STJD enfim publica decisão, e Felipe Baptista assume liderança da Stock

Após reverter as desclassificações dos carros das equipes TMG e Crown da etapa do Velopark por 3 votos a 1 na Comissão Disciplinar, a primeira instância, o Superior Tribunalbodog brasilJustiça Desportiva (STJD) do automobilismo enfim publicou o resultado do julgamento. Com isso, a classificação do campeonato passa a ter Felipe Baptista como líder com 844 pontos, 36 à frentebodog brasilGabriel Casagrande, o segundo colocado. Felipe Massa é o terceiro, com 805, conforme informamos,bodog brasilprimeira mão, logo após a chegada da corrida principalbodog brasilGoiânia na transmissão dos canais sportv.

Os canais sportv mostram a decisão do campeonato 2024 da Stock Car no fimbodog brasilsemanabodog brasil14 e 15bodog brasildezembro, direto do Autódromo José Carlos Pace,bodog brasilInterlagos, São Paulo. Além da classificação e das duas corridas da principal, serão mostradas também as três corridas da etapa final da Stock Series, categoriabodog brasilacesso.

• Pneus: o automobilismo brasileiro merece profissionalismo
• NA PONTA DOS DEDOS: confira as entrevistas no podcast

Em teoria, as decisões do STJD, sejam da Comissão Disciplinar ou do Pleno, a última instância, só passam a valer após suas publicações no site oficial da entidade. Conforme o blog Voando Baixo soubebodog brasilprimeira mão que a ata, nome do documento que traz o resultado da audiência, e o acórdão só foram publicados na última segunda-feira. Com isso, a etapabodog brasilGoiânia não foi afetada pela reversão das desclassificações. Com isso, vários pilotos correram com o lastrobodog brasilsucesso com um peso diferentebodog brasilsuas posições reais na tabela - casobodog brasilGabriel Casagrande.

O problema é que o Código Brasileirobodog brasilJustiça Desportiva (CBJD), que regulamenta os STJDsbodog brasiltodos os esportes no Brasil, obrigava que a decisão causasse efeitos imediatos,bodog brasilacordo com seu artigo 133. Mas segundo o entendimentobodog brasilalguns juristas, a CBAbodog brasilsi não estava representada e participando do julgamento. De qualquer forma, há o conceitobodog brasilevento presente aos regulamentos da Stock Car. Depoisbodog brasiliniciado um fimbodog brasilsemanabodog brasiletapa, o lastrobodog brasilsucesso não poderia mais ser alterado. O acórdão, entretanto, foi assinado na própria sexta-feira, dia 22bodog brasilnovembro.

Art. 133 CBJD. Proclamado o resultado do julgamento, a decisão produzirá efeitos imediatamente, independentementebodog brasilpublicação ou da presença das partes oubodog brasilseus procuradores, desde que regularmente intimados para a sessãobodog brasiljulgamento, salvo na hipótesebodog brasildecisão condenatória, cujos efeitos produzir-se-ão a partir do dia seguinte à proclamação.

No caso do julgamento da última quinta-feira, o mérito da questão sequer chegou a ser avaliado. Como a Confederação Brasileirabodog brasilAutomobilismo (CBA) não convocou representantes das equipes TMG e Crown para participar da inspeção na fábrica da Hankook, na Coreia do Sul, a Comissão Disciplinar do STJD considerou que o processo não respeitou o direito à ampla defesa. Por isso, a decisão foi pela extinção do processo aindabodog brasilprimeira instância. Entretanto, se julgado procedente no Pleno, o recurso faria com que tudo voltasse à Comissão Disciplinar para que o mérito fosse avaliado, estendendo ainda mais a duração do processo.

