardo Moura, diretor-técnico. Ele fala: "Fernando, eu já vi, você vai ser bronze". Você estava sonhando, meditando, me conta (risos). "Olha só, no Pansite do esporte da sorteMar Del Plata você foi terceiro nos 100m, segundo no revezamento e ouro nos 50m. Agora, foi quinto nos 100m, quarto no revezamento e será bronze nos 50m". Nossa, que fácil essa matemática, agora avisa aos outros (risos). Não é assim que funciona, mas obrigado. Não posso dizer que foi isso, mas fez um peso danado alguém acreditarsite do esporte da sortemim. Eu não aqueci, é uma história que quase ninguém sabe. Fico 45 minutossite do esporte da sortecima do bloco da raia 1, que é asite do esporte da sortetiro. Fico ali o aquecimento inteiro, com uma "carasite do esporte da sortenão tenho amigos". Eu fico olhando o destino, aonde eu ia tocar, é ali que eu tenho que chegar. Quando eu pulo para a dar a primeira braçada, eu paro e saio por debaixo da raia e falo para o meu treinador: "Nunca estive tão bem". Ele me olhou: "Você não deu nenhuma braçada". Eu falei: "Você vai questionar? Hoje é o dia do melhor resultado da vida". Quando estou andando, encontro dois cubanos que ganharam medalhas e não eram favoritos.
— Eu boto a mão na cabeça deles e falo: hoje é meu dia. Focalizando na prova o tempo todo. Tudo acontecesite do esporte da sorteum jeito diferente. Era para ser. Estou atrás da piscina, tem umasite do esporte da sorte50m, umasite do esporte da sorte25m, telão, uma arquibancada com dez mil pessoas, o presidente Bill Clinton, as celebridades da série "Baywatch" com a Pamela Anderson, todos para ver Popov x Gary Hall. Era EUA x Rússia. Ponto. Não tinha Brasil. Subi abaixado no bloco a vida toda. Pela primeira vez subisite do esporte da sortepé e olhei: meu pai, minha mãe e meus dois irmãos na arquibancada. O juiz deu a saídasite do esporte da sorteinstantes. Quando eu abaixei, 22s29s depois, estava com a medalhasite do esporte da sortebronze no peito. Era a única raia iluminada pelo sol. Se eu focar muito, até choro. Isso que marca a vida. Hoje eu entendo o significado da vida. Não é a medalha, a conquista, o dinheiro, a fama. O que me emociona é minha família, a história, a dor que passei, tudo que superei. Tudo parou. Silêncio. A medalha é o símbolo da minha conquista interna durante a prova e o percurso. Senti que não estava sozinho, minha família estava nadando comigo. Não tinha como nadar 22s29 depoissite do esporte da sorteapenas quatro horassite do esporte da sortediferença. Nadei 22s72site do esporte da sortemanhã e ao meio-dia.

Fontes de referência
Abre Aspas: Fernando Scherer conta sagasite do esporte da sortelesão a medalhasite do esporte da sorteSidney-2000
Em 2000, a medalhasite do esporte da sortebronze vem no revezamento 4x100m livre, ao ladosite do esporte da sorteGustavo Borges, Edvaldo Valério e Carlos Jayme. Foi uma conquista diferente por ser coletiva, mas também devido àsite do esporte da sortelesão semanas antes dos Jogos.
— Hoje eu consigo falar dela como a mais cheiasite do esporte da sorteaprendizados, a mais marcante, a que eu posso usarsite do esporte da sortetudo na minha vida. Se eu rompi os ligamentos, onde está minha responsabilidade? Após muitos anossite do esporte da sorteautoinvestigação, chego a marçosite do esporte da sorte2000. Nunca treinei tanto. Fiquei fraco, perdi massa, peso, ninguém sabia o que era. Descobri um foco dentário. Estavasite do esporte da sorte"overtraining", estressado, comendo horrores e perdendo força. Quasesite do esporte da sortedepressão profunda. E passou uma coisa na minha cabeça: "Por que eu não me machuco, acabo com essa mer** e não preciso mais ir?". Eu me lembrei disso 20 anos depois. Eu acreditei, pedi, sentisite do esporte da sorteverdade que eu queria. O universo dá o que você quer. Mas me deu quatro semanas antes das Olimpíadas, quando eu já tinha me recuperado, não queria mais me machucar (risos). Crieisite do esporte da sorteum momentosite do esporte da sortedesespero, ressoou e me foi concedido. Eu me machuquei descendo a escadasite do esporte da sortecasa.
