Entenda como o Vasco suspendeu a execuçãom casadeapostaR$ 93,5 milhões e o plano para pagar a dívida trabalhista

Ação no TST ajudou a pavimentar caminho para cancelar regimem casadeapostaexecução forçada. Clube faz cálculos para apresentar plano que destinará 20%m casadeapostareceita para quitar débitos

Por Hector Werlang — Riom casadeapostaJaneiro


Por 15 dias, o Vasco se viu pressionado por uma execuçãom casadeapostaR$ 93,5 milhõesm casadeapostadívidas trabalhistas que, no entender da direção comandada pelo presidente Jorge Salgado, poderia forçar o clube a encerrar as atividades. A suspensão do Regime Especialm casadeapostaExecução Forçada (REEF), decidida na quarta-feira, derrubou uma sériem casadeapostapenhorasm casadeapostareceitas e deu novo fôlego na organização do planom casadeapostaquitação dos débitos.

Mas como isso foi feito? E como o Vasco se organizará para pagar o que deve?

O ge listam casadeapostaformatom casadeapostaFAQs (acrônimo da expressão inglesa "Frequently Asked Questions", que significa "Perguntas feitas com frequência") alguns questionamentos e respostas sobre o caso.

Jorge Salgado, presidente do Vasco — Foto: Marcelo Baltar

m casadeaposta Por que a suspensão do REEF foi comemorada pelo Vasco?

O REEF foi instauradom casadeaposta3m casadeapostaagosto. Foi um ato do juiz Fernando Reism casadeapostaAbreu, gestorm casadeapostacentralização do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), após o cancelamento do Ato Trabalhista, programa que parcelava dívidas do clube com ex-funcionários. Por mês, o Vasco pagava R$ 2 milhões fixos. O parcelamento estava previsto até 2023.

Sem o REEF, que iria cobrar os R$ 93,5 milhõesm casadeapostauma única só vez, o Vasco,m casadeapostaimediato, se livroum casadeapostapenhoras já decretadas - e do riscom casadeapostanovas.

- Esse foi o primeiro ponto positivo. A decisão permite que o clube pague os salários, os fornecedores e as obrigações correntes. Com as penhoras, isso não seria possível. Teríamos muita dificuldadem casadeapostaoperar - explicou o vice jurídico do Vasco, José Cândido Bulhões Pedreira.

Além disso, o Vasco teve mais uma vez reconhecido o direito ao Regime Centralizadom casadeapostaExecuções (RCE), uma possibilidade prevista na recente lei que instituiu o clube-empresa no Brasil. O prazom casadeaposta60 dias para apresentá-lo inicioum casadeaposta23m casadeapostaagosto.

- Se a execução forçada fosse mantida, ela inviabilizaria a apresentação do plano. Como o clube iria montar o planejamento se fosse executadom casadeapostaR$ 93 milhões? - completou o dirigente vascaíno.

m casadeaposta Como o Vasco conseguiu suspender o REEF?

Depoism casadeapostater três recursos pela suspensão do REEF negados pelo TRT-1, o Vasco recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST),m casadeapostaBrasília. Foi feito um pedidom casadeaposta"correição parcial" para sanar um tumulto processual.

Havia uma decisão que reconhecia o direito ao REC. E outra que mantinha o REEF. Como o Vasco entendia que elas eram incompatíveis, pediu que o TST reconhecesse a competência da presidência do TRT-1m casadeapostasuspender o REEF.

- A competência para analisar o requerimentom casadeapostacentralização é da presidênciam casadeapostacada tribunal. Está na lei. Porém, a execução forçada não encontra previsãom casadeapostalei. É prevista apenasm casadeapostaato normativo do tribunal. Assim como o Ato Trabalhista. Uma decisão do TST, no ano passado, tirou a competência do TRT-1m casadeapostaapreciar pedidosm casadeapostarelação ao Ato Trabalhista e aos Atos Normativos e a deu à Corregedoria Regional. Por isso, a presidência do TRT-1, ao receber o nosso recurso, se julgou impedida - disse o vice jurídico do Vasco, José Cândido Bulhões Pedreira.

Ele explicou ainda que não poderia haver dois regimesm casadeapostaexecuçãom casadeapostaconflito:

- O nosso pedido no TST foi atendido pois a suspensão do REEF era um mero desdobramento da aceitação do pedidom casadeapostaprazo para o REC. Isso foi feito para não causar um tumulto processual, ou seja, para não causar uma situaçãom casadeapostainsegurança jurídica pois não pode haver duas situações conflitantes, como o RCE e REEF ao mesmo tempo - acrescentou.

O ministro Luiz Philippe Vieram casadeapostaMello Filho, vice-presidente do TST, atendeu ao pedido do Vasco e reconheceu a competência da presidência do TRT-1. Com isso, a presidente Edith Maria Correa Tourinho suspendeu o REEF.

Zeca Bulhões, vice jurídico do Vasco — Foto: Reprodução

m casadeaposta A Comissãom casadeapostaCredores pode recorrer?

Sim. Existe a possibilidadem casadeapostapedir reconsideração ao Órgão Especial do TRT-1. Nenhuma decisão foi tomada por ora.

m casadeaposta O que acontece com as penhoras solicitadas pelos credores e aceitas pela Justiça?

Foram canceladas. Na decisão que suspendeu o REEF, a presidente do TRT-1, Edith Maria Correa Tourinho, revogou todas a penhoras até que haja decisão sobre a concessão ou não do RCE.

m casadeaposta Recursos da vendam casadeapostaArthur Sales chegaram a ser bloqueados?

