A escolha pelo clube letão e por morar no pequeno país localizado no Nordeste da Europa teve, além da parte financeira, um motivo bem especial para o catarinenseTubarão: a paixão por desafios.

– Eu sempre gosteiconhecer novas culturas. Acho que a minha vida sempre foi movida a isso. Eu e minha esposa gostamos muitopresenciar coisas diferentes,ter esse conhecimento sobre culturas. Isso vem acontecendo e reúne esse lado profissional e o sonhomoraroutros países. Então, acho que foi um pouco do que me trouxe para esses países bálticos. Quando analisei para vir, já tinha um brasileiro, que me passou as impressões do local e disse que o clube era bem organizado e pagavadia. É algo que fez com que eu optasse por vir – contou.

Além da oportunidadeconhecer novos países, Pedroso também coleciona encontros marcantes dentro e fora das quatro linhas. Na Romênia, por exemplo, teve a oportunidadetrabalhar com o técnico Gheorghe Hagi, ex-jogador do Real Madrid e do Barcelona.

Outro momento que guarda na memória é a parceria com Wayne Rooney no DC United. Em 2019, o lateral-esquerdo gravou um vídeo do maior artilheiro da história do Manchester United desejando apoio ao Figueirense.

– Isso é algo que carrego como uma das conquistas da minha carreira. O cara é uma lenda. Ele até gravou um vídeo e falou "Vamos, Figueira". Deu uma repercussão legal.

E é o clube alvinegro que emociona Marquinhos Pedrosoqualquer lugar que esteja. Foi no Orlando Scarpelli,Florianópolis, que ganhou a primeira oportunidade como jogador profissional e também é lá que deseja encerrar a carreira.

– Falar do Figueira é falarmim. Não existe Marquinhos Pedroso sem o Figueirense. É algo que, sempre quando eu falo do Figueira, eu me emociono, meu coração dispara. ApesarserTubarão, já era torcedor do Figueira, mais da metade da minha família é naturalFlorianópolis e, por mais que eu tenha nascido no Sul do estado, eu já frequentava desde pequeno o Scarpelli. A identicação é enorme. Pude vestir a camisa desde os oito anosidade. E tive a oportunidade, agradecendo sempre muito ao Argel (Fuchs, treinador),ter visto qualidademim e confiado no meu potencial. O meu sonho eu realizei através do Figueirense. Tudo o que eu tenho na minha carreira é por causa do Figueirense. Ter atuado nas ligas que joguei, ter jogado com essas pessoas que cite, tudo é graças o Figueirense.

Em entrevista ao ge Santa Catarina, o lateral ainda falou sobre as curiosidades dos paísesque morou, o jogo inesquecível pelo Furacão e a proposta para defender o arquirrival Avaí. Confira abaixo:

PECULIARIDADES DAS LIGAS
– Jogar no Brasil, sem dúvidas, foi uma experiência incrível. Se Deus quiser, vou voltar a jogar uma Série A e pelo Figueira. Foi ótimo jogar no Brasil, experiência única, melhor futebol do mundo. Acredito que tenha me construído. Foram anos incríveis, momentos incríveis, golclássico... coisas que jamais vou esquecer. Após isso, na passagem pelo futebol brasileiro, tive a oportunidadeir para a Turquia. Pude atuar contra jogadores incríveis e também na minha equipe. Convivi com jogadoresseleção. Depois que saí do Brasil tive essa oportunidade. Atuei contra Robin van Persie, Schneider, Lukas Podolski. Foi uma experiência que deu um "up" na minha carreira. Eu comecei a ser visto.

HUNGRIA
– Infelizmente, esse ano o time não foi para a Champions. No útimo ano acabaram participando. O engraçado é que caíram no grupoJuventus e Barcelona. Era uma conquista para o jogadorsi enfrentar o Messi e o Cristiano. Fiquei bem contente. Agregou muito na minha carreira jogar lá, é um campeonatomuita força física. Fez com que me abrissem portas para os países seguintes que fui.

ESTADOS UNIDOS
– Até aquele momento, eu tinha o passe vinculado ao Figueira, e a negociação foi feita entre Dallas e Figueirense. E o Dallas fez uma proposta muito boa. Foi algo que iria ajudar bastante o clube. Na época que eu estava tinha uns sete jogadores brasileiros apenas, e metade não tinham atuado numa Série A. Foi uma experiência incrível. Ajudei outros jogadores a irem para lá, como Bressan, por exemplo. Eu disse para irolhos fechados. A liga é totalmente diferente. Não tem rebaixamento, os clubes podem se planejar um pouco melhor. Tive a oportunidaderenovar, fiquei esperando alguns valores que imaginava ser o mais justo, e aconteceu a pandemia. Fiquei sete mesesFlorianópolis só treinando, parou tudo, os clubes não estavam contratando. As coisas travaram. Apareceram algumas coisas, mas estava complicado. Não tínhamos ideia do que iria acontecer no mundo.