Tinha uma mesasite do esporte da sortevidro, pulei para o outro lado e rompi três ligamentos completos no calcanhar do pé direito. Eu chorei, berreisite do esporte da sortedor, desesperado, massite do esporte da sortenenhum momento eu reclamei.
— Estava a quatro semanas das Olimpíadas. Como vou sair disso? Vim para o Brasil, e o médico da seleção me falou assim: "O que você quer ouvir?". Eu falei: "Esse é bom pra cacete, esse estudou". Eu respondi: "Quero nadar, ouvir que tem chancesite do esporte da sorteir para as Olimpíadas". Ele falou: "Tem chance. Mas vai ter que fazer tudo, das 6h às 23h. Fisioterapia, nadar com as pernas amarradas, gelo, fisio, musculação, perna para cima, fisio, gelo e psicólogo". Pode botar que vou fazer o dia inteiro. Chegou no dia do embarque, ele falou: "Quer ir? Tem que fazer uma infiltração". Eu disse: "Dói?". Não, não dói. Na hora que bota a agulha e toca os ligamentos com aquele líquido, nunca senti uma dor tão grande. Eu queria matar. Fiquei mordendo a toalha: "Você falou que não doía". Ele respondeu: "Eu não senti nada. Você não perguntousite do esporte da sortequem". Faço o treinamento todosite do esporte da sorteCamberra e acho que estou lá só para treinar.
Edvaldo Valério, Carlos Jayme, Gustavo Borges e Xuxa — Foto: Getty Images
Como estava no dia da prova?
— Um dia antes da prova me perguntam se eu quero nadar. Digo que quero, mas que não posso prometer resultado. Vocês optam por ter um manco que vai dar o máximo na piscina ou querem tempo e resultado? Não posso sair do bloco, não posso bater perna. Falaram: "A gente quer você". Então, eu topo. Na reunião antes da prova, estava o Gustavo (Borges), Edvaldo Valério, Carlos Jayme, Ricardosite do esporte da sorteMoura e Reinaldo Dias, treinador da seleção. "Vamos mudar a ordem do revezamento. Abrimos com Gustavo, e Xuxa vai no meio, porque está saindo do bloco com meio corpo atrás porque não tem impulso nas duas pernas". Na hora que estão falando, eu levanto da cadeira e falo: "Pode parar. Abri o revezamentosite do esporte da sortetodos os mundiais e ganhamos tudo. Se for para ganhar medalha nessa Olimpíada, vou abrirsite do esporte da sortenovo". Olhei para o Gustavo, que falou: "Se ele está falando, eu concordo. Ele abre". Era o último resquíciosite do esporte da sorteconfiançasite do esporte da sortemim. Se alguém fala que eu não posso abrir, ali a gente não ganhava mais a medalha.
— O Gustavo confiousite do esporte da sortemim... Eu prometi baixar oito décimos, não sei como, mas eu garanto, faço a minha parte. Eu baixei 81 centésimos, entreguei um mais rápido,site do esporte da sortegorjeta. O Gustavo me apoiou, a equipe me apoiou, ninguém discutiu. Em uma "live", 20 anos depois, o Edvaldo me falou o que pensou naquele instante: "Ferrou! O Xuxa não consegue baixar oito décimos". Ele que fechava o revezamento. Quando ele me viu baixando.... aí ele que tinha que pegar o bronze (risos). Ele nadou brilhantemente e pegamos.
