Por Rafael Lopes

Comentaristaaposte on lineautomobilismo do Grupo Globo

Ciclo da F1: polêmica Piastri-Alpine repete situaçãoaposte on line18 anos atrás

Em 2004, Jenson Button assinou contrato com a Williams ainda com compromissoaposte on linevigor com a BAR. No fim, teveaposte on linepagar uma multa pesada após avaliação da comissãoaposte on linecontratos da FIA

Voando Baixo — Montevidéu, Uruguai


Normalmente uma época tranquila na Fórmula 1, a pausa para as fériasaposte on lineverão da categoria começou diferenteaposte on line2022. Tudo por causa do comboaposte on lineanúncios bombásticos ocorridos no fimaposte on linesemana do GP da Hungria. Primeiro, a inesperada aposentadoriaaposte on lineSebastian Vettel, que deixará o esporte no fim do ano. Depois, a contrataçãoaposte on lineFernando Alonso para ser o primeiro piloto da Aston Martin a partiraposte on line2023, pegando a Alpineaposte on linesurpresa. E, por último, o anúncio da equipe francesa da efetivação do reserva Oscar Piastri, negado menosaposte on lineduas horas depois pelo próprio australianoaposte on linenota oficial nas redes sociais,aposte on linecena inédita na F1.

Fernando Alonso iniciou toda a confusão quando fechou contratoaposte on linedois anos com a Aston Martin — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

Para entender o caso Piastri-Alpine, um breve resumo: a equipe francesa tinha o australiano sob dois contratos. Um deles era o da academiaaposte on linepilotos,aposte on lineadministraçãoaposte on linecarreira, que obrigava o time a conseguir uma vagaaposte on linetitular para 2023 - com prazo limite para isso no dia 31aposte on linejulho. O outro é o compromissoaposte on linereserva/pilotoaposte on linetestes, que obrigava a Alpine a colocar Piastri no carro sempre que um dos titulares estivesse impossibilitado. Foi neste segundo documento que o time apoiouaposte on linedecisãoaposte on lineanunciar o australiano para 2023. Algo que o piloto e Mark Webber, seu empresário, discordam. E resolveram brigar judicialmente.

O jovem Oscar Piastri tem como empresário o ex-piloto australiano Mark Webber — Foto: Robert Cianflone/Getty Images

Como disse, a aposentadoriaaposte on lineVettel mudou completamente o cenário. No inícioaposte on linejulho, a Alpine estava decidida a renovar o contratoaposte on lineAlonso por mais um ano. O espanhol queria no mínimo dois, mas estava inclinado a aceitar o acordo por faltaaposte on lineopções na F1. A equipe, poraposte on linevez, negociava com a Williams para encaixar Piastri como titularaposte on line2023. Insatisfeito com a situaçãoaposte on lineseu piloto, Webber abriu negociações com a McLaren, visando uma vagaaposte on linereserva no próximo ano eaposte on linetitularaposte on line2024, quando o contratoaposte on lineDaniel Ricciardo enfim expirasse. A saída do tetracampeão acabou sendo o gatilho para que tudo mudar rapidamente.

Oscar Piastri participou do testeaposte on linejovens pilotos da Fórmula 1 pela Alpineaposte on linedezembroaposte on line2021 — Foto: Hasan Bratic/DeFodi Images via Getty Images

Precisandoaposte on lineum piloto com o perfilaposte on lineFernando Alonso, Lawrence Stroll, dono da Aston Martin, se acertou com o espanhol rapidamente na Hungria. E combinaramaposte on lineanunciar o compromisso apenas na segunda-feira, dia 1ºaposte on lineagosto, um dia após o deadline do contratoaposte on linePiastri. A intenção? Atrapalhar a vidaaposte on lineum desafetoaposte on linecomum: Otmar Szafnauer, ex-chefe da Aston e atual comandante da Alpine. Objetivo alcançado. Ele ficou sem Alonso e sem Piastriaposte on lineuma tacada só. E tudo isso complicou a vidaaposte on lineRicciardo na McLaren, que parecia estar tranquila. A confusão forçou a equipe inglesa a antecipar os planos e contar com Piastri como titular já no próximo ano. Acredita-se que o timeaposte on lineZak Brown pagará a multa contratual do australiano, que deverá ficar sem vaga. E ele pode acabar sendo a solução para a Alpineaposte on line2023.

Zak Brown ofereceu um contrato para Oscar Piastri se juntar à McLaren jáaposte on line2023 — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

Em suma: um festivalaposte on lineamadorismo da Alpine, que ficou sem o ídolo veterano e a revelação na qual investiu durante anosaposte on lineuma tacada só. Situação gerida desastrosamente. A esperança da equipe francesaaposte on linerelação a Piastri é a Comissãoaposte on lineReconhecimentoaposte on lineContratos (Contract Recognition Board) da Federação Internacionalaposte on lineAutomobilismo (FIA) impugnar o compromisso com a McLaren. Mas o órgão já deu sinaisaposte on lineque aprovará a mudança do jovem para o time inglês. Um desastre.

