Dezenasbonusca bitstarzpessoas conversaram com a reportagem nas últimas semanas, sob a condiçãobonusca bitstarzanonimato, por temerem represálias por parte da diretoria da Jaguares. Nomes dos envolvidos e detalhes são, portanto, mantidosbonusca bitstarzsigilo. As informações estão baseadasbonusca bitstarzrelatos, documentos e registrosbonusca bitstarzconversas entre as partes.

O clima entre os integrantes das equipes da Jaguares ébonusca bitstarzdesconforto e cobranças pelos constantes atrasosbonusca bitstarzsalário, pelos débitosbonusca bitstarzaberto e pelas divergências com a diretoria. Ao longo dos últimos meses, timesbonusca bitstarzdiferentes modalidades entraram e deixaram o clube por conta da administração conturbada e dos problemas financeiros. Jogadoras da última equipe femininabonusca bitstarzValorant da organização, por exemplo, saíram duas semanas após terem entrado.

Em resposta ao ge, a coproprietária da Jaguares Stellabonusca bitstarzJesus declarou que a organização é nova e, a partirbonusca bitstarzmaio, passou a pedir notas fiscais dos contratados para regularizar a situação da empresa. Ela sustentou que está "arrumando a casa" para poder receber investimentos e que o clube tem um prazo a partir da emissão das notas fiscais para fazer os pagamentos tanto aos atuais quanto aos ex-funcionários. Leia a resposta detalhada da executiva no fim deste texto.

O caso mais emblemático é o da equipebonusca bitstarzFree Fire, contratada pela Jaguaresbonusca bitstarzjaneirobonusca bitstarz2021 e que tinha vaga na Série B da Liga Brasileira (LBFF). O contrato previa repasses mensaisbonusca bitstarzR$ 15 mil como auxíliobonusca bitstarzcusto para o representante do time, que seria o responsável por administrar o projetobonusca bitstarzFree Fire e usar o dinheiro para despesas e pagamentobonusca bitstarzbônus.

Além disso, os atletas ou os responsáveis legais, no caso dos menoresbonusca bitstarzidade, assinaram termosbonusca bitstarzautorizaçãobonusca bitstarzusobonusca bitstarzimagem com o clube, sem nenhuma remuneração.

Entretanto, conforme o ge apurou, a Jaguares fez repasses mensaisbonusca bitstarzdinheiro diretamente aos contratados, e não ao responsável pelo projeto, com valores diferentes a cada mês ebonusca bitstarzum total sempre abaixo dos R$ 15 mil acordados. Em fevereiro, os montantes pagos somaram R$ 13.958. Em março, caíram para R$ 7.800. Em abril, os pagamentos totalizaram R$ 3.600. Em maio, R$ 8.606. Em junho, seriam R$ 5.500, mas os atletas dizem não ter recebido o dinheiro desse mês.

Para justificar os repasses menores, a Jaguares apresentou despesas que a organização teve com o time. Entre os gastos listados pelo clubebonusca bitstarzum documento estão estadia, contas da gaming house e alimentação; comprabonusca bitstarzcolchões, equipamentos e celular; passagens aéreas para os jogadores; pagamentobonusca bitstarzcozinheiro e psicólogo; entre outros custos.

Os atletas, o técnico e o manager da equipebonusca bitstarzFree Fire ficaram na gaming house da Jaguares,bonusca bitstarzSão Paulo, por menosbonusca bitstarzum mês,bonusca bitstarzjunho. O time não conseguiu se classificar para a semifinal da Série B da LBFF 5.

Em julho, os membros do time passaram a cobrar mais enfaticamente o repasse dos valores combinados, pedindo ainda que não houvesse atraso nos pagamentos, como vinha ocorrendo. A diretoria da Jaguares tinha começado a pedir,bonusca bitstarzmaio, que os jogadoresbonusca bitstarztoda a organização emitissem notas fiscais para serem pagos, o que os integrantes da divisãobonusca bitstarzFree Fire não conseguiram fazer. Em 23bonusca bitstarzjulho, após as cobranças dos contratados, a Jaguares desligou o time, sustentando que o responsável pelo projeto assim queria.