Essa história tem muitos significados. Não foi só uma medalha. Foi algo surreal ganhar uma medalha olímpica todo lesionado, não só no físico, mas no mental e no emocional também. Eu nunca desisti.
Xuxa desenvolveu outras fontessite do esporte da sorterenda fora do esporte — Foto: Marcos Ribolli
Asite do esporte da sortegeração da natação fez um grande sucesso, especialmente você e o Gustavo Borges. Vocês estavam na mídia,site do esporte da sortetodos os lugares. Isso teve um impacto grande nasite do esporte da sortevida?
— A nossa geração foi privilegiada, não sósite do esporte da sortetermossite do esporte da sorteresultados. Tivemos acompanhamento grande e massivo da TV Globo. Foi o diferencial da nossa época, competições ao vivo no domingo. Tinha espaço para abrir um revezamento,site do esporte da sorte1998, faltando exatamente 3m14s para começar a final do Brasileirão. Eu estava no Vasco, competindo no revezamento 4x100m, na piscina vazia, para a gente testar um recorde mundial. Era ao vivo, com 45 pontossite do esporte da sorteIbope. Enfia a natação,site do esporte da sorte3m14s a gente bate na borda. Recorde mundial. Começa o jogo. Isso fez a dimensãosite do esporte da sortetodo mundo assistir. Era o esporte ao vivo, o Ayrton Senna, que morre e cria-se o vácuo no esporte. Tinha o Gustavo, eu, o vôlei, o judô... espaço gerado pela mídia, e o telespectador sofrendo e celebrando, criou essa referência maior. Era um espaço maiorsite do esporte da sortetemposite do esporte da sorteTV,site do esporte da sorteretorno, para a pessoa se sentir familiarizada.
— Eu saísite do esporte da sortetrês páginas diferentes no mesmo jornal escrito no mesmo dia quando ganhei quatro medalhas no Pan: política, coluna social e esporte. Em Brasília, participeisite do esporte da sorteuma festasite do esporte da sortepatrocinadores e saí na coluna social. Fiz um comentário político sobre reeleição e saí na política. Soubemos navegar bem nisso. Mas tem o peso, claro. O peso internosite do esporte da sortequerer ser medalhista,site do esporte da sorteorgulhar seus pais esite do esporte da sorteter uma nação vendo. Você se cobra e ainda bota todo mundo te olhando. Isso gera fatores que estressam. Hoje sei lidar com o emocionalsite do esporte da sorteuma forma que não sabia lidar lá atrás.
Xuxa e Gustavo Borges foram dois dos atletas mais consagrados da modalidade — Foto: Marcos Ribolli
Foi difícil lidar com a fama? Você estava na casa dos 20 anos, começou a ser reconhecido nas ruas, o assédio aumentou, a conta bancária, as oportunidades...
— Eu não fiz para ser famoso, mas a fama sempre me ajudou. Foi aliada, nunca a vi como inimiga. Se não estou a fimsite do esporte da sortesorrir, não saiosite do esporte da sortecasa. Sempre pensei assim. Ao mesmo tempo, muito cedo, ganhando dinheiro, por mais que você não queira, você fica mais arrogante, mais petulante. Está ganhando todas as provas do mundo, você é o melhor do mundo. Não tem como dizer que, aos 22 anos, não achou que era melhor que todo mundosite do esporte da sortealguma coisa. Era um menino que não estava pronto para aquilo tudo. Eu sempre tratei todo mundo bem, mas no meu particular, sou muito quieto. Apesarsite do esporte da sorteser falante, brincar, gosto do meu canto. Por ter a fama, as pessoas olham e começam a te julgar pelo olhar delas. Sei os tropeços que fiz. Por exemplo, quando eu me mudo para o Riosite do esporte da sorteJaneiro,site do esporte da sorte1996, eu me perco nas baladas, nas festas, com a mulherada. Eu me perco. Pô, o carasite do esporte da sorte22 anos, a porta se abre, eu falo: "Aleluia, senhor, depoissite do esporte da sortetreinar tanto (risos)!". Em 97 é uma mer**, eu me afogo. Faz parte.
