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Por Alexandre Barbosa — Recife


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Sport, Vitória, Cruzeiro, Botafogo, Sport, Santos, São Caetano, Vasco, Spartak, Sport, Santa Cruz, Central... A listaarbety casa de apostaclubes que o lateral-direito Russo passou é extensa. Com apenas 21 anos, chegou à seleção brasileira e fez partearbety casa de apostaum lendário períodoarbety casa de apostaque a equipe brasileira contava com Ronaldo e Romário no ataque. Esteve próximoarbety casa de apostadisputar a Copa da França, num momentoarbety casa de apostaque Zagallo procurava por um reserva para Cafu, mas ficou fora por lesão.

Romário, Russo e Denilson na concentração da Seleção Brasileira — Foto: Arquivo Pessoal

Russo é uma figura extrovertida e hoje fala com saudade do tempoarbety casa de apostajogador. Ele não nega os arrependimentos e não tem medoarbety casa de apostaadmitir que faria tudo diferente. Se por um lado as passadas largas e a velocidade pela lateral direita eram suas características mais marcantes dentroarbety casa de apostacampo, fora dele também chamava atenção pelos excessos.

“Se eu me cuidasse mais, iria mais longe, o corpo precisaarbety casa de apostadescanso. Eu não tinha ninguém para me dar conselho. Era novo, muito dinheiro, carro, era solteiro. Terminava jogo, ia para o sambinha, cerveja, e era o que eu gostava
— Russo

- Eu, com a cabeçaarbety casa de apostahoje, faria tudo ao contrário, me cuidaria mais, valorizaria mais a minha profissão. Faria diferente. Mas veja que, você sairarbety casa de apostauma favela, onde nunca teve nada e,arbety casa de apostauma hora pra outra, verarbety casa de apostavida mudar tão rápido. Foi tudo muito rápido mesmo. Seleção, dinheiro, carro, fama. Era muito difícil lidar com isso. Hoje, essa molecada tem tudo. Pessoal que cuida da imagem do jogador, da vida financeira. Queria eu, no meu tempo, ter isso. Hoje, é tudo diferente.

- Eu mesmo, não tive ninguém pra me dar conselho, pelo contrário, encostava todo tipoarbety casa de apostagente, pessoa boa, pessoa ruim.

Na verdade, até tinha. Russo lembraarbety casa de apostaum aviso muito importante do então técnico Emerson Leão.

- Ele falava: ‘Russo você é novo, e eu já fui novo. Já curti muito. Mas a gente tem que se cuidar. Você não éarbety casa de apostaferro, não. Quando passar dos 30, você vai sentir. Foi dito e feito rapaz…. O que ele me falou, bateu.

Emerson Leão na Ilha do Retiro pelo Sport — Foto: Reprodução

Realmente, até os 30 anos, Russo teve uma carreiraarbety casa de apostaalto nível. Jogou por grandes equipes, sempre disputando a Série A, chegou a uma finalarbety casa de apostaLibertadores e, claro, esteve na Seleção.

E é justamente por aqui, com a amarelinha, que essa história começa.

Lateral-direito Russo com a camisa da Seleção Brasileira — Foto: Arquivo Pessoal

Salvador, Bahia.

No estacionamento do Barradão, Russo aguardava dentro do carro. De longe, observava uma movimentação estranha mais à frente. Não era comum aquela quantidadearbety casa de apostarepórteres num dia normalarbety casa de apostatreino do Vitória. Sem saber do que se tratava e com medo que fosse alguma bronca, decidiu esperar. Só que a hora do início do treino estava se aproximando. “Tenho que ir”.

Russo saiu do carro e, com o materialarbety casa de apostatreino na mão, se dirigiu para a entrada dos jogadores. Quando se deu conta, estava todo mundoarbety casa de apostacima dele. A imprensa estava ali para entrevistar a surpresa da convocação do técnico Zagallo para a Seleção, que faria um amistoso contra o México, nos Estados Unidos.

Mesmo com tudo aquilo, ainda foi difícil acreditar que tinha realmente sido chamado para a Seleção.

- Eu não acreditava que tinha sido convocado. Só acreditei à noite, quando passou no Jornal Nacional. Foi uma alegria que não tem tamanho.

