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Faltavam maisbidluck bonusduas horas para a partida começar e camisas rubro-verdes já eram vistas perambulando pela cidadebidluck bonusMirassol. O clima era reflexo do humor da torcida. Uma misturabidluck bonussol escaldante, a 32 graus, com ameaçabidluck bonusum temporal.
Fontes de referência
Mirassol x Portuguesa - Melhores Momentos
Os primeiros a chegarem foram os lusitanos que vivem no interiorbidluck bonusSão Paulo. Um morador da cidade, torcedor desde 1975, graças à fama da Lusa campeã paulista dois anos antes e vice-campeã estadual naquela temporada. Décadasbidluck bonusamor à distância.
Outro que começou a torcer para a Portuguesa ainda na capital paulista e hoje, vivendobidluck bonusSão José do Rio Preto, sofre à distância ao lado do filho pequeno. Um menino que não viu os mesmos craques que o pai, mas tão fanático pelo clube quanto.
Tinha umbidluck bonusAraçatuba, outrobidluck bonusVotuporanga e até mesmo moradorbidluck bonusMirassol que escolheu ir na torcida visitante porque sempre achou a listrada da Lusa a camisa mais bonita do Brasil. Era a chancebidluck bonusvê-labidluck bonusperto. E ali torceu como todos.
Em comum, a fé. Depoisbidluck bonus11 rodadasbidluck bonusPaulistão, tendo conquistado apenas uma vitória e quatro empates, a Portuguesa precisava vencer o Mirassol neste domingo (5) e torcer contra Ferroviária, Ituano e São Bento. Não era casobidluck bonusesperança, masbidluck bonusfé.
Fé no divino, na santidade, nas entidades, no acaso que o futebol proporciona, no pesobidluck bonusuma camisa mais do que centenária. Nas conversas antes do jogo ninguém conseguia explicar racionalmente por que estava ali. Era apenas amor. E... fé.
Nem mesmo a chuvarada que resolveu cair a partir do apito inicial intimidou os lusitanos e as lusitanas que foram ao estádio José Mariabidluck bonusCampos Maia. Com a bateria da Leões da Fabulosa, a torcida gritava e implorava por um milagre.
As notícias do primeiro gol do Ituano sobre o Santos foram o baque inicial. O alvinegro estava deixando escapar a chancebidluck bonusclassificação para as quartasbidluck bonusfinal? Não demorou para vir o segundo da vitória por 3 a 0 do Galobidluck bonusItu. Esquece esse jogo.
A tensão foi escalando tanto que até os gritos da torcida da Lusa acabavam ficando descoordenados. Era muito nervosismo. Um gritou gol do Bragantino. Sim, sobre o São Bento. Dois? Pega o celular. Checa. É isso mesmo. Dois a zerobidluck bonusSorocaba!
Ao menos um alívio. Uma vitória simples salva a Lusa? Talvez. Espera aí. Empatabidluck bonuspontos, empatabidluck bonusvitórias, empatabidluck bonussaldo. Qual é o próximo critério? “Gols marcados”, grita o carabidluck bonustrás. Quantos? Sim, a Portuguesa teria mais! Dava!
Será mesmo que dava? Aos 42 minutos do primeiro tempo, Camilobidluck bonuscabeça abriu o placar para o Mirassol. A torcida da casa comemorou, mas sem aquela empolgação. O gol não classificava e nem livrava o time da queda. Era cumprimentobidluck bonustabela.
Logo o silêncio se fez no estádio. Para quem foi a todos os jogos da Lusa neste Paulistão, uma certeza: a única vez que isso aconteceu do lado rubro-verde. Um silêncio desolador, amargo, cortante. Um silêncio que angustiava. A queda era inevitável?
Foram três minutosbidluck bonusdesilusão completa. Até que Richard, aos 45 minutos, rompeu o silêncio no gol oposto à arquibancada visitante. Gol! Gol? Sim, gol! Gol da Portuguesa! Era o empate. “Na hora certa”, dizia um. “Caiu dos céus”, gritava outro. Meu Deus!
A Portuguesa ia para o intervalo e a torcida se agarrava ao celular. Quanto estaria o jogo da Ferroviária com a Interbidluck bonusLimeira? Zero a zero. Com o empatebidluck bonusAraraquara, qualquer vitória rubro-verdebidluck bonusMirassol serviria para passar a equipe grená.
“Bem que a Inter podia fazer um golzinho”, sussurrava um. “O Bragantino também, para tranquilizar”, implorava outro. “Na verdade, a Lusa é quem precisa marcar e vencer, se não nada adianta”, trazia um senhor a voz da experiência. Verdade.
O segundo tempo veio e a torcida nem sabia como, mas cantava. O time talvez também não soubesse como, mas atacava. Aos sete minutos, bola na área e... João Vitor! É verdade? Não estamos sonhando? Entrou? O juiz apontou? Gol? Gol! Golaço!
Voa camisa para um lado, boné para o outro. Sacode a capabidluck bonuschuva, abraça o desconhecido. Até o vendedorbidluck bonuspipoca entra na festa. Aquele 2 a 1, naquele momento, livrara a Portuguesa da queda! Foram longos minutos. Horas. Quase dias.
