Isso quer dizer que a Copa do Mundo promete anular o impacto que vai ter ao produzir gases do efeito estufa, principalmente o gás carbônico (CO2), e agirá para minimizar ou compensar eventual dano.

O efeito estufa é um processo natural,pagbetque os gases na atmosfera servem para manter o clima e a temperatura da Terra. Mas a ação humana, ao jogar mais gases no ar, aumenta esse efeito, criando uma camada mais grossa. Isso tem provocado o aquecimento do planeta, as mudanças climáticas e eventos extremos.

O ge foi atrás do comitê organizador da Copa e consultou diferentes especialistas no assunto para checar se essa promessa é viável e como ela se enquadra no cenário atualpagbetpreocupação com o meio ambiente.

• Confira mais notícias sobre a Copa do Mundopagbet2022

Historicamente, eventos como a Copa do Mundo adicionam significativas quantidadespagbetgasespagbetefeito estufa na atmosfera,pagbetespecial o gás carbônico. Isso vem da construçãopagbetestádios, o usopagbetenergia elétrica e, na maior parte, deslocamentospagbettorcedores, jogadores e imprensa.

A estimativa do comitê organizador do Catar é que a Copa vai provocar a emissãopagbet3,6 milhõespagbetmega toneladaspagbetCO2 na atmosfera. A conta vai desde abrilpagbet2011 até junhopagbet2023 e usa como base o Protocolo GHG, referência internacional para medir gases do efeito estufa.

— Nós tivemos um planejamentopagbetcinco etapas para uma Copa do Mundo neutrapagbetcarbono. Levantamos a preocupação com as partes interessadas, explicando as nossas necessidades. Procuramos mitigar, reduzir e eliminar o máximo possívelpagbetemissões. Contratamos uma consultoria para fazer um relatório. Todo projeto que não puder ser evitado, vamos ao mercado compensar com créditospagbetcarbono — disse Bodour Al Meer, diretora executivapagbetsustentabilidade do Catar-2022.

Os objetivos do comitê para o meio ambiente podem ser divididos em:

1. Ter estádios, centrospagbettreinamento, hotéis e prédios sustentáveis.
2. Medir, mitigar e compensar as emissõespagbetgasespagbetefeito estufa.
3. Monitorar a poluição do ar nas áreas da Copa e transporte.
4. Reduzir a produçãopagbetresíduos e aumentar a reciclagem do lixo.
5. Economizar o consumopagbetágua nas instalações.

O Catar construiu do zero estradas, sete arenas, maispagbet100 novos hotéis e uma cidade inteira: Lusail, que abrigará no estádiopagbetmesmo nome a final da Copa do Mundo e também dois jogos do Brasil.

O Lusail tem telhado com material que protege do vento quente e permite a entradapagbetluz o suficiente para o crescimento do gramado. Já o Estádio 974 ganhou esse nome porque é o númeropagbetcontêineres usados para construí-lo. Ele será todo desmontado após a Copa.

Os campos do Mundial terão até 40%pagbetiluminação LED, sistema eficientepagbetresfriamento e capacidadepagbetconservação da água até 40% maior do que o comum. Os estádios vão funcionar com energia solar.

O orçamento dos estádios e centrospagbettreinamento no Catar épagbetUS$ 6,5 bilhões (hoje R$ 32,8 bilhões).

O comitê destaca que todos os estádios têm certificadospagbetquatro a cinco estrelas no sistemapagbetavaliação Global Sustainability Assessment System (GSAS), adotado para a Fifa para este Mundial, e administrado pela Organização do Golfo para Pesquisa & Desenvolvimento (GORD).

Tal certificado é feito após avaliaçãopagbetconectividade urbana, energia, uso da água, material, entre outros pontos. Mas a Organização do Golfo está ligada à companhiapagbetinvestimento Qatari Diar, que pertence à AutoridadepagbetInvestimento do Catar. Especialistas enxergam possível conflitopagbetinteresse nisso. O comitê organizador nega.

— A maior parte da proposta épagbetcima da construçãopagbetestádios e operação, mais sustentáveis do que o normal. Mas você não consegue não emitir carbono no deslocamentopagbetpessoas. Sobre certificados, há sempre a discussão: qual a transparência que se tem? Como esse certificado está realmente buscando o melhor? — comentou João Ricardo Saraiva, co-fundador da consultoria Sustentabilidade Agora.

De fato, as viagenspagbettorcedores, delegações e imprensa, ao causarem a queimapagbetcombustíveis fósseis, vão representar maispagbet50% do gás carbônico produzido durante a Copa do Mundo. A expectativa épagbetmaispagbet1,2 milhãopagbetturistas estrangeiros.

