Ramón Menezes não tem culpa. Como funcionário da Confederação Brasileiramais de 1 apostaFutebol (CBF), técnico do time sub-20, cumpriu ordens ao dirigir o time principal no primeiro amistoso após a Copamais de 1 aposta2022. A naturalidade com que a derrota para Marrocos foi aceita por torcedores e analistas reflete a nova realidade da seleção brasileiramais de 1 apostafutebol: cada vez menos protagonista.
Historicamente, dois fatores determinam a escolha do técnico da Seleção: desempenho e política – não necessariamente nessa ordem. No que se refere ao desempenho, treinadores que comandam as melhores equipes do Brasil, os times campeões, são candidatos naturais ao cargo. A não ser que a política interfira.
Marrocos 2 x 1 Brasil - Melhores momentos - Amistoso
Um recorte recente traz decisões políticas e faltamais de 1 apostacoerência futebolística. Desde a conquista da Copamais de 1 aposta2002 a Seleção teve cinco treinadores, com a repetiçãomais de 1 apostaLuiz Felipe Scolarimais de 1 aposta2014. Sem vestígiosmais de 1 apostaprojeto ou linhamais de 1 apostatrabalho.
Felipão foi sucedido por Parreira. Personalidades e conceitosmais de 1 apostajogo díspares. Parreira saiu porque o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ficou mimimi com as críticas à zona que foi a preparação para o Mundialmais de 1 aposta2006 e decidiu colocar ordem na casa que ele próprio bagunçara. Chamou Dunga para a funçãomais de 1 apostabedel, com uma missão mais vingativa que futebolística: restringir o acessomais de 1 apostaimprensa crítica à Seleção.
Registre-se que a CBF costumava manter uma tropamais de 1 apostachoque junto a alguns jornalistas que cobriam a Seleção, pagando passagens e hospedagensmais de 1 apostabuscamais de 1 apostauma cobertura mais favorável. Conceitomais de 1 apostajogo, ideiasmais de 1 apostafutebol, projeto? Dunga nem treinadormais de 1 apostafato era. Mas executou parte do que interessava à CBF, que havia vendido os amistosos da Seleção para uma empresa inglesa, que escolhia adversários e locaismais de 1 apostajogos sem qualquer critério técnico. Inaugurava-se a era da seleção campeã mundialmais de 1 apostaamistosos.
Após as maismais de 1 apostamil e uma noitesmais de 1 apostaDunga, a CBF optou por Mano Menezes porque Muricy Ramalho, a escolha óbvia após quatro títulos nacionaismais de 1 apostacinco anos, declinou do convite. Quando Mano começava a dar uma cara a um Brasil renovado, veio o golpe da CBF para reconduzir Felipão ao cargo.
A ideia, que nada tinha a ver com projetomais de 1 apostajogo, por mais que os treinadores gaúchos tenham similaridadesmais de 1 apostaconceitos, era resgatar a Família Scolarimais de 1 aposta2002, com Parreiramais de 1 apostaanteparo para amenizar o perfil explosivo do treinador principal. Deu na cartamais de 1 apostaDona Lúcia e no 7 a 1. Qual foi a brilhante sugestão para a sequência? Repatriar Dunga e reconquistar a coroa dos amistosos inúteis.
Enquanto isso, o mundo do futebol viu a consolidação do modelomais de 1 apostajogo espanhol entre 2008 e 2012, descaradamente copiado pela Alemanhamais de 1 aposta2014, o surgimentomais de 1 apostauma nova geração francesa e a consolidação do domínio europeu. Dunga saiu e repetiu-se a lógica: zero coerência e sequênciamais de 1 apostaconceitos. Como Messi não é brasileiro, sorte da Argentina que com ele venceumais de 1 apostaterceira Copa e impediu a quinta conquista europeia consecutiva.
Tite chegou à seleção na hora certa pelo padrão nacional. Vinhamais de 1 apostagrandes trabalhos no Corinthians e buscava atualização tática, principalmente no aspecto defensivo, com ideias inspiradas no trabalho do italiano Carlo Ancelotti. O começo foi avassalador, mas sempre preso ao mundinhomais de 1 apostaque a Seleção foi confinada: Copa América, Eliminatórias e amistosos contra rivaismais de 1 apostaterceiro escalão.
Em dados, Tite fez história: primeiro treinador a dirigir a seleçãomais de 1 apostaduas Copas consecutivas sem interrupçãomais de 1 apostatrabalho e recordistamais de 1 apostadias no comando da equipe: 2.397. Como resultado prático, venceu uma Copa América (Dunga também ganhou uma) e estacionou a camisa mais famosa do futebol nas quartasmais de 1 apostafinal da Copa.
O que ficou dos 80%mais de 1 apostaaproveitamento da Era Tite? Há um esboçomais de 1 apostatime após um períodomais de 1 apostaque escolhas foram pautadas pelo desempenho na Europa, mesmo que sem protagonismo? Tite insistiumais de 1 apostajogadores nos quais parecia identificar superpoderes, repetidosmais de 1 aposta2018 a 2022 com igual faltamais de 1 apostaentrega.
A declarada intençãomais de 1 apostacontratar Ancelotti, ídolomais de 1 apostaTite, poderia sinalizar alguma esperançamais de 1 apostaideias e projetos. Como acreditar nisso recordando a seguinte sequênciamais de 1 apostanomes a partirmais de 1 aposta2003: Parreira, Dunga, Mano, Scolari, Dunga e Tite?
O modelomais de 1 apostatrabalho da CBF é não ter modelo. O cargomais de 1 apostadiretormais de 1 apostaseleções raramente é técnico. Atualmente está vago. Fala-semais de 1 apostaKaká para substituir Juninho Paulista. Novamente, perfis sem qualquer coerência. Principalmente porque a decisão superior virámais de 1 apostaum dirigente amador, preso à cultura arcaica do futebol nacional.
A tendência émais de 1 apostaque, qualquer que seja o novo treinador, ele assuma a Seleção para implantar suas ideias pessoais sem que seja encaminhada a ele uma linhamais de 1 apostatrabalho, um projetomais de 1 apostafutebol com estilomais de 1 apostajogo, aproveitamentomais de 1 apostajogadores e objetivosmais de 1 apostalongo prazo.
A terceirização é a regra.