A Fórmula 1 nunca foi uma categoria reconhecida por ter preocupações sociais no mundo. Vale lembrar que, nos anos 1960, 70 e 80, ela correu sem problemas na África do Sul do terrível regime do Apartheid, que segregava os negros. Foram no total 21 GPsbet campeao copa do mundoKyalami nesse período, encerrado somentebet campeao copa do mundo1985, quando a Ligier e a Renault, pressionadas pelo governobet campeao copa do mundoFrançois Mitterrand, boicotaram a corrida, que aconteceu normalmente. Mas a repercussão negativa perante à opinião pública e os protestos das outras equipes provocaram a saída da F1 do país africano.
Só que os tempos são outros. Em 1985, por exemplo, a Federação Internacionalbet campeao copa do mundoAutomobilismo (FIA) era comandada pelo francês Jean-Marie Balestre, ex-soldado da SS (organização paramilitar ligada ao governo nazistabet campeao copa do mundoAdolf Hitler na Alemanha) e a Associação dos Construtores da Fórmula 1 (Foca), por Bernie Ecclestone, que sempre foi reconhecido pelos interesses financeiros. Atualmente, a categoria nascida na Inglaterra pertence à americana Liberty Media, e as equipes são, embet campeao copa do mundomaioria, europeias. Ou seja: os países que formam o núcleo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Tudo isso ajuda a entender a resposta da F1 à polêmica invasão da Ucrânia pela Rússia.
Como era esperado, as consequências da crise política explodiram na Fórmula 1 na manhã desta quinta-feira nos testesbet campeao copa do mundopré-temporadabet campeao copa do mundoBarcelona, na Espanha. Afinal, a categoria corre na Rússia desde 2014: foram 8 GPs no circuito montado no Parque Olímpicobet campeao copa do mundoSochi. E, além disso, desde o ano passado a Haas recebe um forte aporte financeiro do empresário Dmitry Mazepin, magnata do ramobet campeao copa do mundofertilizantes, dono da Uralchem e da Uralkali, e figura muito influente na oligarquia que sustenta o governobet campeao copa do mundoVladimir Putinbet campeao copa do mundoseu país desde 2000. A equipe americana, inclusive, corre com as cores da bandeira russa embet campeao copa do mundopintura e tem Nikita Mazepin, filhobet campeao copa do mundoDmitry, como titular desde 2021. Nem mesmo uma acusação (documentadabet campeao copa do mundovídeo, publicado pelo próprio russo no Instagram)bet campeao copa do mundoassédio no fimbet campeao copa do mundo2020 foi capazbet campeao copa do mundotirar o piloto, mesmo sob muitos protestos dos fãs da categoria nas mídias sociais.
Provocada, a Fórmula 1 soltou um comunicado evasivo, dizendo que estão "monitorando a situação" e que "não comentarão a situação do GP da Rússia neste momento". A corrida, marcada para 25bet campeao copa do mundosetembro, é logisticamente estratégica, já que faz partebet campeao copa do mundouma sequênciabet campeao copa do mundo3 GPsbet campeao copa do mundo3 semanas: Sochi-Singapura-Japão. Rumores já dão conta da entrada da Turquia como substituta. Apesar da evasiva da categoria, uma reunião do comitêbet campeao copa do mundocrise foi marcada para a noite desta quinta-feirabet campeao copa do mundoBarcelona, com representantes da Liberty ebet campeao copa do mundotodas as equipes. Dificilmente a corridabet campeao copa do mundoSochi será mantida. O anúncio não deve demorar, já que a repercussão da crise internacional foi maior do que a própria F1 esperava. E aqui é aquele choquebet campeao copa do mundorealidade: no mundo não existe bem contra o mal. E a preocupação está longebet campeao copa do mundoser humanitária: é meramente quanto ao danobet campeao copa do mundoimagem que a manutenção da corrida poderia causar. E, claro, a perdas financeiras futuras. Negócios, sempre.
Só que esta situação é o limite da política do cash is king, um dos pilares históricos da Fórmula 1. Outros tempos. A Rússia paga muito para receber a categoria, sustenta uma equipe, mas o dano à imagem não vale o dinheiro perdidobet campeao copa do mundoum primeiro momento. Presidente da Associação dos Pilotos (GPDA), Sebastian Vettel se posicionou duramente contra a corrida: "Não vou. É errado correr no país". Max Verstappen, atual campeão, e Fernando Alonso, bibet campeao copa do mundo2005 e 2006, não foram tão incisivos, mas demonstraram incômodo com a situação. Boa parte dos chefesbet campeao copa do mundoequipe também foi perguntada sobre a crise. Eles lamentaram pelo lado humanitário, mas não se posicionaram claramente sobre a situação. Nenhuma surpresa aqui também, convenhamos.
Só que a situação é muito complexa. E envolve a Haas, que teve no dinheirobet campeao copa do mundoDmitry Mazepin a salvação para continuar na Fórmula 1bet campeao copa do mundo2021. As sanções econômicas anunciadas pelos Estados Unidos e por vários países da Europa podem inviabilizar a continuidade do patrocínio ao time. Isso sem falar, claro, no incômodo que um carro pintado com as cores da bandeira russa pode causar à categoriabet campeao copa do mundoum cenário internacional como este. O grande problema aí é econômico: a saída da UralKalibet campeao copa do mundoMazepin pode significar o fim da equipe americana na F1, já que ela depende deste dinheiro para fechar seu orçamento. A solução seria arrumar alguém com uma verba parecida para ocupar o lugarbet campeao copa do mundoNikita Mazepin, que está lá, obviamente, apenas por seus laços familiares. Um cenário que complicaria a vida do brasileiro Pietro Fittipaldi, reserva do time, mas que não tem patrocínios suficientes para ocupar uma das vagas. Ele teriabet campeao copa do mundoir ao mercado para tentar levantar uma verba muito grande. Com o câmbio alto, dificilmente empresas do Brasil se arriscariam. Como consequência, a Haas anunciou na tarde desta quinta que vai andar nesta sexta com uma pintura totalmente branca, sem as cores da bandeira russa. Mas ainda não anunciou o fim do patrocínio.
E ainda temos uma última questão quanto ao GP da Rússia. A corrida só entrou na Fórmula 1 graças à influência diretabet campeao copa do mundoBernie Ecclestone, na época o chefe comercial da categoria. Ele negociou diretamente com Vladimir Putin, seu amigo pessoal, e é membro oculto da organização da corrida até hoje. Tanto é que, mesmo escanteado pela Liberty Media, o antigo chefão apareceubet campeao copa do mundopouquíssimas corridas da F1: todas elasbet campeao copa do mundoSochi. Ecclestone, vale lembrar, foi o principal avalista da campanha bem-sucedida do emiradense Mohammed ben Sulayem à presidência da FIA e, com isso, passou a ter uma enorme influência no comando da entidade.
Complexo? Muito. Mais uma importante lição para quem acha que esporte e política não se misturam. No caso do automobilismo, especialmente da Fórmula 1, mais ainda. Várias questões entram na equação, da geopolítica ao lado empresarial. Antigamente, a categoria davabet campeao copa do mundoombros. Só que agora, principalmente com as mídias sociais no centro do debate,bet campeao copa do mundouma era megaconectada, a opinião do fã ganhou importância. Além, claro, da manutenção da imagem. Não se enganem: a política do cash is king segue viva. Mas recebeu algumas limitações.