Daniel Ricciardo festeja com Zak Brown a única vitória da McLaren sob o comando do americano, na Itáliaaposte on line2021 — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images

aposte on line Button x BAR x Williams

Jenson Button se envolveuaposte on lineconfusão contratual com a Williams e a BARaposte on line2004 — Foto: Clive Rose/Getty Images

Quando vi toda essa confusão na última terça-feira, lembrei na horaaposte on lineum outro imbróglio, ocorrido há exatamente 18 anos. No dia 5aposte on lineagostoaposte on line2004, o então prodígio Jenson Button foi anunciado como piloto da Williams para 2005. Até aí, tudo tranquilo, não é? O problema é que ele tinha um contratoaposte on linevigor com a BAR, da qual já era titular. E o time alegou que o jovem inglês não poderia ter assinado um compromisso com outro na Fórmula 1. Iniciava-se aí uma enorme batalha jurídica.

Jenson Buttonaposte on lineseu anoaposte on lineestreia na Fórmula 1,aposte on line2000, pela Williams-BMW — Foto: Andreas Rentz/Bongarts/Getty Images

Button era considerado o prodígio da vez na Fórmula 1. Iniciouaposte on linecarreiraaposte on line2000 pela Williams e, após um ano, foi para a Benetton, que virou Renaultaposte on line2002. A BAR contratou o inglêsaposte on line2003. No ano seguinte, a equipe melhorou seu desempenho e,aposte on linealguns momentos da temporada, só tinha um carro pior que o da Ferrari campeã com Michael Schumacher. Mas com a evolução da parceria com a BMW, a Williams voltou a ser atrativa. E Button assinou por com o time para substituir o colombiano Juan Pablo Montoya, que iria para a McLaren.

Jenson Button ficou dois anos na Benetton/Renault antesaposte on lineser contratado pela BAR — Foto: Clive Mason/ALLSPORT

Começava aí a confusão. A BAR contestou o acordoaposte on lineButton com a Williams imediatamente. A alegação: havia uma opçãoaposte on linerenovação no contrato do inglês para a equipe, que não conseguiu exercê-la. Os empresários do piloto inglês, poraposte on linevez, usaram uma cláusulaaposte on linesaída vinculada ao acordo da BAR com a Honda. Se o time corresse riscoaposte on lineperder os motores japoneses, Button estaria livre. Segundo seus advogados, o novo compromisso entre BAR e Honda não seria definitivo.

Jenson Button conseguiu bons resultados com a BARaposte on line2004, mas tentou sair para a Williams — Foto: Paul Gilham/Getty Images

Quem resolveu a questão foi a Comissãoaposte on lineReconhecimentoaposte on lineContratos (Contract Recognition Board) da FIA. Após inúmeras audiências, a decisão saiuaposte on line20aposte on lineoutubro: Button teveaposte on lineficar na BAR e pagar uma multaaposte on line£20 milhões à Williams a títuloaposte on lineressarcimento. O piloto rompeu com John Byfield, seu empresário e chamou o amigo Richard Goodard para gerenciaraposte on linecarreira. Ele ficouaposte on lineterceiro no campeonatoaposte on line2004 e no ano seguinte terminaria à frente da dupla da Williams, formada pelo australiano Mark Webber e pelo alemão Nick Heidfeld.

Já com a Honda, Jenson Button venceuaposte on lineprimeira corrida na Fórmula 1aposte on line2006, na Hungria — Foto: Clive Mason/Getty Images

O resto da históriaaposte on lineButton todo mundo conhece: ele ficou na BAR/Honda até 2008, conseguiuaposte on lineprimeira vitória na Hungriaaposte on line2006 e acabaria se tornando o campeão mais improvável da história da Fórmula 1aposte on line2009, quando a montadora japonesa saiu da F1 e Ross Brawn salvou a estrutura batizando-aaposte on lineBrawn GP. Emaposte on lineúnica temporada na categoria, a equipe levou o títuloaposte on linepilotos e oaposte on lineconstrutores. O dirigente inglês venderia o time para a Mercedes, que voltou à Fórmula 1aposte on line2010, no fim daquele ano. E a marca alemã iniciou um domínio sem precedentesaposte on lineoito anos com a era híbrida,aposte on line2014.

Em 2009, Jenson Button acabaria sendo campeão do mundo na única temporada da Brawn GP na Fórmula 1 — Foto: Martin Rickett/PA Images via Getty Images
Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoriaaposte on lineArte/GloboEsporte.com