Fontes de referência
Abre Aspas: André Jardine abre coração sobre saída da Seleção, México e retorno ao Brasil
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Eram diasbingo jogo de azarcalmaria para André Jardine. Após fazer história pelo América do México ao conquistar o tricampeonato nacional, ele escolheu o litoral para relaxar. Primeiro, passou o Natal com parte da famíliabingo jogo de azarSanta Catarina. Depois, tinha planosbingo jogo de azarir a Cancún, curtir o réveillonbingo jogo de azaruma praia do Caribe. Neste meio-tempo, o técnico fez uma breve escalabingo jogo de azarSão Paulo, onde atendeu a reportagem do ge por maisbingo jogo de azarduas horas para o Abre Aspas (assista aos principais trechos no vídeo acima).
De tão relaxado, num raro período sem jogos, Jardine esqueceubingo jogo de azarlevar calças na bagagem ao Brasil. Quando notou, no dia da gravação na Globo, fez questãobingo jogo de azarconferir se não havia problemabingo jogo de azardar a entrevistabingo jogo de azarbermuda.
Era 26bingo jogo de azardezembro e o técnico não fazia ideia que a maré iria mudar. Dali a alguns dias ele receberia um telefonemabingo jogo de azarJohn Textor, dono da SAF do Botafogo. O convite para assumir o atual campeão brasileiro e da Libertadores agitou aquele mar que até então era calmo.
A decisãobingo jogo de azarrecusar o Botafogo e seguir no América veio maisbingo jogo de azaruma semana depois da entrevista. Mas ali já era possível entender que tirá-lo do México agora não seria fácil:
– O futebol brasileiro financeiramente tem mais força do que o mexicano, então pela parte financeira não seria um empecilho. O que é difícil é a gente ter hoje no Brasil um projeto que te dê pelo menos a sensaçãobingo jogo de azarque vai ser respeitado,bingo jogo de azarque vai ter início, meio e fim – afirmou.
Foi com esse mesmo pensamento que Jardine deixou a seleção brasileira após o ouro olímpico e aceitou o desafiobingo jogo de azarassumir o Atlético San Luis, então lanterna do Campeonato Mexicano,bingo jogo de azar2022. Ao Abre Aspas, o técnico comenta os rumosbingo jogo de azarsua carreira e fala sobre a necessidadebingo jogo de azarexplorar novos mercados. E muito, muito mais: da passagem relâmpago no comando do profissional do São Paulo à culinária mexicana; das ideiasbingo jogo de azarjogo e inspirações no futebol à nova turnê do Oasis (ele já foi vocalistabingo jogo de azaruma banda cover dos ingleses);bingo jogo de azarGuardiola a Ted Lasso. Confira abaixo a entrevista:
Vamos começar pela pergunta mais óbvia: já comprou ingresso para a turnê do Oasis?
– (Risos) Pior que ainda não, mas com certeza eu vou, a não ser que a gente não esteja no México. É um dos compromissos que eu tenho esse ano aí.
O nome do seu filho, Liam, é uma homenagem ao Liam Gallagher, vocalista do Oasis?
– É uma junção.
De uns tempos para cá muitas pessoas têm usado a expressão futebol rock and roll, principalmente depois do Klopp. Se refere a um jogo muito intenso, ativo. A tua ligação com o rockbingo jogo de azarcerta forma se reflete um pouco no futebol que você acredita e busca para seus times?
– É o (ritmo musical) que eu mais escuto, né? Eu sou uma pessoa que conecta as coisas da vida, as emoções que a gente vai vivendo. Eu conecto muito com a música, sempre tentando que as músicas signifiquem momentos importantes da vida. No futebol são vários e vários, né? Então a música, ela me ajuda muito. É uma certa terapia, né? Em momentos que a gente quer um poucobingo jogo de azarpaz, ou que a gente quer se motivar, entrar num clima maisbingo jogo de azarguerra, num climabingo jogo de azarcompetição. Praticamente tem uma trilha sonora pra cada momento aí.
Você acha que o ritmo dos seus times é rock and roll?
– Eu acho que tem um pouco a ver sim. A gente gostabingo jogo de azartime intenso, né? Um time que corra por todas, que dispute todas as bolas. Mas também, ao mesmo tempo, um time inteligente, que saiba o que está fazendo. Mas tem, sim, um pouco a ver. Em alguns momentos já usei músicasbingo jogo de azarrock para motivar os jogadores, com lances da própria equipe.
Vamos antecipar uma matéria que será feita no futuro quando você regressar ao Brasil: como jogam os times do Jardine? Se tiver alguma coisa que seja a essência do futebol do Jardine, qual é?
– Eu tenho duas veias muito fortesbingo jogo de azarmim: a veia romântica do jogo bem jogado, do futebol bonito. Os meus times, sobretudo na base, jogavam todos muito bonito. Eu colocava a forma na frente dos títulos. Apesarbingo jogo de azarter tido muito êxito, eu sempre valorizei mais as formas do que os resultados, porque entendia que eu estava trabalhando com formação e queria que os meus jogadores tivessem hábitobingo jogo de azarjogar o jogo mais exigente possível, e eu acho que o jogo bem jogado com a bola é o jogo mais exigente possível a nível cognitivo, a nível físico, a nível coletivobingo jogo de azarforma geral. No profissional eu continuo com essa veia romântica, mas a veia competitiva vem junto, se não com um pouquinho maisbingo jogo de azarforça, pelo menos uma força igual. Porque a gente, no futebol profissional, muda um pouco o foco, a gente é pago para dar resultado.