— E aí, o que você faz quando se afoga? Olha para trás e fala "que cagada eu fiz". Não treinou, não deu teu máximo. Se não der o máximo, por mais talento que você tenha, não vai ganhar. Você gostasite do esporte da sorteperder? Odeio perder. Essa foi a chavesite do esporte da sortevirada. Vi a cagada que estava fazendo, que foi maravilhosa, não discuto. Foi uma experiência que me tirou dos caminhos das medalhas. Era muito mais feliz ganhando medalha. As portas só se abriram porque eu ganhava medalha. Quanto mais medalha eu ganho mais bonito eu fico? Então, vamos ganhar mais medalha. Mais dinheiro eu ganho, tudo fica mais fácil. Opa, tem que escolher. E escolho me tornar número 1 do mundo, simples assim. De afogado, eu falo: "Em 12 semanas quero ser o melhor do mundo". Ninguém ganhava do Popov. Eu falei que ia ganhar do Popov. Eu treino 12 semanas e me torno número 1 do mundo. Eu soube falar: "Destruí minha carreira". E só eu podia reconstruir e fazer o que ninguém nunca fez. Saí do Rio, continuei representando o Flamengo, e fui para os Estados Unidos. Falei: "A gente vai ganhar tudo, mas tenho que me afastar desse cenáriosite do esporte da sortetentação e perdição (risos)". Eu sou frágil, admiti minha vulnerabilidade. A carne é fraca. Prefiro me isolar no meio do mato, só treinar e voltar aqui com as medalhas. E foi o que fiz. Venci o Popov nos 50m e 100m e me tornei o melhor do mundosite do esporte da sorte98.

Fontes de referência
"Quando eu me mudo pro Riosite do esporte da sorteJaneiro, eu me perco", diz Fernando Scherer
Como as medalhas olímpicas mudaram asite do esporte da sortevida?
— Elas, com certeza, mudaram a minha vida. Mas o que mudou foi o oposto disso. As pessoas imaginam: ganhou medalha olímpica, ganhou dinheiro. Quando ganhei a medalha olímpicasite do esporte da sorte96, perdi meu único patrocínio individual. E foi a maior benção que poderia ter acontecido. Eu achei que ia ter aumento. Perdi minha estabilidade, meu dinheiro. Falei: "Não posso dependersite do esporte da sorteninguém na vida". Se ganhando a medalha, perdi o patrocínio, imagina se eu me lesiono ou paro... Vão me abandonar no mesmo dia. Vou montar minha empresas, meus negócios e não vou dependersite do esporte da sorteninguém. Em 97, o ano das festas, foi quando comecei a desenvolver meus negócios. Não fiquei atrelado à medalha e aos patrocínios como remuneração para a minha vida. Queria estabilidade financeira para continuar nadando e, quando resolvesse parar, fazer outra coisa. Quando eu parei, sumi do mundo para buscar o autoconhecimento graças à estrutura financeira à parte da natação.
— As medalhas ajudaram a perpetuar palestras, campanhas, estar aqui fazendo essa matéria, nos relacionamentos. Abri uma empresasite do esporte da sortematerial esportivosite do esporte da sortenatação, fui patrocinador da seleção brasileira, patrocinador da equipe paralímpica, depois montei uma lojasite do esporte da sorteroupa, que não deu certo. Montei um negóciosite do esporte da sorteconstrução. Montei uma academia. Saísite do esporte da sortetodos e estou montando três coisas diferentes, nada a ver com esporte. Já patrocinei muitos atletas, enquanto eu nadava, com meu próprio dinheiro. Eu sempre penseisite do esporte da sortecomo devolver ao esporte.
Esse ano faz 20 anos que você parou, certo?
