A Fórmula 1 não ouvia falar do porpoising, ou efeito golfinho, há 40 anos, desde a temporadaring game poker1982, quando o efeito solo foi banido da categoria. E uma imagem viralizou nesta primeira sessãoring game pokertestes: a Ferrari F1-75 do monegasco Charles Leclerc quicando muito na descida da longa reta dos boxesring game pokerMontmeló. Isto chamou a atenção dos fãs da categoria e gerou muitas dúvidas. Afinal, o que é o tal do porpoising? E como solucionar ou amenizar o efeito golfinho nos carros deste ano?

• Balanço dos testes #1: muito ainda a trabalhar nos novos carros

Todas as equipes sofreram com os quiques no início da pré-temporada. O piloto sente violentos saltos da suspensãoring game pokeralta velocidade. A causa é aerodinâmica, onde o carro é empurrado para baixo, o que gera um aumento da velocidade do ar que passa pelos túneisring game pokerVenturi colocados no assoalho para gerar o efeito solo. Quanto mais próximo do solo, maior é a pressão aerodinâmica gerada pela parte inferior do carro.

Com isso, a diferençaring game pokerpressão entre as superfícies inferior e superior aumenta muito. E por consequência, a pressão aerodinâmica também aumenta, até que ela cheguering game pokerum limite crítico, quando o assoalho pararing game pokergerar downforce - o chamado stall (estolring game pokerportuguês). Com isso, boa parte da carga é liberada repentinamente, e, como consequência, a frente do carro sobe na mesma velocidade. Com isso, o efeito solo volta a funcionar e o carro abaixa novamente. Isso acontece várias vezes durante a reta, ainda maisring game pokeruma tão longa quanto àring game pokerBarcelona. Isto gera as curiosas imagens dos carros quicando.

Além do aumento da pressão aerodinâmica gerada pelo assoalho, o efeito golfinho também é uma consequência do aumento da rigidez das suspensões e da diminuição do efeito amortecedor dos pneus deste ano (que passaram do aro 13 para o 18 com uma lateral menor). Um agravante: os simuladores altamente tecnológicos das equipes não mostraram nada destes quiques. E no túnelring game pokervento, mesmo o cinto mais rígido da esteira rolante é mais flexível que o asfalto real. Por isso, modelar com precisão a dinâmica das molas e amortecedores é impossível. Mesmo com o avanço da tecnologia das simulações, os testesring game pokerpista ainda são essenciais para avaliar os carros da Fórmula 1.

Uma das possíveis soluções para o problema seria o uso dos truques hidráulicos que as equipes usaram nos últimos anos. Mas eles foram banidos para a temporada 2022. Com isso, elas estão lidando com um problema comum no fim dos anos 1970 e início dos 1980. Para resolver, o assoalho dos carros ter um perfil menos crítico, menos propício à interrupção do fluxoring game pokerar, para que ele não oscile tanto com a variação da pressão aerodinâmica. E os ajustes passam invariavelmente também pelas suspensões, com o usoring game pokermolas e amortecedores não-lineares e mais rigidez no limite da altura mínima do carro. Outra solução possível é adotar pequenas ranhuras na parte final do assoalho para manter o fluxoring game pokerar contínuo quando a altura do carro atingir um nível crítico.

Ering game pokerum ano com regulamento novo, resolver o efeito golfinho pode ter efeito decisivo na divisãoring game pokerforças no início da temporada 2022. Um carro que não sofre com o problema pode operar com o assoalhoring game pokeruma altura menor, alémring game pokerdiminuir o desconforto do piloto no cockpit. Estamos falandoring game pokercorridas com 305 quilômetrosring game pokerextensão e duas horasring game pokerlimitering game pokertempo: a exposição aos quiques durante esse período pode causar fortes doresring game pokercabeça e até mesmo visão turva. E isso traz um dilema para os times: aumentar a altura do carro e comprometer o temporing game pokervolta ou ser agressivo e complicar a vida dos pilotos? O ideal mesmo é solucionar o problema o mais rápido possível.

