Justiça do Trabalho afasta Rogério Caboclo por um ano da CBF por investigaçãoassédio sexual

Juíza afirma que liminar visa a proteger funcionários que acusam dirigenteassédio e fixa multa diáriaR$ 500 milcasodescumprimento da decisão

Por Gabriela Moreira, Martín Fernadez e Sérgio Rangel — RioJaneiro


A juíza Aline Maria Leporaci Lopes, do Tribunal Regional do Trabalho do RioJaneiro, decidiu nesta segunda-feira afastar Rogério Caboclo da CBF por um ano. Na decisão, a magistrada aceitou o pedido do Ministério Público do Trabalho e impediu o ingresso e a permanência do cartola na entidade até setembro2022.

Na decisão liminar, o TRT do Rio determinou uma multaR$ 500 mil por dia caso a CBF ou Caboclo desobedeça a decisão. Desde junho, quando foi acusado por assédio sexual e assédio moral por uma funcionária da entidade, o dirigente, que nega as acusações, está fora da CBF por decisão da ComissãoÉtica.

Rogério Caboclo está fora da presidência da CBF desde 6junho — Foto: Agif

Depois do afastamento provisório, o órgão suspendeu Caboclo por 15 meses. Pela decisão, que precisa ser ratificada pela Assembleia Geral da CBF - composta pelos 27 presidentesfederações estaduais -, o dirigente poderia voltar à entidadesetembro2022, antes do fim do seu mandato,abril2023.

Segundo a juíza, Caboclo deve ser afastado da entidade como formaproteger os funcionários que denunciaram o dirigente. Depois da primeira denúncia, outras duas mulheres afirmaram ter sido vítimasassédio sexualRogério Caboclo.

Como empregadora da funcionária, é a CBF a investigada. No comunicadoaberturainvestigação, o MPT lembra que violência e assédio, segundo convenção da Organização Internacional do Trabalho, "são intoleráveis no ambientetrabalho" e geram danos físicos, psicológicos, sexuais ou econômicos para a vítima

Investigação na CBF: Rogério Caboclo segue afastado da presidência

Um outro funcionário apresentou denúncia contra o cartola por assédio moral. Nela, o diretorTecnologia da Informação da CBF, Fernando França, afirma que Rogério Caboclo praticou "condutas ilícitas e repugnantes". 

O diretor afirmou ainda que foi "injuriado, difamado e sofreu agressões ameaçadoras, o que, sem dúvida, caracteriza abusopoder e afronta ao princípio da moralidade". Aindaacordo com Fernando França, Caboclo pediu a ele que "grampeasse, monitorasse, quebrasse sigilo fiscal" da funcionária que fez a primeira denúnciaassédio.

A investigação busca verificar como são as relações entre diretores, demais superiores, vice-presidentes e o presidente, Rogério Caboclo - alvo das denúncias - e suas funcionárias. A investigação se debruçará sobre suspeitasassédio sexual, mas pode ser estendida a situaçõesassédio moral, dependendo do relato das testemunhas. 

As denúncias contra Caboclo

No total são três mulheres que afirmam ter sido assediadas por Rogério Caboclo. Os três casos foram revelados pelo ge. O dirigente nega todas as acusações.

Ouça áudios da denúnciaassédio contra Rogério Caboclo, afastado da presidência da CBF

Entre os fatos narrados pela primeira denunciante, estão constrangimentos sofridosviagens e reuniões com o presidente e na presençadiretores da CBF. Na denúncia, a funcionária detalha o diaque o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se "masturbava" - o áudio desta conversa foi revelado pelo Fantástico6junho. Entre outros episódios, segundo a funcionária, Caboclo ofereceu a ela um biscoitocachorro, chamando-a"cadela".

Esta primeira denúncia resultou no afastamentoCaboclo por 15 meses. As outras ainda serão julgadas pela ComissãoÉtica.

NOTA DE ROGÉRIO CABOCLO

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, lamenta a decisão liminar da Justiça do Trabalho do RioJaneiro, que ocorreuprocesso no qual ele não é parte e sequer foi chamado a se defender. Ela atenta contra direitos constitucionais essenciais.

É importante esclarecer que houve equívoco na divulgação pela imprensa da liminar da Justiça do Trabalho, que tramitasegredo. Segundo nota do próprio Tribunal, a decisão proferida nos autos não determina o afastamentoRogério Caboclo do cargo, apenas impedeentrada e permanência nas dependências da CBF.

A defesaRogério Caboclo tomará as medidas cabíveis para que esta decisão seja reformada e o presidente da CBF volte a exercer seu cargoplenitude o mais rápido possível.