— Eu pareisite do esporte da sorte2005, mas quase ninguém sabe porque anuncieisite do esporte da sorte2007. Teria o Pan-Americano do Riosite do esporte da sorteJaneiro,site do esporte da sorte2007, e eu tinha sido tricampeão panamericano. Tudo que o atleta sonha é competir no Brasil. Pensei: "Vou tentarsite do esporte da sortetudo". O médico olhou e falou: "Asite do esporte da sortecoluna tem 82 anos. Se você continuar treinando dessa maneira, poderá pararsite do esporte da sorteuma cadeirasite do esporte da sorterodas". Eu falei: "Está resolvido (risos). Vou fazer um anosite do esporte da sortefisioterapia". Em dezembro, naquele dia que a gente faz a reflexãosite do esporte da sorteréveillon... não vale mais a pena. O processo será muito doloroso. Não vou entregar meu melhor, não vou conseguir ganhar. Ficar com a prata ou bronze, que é algo incrível para muitos, seria frustrante para quem ganhou sete medalhas seguidas. Nunca perdi uma prova depois que ganhei o primeiro ourosite do esporte da sorte1995 nos 50m. Ou é dar o melhor ou não vou. Resolvi pararsite do esporte da sorte1ºsite do esporte da sortejaneirosite do esporte da sorte2007. E anuncieisite do esporte da sortefevereiro ou março.
Gustavo Borges e Fernando Scherer no Mundialsite do esporte da sorte1993 — Foto: Divulgação
Foram décadassite do esporte da sortededicação à natação. Por que ficou tantos anos sem entrarsite do esporte da sorteuma piscina depois que se aposentou?
— Nunca mais nadei. As pazes que eu fiz com a natação foi quando gravei a matéria para o aniversário da medalhasite do esporte da sorte2000, nos 20 anos. Ali eu falei: "Uau, estousite do esporte da sortepaz com a piscinasite do esporte da sortenovo". Eu me lembrosite do esporte da sortechorar no trânsito indo para a piscina. Eu falo que vou nadar e esqueço a sunga. Fiz as pazes, mas não precisei comprovar mergulhando na piscina. Essa semana me falaram que tem alguns eventos que estão surgindo e que não faço mais. Eu falei: "Pode tirar essa memória, agora eu entro na piscina". Mas por maissite do esporte da sortedez anos nunca mais entreisite do esporte da sorteuma piscina. Inaugurei várias piscinas e avisava: "Não entro". É assim, contrato. Todo mundo espera que eu entre. Era muito difícil. Hoje eu me divertiria. Não nado mais, porque prefiro esportes mais divertidos, ainda tenho a memóriasite do esporte da sortefazer bem feito,site do esporte da sortesaber nadar, prefiro aprender coisas novas. O outro motivo era por não suportar ver uma piscina.

Fontes de referência
Abre Aspas: Fernando Scherer conta como erros o levaram à maturidade
Após a aposentadoria, você cai na depressão no ano seguinte,site do esporte da sorte2008,site do esporte da sorteum dos momentos mais difíceis dasite do esporte da sortevida. O que aconteceu?
— Hoje a depressão é clara para mim. É o estado da alma que está cansadasite do esporte da sortevestir uma máscara, uma farsa,site do esporte da sorteviver uma ilusão. A farsa era achar que eu era o Fernando nadador. Sem a identificação que me causou o sofrimento. O que causa não é o que está acontecendo ao seu redor, é a identificação consigo mesmo. A depressão foi assim: vou te dar o maior presente dasite do esporte da sortevida, você vai ter que sair daí, se desidentificar como nadador, porque ele morreu, não tem mais volta. Quem eu sou? Essa foi a minha investigação durante anos. Não tinha outra pergunta, era só essa. Se não sou nadador, não sou Fernando, se estou no meiosite do esporte da sorteuma bola andando no Universo,site do esporte da sorteum planeta que chamaramsite do esporte da sorteTerra... Percebi que tudo era colocado, criação. A depressão veio como um "start" para eu encontrar quem eu sou, abrir mão das minhas faces e ilusõessite do esporte da sorteque eu era Fernando, nadador, pai, filho, ser humano, brasileiro, da Terra. Eu não sou nada.