Sem fazer alterações aerodinâmicas na carenagem, as equipes tentaram duas soluções: levantar a traseira e chegar ao limite do endurecimento das suspensões dos carros. O problema é que ambas as mudanças causam grandes perdasring game pokertermosring game pokerdesempenho, como perdaring game pokervelocidadering game pokerreta e a diminuição da agilidade dos modelos nas curvas. E o Efeito Golfinho tem outra consequência: instabilidade nas frenagens.

Quem sofreu menos com o problema na primeira semanaring game pokertestes foi a McLaren. E justamente adotando uma das soluções já previstas para o problema. A equipe inglesa já usou um assoalhoring game pokerBarcelona com uma longa ranhura nas extremidades dele, logo à frente das rodas traseiras. Isso faz com que o ar tenha uma rotaring game pokerescape quando o assoalho é empurrado para baixo pela pressão aerodinâmica. O segredo neste ponto é justamente acertar o tamanho da fenda: se ela for grande demais, o efeito diminui, mas também causa perdaring game pokerdownforce nas curvas.

Depoisring game pokersofrer com o Efeito Golfinho no início dos testes, a Ferrari trouxe uma solução no assoalho para o último dia. Antes, a equipe italiana já tinha levantado a traseira do carro e aumentado o curso da suspensão. Com isso, o carro quicava nas retas, mas tinha boa velocidade nas curvasring game pokerbaixa. Tanto é que eles foram os mais rápidos no último setorring game pokerMontmeló. E a novidade do assoalho, era justamente uma ranhura, no mesmo trecho da usada na McLaren, mas visualmente bem diferente. E,ring game pokeracordo com as informações vindasring game pokerBarcelona, os carros vermelhos também evoluíramring game pokerrelação aos quiques nas retas.

E aqui poderemos ter uma consequência política - olha ela sempre aí. Se a Federação Internacionalring game pokerAutomobilismo (FIA) considerar o efeito golfinho um risco à segurança, a entidade poderá invocar o artigo 1.2.2 do regulamento técnico: "quaisquer alterações feitas pela FIA por motivosring game pokersegurança podem entrarring game pokervigor sem aviso prévio ou atraso". Ou seja: ela poderia impor uma mudança nos assoalhos para eliminar o problema e igualar a situação para todas as equipes. E aí entra a parte política: bastaria apenas uma equipe reclamar. Se a FIA se convencer do risco, pode fazer a mudança unilateralmente. É algo para prestarmos atenção.

Outra possibilidade é,ring game pokeracordo com a nova governança da Fórmula 1, o interessado na mudança conseguir os votosring game pokeroito das dez equipes, e a concordânciaring game pokerFIA e da Formula One Management (FOM), empresa da Liberty Media que comanda o lado comercial da categoria - a chamada supermaioria. Neste caso, as regras seriam alteradas sem a necessidadering game pokerconvencer a FIAring game pokerque há um problemaring game pokersegurança. Ou seja: se o efeito golfinho provocar a disparadaring game pokeruma ou duas equipes no campeonato, os outros times poderão invocar essa carta no regulamento.

Bem,ring game pokerqualquer forma, não veremos avanços neste sentido antes dos testes do Bahrein, entre os dias 10 e 12ring game pokermarço. Surpreendidas, as equipes improvisaram o que puderam para tentar minimizar o efeito golfinhoring game pokerBarcelona. Agora a corrida é nas fábricas: a McLaren, por exemplo, foi a equipe que menos sofreu com o problema. Ou seja, está mais tranquila. Em compensação, todas as outras nove estão correndo contra o tempo por uma solução válida já para a primeira corrida do ano, o GP do Bahrein, no fimring game pokersemana entre os dias 18 e 20ring game pokermarço.