Celsinho, do Londrina, relata casocasas de apostas novasracismocasas de apostas novaspartida contra o Brusque pela Série B
Para o Superior Tribunalcasas de apostas novasJustiça Desportiva (STJD), um atocasas de apostas novasinjúria racial é menos grave do que um torcedor arremessar um copo no gramado. Em 2006, o Athletico-PR foi punido pelo STJD com perdacasas de apostas novastrês mandoscasas de apostas novascampo porque um "copo com líquido" foi arremessado pela torcida. Nesta quinta, cinco auditores no pleno do tribunal aplicaram puniçãocasas de apostas novasum jogo sem torcida ao Brusque pelo reconhecido atocasas de apostas novasdiscriminação feito pelo ocupante do segundo maior poder do clube, o então presidente do Conselho Deliberativo, Julio Antônio Petermann, contra o meia Celsinho, do Londrina.
A punição ao Athletico marcou um discursocasas de apostas novasque o tribunal seria duro com atoscasas de apostas novasviolênciacasas de apostas novastorcedores. Quinze anos depois, o tribunal aplica punição três vezes menor ao réu confesso dirigente do Brusque. Para aqueles cinco auditores que votaram pela devolução dos três pontos ao time catarinense, a violência causada pela discriminação racial é um mal menor.
A punição do Brusque só será cumprida no ano que vem, o que inicialmente passou despercebido pelos auditores. Faltam apenas duas rodadas para o fim da Série B, e o último jogocasas de apostas novascasa da equipe catarinense é nesta sexta, sem tempo para cancelar a presençacasas de apostas novaspúblico.
- Fica estabelecido que a punição serácasas de apostas novasum jogo sem mandocasas de apostas novascampo porque o campeonato já está terminando... para evitar o cumprimento no ano que vem, disse o presidente da sessão, José Perdiz, sendo alertadocasas de apostas novasque a única partidacasas de apostas novascasa do Brusque, contra o Operário, já seria nesta sexta, quando a punição não poderia ser cumprida pela faltacasas de apostas novastempo.
Dois auditores votaram a favor da perdacasas de apostas novaspontos: Maurício Neves Fonseca (relator) e Paulo Sérgio Feuz
Ao finalcasas de apostas novassua manifestação, Paulo Feuz pediu desculpas a Celsinho e recomendou à secretaria que fizesse constar a íntegracasas de apostas novasseu voto no site do STJD.
- Em assim sendo, me restam duas ações: uma como cidadão, que é lamentar pelo fato ocorrido, e a segunda como julgadorcasas de apostas novasmaneira afirmativa e como determina a nossa legislação desportiva punir com rigor os atos praticados pelo conselheiro e pelo Brusque, mantendo integralmente a Condenaçãocasas de apostas novaspiso e elogiando a atuação a da 5ª Comissão Disciplinar desse Tribunal, que nos deu uma verdadeira aulacasas de apostas novasDireito e aplicação correta da legislação desportiva.
Era grande a expectativacasas de apostas novasrelação ao voto do relator, Maurício Neves Fonseca. Ele também manteve a condenaçãocasas de apostas novasprimeira instância. Em seu discursocasas de apostas novasposse,casas de apostas novasjulho do ano passado, Fonseca disse que tinha como missão "na corte máxima desportiva nacional" o "combate a qualquer tipocasas de apostas novasdiscriminação", entre elas, as que são elencadas no 243-G do Código Brasileirocasas de apostas novasJustiça Desportiva (CBJD), justamente o artigo pelo qual o Brusque foi denunciado.
- O racismo é a ignorância sobre o que é diferente, na verdade somos todos iguais e o que nos diferenciacasas de apostas novasnós mesmos é o nosso preconceito. Não é por acaso que estamos exatamente na semanacasas de apostas novascomemoração do Dia da Consciência Negra, para estimular exatamente a reflexão sobre a luta do povo negro pela igualdade e respeito.
Neves lembrou que já havia jurisprudência no tribunal quanto à aplicação do 243-G para atoscasas de apostas novasinjúria racial, a punição do Grêmio,casas de apostas novas2014, com perdacasas de apostas novastrês pontos, por unanimidade,casas de apostas novasrazão das ofensas raciais proferidas contra o goleiro Aranha, à época no Santos.
Cinco auditores votaram para diminuir a punição: Felipe Bevilacqua, Mauro Marcelo, Luiz Felipe Bulus, Ivo Amaral e Sérgio Martinez.
Parte deles considerou grave (e não gravíssimo) o atocasas de apostas novasinjúria racial. Mauro Marcelocasas de apostas novasLima e Silva foi um deles. Emcasas de apostas novassustentação, disse que, se Celsinho tivesse sido chamadocasas de apostas novasmacaco, teria sido mais ofensivo. "Vai cortar o cabelo, seu cabelocasas de apostas novascachopa" foi menos grave, para ele.
- Tecnicamente falando, o ato não pode ser tratado comocasas de apostas novasextrema gravidade. O caso não se revestecasas de apostas novasextrema gravidade como consta na disposição normativa. Deixar claro aqui que a discriminação é ato criminoso e tem que ser punido, mas precisamos entender também que a ofensa cometida pela estupidezcasas de apostas novasum não pode ser punido o clube.