Na época, Russo tinha 21 anos e havia acabadoarbety casa de apostachegar ao Vitória. Apenas dois anos antes, jogava na várzea quando foi observado pelo técnico Cauly, que o levou para o Sport. Um rápido teste e o olhar experiente do então treinador da base, Nereu Pinheiro, responsável por revelar alguns dos principais nomes do clube na décadaarbety casa de aposta1990, como Adriano, Leonardo e Juninho Pernambucano, detectou um jogador com potencial. Aprovado, passou a treinar com os juniores.

arbety casa de aposta O futebol nos anos 90

Em 1996, estreou como profissional no Sport sob o comandoarbety casa de apostaHélio dos Anjos. De cara, um clássico com o Santa Cruz. Na época, ainda saíaarbety casa de apostacasa, na comunidade chamada Detran, e pegava um ônibus para treinar todos os dias na Ilha do Retiro. A passagem dos juniores para o timearbety casa de apostacima valeu um upgrade no salário.

Russo com a camisa do Sport,arbety casa de apostapartida do Campeonato Pernambucano — Foto: Arquivo Pessoal

- Eu ganhava ajudaarbety casa de apostacustoarbety casa de apostaR$ 75 e o vale transporte. Quando fui para o profissional, já jogando como titular no Pernambucano, o Coronel Adelson (Wanderley, dirigente do Sport) disse que aumentar o meu salário:arbety casa de apostaR$ 75 para R$ 350. Estava bom. Eu joguei um ano todinho com esse salário.

Foi um ano incrível para Russo, fazendo partearbety casa de apostaum time com nomes importantes na história do Sport, como Adriano, Chico Monte Alegre, Dedé, Dário, Chiquinho, Marcelo e Luís Müller. Foram campeões pernambucanos.

Essa mesma equipe jogou o Brasileiro da Série A, dando visibilidade para dois jogadoresarbety casa de apostaespecial: Russo e o meia Chiquinho. Ao fim da temporada, o Vitória foi atrás dos dois. O Valencia chegou a demonstrar interesse pelo jovem lateral, mas não houve acordo e a Bahia foi o destinoarbety casa de apostaambos para a temporadaarbety casa de aposta1997.

Russo garante que o Vitória queria mesmo Chiquinho, meia habilidoso, que aparecia mais nos jogos.

- Fui praticamentearbety casa de apostagraça, com Chiquinho. Eles queriam mesmo era ele.

Russo teve uma carreira meteórica. A convocação para a Seleção veio após somente quatro meses no Vitória. No elenco do Brasil, que vivia o ciclo da Copa da França, encontrou estrelasarbety casa de apostanível mundial. No amistoso com o México, ficou no banco e não chegou a entrar. Mas no períodoarbety casa de apostatreinos para aquela partida, esteve com nomes como Cafu, Roberto Carlos e Leonardo, além da dupla Romário e Ronaldo.

Aquele foi justamente o curto espaço da dupla Ro-Ro na Seleção. Os craques Romário e Ronaldo jogaram apenas 19 vezes juntos pela Seleção.

arbety casa de aposta Reservaarbety casa de apostaCafu

O problema era conseguir jogar. Reserva na Copaarbety casa de aposta1994, Cafu havia se consolidado como titular. A buscaarbety casa de apostaZagallo, na época, era por um reserva para ele. Zé Maria era o nome mais chamado, mas enfrentou uma sériearbety casa de apostalesões, levando o treinador a procurar por alternativas. Uma delas foi Russo.

- Na Seleção, acho que faltou mais oportunidade. Fiquei na reservaarbety casa de apostaCafu, joguei pouco. Ele não saía do time e era difícilarbety casa de apostamachucar, alémarbety casa de apostaser muito dedicado nos treinos - lembra.

Alémarbety casa de apostaamistosos, Russo disputou duas competições oficiais pela Seleção, entre 1997 e 1998: a primeira edição da Copa das Confederações, da qual o Brasil foi campeão, e a Copa Ouro. O lateral viveu a expectativa realarbety casa de apostair à Copa do Mundo da França.

"Os mais cotados para ir eram eu e Zé Maria. Ele se machucou, mas eu também. Eu tinha esperança. Fui para a Copa das Confederações, Copa Ouro. Eu falei: 'A próxima é a Copa'".

Relembre a primeira conquista da Seleção Brasileira na Copa das Confederaçõesarbety casa de aposta1997

Mas não deu. Em 1998, Russo havia se transferido para o Cruzeiro. Seguia no radar do técnico Zagallo como opção para a lateral direita, mas sofreu uma lesão muscular no período da convocação. Flávio Conceição foi chamado como volante e lateral-direito, mas acabou cortado. Enfim, Zé Carlos, então no São Paulo, foi convocado e atuou na semifinal contra a Holanda, devido à suspensãoarbety casa de apostaCafu.

- Fiquei muito abatido, triste. Eu esperava ser chamado, era meu sonho.

Do período na Seleção, Russo guarda a convivência com estrelas. Romário, Ronaldo, Edmundo e Denilson.