Além do saláriobonusca bitstarzjunho e dos dias trabalhadosbonusca bitstarzjulho, a equipe espera o pagamentobonusca bitstarzUS$ 1,2 mil (cercabonusca bitstarzR$ 6 mil)bonusca bitstarzpremiaçõesbonusca bitstarzdois campeonatos. O dinheiro estábonusca bitstarzpoder do clube,bonusca bitstarzdescumprimento a uma cláusula do contrato que estipulava que o líder da equipe seria o responsável por gerenciar os prêmios recebidosbonusca bitstarzcompetições, devendo destinar 40% dos valores à organização e o restante aos jogadores e ao treinador.

Uma das fontes contou ao ge que, no dia anterior a partidas da Série B da LBFF 5, Stella exigiu que a equipe demitisse um membro, alegando que a gaming house estava cheia com oito pessoas, mas a fonte acredita que a motivação era cortebonusca bitstarzdespesas. Desconfortável com a cobrança, o time optou pela saída do manager.

Situações embaraçosas por conta da diretoria da organização não são exclusividade do timebonusca bitstarzFree Fire. Todos os entrevistados pelo ge relataram episódiosbonusca bitstarzcontrariedade com Stella,bonusca bitstarzrazãobonusca bitstarzpromessas e acordos não cumpridos ou discordância quanto ao comportamento dela no dia a dia do clube.

A Jaguares contratou uma equipe masculinabonusca bitstarzValorantbonusca bitstarzfevereiro e disse que a gaming house poderia ser usada pelos atletas. Um jogador que mora no Rio Grande do Sul viajou a São Paulo, mas a diretoria alegou posteriormente que não seria permitido utilizar o imóvelbonusca bitstarzrazão das restrições impostas pela pandemiabonusca bitstarzCovid-19. Ele tevebonusca bitstarzficar na residência do treinador.

Como alternativa, a direção da Jaguares chegou a oferecer um apartamento para os jogadoresbonusca bitstarzfora da capital paulista, mas, conforme uma fonte, seriam descontados cercabonusca bitstarzR$ 1 mil dos atletas que se hospedassem lá, sendo que o salário deles erabonusca bitstarzR$ 1,5 mil.

Os jogadores ficaram na organização somente até março e pediram para sair. Em comunicados públicos, os atletas informaram, na época, que estavam se separando por contabonusca bitstarzbaixo desempenho. Uma fonte sustentou que era insatisfação com o clube. Eles só receberam a remuneração do primeiro mês e abriram mão do pagamentobonusca bitstarzmarço para não terem que arcar com a multabonusca bitstarzR$ 10 mil previstabonusca bitstarzcontratobonusca bitstarzcasobonusca bitstarzsaída da organização.

Depois da saída deles, anunciadabonusca bitstarz31bonusca bitstarzmarço, Stella logo procurou outra equipebonusca bitstarzValorant e propôs o orçamentobonusca bitstarzR$ 5 mil para serem divididos entre os jogadores, com a possibilidadebonusca bitstarzaumento caso metasbonusca bitstarzdesempenhobonusca bitstarzcampeonatos fossem atingidas. O time, porém, não aceitou a proposta,bonusca bitstarzrazão da cláusula que estipulava que 50% do dinheiro das premiações deveriam ser repassados à organização e da cobrança pela estadia na gaming house.

Segundo uma fonte, Stella disse que quem fossebonusca bitstarzSão Paulo e quisesse ficar na gaming house do clube teriabonusca bitstarzpagar aluguel.

Uma outra equipe masculinabonusca bitstarzValorant entroubonusca bitstarzjunho para a Jaguares, mas tem enfrentado problemas internos, apesarbonusca bitstarzboas atuações no servidor. O time se classificou para a Final Brasileira do VCT Challengers Brazil - Etapa 3, competiçãobonusca bitstarzelite do Valorant brasileiro. Os membros do elenco estão com salários atrasados.

