As finanças do Náuticoslot que pagam2021: nebuloso, endividado e pouco competitivo, o clube alvirrubro parou no tempo

Dívidas passam dos R$ 160 milhões e são oito vezes maiores do que a arrecadação anual. Crise é evidente, apesar da faltaslot que pagamtransparência, que impede torcida e mercadoslot que pagamver detalhes

Por Rodrigo Capelo


Crise e Náutico são duas palavras que andam juntas há tempo demais no noticiário. Por vezes, ela chega acompanhada apenas do resultado ruim num clássico ou por causaslot que pagamprolongada má faseslot que pagamcampo. Não são raros os casosslot que pagamque a crise envolve também o dinheiro.

Qual é o tamanho da crise financeira? Neste texto, parte da série anual sobre as finanças do futebol brasileiro, o ge passa pelos números das demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2021, para dimensionar o problema ao torcedor. Ou pelo menos tentar.

No caso alvirrubro, esse detalhamento é prejudicado pela faltaslot que pagamtransparência. O documento publicado pelo clube se restringiu a duas páginas – uma com o balanço patrimonial, que detalha ativos e passivos, e outra com a demonstraçãoslot que pagamresultados, com receitas e despesas.

Não foram publicados o parecer da auditoria externa, nem as notas explicativas, necessárias para que se entendam os números. A obscuridade prejudica o torcedor, impedidoslot que pagamcompreender a situação do clube para o qual torce, e arranha a imagem da instituição.

As finanças do Náutico — Foto: Infoesporte

slot que pagam Panorama

A comparação mais básica trataslot que pagamfaturamento (tudo o que foi arrecadadoslot que pagamcada ano) e endividamento (o que havia a pagar no último diaslot que pagamcada exercício). Geralmente, espera-se que esses dois números estejam razoavelmente equilibrados. Um para um, dois para um.

No caso do Náutico, a dívida representa maisslot que pagamoito vezes a arrecadação anual. Não é possível ter segurançaslot que pagamque o endividamento se limita a isso, por causa da pobreza das demonstrações contábeis. Uma auditoria externa bem executada poderia apontar um problema ainda maior.

Fosse empresa comum, o clube já teria fechado as portas há muito tempo, com um processoslot que pagamfalência exigido por seus credores. Sendo associação civil sem fins lucrativos, na qual a insolvência não funciona para quem tem dinheiro a receber, a situação vai sendo empurrada.

A relação entre receitas e dívidas do Náutico
Fonte: Balanços financeiros

slot que pagam Receitas

O Náutico tem um faturamento próximo a R$ 20 milhões anuais. Esse número oscila abaixo disso há muito tempo – precisamente, desde 2013, último anoslot que pagamque disputou o Campeonato Brasileiro. Não importam as fases, melhores ou piores, o clube está estável nesse patamar.

E esse é o máximo que se pode dizer sobre a arrecadação. Por mais que este seja o dado mais básico para qualquer clubeslot que pagamfutebol, o balanço publicado pela diretoria alvirrubra não detalha a receita.

O máximo que se pode deduzir, com baseslot que pagaminformações públicas, é que direitosslot que pagamtransmissão da Série B devem contribuir com cercaslot que pagamR$ 8 milhões. Se o Náutico for rebaixado para a Série C, essa entrada praticamente zera. A equipe está atualmente na zonaslot que pagamrebaixamento.

O perfil do faturamento do Náuticoslot que pagam2021
Fonte: Balanços financeiros

slot que pagam Orçado versus realizado

Em todos os textos sobre as finanças, o ge faz a comparação entre orçamento e demonstrações contábeis. A ideia é colocarslot que pagamparalelo as projeções feitas pelos dirigentes e os resultados obtidos por eles depoisslot que pagamum ano. Neste caso, não será possível. O clube não publica orçamento.

slot que pagam Dívidas

A leitura das finanças melhora um poucoslot que pagamrelação ao endividamento por causa da estrutura do balanço: mesmo sem nenhum detalhe, a contabilidade divide as obrigaçõesslot que pagamacordo com o prazo para vencimento na única página que o Náutico publicou.