A questão é que a CBA, segundo soube o blog Voando Baixo, não deve recorrer da decisão. E as equipes que tentaram entrar como terceiras interessadas - R.Mattheis, Full Time Sports, RC, Pole Motorsport, RCM, Cavaleiro Sports e A.Mattheis Vogel - perderam o prazo para isso. Segundo o acórdão, elas tinham até a véspera do julgamento para fazer isso. O problema é que a véspera era feriado nacional - 20bodog brasilnovembro, dia da Consciência Negra. Com isso, a data correta seria o último dia útil antes da audiência, dia 19bodog brasilnovembro. Por causa disso, não se sabe se o STJD aceitaria um recurso delas, já que elas não foram citadas como partes interessadas na Comissão Disciplinar.

Vale lembrar que houve uma pressãobodog brasilCBA e Vicar, empresa organizadora da Stock Car, para que o caso fosse julgadobodog brasildefinitivo antes da decisão do campeonato, marcada para 15bodog brasildezembro,bodog brasilInterlagos. Por ter sido decididobodog brasilprimeira instância, as desclassificações ficariam revertidas até o julgamento no pleno do STJD, mas só a partir da data da publicação do documento.

7bodog brasilsetembrobodog brasil2024. Debaixobodog brasilchuva, a Stock Car realizou a classificação para a etapa do Velopark,bodog brasilNova Santa Rita, no Rio Grande do Sul. Desde então, uma enorme polêmica dominou os bastidores da maior categoria do automobilismo brasileiro. O chamado "pneugate" gerou discórdia por quase três meses. Até que, no dia 5bodog brasilnovembro, as equipes TMG e Crown Racing foram avisadas da desclassificaçãobodog brasilseus quatro carros da etapabodog brasilquestão, a oitavabodog brasil2024, por uma suposta infração ao artigo 15.5 do regulamento técnico. Segundo a Confederação Brasileirabodog brasilAutomobilismo (CBA), as equipes teriam usado "pneusbodog brasilchuva adulterados" na classificação.

Importante: nem CBA e tampouco a Vicar, empresa organizadora da Stock Car, deram publicidade às punições. A confederação informou apenas às equipes envolvidas na polêmica, na última terça-feira. Já a Vicar soltou um comunicado interno endereçado a todos os times da categoria e extremamente sucinto também na última semana. Com exclusividade, o Voando Baixo teve acesso aos dois documentos e ao laudo enviado no dia 31bodog brasiloutubro pela Hankook, fornecedora oficialbodog brasilpneus da categoria. Importante: os pneusbodog brasilchuva dos carrosbodog brasilFelipe Massa, Rafael Suzuki, Felipe Baptista e Enzo Elias foram enviados à Coreia do Sul para análise na fábrica da empresa.

Li com muito cuidado o regulamento técnico da Stock Car, principalmente o artigo 15.5, além dos documentos recebidos elaborados por CBA, Hankook e Vicar. Escutei com atenção os vários lados envolvidos na polêmica do "pneugate". E trarei aqui alguns pontos importantes - esses pontos me fazem crer que essa história tem enorme potencial para se arrastar até o fim da temporada 2024 - com risco, inclusive,bodog brasilpodermos ter mudançasbodog brasilresultados na tabelabodog brasilpilotos após a decisão, marcada para 14 e 15bodog brasildezembro no Autódromo José Carlos Pace,bodog brasilInterlagos.

O artigo 15.5 do regulamento técnico reza sobre o "usobodog brasiladitivosbodog brasilpneus". Ele é bem específico sobre o tema, inclusive, citando a proibição expressa do "usobodog brasilsubstâncias":

"Proibido o usobodog brasilqualquer tipobodog brasilsubstância que altere as características físicas, químicas e/ou mecânicas dos pneus. Proibido o usobodog brasilválvulasbodog brasilcontrolebodog brasilpressãobodog brasilpneus. A critério dos Comissários quaisquer pneus novos, lacrados na etapa, poderão ser mantidosbodog brasilparque fechado a qualquer momento do evento."