Para a equipe masculinabonusca bitstarzCS:GO, a direção da Jaguares também prometeu a gaming house e não cumpriu e igualmente propôs a cobrança pela estadiabonusca bitstarzum imóvel.

— A ideia era ir para a gaming house, que nem tinha na época, e cobrar pelos quartos para dividir os custos. Mas a gente deu no meio dela [Stella], então esse assunto nunca mais voltou à tona para nós — contou uma fonte.

Ela salientou que os atrasos nos pagamentos dos salários são constantes. Os ordenados deveriam ser pagos todo dia 10, mas normalmente só chegam depois do dia 15, às vezes no dia 20.

Os atletasbonusca bitstarzCS:GO masculino estão com salários atrasados, mesmo tendo emitido as notas fiscais requisitadas pela organização a partirbonusca bitstarzmaio. Jogadorasbonusca bitstarzCS:GO da Jaguares, que entraram nos holofotes ao conquistarem a terceira edição da Gamers Club Masters Feminina com uma vitória sobre a MIBR na final, também estão com pagamentos pendentes.

— A Stella sempre falava que quem emitisse nota fiscal seria pago, mas tem inúmeros casosbonusca bitstarzjogadores que emitiram certinho e não receberam — relatou outra fonte.

Jogadorasbonusca bitstarzuma equipe femininabonusca bitstarzValorant entraram na Jaguaresbonusca bitstarzabril, recebendo R$ 1 milbonusca bitstarzsalário e não tiveram as promessasbonusca bitstarzreajuste cumpridas, apesar das metas estipuladas terem sido alcançadas, segundo alegou uma fonte. Os salários também eram pagos com atraso.

Em julho, a Jaguares dispensou as atletas,bonusca bitstarzmeio a um movimentobonusca bitstarzque duas delas, insatisfeitas, desejavam sair. Elas não receberam o salário do último mês da organização, nem premiaçõesbonusca bitstarztrês campeonatos disputados, no valor totalbonusca bitstarzR$ 6,5 mil, apesarbonusca bitstarzconstantes cobranças à diretoria da organização.

Em 5bonusca bitstarzagosto, a Jaguares anunciou outro time femininobonusca bitstarzValorant. Quando contatadas, aindabonusca bitstarzjulho, as jogadoras pediram a inclusão, no contrato,bonusca bitstarzuma cláusula que tratasse sobre o atrasobonusca bitstarzsalários. Elas já sabiam da situação no clube.

Em conversa com as integrantes da equipe, Stella alegou que os atrasos eram motivados por uma mudança no sistemabonusca bitstarzpagamentos, já que todos os contratados deveriam passar a emitir nota fiscal para receber.

Ao entrarem na organização, contudo, as jogadoras perceberam que a realidade era diferente, pois existiam atletas que haviam emitido notas fiscais, mas que estavam igualmente com as remunerações atrasadas.

Na última segunda-feira, aconteceu uma reunião que contou com Stella, uma representante do setor financeiro e os responsáveis por equipes da Jaguares. O teor daquela conversa acabou sendo a gota d’água para que as atletasbonusca bitstarzValorant decidissem sair do clube, somente duas semanas depoisbonusca bitstarzterem entrado.

Elas não tinham assinado o contrato, porque a organização ainda não havia enviado o documento com a cláusula sobre atrasobonusca bitstarzsalários. Nas publicaçõesbonusca bitstarzque anunciaram a saída da Jaguares nas redes sociais, as integrantes da equipe salientaram que não tinham assinado o contrato.

Na reuniãobonusca bitstarzsegunda-feira, Stella reforçou a necessidadebonusca bitstarzemissãobonusca bitstarznotas fiscais, mas admitiu que a responsável pelo setor financeiro estava “arrumando a casa” para poder pagar os contratados.

Ela ainda alegou, segundo o ge apurou, que o modelobonusca bitstarznegócio da Jaguares ébonusca bitstarzagenciamento e tratou a contrataçãobonusca bitstarzjogadores como uma “parceria”. Em uma fala que revoltou participantes da reunião, a coproprietária da organização disse que parte da culpa pelos atrasos seria dos próprios jogadores, argumentando que os contratados são o “produto” do clube e, se a organização não está ganhando dinheiro, é porque o “produto está errado”.

