Era novembro2015, e o Estádio Serra Dourada,Goiânia, estava lotado. Não para uma partidafutebol, e sim para o eventoconfraternização da temporada do LoL, o CBLOL All-Star, com a presença dos principais atletas brasileiros da modalidade.

O empresário goiano Djary Veiga, na época organizadorpequenos eventos e campeonatosesports, viu tudoperto e percebeu o potencial ainda inexploradoGoiás. Foi a primeira e única vez que o Centro-Oeste recebeu um evento da Riot Games.

Impressionado com o que presenciou, Djary se envolveu na organizaçãocada vez mais eventos e se aproximouJoão Vytor Rosa Sobreira, jovem empresário que era cofundador da Go4It, agência que administrou a divisãoesports do Flamengo até 2019. Os dois foram os responsáveis pela concepção da Rensga, uma organização que teria sedeGoiânia, lutaria pela descentralização dos esports e contaria com perfilcomunicação irreverente e com regionalismos na linguagem.

— Conversamos sobre as coisas legais estarem todasSão Paulo e veio a ideiadescentralizar os esportes eletrônicos. Vamos criar um time com escudo tipofutebol e nomeinglês? Não, né! Chegamos no nome Rensga, pensamos no caubói e no chapéu para representar o sertanejo e decidimos conversar nas redes sociais como se fosse um caipira. Fazia todo sentido. Era personificar a nossa identidade — explica Djary, hoje CEO da Rensga,entrevista ao ge. Em Goiás, Rensga é uma palavra usada para expressar espanto ou admiração.

+ História da RED Canids: início polêmico, 2ª divisão e redenção com jovens
+ CBLOL 2021: foto entrega local da decisão no Rio
+ CBLOL 2021: campeã irá ao Worlds pela 1ª vez; relembre times
+ Worlds 2021: times classificados para o MundialLoL
+ CBLOL 2021: Rensga na final é vitória para o sistemafranquias

A ideia estava pronta. Faltava o dinheiro. Com a proposta inovadoramãos, a dupla conseguiu a adesãotrês investidoresdois meses. O quintetoempresários lançou a Rensgamaio2019 e comprou a vaga da Operation Kino (OPK) no 2º Split do Circuito Desafiante, o torneio da 2ª divisão do LoL brasileiro.

Além da equipe, a Rensga inaugurou a Orbi Gaming, um complexo gamer800 metros quadrados, com centrotreinamento, arena para eventos e competições e computadores à disposição do público.

Com elenco diferente do atual, a Rensga ficou na lanterna do 2º Split do Circuito Desafiante2019, com 13 derrotas e só uma vitória, e foi rebaixada após perder a SériePromoção. Apesar dos péssimos resultados, o clube chamou a atenção pelas publicações irreverentes e divertidas nas redes sociais, inclusive zombando da própria desgraça, e conquistou a simpatiaparte da comunidade.

A Rensga conseguiu subir da 3ª divisão para o Circuito Desafiante no 2º Split2020, quando a equipe derrotou a Intergalaxy Tigers por 3 a 0 na SériePromoção. No 2º Split do Circuito Desafiante2020, já com Thiago "Kiari", topo do elenco atual, o time teve a segunda melhor campanha da fase classificatória, com nove vitórias e seis derrotas, e perdeu na semifinal para a Team One por 3 a 1.

Ao longo2020, mesmo sem resultados esportivospeso, a Rensga se preparou para a transformação do CBLOL para o sistemafranquias, iniciado2021. O clube apostava todas as fichas que, mesmo sendo novo eforaSão Paulo, poderia ser escolhido. Para impressionar, a Rensga até convidou uma dupla sertaneja para participar da apresentação que os diretores fizeram para os representantes da Riot Games do Brasil durante o processo seletivo.

Deu certo! A Rensga, com um ano e meiovida, entrou como uma das dez escolhidas para a franquia, ao ladointegrantes históricos do mercado, como a paiN Gaming.

Na mesma época, a Rensga passou a contar com o aporte financeiro da Componente, empresainvestimentos pertencente ao empresário João Paulo Diniz, filhoAbílio Diniz, o fundador do Grupo PãoAçúcar.