As equipes TMG e Crown foram punidas,bodog brasilacordo com o documento emitido pela CBA, por uma suposta infração a esse artigo. Nos documentos enviados aos times, um para cada carro, o item 5 diz:

"O artigo 15.5 do Regulamento Técnico da Categoria é expresso ao proibir a adoçãobodog brasilprocedimentos que importem na alteraçãobodog brasilcaracterísticas físicas, químicas e/ou mecânicas destes."

Só que o texto original falabodog brasilproibição do "usobodog brasilsubstâncias". Entretanto, o comunicado que anuncia a punição aos carros fala sobre "adoçãobodog brasilprocedimentos". O problema é que o regulamento não falabodog brasilprocedimentos; ele é bem claro, inclusive, ao proibir apenas o usobodog brasilsubstâncias. Claramente, estamos diantebodog brasiluma zona cinzenta do regulamento técnico.

Realmente, as equipes TMG e Crown fizeram experimentos com os pneusbodog brasilchuva da Hankook, visando a tentativabodog brasilum ganhobodog brasiladerência ebodog brasildesempenho. A questão é que nenhum procedimento adotado pelas equipes envolveu o usobodog brasilsubstâncias - aditivos químicos. Como já vimos, o regulamento proíbe expressamente isso. Inclusive, o relatório da empresa sul-coreana não cita,bodog brasilmomento algum, uma possível confirmação do usobodog brasiladitivos. A Hankook apenas cita alterações nas propriedades dos compostos, como dureza e características viscoelásticas, além da composição química do pneu. Mas isso não significa o usobodog brasilsubstâncias. O comunicado da CBA, inclusive, é claro nesse sentido ao citar na decisão a palavra "procedimentos".

Quais foram os experimentos, então? As equipes, que trabalhambodog brasiluma mesma sede, na cidadebodog brasilAmericana, interiorbodog brasilSão Paulo, contrataram um engenheiro especializadobodog brasilborracha. Ele teve a ideiabodog brasilaquecer os pneusbodog brasilchuvabodog brasilum forno industrial, para tentar ter algum ganhobodog brasiladerência ebodog brasilelasticidade. Foram feitos vários testes e chegou-se a uma temperatura e ao tempo idealbodog brasil"cozimento" para isso. Lembram da zona cinzenta? O calor é uma formabodog brasilenergia térmica, não uma substância. De acordo com o texto do artigo 15.5 do regulamento técnico, não há proibição ao procedimento idealizado por TMG e Crown.

Sobre aquecimentobodog brasilpneus, o regulamento técnico da Stock Car traz mais uma pegadinha. E justamente no artigo anterior, o 15.4, que fala justamente sobre "aquecimento dos pneus". Só que ele é bem claro nas situaçõesbodog brasilque esse procedimento é proibido. Vamos ao texto:

"Proibido o usobodog brasilqualquer equipamento que resulte no aquecimento artificialbodog brasilpneus durante todo transcorrer do evento, excetuando quando previsto no regulamento particular da prova. Se autorizado o equipamento será padrão, disponibilizado pelo fornecedor oficial e com uso restrito somente aos pneus para condiçãobodog brasilpista seca (“slicks”)."

Viram a pegadinha? O regulamento técnico proíbe apenas aquecer os pneus durante um evento - que significa uma etapa do campeonato,bodog brasilacordo com a nomenclatura adotada nas regras. Não fala do período entre as corridas ou entre as temporadas.

Outro ponto importante: TMG e Crown entregaram à CBA todo o estudo feito com o aquecimento dos pneus no forno industrial. Além disso, voluntariamente, deixaram todos os pneus slicks (para pista seca) a disposição da confederação para que uma inspeção fosse feita. Ela foi realizada na quinta-feira passada, mas o resultado ainda não foi divulgado às equipes pela CBA. Por tudo isso, as equipes vão recorrer da desclassificação da etapa do Velopark, que impacta diretamente nas chancesbodog brasiltítulo dos times ebodog brasilseus pilotos.

