Por Rafael Lopes

Comentaristacopa 2030automobilismo do Grupo Globo

Ferrari 2023: novo ano, novo chefe, novo carro. E os velhos problemas

SF-23 sofre com o desgaste excessivo dos pneus e a confiabilidade no carrocopa 2030Charles Leclerc

Voando Baixo — Riocopa 2030Janeiro


Sempre digo que no automobilismo o que temos mais próximocopa 2030uma relaçãocopa 2030torcedor com seu timecopa 2030futebol é a relação dos tifosi com a Ferrari. Para o bem e para o mal. A festa pelas vitórias é sempre maior, mas as crises ocasionadas pelas derrotas também são muito amplificadas. Ainda mais quando a equipe italiana, a mais tradicional da Fórmula 1, vive o segundo maior jejumcopa 2030sua história na categoria: já são 15 anos sem um título do Mundialcopa 2030Construtores - últimocopa 20302008 - e 16 sem umcopa 2030pilotos - o finlandês Kimi Raikkonencopa 20302007. Período que só perde para o notório intervalocopa 203021 anos entre as conquistas do sul-africano Jody Schecktercopa 20301979 e do alemão Michael Schumachercopa 20302000.

O carrocopa 2030Charles Leclerc após o abandono na 39ª volta do GP do Bahrein com problemas emcopa 2030Ferrari — Foto: Eric Alonso/Getty Images

O jejum atual é bastante doloroso para o torcedor ferrarista. A equipe italiana se especializoucopa 2030dar esperanças aos fãs e conseguir estragar tudocopa 2030maneiras sempre inacreditáveis. Falhas crassascopa 2030estratégia, pit stops desastrados, desenvolvimento ineficiente dos carros, erroscopa 2030seus pilotos dentro da pista. Tudo isso aconteceu pelo menos uma vez com a Ferrari nos últimos 16 anos. Por causa disso, a posição do italiano Mattia Binotto como chefecopa 2030equipe ficou insustentável após o fiasco da temporada passada. Conhecido por ser o responsável pelos motores na sequênciacopa 2030títuloscopa 2030Michael Schumacher entre 2000 e 2004, o engenheiro sempre foi reconhecido pela extrema capacidade técnica. Mascopa 2030escolha para assumir a chefia da equipe,copa 20302019, se mostrou um completo equívoco. O que Binotto tinhacopa 2030capacidade técnica não tinha para gerir pessoas. Após três anos, a Ferrari resolveu demitir o engenheiro e trazer alguémcopa 2030fora para reestruturar a equipe.

O nome escolhido foi o do francês Frédéric Vasseur, ex-chefe da Alfa Romeo na Fórmula 1, mas mais conhecido pelo belo trabalho no períodocopa 2030dominância da ART Grand Prix nas categoriascopa 2030base. Outro ponto a favor: o dirigente trabalhou com a grande estrela da Ferrari atualmente, o monegasco Charles Leclerc, na ART e na Alfa Romeo. O novo chefe começou a reestruturação pela parte que deixou mais a desejar nos últimos anos na equipe: a estratégia. Mandou o espanhol Iñaki Ruedacopa 2030volta para a fábrica e efetivou o inglês com ascendência indiana Ravin Jain, ex-engenheirocopa 2030corridas. Outro ponto trabalhado foram os pit stops, que funcionaram muito bem no GP do Bahrein, por sinal.

Charles Leclerc volta aos boxes o após abandonar o GP do Bahrein na 39ª volta com problemas emcopa 2030Ferrari — Foto: Michael Potts/BSR Agency/Getty Images

Se a parte administrativa da equipe já deu mostrascopa 2030avanço na primeira corrida, não dá para dizer o mesmo do SF-23, monoposto da Ferrari para a temporada 2023. A equipe italiana começou 2022 com o melhor carro do grid, fazendo boas corridas. Mas uma sériecopa 2030problemas acabou minando a luta pelo título da equipe italiana. Além dos erroscopa 2030estratégia e nos pit stops, o carro tinha um sério problema com o desgaste excessivo dos pneus, além, é claro, da faltacopa 2030confiabilidade - foram inúmeras quebras no ano passado. Com isso tudo, a RBR minimizou os danos nas primeiras corridas, enquanto não tinha o melhor carro, e dominou o campeonato quando o trabalhocopa 2030Adrian Newey, o mago da aerodinâmica, deu uma vantagem confortável dentro da pista.

A expectativa era que os problemas enfrentados no ano passado fossem mitigados no projeto para 2023. Não foi o que aconteceu. Pelo que vimos nos testescopa 2030pré-temporada e na primeira corrida do ano, ambos no Circuito Internacional do Bahrein, as falhas continuam lá. Pior, contra uma Red Bull ainda mais forte e mais rápida que no ano passado. O SF-23 segue com os problemas graves do antecessor. Conhecido por seu estilo suave e gentil com os pneus (lembram do smooth operator?), Carlos Sainz tevecopa 2030tirar o pé na parte final da corrida por causa do desgaste excessivo. Com Charles Leclerc foi ainda pior: a Ferrari tevecopa 2030trocar o controle eletrônico e as baterias antes mesmo da primeira corrida do ano. Mesmo assim, ele tevecopa 2030abandonar na 39ª volta na terceira posição com problemas elétricos na unidadecopa 2030potência. Tudo isso logo na abertura do campeonato. E para piorar, a Aston Martin chegou para a briga e enfrentou a Ferraricopa 2030igual para igualcopa 2030ritmocopa 2030corrida.

Carlos Sainz chegou na quarta posição do GP do Bahrein, mas sofreu com o desgaste excessivo dos pneus — Foto: Ferrari

Em ritmocopa 2030classificação, a Ferrari até demonstrou capacidadecopa 2030enfrentar a Red Bull. Mas na corrida a diferença ficou entre meio e um segundo por volta. É verdade que a velocidadecopa 2030reta, um dos pontos fracos do carro do ano passado, melhoroucopa 20302023. Mas o consumo excessivo dos pneus piorou. O planocopa 2030Vasseur é trazer atualizaçõescopa 2030forma contínua,copa 2030acordo com o cronograma planejado antes da temporada. O problema é que,copa 20302022 para 2023, a RBR aumentou quase meio segundo a vantagem estimadacopa 2030relação à Ferrari. Tudo porque o RB19 funciona melhorcopa 2030curvascopa 2030baixa e média velocidade. Os carros vermelhos só andam bem nas retas e nas curvascopa 2030alta.

Se há uma notícia boa para a Ferrari é que as peças levadas para o Bahrein tiveram a correlação perfeita após serem testadas no túnelcopa 2030vento e na pista. Isso pode adiantar a recuperação da equipe italiana. O problema é que as falhas continuam lá e não parecem sercopa 2030fácil resolução. Para completar, a montanha para chegar na Red Bull ficou ainda mais íngreme. Tudo isso com Aston Martin e Mercedes nos seus calcanhares. Se estamoscopa 2030um novo ano e a Ferrari tem um novo chefe que promoveu mudanças internas, os problemas continuam os mesmos. Após uma corrida, a Ferrari já estácopa 2030crise novamente. E Vasseur já encontrou seu primeiro abacaxi para descascar na equipe italiana.

O carrocopa 2030Charles Leclerc após o abandono na 39ª volta do GP do Bahrein — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images
Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoriacopa 2030Arte/GloboEsporte.com