Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental

A final única tem seus pecados, mas ambienteroyal vegas online casinoBuenos Aires produz argumentos a favor da ideia


Desde quinta-feira, não é possível caminhar pelos pontos mais icônicos da capital argentina e não deparar com camisas do Atlético-MG e, principalmente, do Botafogo. E ainda que o jogo não tenha desalojado do noticiário esportivo local os temas relativos aos times da cidade, tampouco é simples para quem viveroyal vegas online casinoBuenos Aires não notar a movimentação. São gruposroyal vegas online casinoamigos, famílias inteiras, gerações reunidas, genteroyal vegas online casinodiversos pontos do Brasil. E é justamente na experiênciaroyal vegas online casinoquem viajou para ver a decisão deste sábado que reside o grande debate.

Desde que a Conmebol adotou a final única para a Libertadores, o mais comum foi vilanizar a ideia. E a realidade do continente sul-americano,royal vegas online casinofato, fornece bons motivos para isso, especialmente quando levamosroyal vegas online casinoconta que o torcedor é a razão da existênciaroyal vegas online casinoqualquer campeonatoroyal vegas online casinofutebol. Se as condiçõesroyal vegas online casinotornoroyal vegas online casinouma partida tão importante excluem uma parcela significativaroyal vegas online casinopessoas, se o preço para assistir a uma final é inacessível para gente que passou todo um ano acompanhando seu time, é claro que estamos dianteroyal vegas online casinoum problema.

Mas é também sob a perspectiva do torcedor que as horas que antecedem o jogo fabricam potentes argumentos a favor do jogo único. Em que outro cenário torcedores do Botafogo fechariam a rua ao redor da Bombonera para transformar o bairroroyal vegas online casinoLa Bocaroyal vegas online casinoterritório alvinegro, cantando suas músicas e celebrando? Em que outra circunstância estes torcedores cruzariam com rivaisroyal vegas online casinodiversos pontos da cidade, num duelo até aqui totalmente saudávelroyal vegas online casinoque se ouve “Galo”royal vegas online casinoum lado e “Fogo” do outro? Porque a sensação éroyal vegas online casinoque, para quem viajou, uma final como esta começa um, dois ou até três dias antes. A experiência vai além dos 90 minutos. A celebração é pelo fatoroyal vegas online casinover seu time ter o privilégioroyal vegas online casinoestar no lugar que todos os demais participantes da Libertadores tentaram jogar. Seu time é protagonista do jogo mais importante do continente, realizado numa cidade transformadaroyal vegas online casinoepicentro do futebol sul-americano.

Torcedores do Botafogo fazem festa dos arredores da Bombonera,royal vegas online casinoBuenos Aires

E a percepçãoroyal vegas online casinoum jogo especial, único, é algo que o modelo tradicionalroyal vegas online casinodecisõesroyal vegas online casinodois jogos tem dificuldaderoyal vegas online casinoreproduzir. A migraçãoroyal vegas online casino15 ou 20 mil torcedoresroyal vegas online casinocada clube para uma sede diferente cria, naquelas pessoas, uma sensaçãoroyal vegas online casinorepresentação dos seus. É o tiporoyal vegas online casinodeslocamento que as finaisroyal vegas online casino180 minutos não permitem. Realizados quase sempre à noiteroyal vegas online casinoduas quartas-feiras, estes jogos fechavam um diaroyal vegas online casinoque a rotina dos torcedores da casa era pouco alterada: primeiro, os afazeres habituaisroyal vegas online casinoum diaroyal vegas online casinotrabalho;royal vegas online casinoseguida, o jogo noturno. Já os visitantes, se viam confinados num espaço pequeno do estádio e submetidos a normas rígidasroyal vegas online casinosegurança num ambiente hostil.

