Por Maurício Noriega

Um cara que acha o esporte a mais perfeita imitação da vida ... ver mais

A "abuela" argentina e a naturalidade que perdemos

A viral comemoraçãocodigo promocional betano 300 reaisuma torcedoracodigo promocional betano 300 reais79 anos na Grande Buenos Aires diz muito sobre a conexão invisível entre futebol e povo

São Paulo


O vídeo viralizou. Circula pelo mundo e encabeça listascodigo promocional betano 300 reaisreproduçãocodigo promocional betano 300 reaisdiversas redes sociais. Uma simpática senhora argentina, bandeira à mão, vai às ruas comemorar desde a vitória sobre a Austrália.

Tudo começou quando Cristina, 76 anos, foi até a esquina das ruas Andalgalá e Caaguazu,codigo promocional betano 300 reaisLiniers (bairro do time do Vélez Sarsfield) e se juntou a um grupocodigo promocional betano 300 reaisjovens que festejava. Saudada por um cântico simples e pegajosocodigo promocional betano 300 reais“abuela, lalalalala” (vagamente inspirado na melodiacodigo promocional betano 300 reais“Go West”, do grupo pop dos anos 1970 Village People) que se repete à exaustão, vovó Cristina foi adotada pela torcida argentina e virou símbolo da seleção finalista da Copa.

Escrevo sem saber quem enfrentará os argentinos na final. Talvez nossos vizinhos não venham a conquistar o tricampeonato. Mas há algo nesta seleção comandada pela duplacodigo promocional betano 300 reaisLioneis, Messi e Scaloni, que não se discute: a conexão comcodigo promocional betano 300 reaisgente.

Não existe fórmula para alcançar essa ligação. Equipes vencedoras não tiveram, e times que perderam, tinham. Não se explica numa planilha, nemcodigo promocional betano 300 reaisconceitos enciclopédicoscodigo promocional betano 300 reaisteoria futebolística. Simplesmente acontece.

Essa pureza (que não quer dizer ingenuidade, longe disso) dos festejos da “abuela” Cristina deve durar pouco. Já, já aparece algum empresário querendo transformá-lacodigo promocional betano 300 reaiscelebridade digital controlada, como ocorre com muitos fenômenos das redes. Mas dá gosto ver os vídeos com a música grudenta, a “abuela”,codigo promocional betano 300 reaisbandeira, as pessoas e nada mais. Ainda é natural.

Naturalidade que se perde a cada Copa na relação do brasileiro com a Seleção. O comportamento gelado da torcida brasileira no Catar contrasta com a euforia dos argentinos, que parecem ter levado o Monumentalcodigo promocional betano 300 reaisNuñez na bagagem. Eles levaram a alma dos torcedorescodigo promocional betano 300 reaiscimento duro e identificaram na seleção este fio invisível que faz com que algumas equipes levem o caldo culturalcodigo promocional betano 300 reaisseu povo para o campo.

Lembro-mecodigo promocional betano 300 reaisum diacodigo promocional betano 300 reaisBuenos Airescodigo promocional betano 300 reaisque um motoristacodigo promocional betano 300 reaistáxi me disse que “Messi não é argentino”. Faz alguns anos. Poucas pessoas conhecem mais futebol e adoram tanto falar do jogo como motoristascodigo promocional betano 300 reaistáxi argentinos. Ele deve estar gritando “abuela, lalalalala” numa esquinacodigo promocional betano 300 reaisLiniers.

Nesta Copa, Messi foi definitivamente batizado argentino, tendo como padrinho 47 milhõescodigo promocional betano 300 reaispatrícios.

A melhor provacodigo promocional betano 300 reaisque a seleção vizinha conquistoucodigo promocional betano 300 reaisgente está nos festejos após as partidas. Os jogadores sabem todas as músicas cantadas nas arquibancadas, pulam juntos e festejam no mesmo ritmo.

Há muito que não identifico isso nos times brasileiros. Talvez a última seleção que tenha capturado aquela magia que juntava famílias e amigos e provocava silêncios estrondososcodigo promocional betano 300 reaisnossas metrópoles antes dos gritos coletivoscodigo promocional betano 300 reaisgol tenha sido acodigo promocional betano 300 reais2002. De lá para cá, a naturalidade foi-se embora como um gol perdido. Tudo soa programado, combinado antes, gelado como um vídeocodigo promocional betano 300 reaisrede social programado para “emocionar”. Houve uma individualizaçãocodigo promocional betano 300 reaisobjetivos e comportamentos que parece ter rompido aquele fio invisível. Anda faltando ao futebol brasileiro uma dosecodigo promocional betano 300 reaisCora Coralina, para sentir que “o que vale na vida não é o pontocodigo promocional betano 300 reaispartida e sim a caminhada”.

Emoção não se ensaia - se vive. Um vídeo viraliza quando é natural como o da “abuela Cristina”.

Repito: não precisa vencer para representar. Em 1982 havia empatia e perdemos. Pode ser que o combo Lionel – Messi e Scaloni – não vença. Mas a reconquista do povo argentino eles conseguiram.

Cristina era uma jovem adultacodigo promocional betano 300 reais40 anoscodigo promocional betano 300 reais1986, quando Maradona deu a última Copa à Argentina. O país vivia uma esperançacodigo promocional betano 300 reaispaz e democracia após saircodigo promocional betano 300 reaisuma ditadura brutal que empurrara milharescodigo promocional betano 300 reaisjovens para a morte na Guerra das Malvinas. Hoje, aos 76, carrega na alma as dorescodigo promocional betano 300 reaisum país que, como o nosso, acumula problemas sem jamais perder a esperançacodigo promocional betano 300 reaisdias melhores.

O futebol não alcançou este patamarcodigo promocional betano 300 reaispopularidade por acaso. De todos os esportes é,codigo promocional betano 300 reaislonge, o que imita melhor a vida, por ser simples, direto, e transformar seres comuns, baixinhos, magreloscodigo promocional betano 300 reaisseres míticos e poderosas com a bola nos pés. Nenhum jogo se comunica melhor com as pessoas.

Quem vai ao Google Maps e digita “abuela lalalalala” será direcionado à esquinacodigo promocional betano 300 reaisAndalgalá e Caaguazu. É lá que batem,codigo promocional betano 300 reaisuníssono, os coraçõescodigo promocional betano 300 reaisum time e seu povo.

Que inveja gostosacodigo promocional betano 300 reaissentir!