Para alguns pesquisadores essa relação entre técnica e raça pode não ser mera coincidência. Eles apontam que elementos da cultura negra foram inseridos no futebol para incrementar o drible. Mas não só por isso. Também foram uma formaapostas para jogo do brasilos negros escaparem da discriminação.

A teoria se debruça sobre as primeiras décadas do século passado, quando o futebol era terreno proibido para pessoas negras. Clubes e competições aceitavam apenas brancos. Com o passar dos anos, os jogadores negros foram conquistando o direitoapostas para jogo do brasiljogar. Entretanto, o racismo continuou se manifestandoapostas para jogo do brasiloutra forma: por meio da violência.

Uma pesquisa publicadaapostas para jogo do brasil1995 pelo sociólogo Maurício Murad, e que consta no livro "Violência no futebol", um dos clássicos sobre o tema, traz relatosapostas para jogo do brasiljogadores e jornalistas que vivenciaram o períodoapostas para jogo do brasilinserção do negro no futebol. Entre os registros, está uma entrevistaapostas para jogo do brasilDomingos da Guia, zagueiro da Seleção Brasileira na Copaapostas para jogo do brasil1938, sobre as dificuldades que os negros enfrentavam quando ele nem sonhavaapostas para jogo do brasilser jogador.

"Ainda garoto eu tinha medoapostas para jogo do brasiljogar futebol, porque vi muitas vezes jogador negro, láapostas para jogo do brasilBangu, apanharapostas para jogo do brasilcampo, só porque fazia uma falta, nem isso às vezes[...] Meu irmão mais velho me dizia: 'Malandro é o gato que sempre caiapostas para jogo do brasilpé. Tu não é bomapostas para jogo do brasilbaile?' Eu era bomapostas para jogo do brasilbaile mesmo,e isso me ajudouapostas para jogo do brasilcampo. Eu gingava muito [...]O tal do drible curto eu inventei imitando o miudinho, aquele tipoapostas para jogo do brasilsamba"

Murad reforça queapostas para jogo do brasilhipótese não visa a dizer que o drible no futebol foi inventado pelos negros, mas destaca as peculiaridades da maneira brasileiraapostas para jogo do brasilludibriar os adversários.

- Embora não podemos dizer que o drible tenha sido somente uma invenção negra porque no futebol inglês tinha o 'dribble''. Mas a diferença é que lá o 'dribble' era passar a bola. No futebol brasileiro, não era só passar a bola, era passar com a bola. Sem tocar no corpo dele. Então a ginga, a finta, o passe da capoeira,apostas para jogo do brasildança, o linguajar corporal acabaram ajudando o negro a montar o drible - afirma.

O professor e filósofo Renato Noguera, da Universidade Federal Rural do Rioapostas para jogo do brasilJaneiro (UFRRJ) explica que os africanos, quando retiradosapostas para jogo do brasilseus países para serem escravizadosapostas para jogo do brasiloutros continentes, buscaram formasapostas para jogo do brasilresistir e manterem suas raízes. Ao acessarem o futebol, poucas décadas após a abolição da escravidão no Brasil, acrescentaram ao esporte um elemento presenteapostas para jogo do brasilmuitas culturas africanas: a corporalidade.

- É uma culturaapostas para jogo do brasilque o corpo está o tempo todo presente. A cultura negra é uma corporalidade, a corporalidade é a compreensãoapostas para jogo do brasilque a as nossas relações se dão através do corpo, que o corpo tem uma história, uma tradição, um histórico. Isso está presenteapostas para jogo do brasiluma corporalidade negra no futebol brasileiro especialmente naquilo que é o drible.

Recentemente, o Real Madrid utilizou o termo "samba style"apostas para jogo do brasilsuas redes sociais para definir o estiloapostas para jogo do brasilVinícius Jr.apostas para jogo do brasiltratar a bola. O atual técnico do time, Ancelotti, apontou o jogador um dos melhores do mundo no "um contra um". Também pudera, o atacante, criaapostas para jogo do brasilSão Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, é um dos protagonistas da temporada, com uma cartela impressionanteapostas para jogo do brasildribles. A ginga na horaapostas para jogo do brasiluma pedalada está ali, a malandragem ao surpreender com uma lambreta, também. Masapostas para jogo do brasilinfluência não vem apenas do samba.

- Sei sambar um pouco, sei dançar funk um pouco e acaba ajudando nos movimentos, acabo passando um pouco a alegria para os dribles no campo. Desde pequeno sempre gostei muitoapostas para jogo do brasilfunk, sempre fui um bom dançarino (dá uma gargalhada). E nos jogos que faço gol me sinto mais leve quando posso comemorar do jeito que eu quero - contou Vinícius Jr ao ge.

Poucos sabem, mas antesapostas para jogo do brasilse tornar jogadoraapostas para jogo do brasilfutebol profissional, a atacante Ludmila, do Atléticoapostas para jogo do brasilMadri e da Seleção Brasileira, era exímia capoeirista. A bola veio depois. Ainda assim, a jogadora, nascidaapostas para jogo do brasilGuarulhos, na Grande São Paulo, não deixa as raízes para trás. Antesapostas para jogo do brasiltodas as partidas, ela coloca os fones no ouvido, se desligaapostas para jogo do brasiltudo e encontra no som o combustível para entrarapostas para jogo do brasilcampo.

- Muitas vezes quando eu vou pro jogo, tenho que escutar um pouco o barulho do berimbau. A capoeira mexe muito com o corpo e a força são o ponto mais forte que eu tenho - diz Ludmila.

Décadas se passaram e o campoapostas para jogo do brasilfutebol se tornou um lugar mais seguro. Sambando miudinho ou jogando capoeira, os jogadores negros fizeram dos gramados um palco para brilhares. Assim, colocaram o futebol brasileiro no imaginário artístico do esporte mundial, e continuarão a fazê-lo no futuro.