— No fundo, eu só estou aqui, do dia que eu nasço ao dia que morro. Sobra consciência, amor, experiência. O marco da depressão foi a hora que caiu a ficha que não ia mais poder nadar, ser amado, não ia ter mais reconhecimento, valor perante a sociedade, que eu não teria mais nada. Foi muito difícil abrir mão do nadador. A coisa mais difícil da minha vida foi entender que eu não era aquele cara, onde toda a minha vida estava presa nele. O alicerce da minha vida foi construído desde os 14 anossite do esporte da sorteidade, no número 1 do mundo, no medalhista, na fama, no outros me olharem com carinho e amor. Dependia da aprovaçãosite do esporte da sortetudo e todos. Eu achava que eu era o que o outro achava que eu era. Nossa, era um sofrimento danado.

Fontes de referência
"Fui alcoólatra", diz Fernando Scherer
Teve um poucosite do esporte da sortebebida nessa história. Você se considerava alcoólatra?
— Pouca história ou pouco álcool (risos)? Foi muito álcool. Alcoólatra, não, porque eu não precisava e não tremia. Porém, eu bebia todo dia, então me considero alcoólatra. Eu tive momentossite do esporte da sortefalar "cara, não quero isso aqui, vou ficar três meses sem". Ao mesmo tempo, eu poderia me considerar porque sentia falta. E, quando eu voltava, não conseguia pararsite do esporte da sortenovo. É difícil usar o termo, mas eu poderia usar com maior prazer: "Fui alcoólatra". Se eu fui, eu sou. Se eu quiser tomar um gole, eu tomo, mas não faz mais sentido. Esse processo me tira qualquer rótulo, me desprendeusite do esporte da sortetudo, completamente. Se eu quiser beber, eu bebo. Dane-se. Nada mais é tabu para mim, essa foi a desconstrução maravilhosa. Crença nenhuma me limita. Não me permito julgar nada, nem bom, nem mau, nem agradável, nem desagradável. Eu simplesmente sinto. Não vejo mais nada como problema. (...) Mas, na minha vida, se tornou um excesso, principalmente na depressão. Eu bebo desde os 14 anossite do esporte da sorteidade, sempre bebi. Parei há muito tempo, muito. Parei um montesite do esporte da sortecoisa. Quais meus vícios? Abri todos com maior naturalidade. É essa a lista? E tirei tudosite do esporte da sorteuma vez.
Foi libertador. Depoissite do esporte da sortepararsite do esporte da sortenadar entreisite do esporte da sorteum mergulho profundo na bebida, principalmente depois das cinco da tarde. Eu bebia todos os dias das cinco da tarde até umas duas ou três da manhã.
A bebida era asite do esporte da sorteválvulasite do esporte da sorteescape naquele momento depressivo? Era o que te fazia bemsite do esporte da sorteum momentosite do esporte da sorteque não sentia mais prazersite do esporte da sortenada?
— Era tudo cinza. Nada tinha graça na vida. Nada. Aquilo me fazia não pensarsite do esporte da sortenada e, ao mesmo tempo, me fazia fugir do sentimento. É o contráriosite do esporte da sortehoje, que busco sentir, agradecer a experiência. Se eu nasci como consciência, para estar nesse corpo, para experienciar tudo, não tenho o direitosite do esporte da sorteescolher o que quero sentir. Quero sentir tudo, viver tudo, ter todos os sorrisos e todas as lágrimas do mundo. E isso significa a do êxtase,site do esporte da sorte"uau, ganhei a medalha olímpica", e ao mesmo tempo toda a dor do mundo. É abraçar o sentimento sem fuga. Álcool foi fuga, pornografia foi fuga, compra foi fuga, shopping foi fuga, comida foi fuga, doce foi fuga, energético foi fuga, sexo foi fuga, balada foi fuga. Deve ter mais coisas, a lista é maior. Durante a depressão, você não tem vontade nemsite do esporte da sortecomer,site do esporte da sortesair da cama. Nada tem beleza, nada, nada, nada. É muito difícil encontrar forças para fazer aquilo que você sabe que tem que fazer. Você não consegue fazer. Nesse estado bem crítico foram seis meses.
