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Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental


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A partirroleta magicasexta-feira, quando começarem as quarta-de-final da Copa do Mundo, ainda veremos Modric tentar ditar o jogo no meio-campo croata, do altoroleta magicaseus 37 anos. A Argentina, nos momentosroleta magicaaperto, sempre irá confiar que Messi, aos 35, tire da cartola uma tacadaroleta magicasinuca como a que bateu o México. Dentre tantas armas, o Brasil confia na consistênciaroleta magicauma defesa que vem assistindo a exibições irretocáveisroleta magicaThiago Silva, aos 38.

O Mundial já se despediuroleta magicaLewandowski, que enfim encontrou o caminho do gol numa Copa. A queda da Espanha também pode ter sido o adeusroleta magicaBusquets, o último remanescente da geração multicampeã da Espanha.

Mas, no futuro, esta Copa poderá ser lembrada como algo alémroleta magicauma nobre retiradaroleta magicanomes que marcaram uma época do jogo. É o Mundialroleta magicaque a Inglaterra deposita esperanças criativas nos 19 anosroleta magicaJude Bellingham. É o torneioroleta magicaque Messi, emroleta magicabusca por sócios, vê a ascensão empolganteroleta magicaEnzo Fernández, 21, eroleta magicaJulián Álvarez, 22. Impossível olhar os jogos do Brasil e não se deliciar com a velocidade, os dribles e, mais notável ainda, o refinamentoroleta magicaVinícius Júnior para definir jogadas. Está superado o último obstáculo que podia separá-lo da elite do futebol. E se ganhar a Copa, a favorita França o fará tendoroleta magicaMbappé, 23, um natural ganhador do prêmioroleta magicamelhor jogador do torneio.

Poucas Copas representaram tão claramente a sensaçãoroleta magicatroca da guarda, embora esta teha uma característica especial: é uma sucessãoroleta magicagerações que não precisa descartar os mais velhos para oferecer caminho aos mais jovens. Modric e Messi não se exibem superados, ao contrário. Eles conduzem suas seleções às fases finais. Masroleta magicaque lugar está Cristiano Ronaldo neste enredo?

Trocaroleta magicaPasses: Mansur faz a análise táticaroleta magicaPortugal 6 x 1 Suíça

O 6roleta magicadezembroroleta magica2022 nos confrontou com um momento absolutamente raro, a antíteseroleta magicauma carreira. Cristiano, um dos mais implacáveis artilheiros que as últimas gerações já viram e, fundamentalmente, o maior competidorroleta magicaque se tem notícia, sempre fez do campo o palco para provar que qualquer time era melhor com ele. Nos jogos perdidos, seus gols por vezes saídos do nada promoveram tantas viradas, decretaram tantas vitórias. Mas neste 6roleta magicadezembro, um camporoleta magicafutebol chancelouroleta magicamaneira inapelável a decisãoroleta magicaum treinadorroleta magicacolocá-lo no banco. Nunca se deve duvidarroleta magicaum animal competitivo como Cristiano Ronaldo, muito menosroleta magicaalguém comroleta magicacapacidade para produzir gols. Então, é difícil dizer que o diagnóstico da terça-feiraroleta magicaDoha é algo definitivo para a fase finalroleta magicasua carreira. Mas, por 90 minutos, o mundo assistiu, talvez pela primeira vez num palco tão representativo, a um time ser claramente superior sem Cristiano.

Quando Fernando Santos tomou a decisão que meio mundo supunha que ele não tomaria, o primeiro exercício foi dimensionar o tamanho da cartada jogada pelo treinador. Até nos darmos contaroleta magicaque não era mais preciso gastar energia com o tema. Times perfiladosroleta magicacampo, um exércitoroleta magicafotógrafos, sem qualquer cerimônia, deu as costas para o campo. Todas as lentes, centenas delas, procuravam o bancoroleta magicareservasroleta magicaPortugal. Procuravam Cristiano Ronaldo. Se é fato queroleta magicarelação com o Manchester United teve como pontoroleta magicaruptura o papelroleta magicasubstitutoroleta magicapartidas seguidas, vê-lo ali numa Copa do Mundo, num jogo da seleção portuguesa, era a notícia da noite. Ao menos até o jogo começar.

Fotógrafos se amontoam para registrar Cristiano Ronaldo no bancoroleta magicaPortugal — Foto: Daniel Mundim

O relógio se aproximava dos 35 minutos do segundo tempo quando, recém-lançado no jogo, Cristiano recebeu um passe longo e não conseguiu acompanhar. A bola correu mais do que ele. Ele não precisararoleta magicacinco minutosroleta magicacampo para produzir um argumento a favorroleta magicaFernando Santos. Mas, naqueles 80 minutosroleta magicafutebol jogados até então, acontecera algo ainda mais gritante: os três golsroleta magicaGonçalo Ramos, 21 anos, artilheiro do Benfica.

Já seria suficientemente simbólico se fossem apenas os gols, porqueroleta magicadado momento foram eles os maiores emblemas da carreiraroleta magicaRonaldo. Os temposroleta magicaponta haviam ficado no passado, os dribles e arrancadas eram muito mais raros, mas o CR7 convertidoroleta magicaCR9 era uma força da natureza dentro da área. E lá estava Gonçalo Ramos, com gols, justificando que ele deveria jogar, e não Cristiano.

Ocorre que houve mais. Portugal é um time que concentra seus talentos no centro do campo, e o jogoroleta magicahomens móveis no ataque se tornou claramente mais fluido. Um atacante capazroleta magicacorrerroleta magicaprofundidade empurra defesas para trás e abre espaços no meio. Como se não bastasse, um debate sobre o jogo moderno, que temroleta magicaCristiano um personagem, se materializavaroleta magicaGonçalo Ramos.

É difícil competir por títulosroleta magicaelite sem pressionar no futebol atual. E este é um exercício que precisa envolver todos os dez homensroleta magicalinha. Nos últimos meses, a pergunta que cercava Ronaldo é se a capacidaderoleta magicaoferecer gols compensava o fatoroleta magicaele se tornar um a menos na horaroleta magicapressionar. E lá estava Gonçalo Ramos bloqueando passes para Xhaka, correndoroleta magicadireção ao goleiro Sommer ou tentando desarmar Akanji e Schar.

A Copa continua para Portugal, e o mundo quer saber como continuará para Cristiano Ronaldo, ainda um brutal personagem, um símbolo do futebolroleta magicacraques extraordinários e personalidades globais que transcendem o jogo. Ronaldo sempre foi movido a gols e títulos, mas também um homem com um ego que o deixou sempre mais confortávelroleta magicapapéisroleta magicaprotagonista. Porque, se Portugal quiser ganhar o Mundial, ainda será mais fácil com ele, apesar da enorme quantidaderoleta magicaastrosroleta magicaque dispõe. Haverá defesas mais fechadas, jogos que chegarão aos momentos finaisroleta magicaque um gol pode separar o classificado do eliminado. E, nestas horas, quem ousará dizer que Cristiano é dispensável?

É impossível dizer queroleta magicaaptidão para dizer presente nas horas mais agônicasroleta magicatantas decisões se perdeu. Mais do que ousado, é precipitado descartarroleta magicacapacidaderoleta magicaser decisivo. Ele pode até iniciar uma partida por Portugal nesta reta final. O mais seguro, por ora, é dizer que o futuro da seleção portuguesa reside na forma como este craque histórico aceitará, ou não, seu novo papel.

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