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É preciso se distanciar para perceber a beleza da Torre Eiffel. Assim também é com feitos históricos. No meio deles, ou dela, tudo é grande, mas ao mesmo tempo pode não ser tão bonito. De longe, é possível ver como o horizonte limpo deixa o monumento parisiense ainda mais belo. É como vejo os Jogos OlímpicosParis hoje, assistindo do Brasil aos Paralímpicos.
A própria Arena Torre Eiffel é um bom exemplo. Estádio para 12 mil pessoas tanto nas Olimpíadas quanto nas Paralimpíadas. Ao lado do ponto turístico mais visitado do mundo, com mais6 milhõespagantes por ano. Primeiro, o vôleipraia. Agora, o futebolcegos. O final? Para o brasileiro, espera-se que seja o hexacampeonato para os homens igual foi o ouroDuda e Ana Patrícia.
Em uma das arenas mais festivas das Olimpíadas, porém, agora o silencio precisa imperar. O som do DJ dá lugar ao do guizo na bola. E o foco que muitas vezes estava nas selfies, nas fotos da DamaFerro, agora, pode se virar ainda mais para os atletas. Não que as jogadoras e jogadoresvôleipraia não tenham recebido a devida atenção. Pelo contrário. Mas a novidadeter um estádio aos pés do monumento fazia da própria arena um ponto turístico.
Assim foi também com o Grand Palais, com a Esplanada dos Inválidos, com Roland Garros. Mas,longe, depoispresenciar tamanha beleza, ficam as memórias das pessoas que estavam lá. Não estão no rolo da câmera, não estão entre as milharesfotos e, sim, na imagem única que uma bela história deixa na mente.
Inesquecível a belezair do metrô à filaentradaRoland Garros com uma tenista80 anos que queria ver o último encontroRafael Nadal e Novak Djokovic. Aqueles minutos da senhora encantadacontar a um brasileiro sobre aquelas quadrassaibro dos anos 60 com a mesma empolgação que estavaencarar sozinha o sol, a multidão e o prazerver as Olimpíadas emcasa. Emoção tão grande quanto a Philippe Chatrier, tão inesperada quanto encontrar Billie Jean King no elevador do icônico estádio.
Esses JogosParis 2024 já são um feito histórico. Olimpíadas e Paralimpíadas do reencontro. Com festasabertura realizadas pela primeira vez na rua, na praça, no rio. A edição mais bonita da história?
De Versalhes a Sacre Coeur, hoje recordo com carinho é da elegante senhora saindo da estação Porte Dauphine rumo a Roland Garros;Valéria esperando a filha Nathalie Moellhausen sair do hospital Lariboisière, das amigas imperatrizesRayssa Leal com a cara pintada na arquibancada na Concórdia; das crianças quase saídas do berço se encantando com Rebeca Andrade no treinoTroyes antesa ginasta conquistar o tronoBercy; dos novos e velhos amigos vistos por alguns segundos na corrida pela Ponte d’Iena enquanto Caio Bonfim marchava para a medalha; o que recordo com carinho mesmo hoje são dos abraçosLulu, Piu, Duda, Nivalter, Rosa, Gabi,toda famíliaBia, Luisa eZé Roberto.
De longe, é mais fácil perceber que a beleza dos JogosParis estáum monumento maravilhoso chamado ser-humano.
Marcel Merguizo escreve crônicas olímpicas semanais no ge
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