— Nossa entrada na franquia estava atrelada à entrada do capital dessa empresa. Esports é business, a empresa tem que dar lucro. Temos que correr atrás para fazer o negócio funcionar. Foi um grande ativo que entrou para podermos fazer tudo acontecer: melhorar as contratações e a infraestrutura e poder fazer o pagamento da vaga — detalha Djary. Cada vaga na franquia do CBLOL custou R$ 4 milhões para clubes que já estavam no circuito competitivo oficialLoL, que era o caso da Rensga. Para organizaçõesfora, como a LOUD, o preço eraR$ 4,4 milhões.

Na mais recente movimentação administrativa, a Rensga fechou patrocínionaming rights com a corretoracriptomoedas BitPreço e, com isso, passou a se chamar Rensga BitPreço. No CBLOL, porém, a equipe mantém o nome original, pois criptomoedas é uma das categoriaspatrocinadoresque há restrições da Riot Games.

Segundo Djary, a Rensga procurou uma empresacriptomoedas assim que a organização norte-americana TSM anunciou o acordonaming rights com a FTX,um negócioUS$ 210 milhões (cercaR$ 1 bilhão). Por lá, a Riot Games também proibiu a TSMusar o nome FTX nos campeonatosLoL.

— Foi um grande marco para o mercado brasileiro, principalmente para o CBLOL, porque, até então, era uma categoriapatrocinadores bloqueada, mas a TSM abriu esse caminho lá fora.

Além do corpo diretivo com investidoresdez empresas, a Rensga tem hoje quatro patrocinadoras, sendo a BitPreço a principal delas. A Go Gaming é a holding que administra tanto o clube quanto o complexo Orbi Gaming.

Com a chegada do clube à final, abrem-se novas oportunidadesnegócio. Neste 2º Split do CBLOL 2021, a Rensga começou com desempenho mediano, mas embalou no segundo turno da faseclassificação, com vitóriasoito, dos nove jogos. Nas quartasfinal, a equipe derrotou a LOUD por 3 a 0 e, na semifinal, bateu a paiN Gaming, principal candidata ao título, por 3 a 2. No 1º Split do CBLOL 2021, o time ficou na lanterna, com quatro vitórias e 14 derrotas.

Do 1º para o 2º Split, a Rensga manteve o topo Kiari e o atirador Matheus "Trigo", mas fez trocas nas outras três posições, contratando o suporte Yan "Damage" e os sul-coreanos Jong-hoon "Croc" (caçador) e Hee-min "Yuri" (meio).

— A Rensga precisavaum desempenho esportivo muito relevante para chamar atenção, nós tivemos e já começaram a aparecer marcas que nós não imaginávamos. Vamos nos preparar mais e fechar novos parceiros, porque precisamos disso — comenta Djary.

Apesar dos problemasinternet que marcaram a campanha na faseclassificação do CBLOL e fizeram os jogadores pedirem para jogar os playoffsSão Paulo, a Rensga continuará com a sedeGoiânia. O CEO do clube destaca que, superada a pandemia, os jogos voltarão a ser disputados presencialmente,estúdio na capital paulista. E, mesmo com a distância, o executivo mantém os planostreinar na capital goiana e viajar aos finaissemana para as partidasSão Paulo.

— Vai ser puxado, mas jogadoresfutebol, vôlei e basquete fazem isso. O planejamento é esse — aponta Djary.

Com dois anosexistência, a Rensga vive o seu auge esportivo, depoister conquistado sucesso na comunicação com o público e nos negócios, o que ajudará ainda mais a organização a ser bem-sucedidatermos empresariais - a base para bons resultadosSummoner's Rift a longo prazo.

Rensga e RED Canids Kalunga fazem a final do 2º Split do CBLOL 2021, no RioJaneiro, no próximo sábado, a partir13 horas,um confronto melhorcinco partidas (md5). Os jogos serão transmitidos nos canais oficiaisstreaming da Riot Games Brasil e no SporTV 2. O time vencedor leva o título, o prêmioR$ 70 mil e a classificação para o Worlds, o Campeonato MundialLoL.