h2poker Caso Manchester City: entenda o Fair Play Financeiro e por que o PSG não foi punido

Como funciona tal regulamento? E por que o PSG, que fez contratações recordes nos últimos anos financiado por um grupo do Catar, não foi punido?

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Para tentar responder tais perguntas, o GloboEsporte.com ouviu o especialistah2pokergestão esportiva da empresah2pokerconsultoria Ernst & Young, Pedro Daniel. Ele foi um dos responsáveis por adaptar a prática do Fair Play Financeiro usado na Europa para o Profut, o Programah2pokerModernização da Gestão eh2pokerResponsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro.

O regulamento foi aprovado pela entidade europeiah2poker2010 e entrouh2pokerfuncionamento efetivamenteh2poker2011. Ele visa melhorar a saúde financeira dos clubes do continente e, basicamente, tem como meta equilibrar os gastos dos times.

Eles não podem gastar mais do que arrecadam. No entanto,h2poker2015, o texto foi atualizado e incluiu itensh2pokercontroleh2pokerinvestimentos. O próprio Manchester City, o PSG e o Chelsea, financiado com bilhões por seus donos, inspiraram a atualização.

São três princípios básicos:

• Sem calote: os clubes que se qualificam para as competições da Uefa têmh2pokerprovar que não têm dívidash2pokeratraso com outros clubes (transferências, etc), saláriosh2pokerjogadores, previdência social e autoridades fiscais.
• Controleh2pokergastos: o clube não pode gastar € 5 milhões além do que arrecada por períodoh2pokeravaliação, que éh2pokertrês anos. No casoh2pokerclubes cujos donos tenham patrimônio como garantia para fazer o pagamento, o valor pode chegar a € 30 milhões. As despesas com estádios, centrosh2pokertreino e aposta na formaçãoh2pokerjovens e no futebol feminino não entram na conta.
• Investimento "sustentável": em 2015, a Uefa atualizou o regulamento para ter um maior controle sobre os gastos excessivos. É o principal item no qual Manchester City e PSG se encaixam. A entidade monitora clubes que tenham tido injeção suspeitah2pokerdinheiro, mas, ao mesmo tempo, controla aqueles times com dificuldades estruturais.

A Uefa criou o Comitêh2pokerControle Financeiro dos Clubes (CFCB, na siglah2pokeringlês) para fiscalizar seus afiliados. Foi o órgão responsável pela punição ao City. Há vários tiposh2pokersançõesh2pokercasoh2pokerdescumprimento das regras:

• Advertência
• Repreensão
• Multa
• Deduçãoh2pokerpontos
• Retenção das receitash2pokeruma competição da Uefa
• Proibiçãoh2pokerinscriçãoh2pokernovos jogadores nas competições da Uefa
• Restrição ao númeroh2pokerjogadores que um clube pode inscrever para a participaçãoh2pokercompetições da Uefa, incluindo um limite financeiro sobre o custo total das despesas com salários dos jogadores inscritos na lista principal para a participação nas competições europeias
• Desqualificação das competições a decorrer e/ou exclusãoh2pokerfuturas competições
• Retiradah2pokerum título ou prêmio

O Manchester City está sob investigação da Uefa desde o início do ano passado. O clube é notificado e intimado a apresentar documentos e dados para análise da entidade, que atestará ou não a fraude. O caso é acompanhado a cada três meses. Caso a inconsistência persista, uma punição pode ocorrer.

– O Fair Play serve para trazer lisura e sustentabilidade a longo prazo. Se não há lavagemh2pokerdinheiro. Se as coisas estão feitas com boas práticas. Com o PSG aconteceu a comunicação e há um acompanhamento. No caso do City, isso já tinha acontecido, e agora com a comunicação, significa que não cumpriu com aquele plano – avaliou Pedro Daniel.

O City foi considerado culpado por ter inflacionadoh2pokerforma falsa os valoresh2pokerseus patrocínios, no período entre 2012 e 2016. O regulamento considera uma parte relacionada ao clube quando uma entidade, sozinha ouh2pokerconjunto com outras ligadas a um mesmo dono, represente maish2poker30% das receitas totaish2pokerum clube.

A Uefa determina que os proprietários façam seus investimentos nos clubes atravésh2pokercontratosh2pokerpatrocínio. Tais acordos são passíveish2pokerajustes do órgão europeu para garantir um "equilíbrio das contas para um nível mais adequado com os preçosh2pokermercado". Para simplificar: se um clube apresentar uma receitah2pokerorigem duvidosa, ele pode sofrer consequências.

No caso do City, seu proprietário, o Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, da família que governa Abu Dhabi, estava financiando o patrocínio anualh2poker67,5 milhõesh2pokerlibras da camisa, estádio e as divisõesh2pokerbase através da Etihad Airways, companhia aéreah2pokerseu país.

No entanto, documentos obtidos pela Uefa atestariam que apenas 8 milhõesh2pokerlibras foram financiados diretamente pela empresa.

A Uefa comunicou que abriu investigação contra o PSG por suposta fraude no Fair Play Financeiroh2pokersetembroh2poker2017. O processo, no entanto, foi arquivado. Em julho do ano passado, o jornal “New York Times” publicou que o caso contou com divergências e uma atuação “de olhos fechados” dos investigadores da entidade europeia.

A reportagem cita que o juiz português José Narciso da Cunha Rodrigues, o mesmo responsável pela punição ao City, chegou a produzir um relatório que atestava que houve “aplicação errônea das regras por parte do investigador-chefe”, o belga Yves Leterme.

A Uefa tentou reabrir o processo, mas o PSG foi ao TAS e alegou “erroh2pokerprocedimento”, e o caso foi encerrado. Pedro Daniel reforça que a punição é apenas um último recurso adotado.

– Tem um percentual máximoh2pokerque o proprietário do clube pode colocarh2pokerpatrocínioh2pokerrelação ao total da receita. Quando foi feita a análise foi feitah2pokercima do PSG, foi apresentado um plano mostrando que o patrocínio não atingia o valor total nem o potencialh2pokerreceita. A gente tem que lembrar que essa análise não é feita depois, tem um acompanhamento. São mais preventivos do que punitivos.

Sim. Em 2012, os clubes turcos Besiktas e Bursaspor foram suspensosh2pokercompetições europeias por um ano por gestão irresponsável. Em 2014, PSG e Manchester City escaparamh2pokeruma punição mais drástica da entidade. Mas foram obrigados a impor um teto salarial no clube e limitar o elenco a 21 jogadores para evitar a gastança.