É possível notar que, dos R$ 165 milhões devidos no total, a maior parte está classificada no longo prazo. São pagamentos que precisarão ser feitos pela entidadeslot que pagamperíodo superior a um ano.

Esses valores correspondem a provisões para riscos trabalhistas, cíveis e tributários. Em português claro: são ações judiciais movidas por credoresslot que pagamtodos os tipos, desde pessoas físicas e jurídicas até o governo.

O perfil do endividamento do Náutico por vencimento
Fonte: Balanços financeiros

Dívidasslot que pagamcurto prazo são aquelas que precisarão ser pagasslot que pagammenosslot que pagamum ano. Significa que o Náutico precisará desembolsar R$ 15 milhões. Neste caso, há empréstimos bancários, contasslot que pagamfornecedores e obrigações correntes (que dizem respeito ao presente), como salários e encargos trabalhistasslot que pagamdezembroslot que pagam2021, que seriam pagosslot que pagam2022.

O que a auditoria externa diz sobre essas dívidas? Quais são as instituições financeiras que emprestaram dinheiro ao clube? Com quais prazos e taxasslot que pagamjuros? Qual é a situaçãoslot que pagamparcelamentos fiscais? Quais são os detalhes das ações judiciais movidas contra o clube? São muitas as perguntas que ficam sem respostas devido à faltaslot que pagamtransparência.

O perfil do endividamento do Náutico por tiposlot que pagam2021
Fonte: Balanços financeiros

slot que pagam Futuro

Por mais que a nebulosidadeslot que pagamsua administração atrapalhe a visão da torcida e do mercado, não há dúvida: o Náutico estáslot que pagamcrise. Nenhum clube consegue dever tanto e arrecadar tão pouco, sem que se sinta no dia a dia os efeitos práticos da desordem financeira.

Os motivos para preocupação vão muito além da atual temporada. Pode-se escapar da zonaslot que pagamrebaixamento para a Série C desta vez. Não muda o cenário no qual o clube pernambucano está inserido, cada vez mais complicado, por causa da concorrência que o ameaça.

Três anos atrás, o Bragantino era um clubeslot que pagamporte financeiro similar ao do Náutico –slot que pagamtermosslot que pagamreceitas, claro, pois suas dívidas não eram tão altas. Eram concorrentes na Série B. Hoje, com o clube-empresa e o investimento externo ao futebol, o Red Bull subiu e empurrou para baixo adversários com dinheiro, como Bahia, Cruzeiro, Grêmio e Vasco.

Rivais estão se mexendo. Alguns entramslot que pagamprocessosslot que pagamrecuperação judicial ou Regime Centralizadoslot que pagamExecuções, para reorganizar dívidas e obter descontos. Outros estão atrásslot que pagaminvestidores, para acelerar o crescimento das empresas que gerem o futebol.

Todos esses movimentos precisam ser percebidos. O Náutico não luta apenas pela própria sobrevivência, afundadoslot que pagamproblemas financeiros e administrativos. Há também uma concorrência que tende a aumentar, à medida que o mercado se arruma via clube-empresa e/ou liga.

O que está sendo feito por um futuro prospero? Estudosslot que pagamviabilidade para a criaçãoslot que pagamuma SAF são um começo, mas não bastam. Há possibilidadeslot que pagamrenegociar dívidas judicialmente? A diretoria tem modernizado seus controles internos? Quando um mínimoslot que pagamtransparência e confiabilidade será garantido ao seu balanço?

O Náutico pode ter parado no tempo e sobrevivido todo esse tempo na Série B, crise atrásslot que pagamcrise, apesar das promessas e esforçosslot que pagamvárias administrações. Mas o tempo não parou e pode ser perverso.