— Isso tudo era uma falta que tinha que ser preenchida. Vinha a medalha, que não me preenchia por muito tempo. E amanhã? Tem que ganhar a próxima. E acabava. E a próxima? E a próxima? Nos meus momentossite do esporte da sortemaior vitória foram minhas maiores derrotas. Toda hora que chegava no ápice, ele durava um segundo, um dia, e vinha a derrotasite do esporte da sortecomeçarsite do esporte da sortenovo, porque não me sentia amado, valorizado, olhado e respeitado se eu não tivesse mais medalha. Não estou falando que os outros não me consideravam, era como eu me sentia.
Foi essa sensaçãosite do esporte da sorteestarsite do esporte da sorteum buraco, sem saída, que te fez cogitar tirar asite do esporte da sorteprópria vida?
— É difícil descrever isso. É abstrato, um vazio tão grande que tudo te falta. Nada mais te preenche. É um vazio tão grande que nada no mundo inteiro vai te preencher, nem toda bebida, nem todo dinheiro, nem toda as roupas, medalhas, títulos, reconhecimento. Nem o amorsite do esporte da sortetoda humanidade vai preencher esse vazio. Esse vazio é quem você é. A depressão foi uma benção, porque me mostrou um vazio tão grande, tão genuíno, que eu nunca conseguiria preenchê-lo. Se eu me mato, acaba, mas deixo um rastrosite do esporte da sortesofrimento. É egoísmo. Um rastrosite do esporte da sortesofrimento com toda a minha família. Vai todo mundo sofrer e a minha dor acabou? Minha filha vai sofrer sem um pai? Eu falei: "Não! Sou mais forte que isso. Vou encontrar minha força". Foi uma investigação profunda, nada simples, nada gostosa, muitas vezes aterrorizante.
Xuxa ficou seis meses sem sairsite do esporte da sortecasa — Foto: Marcos Ribolli
Você se tornou uma pessoa espiritualizada, que buscou o autoconhecimento. O que fez para vencer a depressão e retomar o saborsite do esporte da sorteviver?
— Quando eu estava há seis meses trancado no apartamento, tatuei duas frases no meu corpo: "Enquanto durar a paixão, que dure a vida" e "Entrar no casulo, virar larva e voltar a ser". Essas frases têm significados muito importantes, mas a segunda eu entendi anos depois. Essa primeira me deu choque. Estava acabando a paixão por tudo, né? O que eu amo ainda? Minha filha. Reparei que na frase não tinha ponto final. Então ainda tinha chance. Fui buscar por quem eu poderia dar minha vidasite do esporte da sortenovo: minha filha. Vou sair dessa. Eu estava no Sul. Vim para São Paulo, peguei três psicólogossite do esporte da sortelinhas diferentes e um psiquiatra. Fui fazendo as coisas. Exercício físico, pegar sol, pisar na grama, entrar no mar, contato com a natureza... Eu estavasite do esporte da sorteum apartamentosite do esporte da sortebeira-mar nesses meses todos e não conseguia descer.
— Alimentar-se bem, pensamentos positivos, repetir "eu sou feliz, eu agradeço", mesmo que você não acredite. Tudo que você fala asite do esporte da sortemente acredita. Se olhar só o negativo do processo, fica difícil sair dele. O médico falou: "Vai viajar". Eu falei: "Pra onde?". Eu não tinha vontadesite do esporte da sortesairsite do esporte da sortecasa. Pensei: "Nunca fui para Londres". 'E por que não vai? Só vai". Passei uma semana lá e liguei para ele. Ele falou: "Quer voltar? Não? Então fica aí". Quando deu dois meses, falei que tinha que voltar. Acabou o dinheiro (risos). Busquei coisas que um dia eu gostei e perdi totalmente o gosto. Foi sinalsite do esporte da sorteque a coisa não estava andando. Eu sempre gosteisite do esporte da sorteestar com os amigos, não tinha mais graça. Eu gostavasite do esporte da sorteviajar, não queria viajar.