As ruasroyal vegas online casinoBuenos Aires transmitem a sensaçãoroyal vegas online casinoque o Monumental receberá botafoguensesroyal vegas online casinonúmero claramente maior, mas a outra virtude da final única é ser um dos raros jogos na América do Sul com a perspectiva do estádio dividido. Há um ano, mesmo com o Fluminense jogando no Maracanã, a presença da torcida do Boca Juniors era notável. O que se cria num jogo assim é uma ocasião que a rotina das partidasroyal vegas online casinoida e volta não repete. A experiência do torcedor também não. No lugarroyal vegas online casinoestar com os seus por 90 minutos, é possível viver o jogo, representar seu clube e confraternizar com adversários por alguns dias. Em Buenos Aires há gente se reencontrando a milharesroyal vegas online casinoquilômetrosroyal vegas online casinocasa, pais com filhos, históriasroyal vegas online casinovida sendo escritas. Como o futebol deve ser.

Tudo isso sem contar os aspectos comerciais, a visibilidade permitida por um jogo no sábado à tarde e, mais importante, a questão esportiva. Ter tudo a ganhar ou a perderroyal vegas online casino90 minutos confere um aspecto dramático a cada toque, a cada passe, a cada movimento. Não há volta, alguns erros não tem correção. Da entradaroyal vegas online casinocampo ao apito final, tudo é solene, a ocasião é extraordinária.

Então a conclusão é que as finaisroyal vegas online casinoida e volta são um erro e a final única é um imenso acerto? Não, talvez o erro seja vilanizar uma ideia e santificar a outra. Porque a América do Sul tem suas idiossincrasias,royal vegas online casinocultura e,royal vegas online casinoespecial,royal vegas online casinocondição econômica e logística. E aí é preciso voltar ao ponto essencial: nada é mais importante do que o torcedor.

Embora a final única permita que mais gente se desloque, que o estádio se divida ao meio, ela também provoca exclusão. Porque somos um continente pobre, com mobilidade absolutamente diversa da Europa e uma quantidade importanteroyal vegas online casinopaíses e cidades com malha aérea e redes hoteleiras limitadas. No lugarroyal vegas online casinoum ingresso caro para uma final, o torcedor é obrigado a pagar também uma viagem que, diante da infraestrutura sul-americana, é proibitiva para muita gente. Em geral, a imensa maioria dos que estão na Argentina são privilegiados, capazesroyal vegas online casinofazer frente ao processoroyal vegas online casinoelitização do jogo mais importante do ano. Experiências como a finalroyal vegas online casinoGuayaquilroyal vegas online casino2022 resultaramroyal vegas online casinopreços exorbitantes e cadeiras vazias no estádio.

Um ano antes,royal vegas online casinoMontevidéu, faltavam hotéis, o custoroyal vegas online casinouma viagem ao Uruguai saltouroyal vegas online casinoforma nunca vista e rubro-negros e palmeirenses tiveram imensas dificuldades logísticas. Em 2019, a instabilidade política, outra característicaroyal vegas online casinoum continente como o sul-americano, obrigou a transferência do Flamengo x River Plate do Chile para o Peru. E neste 2024, mesmo numa cidade como Buenos Aires, as tarifas para quem saía do Brasil tiveram saltos exorbitantes. E este não é um argumento menor.

Outro efeito colateral que aparecerá com a sequênciaroyal vegas online casinodecisõesroyal vegas online casinopartida única, é a limitaçãoroyal vegas online casinosedes efetivamente aptas a receber o jogo. Num continente com dez países filiados à Conmebol, não parece razoável imaginar uma final na Venezuela, Bolívia, Colômbia ou novamente no Equador. O que não tem a ver com os países ou as condiçõesroyal vegas online casinoseus estádios, mas com as longas distâncias para as sedes dos clubes que se tornaram economicamente hegemônicos na Libertadores. A tendência éroyal vegas online casinoque brasileiros e argentinos sigam dominando o cenário, o que tornaria caríssimas as viagens para uma decisãoroyal vegas online casinojogo único.

Não há solução perfeita. Por ora, é possível dizer que, ao menos até a bola rolar, Buenos Aires é uma grande festa para atleticanos e botafoguenses. Uma experiência para ficar guardada, que só não garante uma coisa: o final feliz para todos. O futebol só permite que um dos lados festeje o título.