Jogadores e outros funcionários que passaram pela Jaguares estudam iniciar ações judiciais contra a organização. Até a publicação desta reportagem, não havia processos contra a Jaguares abertos no Tribunalbonusca bitstarzJustiçabonusca bitstarzSão Paulo (TJ-SP) ou na Justiça do Trabalho.

Contatada pelo ge por telefone, Stella disse que a Jaguares é uma marca nova, com só nove mesesbonusca bitstarzexistência, e que começou a "arrumar a casa"bonusca bitstarzmaio, com a exigênciabonusca bitstarzque os contratados deveriam emitir notas fiscais para receber os pagamentos. A executiva argumentou que, a partir do emissão dos documentos, a organização tem um prazo para quitar as pendências, mas que ainda há contratados atuais e ex-funcionários que não providenciaram as notas. Ela também admitiu, assim como fez na reuniãobonusca bitstarzsegunda-feira, que parte do problema é causada por faltabonusca bitstarzdinheiro.

— Estamos regularizando o negócio. Como a gente agencia a galera, a gente paga eles quando a gente recebe o dinheiro. É uma questão que está no contrato, a gente explica e manda e-mail, mas eles não pensam nisso. Eles não veem o lado da empresa. Precisamos arrumar a casa.

Questionada por qual motivo continua contratando equipes se não tem dinheiro nem mesmo para pagar as dívidas atuais, Stella respondeu:

— Eu não posso dar informações do nosso modelobonusca bitstarznegócio.

A dona da Jaguares prometeu que, até o fimbonusca bitstarzagosto, a situação da organização estará regularizada, mas, apesarbonusca bitstarzquestionada repetidas vezes, não quis responder se isso significa que as dívidas serão pagas neste prazo.

Veja as respostas da coproprietária da Jaguares para outras questões além dos pagamentos:

• Free Fire: Stella alegou que não poderia comentar as informações do contrato, mas sustentou que "tudo o que fizemos foi combinado" e disse que "está à disposição" para resolver os problemas. Ela não quis responder se cobrou a demissãobonusca bitstarzum membro da equipe às vésperas da Série B da LBFF 5.
• Valorant masculino: Stella disse que quem solicita o uso da gaming house é o time e que "não tem nada a ver" a informaçãobonusca bitstarzque um jogador do elenco antigo tevebonusca bitstarzficar na casa do treinadorbonusca bitstarzSão Paulo. Perguntada sobre a ofertabonusca bitstarzapartamento com cobrançabonusca bitstarzaluguel, Stella respondeu que "isso não tem nada a ver" e chegou a dizer que o imóvelbonusca bitstarzSão Paulo onde ficam os jogadores não seria uma gaming house. Ela sustentou que não havia ofertabonusca bitstarzgaming house porque a Jaguares é nova e não tem condições financeiras para bancar tal estrutura.
• Valorant feminino: Stella disse que já fez um acordo com as jogadoras que saíram para quitar os salários e as premiações atrasados e sustentou que não havia pagado antes por faltabonusca bitstarzdocumentação. Sobre o time que saiu após duas semanas, a executiva alegou que as jogadoras "estavambonusca bitstarzteste e não quiseram continuar" e sustentou que o contrato não chegou a ser assinado porque o clube "está arrumando a casa".
• CS:GO masculino: Stella respondeu que "não tem nada a ver" quando questionada sobre a promessabonusca bitstarzgaming house para a equipe e a sugestãobonusca bitstarzcobrançabonusca bitstarzaluguel.
• Reunião: Stella argumentou que promoveu a reunião para colocar os representantes das equipes e a representante do setor financeirobonusca bitstarzcontato para que houvesse transparência. Ela não quis se pronunciar sobre os comentários que fez no encontro e chegou a repetir diversas vezes que "isso não tem nada a ver" quando perguntada sobre a declaraçãobonusca bitstarzque, se a organização não está ganhando dinheiro, é porque "o produto está errado".