Nesta quarta-feira, Belo e Macaco Autino voltarão a se enfrentar após quatro temporadasbetnacional vitoriaausência do time automobilista na elite do Campeonato Paraibano. A rivalidade, no entanto, já não é mais a mesma vistabetnacional vitoriatemposbetnacional vitoriaoutrora, quando os torcedores dos dois clubes se digladiavam — no melhor sentido da palavra — nas arquibancadas do Estádio Almeidão para saber quem era,betnacional vitoriafato, a melhor equipe da Capital das Acácias.

Ao todo, foram nove as vezes que Botafogo-PB e Auto Esporte-PB decidiram o Paraibano (1948, 1949, 1953, 1954, 1955, 1956, 1957 e 1987). Ebetnacional vitoriasete delas o Belo levou a melhor, restando duas nas quais o Autinho do Amor foi o vencedor.

O Botauto é a rivalidade mais antiga da Paraíba. O primeiro jogo entre as equipes aconteceu no dia 3betnacional vitoriaabrilbetnacional vitoria1938, há 83 anos, quando, no antigo estádio do Clube Cabo Branco, as equipes empataram pelo placarbetnacional vitoria1 a 1. Começava ali a históriabetnacional vitoriauma grande disputa pelo postobetnacional vitoriamelhor clubebetnacional vitoriafutebolbetnacional vitoriaJoão Pessoa.

As equipes viriam a fazer abetnacional vitoriaprimeira decisãobetnacional vitoriaestadualbetnacional vitoria1948. Daquela edição do certame, participaram seis clubes, todosbetnacional vitoriaJoão Pessoa. Por terem terminado o primeiro turno empatados no topo da tabelabetnacional vitoriaclassificação, Botafogo-PB e Auto Esporte-PB fizeram um jogobetnacional vitoriadesempate onde o Autinho venceu o Belo por 4 a 0 e ficou com o título.

Já no segundo turno, melhor para os alvinegros, que ficaram à frente dos rivais e levaram o título. Nos dois jogos da final geral, uma vitória para cada lado, o que acabou culminandobetnacional vitoriaum jogo tira-teima, vencido por 1 a 0 pelo Botafogo-PB, que erguia ali o seu sétimo título estadual.

Para o jornalista, escritor e pesquisador André Resende, o Botauto se potencializou na décadabetnacional vitoria1950, quando, durante cinco anos, Botafogo-PB e Auto Esporte-PB se alternaram na conquista dos títulos estaduais, que à época já eram disputados por equipesbetnacional vitoriaoutras regiões do estado, além da capital.

— Ao meu ver, o estopim da rivalidade aconteceu na décadabetnacional vitoria1950. Entre os anosbetnacional vitoria1953 e 1957, ou seja, durante cinco anos consecutivos, o Campeonato Paraibano teve Botafogo-PB ou Auto Esporte-PB como campeão, muitas vezes os dois decidindo a competiçãobetnacional vitoriafinais. Inclusive, com torneios marcados por suspensãobetnacional vitoriajogos, denúnciasbetnacional vitoriaambas as partes à Federação Paraibanabetnacional vitoriaFutebol e finalbetnacional vitoriaum ano decidida somente no ano seguinte por conta das disputas no tapetão — afirmou.

As décadasbetnacional vitoria60 e 70 serviram para inflamar ainda mais o Botauto, que, para muitos, viveu abetnacional vitoriamelhor época na décadabetnacional vitoria80, quando os times decidiram pela última vez uma ediçãobetnacional vitoriaCampeonato Paraibano. Foibetnacional vitoria1987, quando, assim como na atual edição do certame, o estadual contou com 10 clubes participantes: Auto Esporte-PB, Botafogo-PB, Campinense, Esportebetnacional vitoriaPatos, Guarabira, Nacionalbetnacional vitoriaCabedelo, Nacionalbetnacional vitoriaPatos, Santa Cruzbetnacional vitoriaSanta Rita, Santosbetnacional vitoriaTereré e Treze.

O Botafogo-PB era o atual campeão estadual, chegava forte na briga pelo bicampeonato. Por sinal, o Belo já havia vencido a competiçãobetnacional vitoria1984, numa década bem diferente, na qual o time da capital chegou a vencer o Flamengobetnacional vitoriaZicobetnacional vitoriapleno Maracanã. O técnico botafoguense era Natal, que contava com nomes como Washington Luiz, Washington Lobo e Marco Antônio. Era um grande elenco, favorito ao título, e a campanha no Paraibano se desenrolava para isso.