Não. A Comissãom casadeapostaCredores solicitou a penhoram casadeaposta30% dos R$ 15,4 milhões, mas não houve decisão do juiz Fernando Reism casadeapostaAbreu, gestorm casadeapostacentralização do TRT-1, antes da suspensão do REEF.

Arthur Sales, do Vasco,m casadeapostaação contra o Náutico — Foto: Vitor Brügger/Vasco

m casadeaposta Alguma outra verba chegou a ser penhorada?

O Vasco fará esse levantamento ainda, especificamente no que diz respeito aos direitosm casadeapostatransmissão. Na primeira decisão do tipo,m casadeaposta20m casadeapostajulho, logo após o cancelamento do Ato Trabalhista, o juiz Fernando Reism casadeapostaAbreu, gestorm casadeapostacentralização do TRT-1, determinou a penhoram casadeapostaR$ 24 milhõesm casadeapostadireitosm casadeapostatransmissão da TV Globo, verba que era a garantia do Ato Trabalhista.

m casadeaposta Para onde vai o bloqueiom casadeaposta20% da receita mensal até o plano ser apresentado?

Na decisão que suspendeu o REFF, a presidente do TRT-1, Edith Maria Correa Tourinho, determinou ainda que o Vasco terám casadeapostadepositarm casadeapostajuízo 20%m casadeapostasua receita mensalmente. Isso vale até a magistrada decidir se concede ou não o RCE. O dinheiro ficará à disposição da Justiça e, posteriormente, será destinado aos credores.

m casadeaposta Como o Vasco vai pagar a dívida trabalhista?

Em 9m casadeapostaagosto, no Diário Oficial da União, foi publicada a lei que institui a Sociedade Anônima do Futebol. Entre outras normas, ela dispõe do tratamento dos passivos das entidadesm casadeapostapráticas desportivas e regime tributário específico.

O Vasco entendeu ter o direitom casadeapostaoptar pelo pagamentom casadeapostasuas obrigações trabalhistas por meio do concursom casadeapostacredores, o chamado Regime Centralizadom casadeapostaExecuções (RCE), algo semelhante ao antigo Ato Trabalhista. Apresentou o requerimentom casadeaposta10m casadeapostaagosto.

Em 23m casadeapostaagosto, Edith Maria Correa Tourinho, presidente do TRT-1, reconheceu o direito do Vasco ao RCE. O prazom casadeaposta60 dias para apresentar o plano, então, começou.

A lei faculta ao clube como organizar os pagamentos. Determina que temm casadeapostacomprometer-se a destinar 20% da receita mensal para quitar os débitos por seis anos. Se, ao final desses seis anos o clube comprovar que pagou pelo menos 60% das dívidas, o regime é prorrogado por mais quatro anos.

m casadeaposta Qual a ordemm casadeapostarecebimento entre diferentes credores?

A ordem está prevista na lei que instituiu o clube-empresa no Brasil. É a seguinte:

  • Idosos
  • Pessoas com doenças graves
  • Pessoas cujos créditosm casadeapostanatureza salarial sejam inferiores a 60 salários-mínimos
  • Gestantes
  • Pessoas vítimasm casadeapostaacidentem casadeapostatrabalho
  • Credores com os quais haja acordo que preveja redução da dívida originalm casadeapostapelo menos 30%
  • Na hipótesem casadeapostaconcorrência entre os créditos, os processos mais antigos terão preferência

Viola, Dorival e Eder Luis são alguns dos credores do Vasco — Foto: ge

m casadeaposta Como os 20% da receita serão calculados?

A lei falam casadeaposta20% da receita mensal corrente. Ou seja, apenas ao finalm casadeapostacada mês, o Vasco poderá informar quanto irá repassar ao RCE. O clube faz cálculos para evitar que este repasse prejudique o pagamentom casadeapostaoutras obrigações.

- A lei do clube-empresa veio ajudar o clube a se programar devidamente para pagar os seus credores. O Vasco vem se organizando, desde o começo da nossa gestão, e vai destinar os 20% das suas receitas para tal. Com isso, vamos conseguir operar normalmente. Não interessa a ninguém asfixiar as finanças. É ruim para o clube, torcedores e credores. Não adianta pegar todas a receitas ao mesmo tempo e não deixar o clube operar - afirmou o vice jurídico do Vasco, José Cândido Bulhões Pedreira.

Existe a possibilidadem casadeapostao clube destinar um percentualm casadeapostafuturas vendas especificamente para o programa. Além disso, há o entendimento que é necessário aumentar receitas.

- É importante organizar o pagamento, mas uma organização que possa fazer o clube crescerm casadeapostaforma sustentável. O Vasco é enorme, tem torcida apaixonada e pode gerar mais receitas. Normalmente, o clube fatura na casa dos R$ 200 milhões. Temos capacidadem casadeapostafazer muito mais. Se aumentarmos para R$ 400 milhões, por exemplo, se paga as dividasm casadeapostaforma organizada e mais rápida.Temos convicçãom casadeapostaque vamos quitar todas as dívidas dentro do prazo previsto na lei - disse o dirigente.

m casadeaposta Por que o Vasco entende que a centralização é melhor do que o extinto Ato Trabalhista?

O Ato Trabalhista tinha uma parcela fixam casadeapostaR$ 2 milhões, com a obrigaçãom casadeapostamanter saláriosm casadeapostadia, recolher FGTS e INSS, e pagar as rescisões trabalhistas. Em 2020, com o começo da pandemia e o posterior rebaixamento, a receita do clube teve uma drástica queda. O valor ficou inviável.

A centralização, com o RCE, determina o repassem casadeaposta20% da receita. O percentual não muda mesmo se a receita subir ou cair. Está aliada à capacidadem casadeapostapagamento do clube.