Além da pressão por errarem os pênaltis que valeram a vitória da Itália sobre a Inglaterra na final da Eurocopa, neste domingo, os atacantes britânicos Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka ainda tiveram que lidar com abusos racistas nas redes sociais após a derrota da seleção inglesa. Engajados na promoção do antirracismo na Fórmula 1, Lewis Hamilton eequipe, a Mercedes, se manifestaram sobre os ataques sofridos pelo trio, e repudiaram o ocorrido.
Único piloto negro da Fórmula 1, Hamilton fez uma breve postagemsuas redes sociais considerando as ensas racistas como "inaceitáveis", antespublicar um texto no qual confessapreocupação diante da pressão sofrida por atletas que representam minoriasmomentosgrande tensão.
- Tanta coisa estava passando pela minha mente enquanto eu assistia aos momentos finais da partida na noite passada. Por um lado, eu estava tão orgulhosoquão longe chegamos... estar na final e com uma equipe tão diversa é uma grande conquista da qual todos devemos estar orgulhosos, mas quando os jogadores se prepararam para marcar os pênaltis, fiquei preocupado. A pressão para entregar é sentida por todos os esportistas, mas quando você é uma minoria representando seu país, esta é uma experiênciacamadas. O sucesso pareceria uma vitória dupla, mas uma falha parece um fracasso duplo quando combinado com o abuso racista - escreveu o heptacampeão.
Rashford,23 anos, Sancho,21 e Saka,19, foram os últimos a cobrarem os pênaltis a favor da Inglaterra - embora Sancho, recém-transferido do Borussia Dortmund para o Manchester United, tenha cobrado apenas três pênaltis emcarreira e Saka, nenhum. Junto com o companheirotime, Rashford, o britânico entroucampo contra a Itália apenas nos segundos finais da prorrogação.
Hamilton, que também é britânico e já relatou sobre suas experiênciasdiscriminação no país, fez o alerta para a necessidadese promover uma real inclusão racial e elogiou, por fim, o desempenho da seleção inglesa na Eurocopa.
- Eu queria tanto aquela vitória como todos vocês, mas para mim foi muito mais do que ganhar a Euro, foi um quadro muito maior. O comportamento nojentopoucos mostra quanto trabalho ainda precisa ser feito. Espero que isso abra uma conversa sobre aceitação. Devemos trabalharproluma sociedade que não exija que os jogadores negros provem seu valor ou posição na sociedade apenas por meio da vitória. Em última análise, todos na seleção da Inglaterra deveriam estar muito orgulhosossuas conquistas ecomo nos representaram - completou o piloto da Mercedes.
A Mercedes ambém utilizou as redes para prestar apoio aos três atacantes e condenar os ataques racistas. Em 2020, a equipeHamilton trocou o tradicional prata dos seus carros pelo pretoalusão ao combate ao racismo e, desde então, tem apoiado o pilotoseus esforços pela promoçãodiversidade dentro e fora das pistas.
- Estamos ao lado da Football Association e a Inglaterra. O racismo e a discriminação não têm lugar no esporte ounossa sociedade. No ano passado, vimos o poder do esporte como uma força do bem e continuaremos a trabalhar para construir um esporte mais diversificado e inclusivo no futuro - publicou a heptacampeãconstrutores.
A equipe anunciou,abril deste ano, uma parceria com a organização britânica AFBE-UK, que busca promover a inserçãopessoas negras e racializadas na engenharia. A novidade faz parte dos esforços da equipe pelo projeto "Accelerate 25", que visa aumentar seu númerofuncionáriosminorias étnicas3% para 25% até 2025.
Lewis Hamilton divulgou também que vai revelar, nesta terça-feira, os resultados das análises dirigidas pela Comissão Hamilton, criada por ele no ano2020parceria com a Real Academia BritânicaEngenharia para identificar barreiras no acessopessoas racializadas no automobilismo, e propor alternativas. O co-fundador da AFBE-UK, Nike Folayan, é um dos membros da comissão.