- De fora a gente vê outra coisa. Muitos jogadores eu pensava que eram marrentos. Quando você convive com eles, a situação muda. Os caras foram gente boa comigo. O (Ronaldo) Fenômeno, o que temarbety casa de apostadinheiro temarbety casa de apostasimplicidade. Romário também. Cara, na minha primeira convocação, contra o México, eu não dormi. Só no outro dia. Eu não acreditava que estava ali. Eu dizia: "Se eu tiver sonhando, não quero acordar". Era acostumado a ver os caras pela televisão. Você sair da favela e estar ali, do lados dos caras, do melhor do mundo. A ficha demorou a cair - conta Russo.

arbety casa de aposta O fim do sonho

Tão rápido quanto veio, o sonho acabou. Ali, foi o ponto final das passagensarbety casa de apostaRusso pela Seleção. Russo não voltaria mais a ser chamado depoisarbety casa de aposta1998. Mas ainda jogouarbety casa de apostaalto nível durante um bom tempo, afinal, na época tinha apenas 23 anos. Foi titulararbety casa de apostaequipes emblemáticas, como o Sportarbety casa de aposta1998 e 2000, estevearbety casa de apostamomentos importantes como a final da Libertadores com o São Caetano, saiu do país pela primeira vez, mas foi derrotado pelo frio da Rússia e voltou tendo entradoarbety casa de apostacampo apenas duas vezes.

Depois que se aposentou, Russo voltouarbety casa de apostavez para casa. Em Pernambuco, decidiu descansar. Chegou a arriscar um inícioarbety casa de apostacarreiraarbety casa de apostatreinador, mas não deu seguimento. Há dois anos, porém, voltou a se inquietar. Deixou o Brasil e foi morar com a esposaarbety casa de apostaPortugal. Vive atualmente na cidadearbety casa de apostaLeiria, onde dá aulas para garotos junto com um amigo brasileiro, que também foi jogador. O sonhoarbety casa de apostaser técnico voltou e ele faz o curso para seguir a profissão.

Russo fez partearbety casa de apostadois times emblemáticos do Sport,arbety casa de aposta1998 e 2000 — Foto: Arquivo Pessoal

- Foi um dos motivosarbety casa de apostaeu ter vindo para cá. Um dia desses, tavaarbety casa de apostacasa com a esposa e disse a ela: bora morararbety casa de apostaPortugal?! Então viemos há dois anos - brinca Russo.

arbety casa de aposta Russo comenta como foi a passagem por cada clube na carreira:

  • Sport - 1998

Após a decepçãoarbety casa de apostanão ter ido à Copa, recuperadoarbety casa de apostalesão, Russo foi procurado pelo Sport. Era a horaarbety casa de apostavoltar, agora, como jogador top para fazer partearbety casa de apostaum time fortíssimo.

- O nosso grupo era muito bom. A gente tinha time pra ser campeão brasileiro ali. Acho que quem acabou levando foi o Corinthians, na época, que também tinha um timaço. Perdemos para o Grêmio.

Em 1998, Sport vence Santos por 3 a 1 pelas quartas do Brasileiroarbety casa de apostajogo com confusão

Embora tenha realmente feito um grande campeonato, o Sport passava por momento político conturbado. Na passagem para 1999, todo o time foi desfeito. Russo não conseguiu a transferência para a Europa e acabou acolhido novamente pelo Vitória.

  • Vitória - 1999

- O pessoal do Sport desfez o time todinho e eu aceitei voltar para o Vitória, que me fez uma proposta boa. Tinha botado na minha cabeça. Nessa volta, tenho que fazer um bom Brasileiro e depois ir pra Europa. E nós fomos bem no Brasileiro, tanto que tive várias propostas na época.

  • Botafogo - 1999

Uma vantajosa proposta atraiu Russo no segundo semestrearbety casa de aposta1999. Não foi um bom ano e o lateral conta os bastidores daquele grupo.

- Botafogo? Ali foi muita picuinha. Sandro (ex-zagueiro) era nosso capitão, mas o pessoal lá achava que a faixa tinha que ficar com os caras do Rio. Era muita reunião, picuinha demais. Até que teve uma hora que Sandro apelou. Um dia, no vestiário, ele pegou a faixa e disse: "Tá aqui, ó, não sou mais capitão do Botafogo". Depois dali, o grupo rachou. Passamos o Brasileiro todo brigando pra não cair. A gente só escapou na última rodada, um jogo contra o Guarani se não me engano.

O Botafogo deveria ter sido rebaixado para a Série B naquele ano, mas foi salvo pelo "caso Sandro Hiroshi", uma disputa jurídica que tirou pontos do São Paulo e deu a Internacional e Botafogo. Como o rebaixamento era definido por média naquele campeonato, o Alvinegro se salvou e o Gama caiu para a Segundona.