O que sentia?
— Era tudo insosso, chocho, sem gosto. Fui buscando ferramentas: esporte, alimentação, acompanhamento psicológico e ficar me dando carinho todo dia. Eu dizia: "Eu me amo, eu me aceito, eu me respeito, eu me liberto, eu me perdoo, eu me curo". Até acreditar nisso demorou anos. Foi meu processo, alémsite do esporte da sortecortar o que me fazia mal. Eu buscava o que me fazia rir, comédia boba. Mudei os enfoques. Era difícil. No começo era meio que forçado, criei uma lista e "ticava" todo dia. Uma das coisas era ligar todo dia para uma pessoa falando "eu te amo". As pessoas sempre achavam que eu ia morrer. "Ih, tá se despedindo". Eu te amo, te agradeço. "Tá tudo bem? (risos)". Era só uma regrinha para eu lembrar que tenho alguém para amar e agradecer. Há maissite do esporte da sortedez anos que eu ligo para agradecer. Não estou morrendo, não vou me matar, não, já passou essa fase (risos), só estou agradecendo. Nunca preciseisite do esporte da sorteremédio.
O psiquiatra disse que meu caso não era químico, era interno,site do esporte da sorteidentificação, da natação, do papel do nadador com a perda. Era um luto, que eles não sabiam quanto tempo ia durar. E eu encarei o luto.
Xuxa e as duas filhas, Isabella, na época da gravidez, e Brenda — Foto: reprodução/Instagram
Você citou asite do esporte da sortefilha, Isabella Scherer, que te deu dois netinhos há três anos. Por fim, como está a vidasite do esporte da sortevovô?
— Eu brinco com as minhas filhas que, se eu soubesse que era tão bom ser avô, não tinha sido pai, pularia direto para avô. Não tem cobrança, responsabilidade. Você brinca, acolhe, curte. É diferente quando está com o filho todo dia naquela convivência, estressado do trabalho e do relacionamento. A criança chorasite do esporte da sortecólica quando é pequenininha, você fica preocupado, porque é o quinto dia seguido, preocupado com os vizinhos. Uau! Que beleza ser avô. Como é bom pegar meu netinho. O vovô já vai? O vovô já vai. Se é o pai e a mãe, muitas vezes, quando o filho cresce, é: "Vocêsite do esporte da sortenovo?". Me deixa quieto no meu quarto, não me enche o saco, me deixa na esquina da escola. Que vergonha, pai, vai sair com essa calça? O netinho quer curtir aquele momento. É o filho com açúcar duas vezes. É uma benção tão grande. Eu pude ser pai novo, experienciar ser um péssimo pai novo, o pior tipo, que é o ausente, porque tive que ser.
— Foi uma escolha que acabei fazendo achando que estava fazendo o melhor para a minha filha. Fiz uma mer** danada achando... e era por amor. Mas não sabia no que isso refletia no relacionamento. Não sabiasite do esporte da sortenada com 20 anos, estava na medalha, depois outra medalha, Estados Unidos, Rio e assim foi. Depois tive uma outra filha, mais velho, mais maduro, consciente, é outra experiência com a Brenda (11 anos). Estou casado, tenho um filhosite do esporte da sorte16, outrosite do esporte da sortenove, da minha esposa. A Isabella me deu,site do esporte da sortebandeja, dois netos. Estou experienciandosite do esporte da sorteuma encarnação tantas encarnações, experiências mágicas, que só posso ser agradecido. É muito gostoso ser avô, fico babando toda vez.
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