Enquanto isso, no lado do Auto Esporte-PB, o jejum erabetnacional vitoria29 anos na fila sem conquistar o Campeonato Paraibano. Por isso, um empresário chamado João Máximo chegou ao clube com a missãobetnacional vitoriaencerrarbetnacional vitoriavez esse incômodo tabu. Para o comando do time, foi contratado o gaúcho Vitor Hugo. Além disso, o time tirou do Botafogo-PB os atacantes Porto e Isaías. Chegaram também o goleiro Vino, o lateral Carlito e os meias Zé Carlos, Ivo e Tola. Apenas Adailton, Marcone e Sérgio foram aproveitados do ano anterior.

O resultado da montagembetnacional vitoriaduas ótimas equipes não poderia ser diferente. Naquela temporada, Botafogo-PB e Auto Esporte-PB protagonizaram campanhas arrasadoras. Tanto é que os três turnos do Campeonato Paraibano ficarambetnacional vitoriaJoão Pessoa. No primeiro turno, foi o Belo quem faturoubetnacional vitoriaforma invicta, com o Auto Esporte-PB ficandobetnacional vitoriasegundo. Já no segundo, foi a vezbetnacional vitoriao Macaco Autino se sobressair e, também invicto, ficar com o título.

No terceiro turno, não teve mistério: Auto Esporte-PB e Botafogo-PB dominaram dentrobetnacional vitoriacampo, decidindo num Clássico Botauto, na rodada final, quem ficaria com o título dessa etapa. O triunfo foi do Alvirrubro, que derrotou o Belo por 1 a 0, conquistou aquele turno e ainda levou a vantagem do empate para a grande decisão do campeonato. Protagonista daquela final, Dagoberto, volante e capitão do Alvirrubro naquele ano, revelou as estratégiasbetnacional vitoriatorno daquele Botauto.

— Na véspera daquela decisão, nós simulamos uma contusão. Vitor Hugo me disse para sentir faltando cinco minutos para terminar a atividade. Simulei uma torção no tornozelo. Natal, técnico do Botafogo-PB, tinha uma estratégia montada e teve que mudar para a partida. Dito e feito. No dia do jogo, eu aqueci sozinho, e entrei no campo depois do time. Quando a imprensa me viubetnacional vitoriacampo, foi o maior agito. Resultado: Natal teve que mudar o time no decorrer do jogo. Um barato — relembra.

Quando a bola rolou no Almeidão, o que se via era um verdadeiro show nas arquibancadas. De um lado, as bandeiras alvinegras tremulavam. Do outro, as charangas alvirrubras empurravam o time rumo àbetnacional vitoriaquarta conquista estadual. Para o jornalista André Resende, autor do livro "Diasbetnacional vitoriaBotauto", aquela final foi o último ato faraônico da história do clássico, que, a partir daquele momento, viria a entrarbetnacional vitoriadeclínio.

— É interessante perceberbetnacional vitoriafotos da época, imagens da cobertura da TV, mostradas aliásbetnacional vitoriauma reportagem feita pelo saudoso Ivan Thomaz para TV Cabo Branco, que o Almeidão estava quase dividido entre botafoguenses e automobilistas, uma provabetnacional vitoriaque a rivalidade, a força das duas torcidas, ainda era pujante. Muitos torcedores da época lembram que o diabetnacional vitoriaBotauto no Almeidão era diabetnacional vitoriacasa cheia,betnacional vitoriaAlmeidão coloridobetnacional vitoriaalvirrubro e alvinegro ebetnacional vitoriaduas torcidas que pulsavam o estádio. Podemos dizer que o último grande capítulo do Botauto foi escritobetnacional vitoria1987 — ponderou.

Apesarbetnacional vitorianão ser mais um marco como era nas décadasbetnacional vitoria70 e 80, não se pode dizer que o encontro entre Botafogo-PB e Auto Esporte-PB é um jogo qualquer. Principalmente para quem viveu aqueles momentosbetnacional vitoriapaixão fervorosa ebetnacional vitoriagrande rivalidade, onde a paixão sobrepujava a razão. Mas a verdade é que, a partir da segunda metade da décadabetnacional vitoria90, a chama do Botauto começou a diminuir.