Para balancear isso, o Catar aposta num megaevento compacto, sem a necessidadepagbetvoos internos. A maior distância entre estádios serápagbet75km, e cinco deles estarão conectados ao metrôpagbetDoha. A frotapagbetônibus contará com 20%pagbetveículos movidos à eletricidade.

Outra medida para mitigar as emissõespagbetgases do efeito estufa foi a construçãopagbetum viveiro,pagbetque foram plantadas maispagbet16 mil árvores e 679 mil arbustos,pagbetespécies acostumadas ao clima local, para o entorno dos estádios e mais espaços públicos.

O jardim está localizado no norte do país, numa áreapagbet880 mil metros quadrados, pertopagbetuma estaçãopagbetesgoto, e a água tratada será usada para irrigar as plantas. Especialistas questionam a viabilidade dessa iniciativa, no meio do deserto, como formapagbetabsorver carbono do ar.

— A consolidação real dos estoquespagbetcarbono nesses ambientes pode-se tornar questionável e não eficaz se não garantir o desenvolvimento dos plantiospagbetlongo prazo, até que se consolidempagbetambientes naturais maduros. É uma regiãopagbetplanície árida baixa e cobertapagbetareia, com condições extremas do deserto e sem as condições naturais para o desenvolvimentopagbetflorestas. Os estoquespagbetcarbono relativos a esse tipopagbetambiente são considerados muito baixos — explicou Natasha Choinski, analistapagbetprocessos ambientais da SociedadepagbetPesquisapagbetVida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

• Organizações cobram da Fifa US$ 440 milhões para trabalhadores imigrantes no Catar

• Copa do Mundo: Fifa anuncia 2,45 milhõespagbetingressos vendidos

Mas será necessário mais para contrabalançar as emissões da Copa. O comitê vai ao mercado comprar créditopagbetcarbono, principalmente através do programa Global Carbon Council (GCC). Essa iniciativa foi lançadapagbet2016, com apoio do Estado do Catar, e também está ligada à Organização do Golfo para Pesquisa & Desenvolvimento.

Como funciona: o comitê vai investirpagbetprojetospagbetfontespagbetenergia limpa no Catar epagbetpaíses da região que forem aprovados pelo GCC. Serão comprados até 3,6 milhõespagbetcréditospagbetcarbono.

Segundo a organização não-governamental Carbon Market Watch (CMW), além da questãopagbetindependência para certificar os créditos, o Catar fechou com poucos projetos até agora, e estes já seriam economicamente viáveis.

A CMW divulgoupagbetmaio um relatório afirmando que o Catar estaria falhandopagbetcumprir as promessaspagbetsustentabilidade. As projeções foram consideradas como "provavelmente subnotificadas". De acordo com o estudo, as emissões pela construção dos novos estádios podem ser até oito vezes maiores.

— Basicamente, o que estão fazendo é uma manobrapagbetmétodopagbetcontabilidade para subdimensionar as emissões. Estão dizendo que o evento vai emitir menos do que realmente vai, porque só estão contando uma pequena porção das emissões da construção dos estádios. Eles alegam que vai gerar muita emissãopagbetgases, mas que a Copa só vai ser responsável por uma parcela pequena, porque vai ser usadopagbetpouco tempo. Depois disso, não é culpa deles. De maneira simples, é isso — afirmou Gilles Dufrasne, autor do relatório da Carbon Market Watch.

Na época da publicação, a Fifa e o Catar contestaram as críticas da CMW.

O Comitê SupremopagbetEntrega e Legado, órgão responsável pela entrega da Copa-2022, garante que o meio ambiente também é importante para a Visão Nacional Catar 2030. Esse é o planopagbetdesenvolvimento lançado pelo paíspagbet2008, com o objetivopagbettransformá-lopagbetuma sociedade avançada e desenvolvida,pagbetforma sustentável.

De acordo com os organizadores, a Copapagbet2022 vai atender a 11 ObjetivospagbetDesenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Mas desde o anúncio como país-sede da Copa do Mundo deste ano, há maispagbetuma década, as emissõespagbetgás carbônico do Catar só cresceram. Houve uma reduçãopagbet2020, quando a economia do mundo foi impactada pela pandemiapagbetCovid-19.

A nação tem a maior taxapagbetemissãopagbetCO2 por habitante do mundo: 37 toneladas por ano, segundo dados do Banco Mundialpagbet2019. A média global épagbet4.5, e a do Brasil épagbet2.1. O Catar tem população estimadapagbet2,8 milhõespagbetpessoas.

Maispagbet98% da energia elétrica do país vêm da queimapagbetgás natural. Essa fonte é considerada mais limpa que os combustíveis fósseis.