Por Maurício Noriega

Um cara que acha o esporte a mais perfeita imitação da vida ... ver mais

Torcedorbrabet apostaarquibancada x torcedor digital

Dois universos e comportamentos diferentes expõem novos desafios para os profissionais do futebol

São Paulo


Rogério Ceni, maior ídolo da história do São Paulo Futebol Clube e atual treinador do time profissional, foi, provavelmente sem querer, cobaiabrabet apostauma nova experiência. Ele se viubrabet apostameio a uma disputabrabet apostacomportamentobrabet apostatorcedoresbrabet apostaum mesmo time.

De um lado, era atacado na trincheira dos fãs digitais, que militambrabet apostaredes sociais e adotam a cultura da lacração e do cancelamento. Ceni entrou na mira dessa turma,brabet apostaespecial daqueles que fazem do Twitter um campobrabet apostatrocabrabet apostainsultos e impropérios.

Durante o clássico São Paulo x Santos, no Morumbi, vencido por seu time, Ceni foi saudado pelos torcedoresbrabet apostaestádio, maisbrabet aposta40 mil, que enfrentaram chuva, cimento duro e cadeiras desconfortáveis para exercerbrabet apostapaixão. Essa galera mostrou estar fechada com o treinador, adotando postura frontalmente oposta aos tricolores do universo digital.

Quando demitiu o treinador Sylvinho, ex-jogador criado no clube, o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, usou o termo cancelamento para justificar a decisão,brabet apostaentrevista ao “Grande Círculo”, do craque Milton Leite. Segundo o dirigente, a pressão ficou insustentável tanto por parte dos corintianos frequentadores da Neo Química Arena como dos alvinegros “ponto com”.

Rogério Cenibrabet apostaSão Paulo x Coritiba — Foto: Marcos Ribolli

No Palmeiras, mesmo com a enxurradabrabet apostataças, vez ou outra os muros do clube são pichados com tinta daquelasbrabet apostaverdade, nada digitais. Mas nas redes a torcida está fechada com Abel Ferreira e não abre mãobrabet apostamanifestar isso.

O Flamengo, combrabet apostaincrível popularidade, tem sido palco – real e virtual –brabet apostabatalhasbrabet apostanarrativas que muitas vezes impactam no dia a diabrabet apostaseu futebol profissional, motivadas por influenciadores que atuam como autênticos líderesbrabet apostamilícias cibernéticasbrabet apostaalguns posicionamentos e postagens.

Esse é um mundo novo nem tão admirável.

Os profissionais do futebol precisam estar preparados para esse processo.

É impossível se medir paixão por métricas. Não há como definir se o torcedor que vai ao estádio duas vezes por semana, viaja milharesbrabet apostaquilômetros para ver seu time no local da disputa é mais torcedor que o multitela. Como medir se uma vaia ou aplausobrabet aposta40 mil pessoas fazem mais eco que 100 mil dedinhos digitais para baixo na indústria do cancelamento?

O torcedor tradicional passa,brabet apostaimediato, uma imagembrabet apostamaior legitimidade embrabet apostapassionalidade. Ele está ali, no teatro dos acontecimentos, dentro das arenas. Mas o virtual tembrabet apostaforça também, recebe as imagens do jogo por uma tela e simultaneamente xinga, critica, extrapola por outra.

A questão que fica é o quanto esse universo virtual é capazbrabet apostamanipular emoções e atitudes que desembocam no mundo real do futebol. Influenciadores que se comportam como chefesbrabet apostatorcida ou dirigentesbrabet apostaclube. Jornalistas que publicam como se fossem uma misturabrabet apostatorcedores, dirigentes e influenciadores. Manipulação digitalbrabet apostamassas? Talvez. O Jornalismo enfrenta esse dilema.

Há produtos voltados exclusivamente para torcedoresbrabet apostaum clube, mas que não se sabe ao certo se o conceitobrabet aposta“independência editorial” pode ser aplicado como é vendido por eles. Quem banca, quem é o dono, quem paga as contas? Alémbrabet apostavermos autênticos duelos entre colegasbrabet apostamídias sociais atuando como apaixonados por seus, digamos, temas favoritos.

Um vídeo com torcedores histéricos, vomitando impropérios, pedindo cabeças e xingando cinco gerações para trás dos jogadores e do treinador se transformabrabet apostaviralbrabet apostaminutos. Esse vídeo pode incendiar o comportamento e a análise daqueles que estão no estádio? Tem poderbrabet apostacontaminar as decisõesbrabet apostadirigentes quanto ao futurobrabet apostaum clube mais do que os próprios associados, conselheiros e sócios-torcedores?

O atobrabet apostaxingar um treinadorbrabet apostaburro numa arquibancada parece brincadeirabrabet apostacriança quando comparado a ameaçasbrabet apostamorte feitas a atletas e suas famíliasbrabet apostaredes sociais (ou seriam antissociais?).

É impossível pensar no futebol sem o fã digital. Os clubes produzem cada vez mais conteúdo para esse público. Pelo tratamento que torcedores recebembrabet apostaalguns estádios, parece que há mais preocupação com a arquibancada virtual do que com abrabet apostacimento.

Na letra fria dos números, quantos são os torcedores que vão efetivamente aos estádios? Um universobrabet aposta100, 200, 300 mil, que se revezam entre diversos jogos? Os que vão a todos os jogos no local são menos ainda. Quando esse dado é confrontado com 50, 20, 10 milhõesbrabet apostafãsbrabet apostaredes sociais a cabeça dos diretoresbrabet apostamarketingbrabet apostagrandes clubesbrabet apostafutebol deve fritar.

Houve um tempobrabet apostaque a arquibancada derrubava treinadores e queimava atletas. Agora vemos esse conflito instalado, como o casobrabet apostaRogério Ceni. O estádio apoia e a arena virtual ataca ou vice-versa.

O tempo dirá se a corneta vingará no gogó ou no dedo nervoso. Já que a moda é apostar, eu coloco minhas fichas no torcedor digital.