Olhos no gramado. Um ouvido numa transmissãobidluck bonusAraraquara. Outro ouvido numa transmissãobidluck bonusSorocaba. Fim dos tempos regulamentares. Acréscimos. Gol do Bragantino, fazendo 3 a 0 e matandobidluck bonusvez o São Bento! Falta a Ferroviária!
“Lá o juiz deu seis”, disse o amigo ao lado. “Quanto tá lá?”, perguntou o da frente. “O narrador vai dizer agora, espera... 50 minutos”, respondeu. Ia acabar. A tensão era tanta que ninguém reparou nos acréscimosbidluck bonusMirassol: “quanto o juiz deu aqui?”.
Fimbidluck bonusjogobidluck bonusAraraquara. A Ferroviária ia caindo junto com o São Bento. Mas a bola ainda rolavabidluck bonusMirassol. “Acaba, juiz”. “Apita”. Assovios para todos os lados. Gente ajoelhada. Pai e filho agarrados. Torcedor devorando as unhas. Idoso tremendo.
Bola na área na Lusa. Não! Thomazella! Tira daí! Não tirou. Volta para o Mirassol. Bola na áreabidluck bonusnovo! Cabeça. Não! Thomazella! Vai dar rebote ainda? Não pode ser. Meu Deus, não! Thomazella!!!! Thomazella!!! Thomazella!!! Milagre!!! Milagre!!!
“O juiz pegou a bola?”, gritou um. “Ainda não apitou?”, berrou outro. “Acabou ou não?”, dizia a criança. Ergueu o braço! Já era! Acabou! Fim! Inacreditável! Surreal! Utópico! Não cabebidluck bonuspalavras porque não é do campo da razão: é milagre!
Que festa! Que euforia! Obidluck bonusMirassol abraça obidluck bonusRio Preto, que abraça obidluck bonusAraçatuba, que abraça obidluck bonusVotuporanga. Crianças escalando o alambrado. Idosos aos prantos, erguendo as mãos para o céu. Meninas ajoelhadas, agradecendo.
Não era uma mera permanência na elite do Paulistão. Para um clube que sonhabidluck bonusvoltar ao cenário nacional, a Série A1 é o caminho viável. Para um clube que precisabidluck bonusgrana para respirar, a Série A1 é o único caminho possível. Para um clube mergulhadobidluck bonusum desertobidluck bonusboas administrações, a Série A1 é o único caminhobidluck bonussalvação.
Poucas vezes uma diretoria da Lusa errou tanto e trabalhou tão mal. Em todas as frentes. Nenhuma se salvou. Talvez nunca um elenco, tão limitado tecnicamente, tenha feito tanto por merecer um rebaixamento. Não seria injusto. Muito pelo contrário.
Só que as direções passam. Elencos passam. E, dessa vez, talvez nem a própria Portuguesa ficasse. Mas a torcida fica. Essa gente, que viu o clube cair da Série A até ficar sem divisão, e que resistiu por sete anos na Série A2 para voltar à elite do Paulistão, não merecia passar por isso. A batalha não poderia ter sidobidluck bonusvão.
O acesso à Série A1 se deveubidluck bonusgrande parte à sinergia com a arquibancada. E a permanência na Série A1 se deveu quase que exclusivamente à arquibancada. Quando a diretoria silenciou e desapareceu, quando o elenco sucumbiu a pontobidluck bonusbrigar entre si no próprio gramado, quem não deixoubidluck bonusapoiar e acreditar foi a torcida.
O presidente Antônio Carlos Castanheira, ao confiar tudo no executivobidluck bonusfutebol Toninho Cecílio e no técnico Mazola Júnior, colocou a perder três anosbidluck bonusuma gestão que havia salvado a Portuguesa. Tudo que acertou forabidluck bonuscampo errou dentro dele. E no campeonato mais importante da década, que valia a sobrevida dessa torcida.
A gestão já desperdiçou uma Série Dbidluck bonus2021. E quase desperdiçou a Série A1bidluck bonus2023. Não dá para errar mais. Não desse jeito. Que, neste momento, a vaidade dê lugar à humildade. É preciso mudar muito no futebol. Quase tudo. Resiliência, trabalho duro, destempero da torcida e críticas exageradas são discursos que não comoverão ninguém.
O que comove essa torcida é ver a Portuguesa viva, seguindo no trilho da reconstrução, tendo dentrobidluck bonuscampo reflexobidluck bonustudobidluck bonusbom que foi feito fora dele. Para que novas crianças saibam que esse clube existe, se apaixonem por essa camisa, renovem a torcida rubro-verde, como os veteranosbidluck bonusRio Preto, Mirassol, Araçatuba, Votuporanga, etc.
Aqueles poucos atrásbidluck bonusum dos gols representavam milhares por aí. O milagrebidluck bonusMirassol, sob intercessãobidluck bonusSão Thomazella, foi uma recompensa a essa gente. Que jamais desistiu. Nem no tapetão, nem sem divisão. Que a direção nunca mais subestime. Respeite. A Lusa existe por causa dessa gente, que ainda vai reconstruir esse clube.
*Luiz Nascimento, 30, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 13 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.
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