Ivo Amaral disse que tinha amigos negros e se solidarizava com Celsinho. Ao devolver os três pontos ao time que ofendeu o atleta, disse que a família do jogador ficariacasas de apostas novas"alma lavada" se a multa aplicada ao clube (R$ 60 mil) fosse destinada a um hospital que cuidacasas de apostas novascâncer infantil, no lugarcasas de apostas novasser direcionada ao Observatório da Discriminação Racial, organização da sociedade civil cuja camisa o atleta estava vestindo no julgamento:
- Ouvi dizer aqui que (a multa) poderia ser destinada ao... dos negros aí, da raça negra... ao observatório da raça negra - disse Amaral, errando o nome do Observatório.
Já no entendimentocasas de apostas novasoutra parte dos auditores, o fatocasas de apostas novasas ofensas terem sido cometidas por apenas um torcedor, ainda que fosse dirigente do clubecasas de apostas novasjogo com portões fechados, rebaixava o graucasas de apostas novasimportância do ato. De nada adiantou o relator ter sustentado que o ofensor era um representante do Brusque e que suas palavras foram referendadas pelo clube,casas de apostas novasnota oficial assinada pelo presidente Danilo Rezini.
Felipe Bevilacqua sustentou seu voto afirmando que para perdacasas de apostas novaspontos é necessário que seja um "caso excepcional" e ressaltou que a Justiça Desportiva pune a infração disciplinar, não o crime. Para ele, a perdacasas de apostas novaspontos poderia provocar casos semelhantescasas de apostas novassérie, sendo o campeonato decidido pelo tribunal. Citou, também, a possibilidadecasas de apostas novasfraude, no casocasas de apostas novastorcedores rivais proferirem ofensas passando-se por integrantescasas de apostas novastimes rivais.
- Temos que respeitar o sistema desportivo e a graduação da pena. A grande premissa que o sistema desportivo prega mundialmente. A jurisprudência é quecasas de apostas novasúltimo caso se exclua ou tire pontos. Dentro desse sistema, temos que quem tem a competência exclusivacasas de apostas novasreprimir é o governo e que pune o indivíduo.
"Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceitocasas de apostas novasrazãocasas de apostas novasorigem étnica, raça, sexo, cor, idade, condiçãocasas de apostas novaspessoa idosa ou portadoracasas de apostas novasdeficiência":
No parágrafo 3º: "Quando a infração for consideradacasas de apostas novasextrema gravidade, o órgão judicante poderá aplicar as penas dos incisos V, VII e XI do art. 170.“
O que dizem os incisos V, VII e XI do artigo 170: V - perdacasas de apostas novaspontos; VII - perdacasas de apostas novasmandocasas de apostas novascampo; XI - exclusãocasas de apostas novascampeonato ou torneio.“
Em primeira instância, o relator João Gabriel Maffei havia votado (sendo seguido pela maioria dos auditores) pela aplicação do inciso V, aplicando a perdacasas de apostas novaspontos.
- A discriminação é enraizada até os dias atuais na sociedade brasileira e no âmbito desportivocasas de apostas novasespecial no futebol profissional a realidade infelizmente é a mesma. O objetivo do denunciado, ao proferir as referidas palavras, foi apenas um: agircasas de apostas novasforma discriminatória, desdenhosa, ultrajante e intolerante, a fimcasas de apostas novasabalar a estrutura psicológica do jogador reserva da equipe adversária, ridicularizando-o
O advogado do Brusque no julgamento, Osvaldo Sestário, defendeu a redução da pena e disse que a pauta deve ser o combate à discriminação:
- O julgamento não pode ser pautado pela nota oficial, não pode ser pautado por estarmos as vésperas da consciência negra. Temos que estar voltados 365 dias no ano para o combate à discriminação. Uma grande parte dos atletas, cercacasas de apostas novas70% do elenco é negra. Os três pontos foram conquistados dentro do campocasas de apostas novasjogo e não haverá retrocesso algum se rever isso que foi decidido pela Quinta Comissão Disciplinar. A pena aplicada aqui deve considerar apenas os fatos narrados. Essa semana muito casos se sucederam e devem ser combatidos, porém não podemos fazer um julgamento e cometer uma injustiça.
Em partida válida pela Série B do Brasileiro, o presidente do Conselho Deliberativo do Brusque, Júlio Antônio Petermann, ofendeu o jogador Celsinho, do Londrina, com as palavras "vai cortar o cabelo, seu cabeçacasas de apostas novascachopa". Celsinho estava no bancocasas de apostas novasreservas e se mostrou imediatamente abalado. Ele chamou a arbitragem, que identificou o dirigente, ouviu testemunhas que comprovavam as ofensas e relatou o ocorrido na súmula.
Após a partida, o clube publicou uma nota oficialcasas de apostas novasque tentava responsabilizar o jogador:
“O atleta é conhecido por se envolver neste tipocasas de apostas novasepisódio. Esta é pelo menos a 3ª vez, somente neste ano, que alega ter sido alvocasas de apostas novasracismo, caracterizando verdadeira “perseguição ao mesmo”, escreveu o clube. O Brusque F. C. reitera que nenhumcasas de apostas novasseus diretores praticou qualquer atocasas de apostas novasracismo e tomará todas as medidas cabíveis para a responsabilização do atleta pela falsa imputaçãocasas de apostas novasum crime”.
A nota gerou grande repercussão negativa e foi tirada do ar. Em novo comunicado, o Brusque se desculpou e adotou duas medidas sobre o caso: afastamentocasas de apostas novasJúlio Antônio Petermann e instalaçãocasas de apostas novascâmeras para captar o áudio das arquibancadas. Por causa do episódio, perdeu um patrocinador.