BULGÁRIA
– Tive a oportunidade ir para lá e pude tirar muitas experiências. Aprendi com a cultura. O futebol é forte e se assemelhava a Hungria, é o que encontramos por aqui. Jogadores altos e bons na bola aárea. Sempre me dei bem com isso, sempre gostei da parte tática etrabalhar a parte física. Acabei me destacando na Bulgária, mas depois tive problemassalários e quebrei o contrato.

ROMÊNIA
– Tive a oportunidadeconhecer o Gheorghe Hagi lá, o cara conhecido como o Maradona da Romênia. Pude apreender muito com ele, era um clube extremamente estruturado, ele dá muita atenção à base, eles vendem muitos garotos. Pude aprender demais, clube novo, Hagi que criou o clube, eles foram campeões da ligatrês ou quatro anos. A estrutura é muito boa. É um cara maluco pela perfeição. Foi o cara mais doido que já vi.

IDIOMA DA LETÔNIA
– Quando é uma língua muito diferente ou muito dificil, é melhor, pois o inglês se faz obrigatório. É melhor que lugares onde a língua é normal e não se fala o inglês. Não sei falar letão, apenas algumas palavras. Aqui tem muitos estrangeiros e, entre eles, falamrusso. Tem genteoutros países. Quando fica esse mixlínguás, é melhor, pois o inglês prevalece. Para mim, está sendo tranquilo.

ALIMENTAÇÃO E ARQUITETURA
– Nos alimentamos muito bem. É muito peixe, camarão, frutos do mar, a carnesi tem um preço ok, imaginava que seria mais caro. O preço é até bacana. A moeda é o euro. Nos outros países não era. Ainda vejo muito dessa cultura soviética aqui, coisa asntigas, nos arredores da cidade as coisas representam que passaram mesmo pela guerra. Não pode mexernada. A cidade tem um aspecto antigo. É lei que só pode mudar as coisas dentro da casa.

AMOR PELO FIGUEIRENSE
– Infelizmente, hoje o Figueira nao estáuma situação boa, mas até um ou dois anos depois que eu subi, o Figueirense sempre dava muitas oportunidades para os jovens da base, isso sempre destacou o clube, muitos foram revelados. É uma pena que as coisas não estejam tão boas como um dia já foram. Eu continuo acompanhando o Figueira, continuo torcendo, vibrando quando vence e sofrendo demais quando perde. Terminou bem a Série C, mas a reação era pra ter sido mais cedo, dá um poucofé para o próximo ano. Todas as ligas são difíceis. E quando não se tem uma boa administração, as coisas se complicam ainda mais. Acredito que o Figueira vem tentando se reerguer, se Deus quiser vai dar tudo certo.

SONHOS
– Espero estarvolta algum dia, é um dos meus sonhos terminar a carreira no Figueira, espero que sejauma Série A. É onde o clube merece estar. A história do Figueirense é gigante, não preciso ficar falando aqui, o Figueira tem um nome enorme no cenário brasileiro. Infelizmente, está passando por essa situação dificil, espero um dia voltar com a glória do Figueira buscando novamente a Série A, jogar uma Libertadores, chegar novamente na final da Copa do Brasil. Espero queanos próximos a gente estejavolta na Série A e quem sabeoutros campeonatos, como uma Copa do Brasil e, quem sabe, eu possa estar junto, ser campeão e jogar uma Libertadores. Imagina Figueirense x Boca, coisa mais linda, ia ser top, hein!? Fazendo mais um gol contra um timeazul, boas lembranças. Devo tudo ao Figueirense. Não tenho dúvidas que vai se reerguer.

JOGO INESQUECÍVEL
– É muito fácil. Até acabou a luz aqui agora. Que top. Eu acho que foi a emoção do ambiente. É pra ser preto e branco mesmo. Até o video é preto e branco, que coisa linda, essa foi inesperada. Mas, sem dúvida nenhuma, foi o clássico na Copa do Brasil,2015, pois aquela noite foi preta e branca. Aquele dia do gol contra o Avaí foi top demais, o dia mais emocionante da minha carreira, sem dúvida. Por mais que eu volte e faça outros gols, foi o meu primeiro como profissional, o momento mais esperado da minha carreira. Argel me colocoumeia, foi surpresa até para mim, a gente teve essa conversa na noite anterior. Até falei com o Bruno Alves (está no São Paulo) que ia jogar no meio e ainda ia meter um gol. Falei isso para diversos amigos naquele dia. E não deu outra. Fiquei acreditando e aconteceu. Foi uma noite inesquecivel (relembre no vídeo abaixo).

LADO PROVOCADOR E PROPOSTA DO AVAÍ
– Vejo como uma coisa saudável, eu me dou bem com todo mundo. Nunca perdi a razão. Sou um cara profissional e gostomanter boa relação. É algo bom para o futebo, ao meu ver. Quando eu estive fora, apareceu a procura do Avaí, mas é Figueira, o coração é do Figueira, não existe isso para mim. É algo que devo tudo ao Figueirense.