  • Sport - 2000

- Quando você coloca a amarelinha, é valorizado né? Aumenta tudo. No início do Sport, eu ganhava ajudaarbety casa de apostacustoarbety casa de apostaR$ 75 e o vale transporte. Quando fui para o profissional, jogandoarbety casa de apostatitular no Pernambucano todinho, o Coronel Adelson (Wanderley) disse que ia aumentar o salário. Foiarbety casa de apostaR$ 75 pra R$ 350. Tava bom. Dessa vez, cheguei bem mais valorizado. E aquele time era bom demais. Foi pentacampeão pernambucano, o professor Leão foi para a Seleção.

  • Santos - 2001

- Já fazia um tempo que o Santos estava querendo me levar. Pediram indicação a Leão, e ele disse: "pode levar, é bom jogador". Fui logo depois do Brasileiro. Eu esperava uma coisa do Sport, mas não aconteceu. No Santos a gente tinha um grupo muito forte, com Fábio Costa, que eu conhecia do Vitória, Léo, Elano, Renato, Dodô, Caio, Deivid. Fizemos uma semifinal com o Corinthians que foi como uma final antecipada. Quem passasse ali ia ser campeão, porque ia pegar o Botafogo-SP. A gente mesmo tinha metido cinco. Mas aí a gente perdeu, levou um golarbety casa de apostaRicardinho faltando 20 segundos…

  • São Caetano - 2002

- No Santos, o salário estava atrasado. O São Caetano me chamou, pagando salárioarbety casa de apostadia. Me disseram: 'aqui você vai ganhar três vezes mais'. Não pensei duas vezes, embora o Santos quisesse renovar. Imaginava que, se eu arrebentasse na Libertadores, ia pra Europa.

Russo chegou durante a disputa da Libertadores, mas logo conquistou a titularidade. Foi destaque do timearbety casa de apostapartidas emblemáticas como as oitavasarbety casa de apostafinal com o Peñarol e, claro, a finalíssima com o Olímpia. o São Caetano venceu o primeiro jogo por 1 a 0 e perdeu o segundo por 2 a 1. Deixou o título escapar nos pênaltis.

"O campeonato mais fácil que eu perdi foi essa Libertadores".

- Nosso grupo era muito bom. Adãozinho, Somália, Adhemar, Silvio Luiz, Daniel, Dininho, Robert. Libertadores é mesmo uma competição diferente. É outra pegada.

  • Vasco - 2002

- Eu estavaarbety casa de apostaPortoarbety casa de apostaGalinhas e meu empresário ligou dizendo: os caras querem você no Vasco. Antônio Lopes pediu tua contratação. Eu disse: 'eu vou'. O time estava ali do meio pra zonaarbety casa de apostarebaixamento e eu fiquei pensando: 'o negocio ali não tá muito bom não'. Eu já estava há uma semana sem treinar, mas me apresentei e pedi uma semana pra ficararbety casa de apostaforma. O professor disse: 'o jogo é no domingo, com o Guarani. Treina essa semana toda'. Um dia antes do jogo, ele foi no meu quarto e me perguntou: 'você quer jogar o primeiro ou o segundo tempo?' Eu sei que ele me botou pra jogar e a gente ganhouarbety casa de aposta1 a 0.

Não foi fácil, porém, conquistar a torcida do Vasco, que não tinha aprovado a contratação. Ou melhor, até que foi. Bastou um jogoarbety casa de apostaSão Januário.

- Teve um lance. O cara roubou a bolaarbety casa de apostamim e a torcida começou a pegar no meu pé. Até que Valdir pegou uma bola e eu, do nada, disse: 'vou acompanhar esse jogada'. Não deu outra. Ele bateu cruzado e eu empatei o jogo. Depois, eu dei um cruzamento que não saiu tão bem, mas a bola bateu na grama e enganou o zagueiro. A bola sobrou pro Pet (Petkovic), que fez 2 a 1. Depois desse jogo, acabou. A torcida já estava gritando meu nome e eu nunca mais saí do time.

  • Spartak Moscou - 2003

- Eurico me chamou na sala dele e me disse que tinha fechado negócio com o Spartak. 'Se a imprensa perguntar a você, diga que eu liberei pra você fazer seu péarbety casa de apostameia'. (Risos) Eu não sabiaarbety casa de apostanada! Ele só mandou eu ir na sala dele e me avisou. Ainda treinei dois dias, não joguei com o São Paulo, me despedi e fui pra Moscou.

Russo, na Rússia. E, por ironia, esse russo estava mais acostumado com o calor do que com o frio.

- O que me matou lá foi o frio. Saí do Rio, com 38, 40 graus e cheguei lá com -15 graus. Isso me arrebentou.

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