Apesar das crises internas (principalmente na décadabetnacional vitoria2000), o Botafogo-PB se consolidou como a maior força futebolística do estado, quase sempre se colocando como um dos favoritos ao título estadual e disputando recorrentemente competições nacionais. O Auto Esporte-PB, porbetnacional vitoriavez, vivenciou, a partirbetnacional vitoria93, uma queda significativabetnacional vitoriarendimento. O maior exemplo disso é que há 29 anos o Alvirrubro sequer chega à final do estadual, amargando nos últimos anos dolorosos rebaixamentos à 2ª divisão do Campeonato Paraibano.

Essa diferençabetnacional vitoriapatamar foi o que, para o ex-atacante do Belo, Washington Lobo, fez com que torcedores do time passassem a enxergar Treze e Campinense como rivais mais àbetnacional vitoriaaltura que o Auto Esporte-PB.

— A nível estadual, hoje o Botafogo-PB é a equipe mais estruturada. Disputa há quase uma década a terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Participa há nove anos da Copa do Nordeste e recorrentemente representa o estado na Copa do Brasil. O mesmo acontece com os timesbetnacional vitoriaCampina Grande. O Auto Esporte-PB, porbetnacional vitoriavez, oscila muito entre a primeira e a segunda divisão do estadual e há anos não se põe como favorito ao título. A geração mais antiga sempre verá o Auto Esporte-PB como um rival; as novas, nem tanto — afirmou.

Para o ex-presidente, sócio-benemérito e atual conselheiro do Botafogo-PB, Raimundo Nóbrega, o processobetnacional vitoriadeclínio do Botauto teve início exatamentebetnacional vitoria1987, curiosamente o ano que muitos consideram como o ápice da rivalidade entre os clubes pessoenses. O motivo, para o ex-dirigente, foi a criação do famoso Clube dos 13, uma organização fundada para defender os interesses políticos e comerciais dos 13 clubesbetnacional vitoriamelhor posição no ranking da CBF naquele momento.

— No fim dos anos 80, épocabetnacional vitoriaque o Campeonato Brasileiro era disputado por quase 100 times, os principais clubes do Brasil criaram o famigerado Grupo dos 13, que se uniu à CBF para fazer uma reforma no futebol brasileiro, nefasta a clubesbetnacional vitoriamédio e pequeno porte. Decidiram que o Campeonato Brasileiro teria 20 times na Série A e 20 times na Série B. Isso tirou nossos times paraibanos do Campeonato Brasileiro. Como consequência, aquibetnacional vitoriaJoão Pessoa, houve o afastamento imediato da torcida dos estádios — opinou Raimundo.

— A consequência imediata foi o desinteresse do torcedor por Botafogo-PB e Auto Esporte-PB. Não se falava maisbetnacional vitoriarivalidade no Botauto. Aliado a isso tudo,betnacional vitoriaparalelo, tínhamos uma Federaçãobetnacional vitoriaFutebol mal administrada. Com o passar dos anos, o Belo conseguiu se recuperar, o que, infelizmente, não aconteceu com o rival — completou.

Quase cinco anos se passaram desde aquele dia 19betnacional vitoriamarçobetnacional vitoria2017, quando Botafogo-PB e Auto Esporte-PB se enfrentaram pela última vezbetnacional vitoriauma partidabetnacional vitoriaCampeonato Paraibano. Naquela ocasião, o Belo bateu o rival por 3 a 0 e seguiu firme na caminhada que meses depois lhe daria o primeiro dos três títulos estaduais conquistadosbetnacional vitoriasequência no fim da última década.

Naquele ano, o Auto Esporte-PB fez uma campanha satisfatória e terminou o certame na quinta posição, com 25 pontos conquistados. No ano seguinte, infelizmente, uma grave crise financeira assolou o Alvirrubro, que não resistiu e foi rebaixado à 2 diªvisão, retornando apenasbetnacional vitoria2021, quando foi terceiro colocado.

Nesta quarta-feira, às 20h15, o capítulobetnacional vitorianúmero 321 da octagenária rivalidade será escrito no gramado do Almeidão, palco que se confunde com a história do Botauto. O Botafogo-PB chega num momento melhor que o rival para o jogo, uma vez que estábetnacional vitoriasituação confortável na Copa do Nordeste e,betnacional vitoriacasobetnacional vitoriavitória, seguirá vivo na luta pela liderança do Grupo A do Paraibano. O Auto Esporte-PB, porbetnacional vitoriavez, venceu apenas um dos três jogos realizados até o momento e espera quebrar um tabubetnacional vitoriaquase oito anos sem vencer o Belo para seguir vivo no sonho da classificação à próxima fase do estadual.