A Fórmula 1, categoria máxima do automobilismo internacional, é a campeãbodog brasilpesquisasbodog brasilzonas cinzentas nos regulamentos técnico e esportivo. É a essência do esporte a motor competitivo. Só neste ano tivemos dois casos: o "DRS duplo" da McLaren, que ficou explícito no GP do Azerbaijão,bodog brasilBaku, e o mecanismobodog brasilregulagembodog brasilaltura da RBR, exposto durante o GP da Cidade do México. E o que a Federação Internacionalbodog brasilAutomobilismo (FIA) faz nesses casos? Quando ela considera que é algo que fere o espírito da regra, ela bane a novidade posteriormente após mudar o texto da regra. Antes da mudança do regulamento, explorar essa zona cinzenta específica era algo legal. Logo, não há como punirbodog brasilcorridas anteriores.

CBA e Vicar ainda não deram publicidade às desclassificações, apenas fizeram comunicações internas às equipes. A única posição oficial - e pública - até agora sobre o caso veio das equipes punidas. TMG e Crown publicaram uma nota conjunta na semana passadabodog brasilsuas mídias sociais reiterando que já estão recorrendo das desclassificações no STJD do automobilismo. E é aí que mora o risco para o campeonato: como são duas instâncias, o julgamento pode terminar após a data marcada para a decisão da temporada 2024, marcada para Interlagos.

Já a CBA se manifestou apenas nos documentos enviados às equipes com o anúncio das punições. No documentobodog brasilque a Vicar, organizadora da categoria, mandou para os times, um trecho se destaca:

"Reiteramos que a integridade das competições e a segurançabodog brasiltodos os envolvidos são prioridades absolutas para o campeonato. Contamos com a colaboraçãobodog brasiltodas as equipes para o cumprimento rigoroso do regulamento técnico e desportivo."

Sobre a polêmica, a Vicar enviou a seguinte nota ao Voando Baixo:

"A Vicar reafirma seu compromisso com a integridade do esporte e respeita a autonomia da CBAbodog brasilsuas deliberações técnicas e disciplinares. Seguimos confiantes no trabalho desenvolvido por todas as partes envolvidas - autoridades, equipes, pilotos e patrocinadores - para garantir a excelência e a credibilidade da competição."

E a nota da Confederação Brasileirabodog brasilAutomobilismo (CBA):

"A CBA entende que cumpriu seu papel ao identificar a irregularidade, enviar para análise e desclassificar os envolvidos. Acredita, também, que o caso não acabou, pois os desclassificados podem recorrer. Então, sob o pontobodog brasilvista prático, é um casobodog brasildesclassificação como tantos outros que acontecem durante o ano."

Independente do mérito da desclassificação e dos recursos que estão sendo apresentados para tentar uma mudança, toda essa confusão é muito nociva para o automobilismo, para o fãbodog brasilautomobilismo e também para a Stock Car como categoria. Já temos problemasbodog brasilmudançasbodog brasilresultadosbodog brasilquase todas as etapas por causa dos julgamentos dos comissários esportivos da CBA. Uma bomba como essas pode jogar a imagem da categoria, construída ao longobodog brasiltantos e tantos anos, na lixeira. Fora que pode afugentar patrocinadores importantes para as equipes e também para a organização da Stock Car.

Agora, entrando no méritobodog brasilsi da punição, é um enorme castigo para a CBA. Há anos muita gente fala (eu sou um dos que faz mais barulho quanto a isso) que os regulamentos das categorias regidas pela entidade são extremamente mal-escritos, às vezes dando brechas, às vezes criando zonas cinzentas e interpretações inversas à intenção inicial. Enquanto o automobilismo não profissionalizar esses processos aqui no Brasil, seguiremos imersos nesta bagunça. Uma pena para todo mundo que depende do esporte para trabalhar, viver e, no caso do fã, se divertir.

Que o STJD faça justiça nesse caso, seja qual decisão for. E que a decisão seja muito rápida, para não terminarbodog brasilafetar a imagembodog brasilum dos campeonatos mais equilibrados nos últimos anos da Stock Car. Ainda assim, vejo tudo isso com extremo lamento.