– Muitas vezes lá no América eu escuto a seguinte frase do meu chefe: “a gente quer ganhar, não importa como, a gente quer ganhar, a gente quer ser campeão”. Então, quando você entende isso, a exigência que tem e como tu és cobrado, as formas ficambingo jogo de azarsegundo planobingo jogo de azarrelação ao resultado. Eu quero continuar sendo reconhecido por um treinador que faz o time jogar bem, mas mais que isso eu quero ser campeão. Eu quero ser um treinador capazbingo jogo de azarlevar o time aos seus objetivos, custe o que custar. Hoje a nossa formabingo jogo de azarjogar lá no México ela é muito adaptativa. Ela muitas vezes joga muito bonito, joga um jogo muito ofensivo, masbingo jogo de azaroutras você vai ver o nosso time muito defensivo. Por quê? Porque a gente entendeu que para vencer aquele jogo tinha que ir por um caminho um pouco diferente. Ainda mais quando são jogosbingo jogo de azarmata-mata,bingo jogo de azarque qualquer erro pode te custar uma eliminação.
Após o tricampeonato no México, cresceu a discussão no país se você é o maior técnico da história do América, o clube mais popular do país. Como você vê esse debate e acha que,bingo jogo de azarcerta forma, esse prestígio pode ser transportado para o Brasil?
– Foi bem surpreendente. Esses números, alguns recordes que a gente foi quebrando muito rápido, tem realmente o méritobingo jogo de azarser tricampeão, isso não é fácil, mas ainda acho que são poucas conquistas para estar querendo entrar nesse hall seletobingo jogo de azargrandes treinadores. Eu nunca mirei, não é uma coisa que me preocupa e nem é um objetivo.
– Mas, aí sim, a repercussão no Brasil, que é a segunda parte da pergunta: o brasileiro tem essa característicabingo jogo de azardepreciar um pouco aquilo que é dele. Hoje eu me orgulho muito do que a gente está fazendo. Eu falo a gente porque a parcelabingo jogo de azarcontribuição do corpo técnico é muito, muito grande. Eu tentei me cercar dos melhores profissionais possíveis, e a gente está conseguindo uma façanha difícilbingo jogo de azarser feita, e que no Brasil muito pouco se fala. Claro,bingo jogo de azarlá eu não consigo acompanhar tãobingo jogo de azarperto, mas imagino que pudesse estar sendo mais divulgado e mais valorizado, inclusive a própria conquista da medalhabingo jogo de azarouro. Nos últimos Jogos Olímpicos a gente nem sequer participou (no futebol masculino), o que dá uma dimensãobingo jogo de azardificuldade do que é conquistar uma medalhabingo jogo de azarouro num país diferente. Esse sentimento, essa pontabingo jogo de azarfrustração eu tenho. Mas eu imagino que com o tempo isso vai, inevitavelmente, acabar acontecendo, porque “ojalá”, como se diz no México, a gente vai seguir nessa linhabingo jogo de azarconquistas e, fatalmente, vai acabar sendo reconhecido não só no Brasil, masbingo jogo de azartoda parte do mundo.
Mudou muitobingo jogo de azarvida com o tri mexicano e o reconhecimento da torcida?
– Sim, agora complicou, né? Principalmente com essa última conquista, a gente percebeu o tamanho disso na rua mesmo, quando a gente vai pra qualquer lugar, pra qualquer deslocamento, às vezes até no trânsito, o pessoal para o carro, quer tirar foto, quer descer do carro. O América tem uma forçabingo jogo de azartorcida impressionante, eu apostaria que talvez metade do México torce pro América. É uma torcida fanática e imensa e que está muito tocada com esse momento. Quando a gente consegue conquistasbingo jogo de azarsequência, como foi, percebe que a torcida começa a viver aquilo com uma intensidade muito grande, e reflete diretamente no dia-a-dia. É uma consequência boa, que te dá trabalho às vezes, te tira tempo, mas é um carinho, um reconhecimento que qualquer profissional gostabingo jogo de azarter.
Você parece bem feliz com esse momento vivido no México. O que pensa para o futuro dabingo jogo de azarcarreira? A ideia é seguir no México por mais um tempo? Pensabingo jogo de azarvoltar ao Brasil num futuro próximo?
– Eu penso com carinho, sim, nesse retorno, vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, eu não tenho pressa para que isso aconteça, mas tenho vontadebingo jogo de azarfazer um trabalho sólido também aqui no Brasil,bingo jogo de azarter um reconhecimento mais forte, e isso só vai acontecer se a gente conseguir ser campeão também dentro do Brasil. Me imagino mais algum tempo no México, e quando terminar esse ciclo do futebol mexicano, aí é pensar com carinho nas possibilidades. Se tiver que ir para um país bombingo jogo de azarse viver também, para uma liga boa, qualquer país para mim é opção. A parte negativa é essa saudade que a gente sente da nossa família, dos nossos amigos. Talvez uma liga ainda mais importante. Tenho sonhos, tenho aspirações, e esse retorno ao Brasil é uma delas. Vamos ver se a gente consegue ter êxitobingo jogo de azartodas elas.
Neste período trabalhando e vivendo no México, principalmente nessa fase mais recente,bingo jogo de azarmuito sucesso e títulos, você foi procurado por clubes do Brasil? O que te faria deixar esse projeto?
– Alguma sondagem sim, né? Sempre tem telefonemas, perguntas, se está disposto a sair do México, se está disposto a conversar. Esse tipobingo jogo de azarsondagem é bastante comigo, mais ainda com o meu agente.
– Hoje realmente é difícil, o futebol brasileiro financeiramente tem mais força do que o mexicano, então pela parte financeira não seria um empecilho. O que é difícil é a gente ter hoje no Brasil um projeto que te dê pelo menos a sensaçãobingo jogo de azarque vai ser respeitado,bingo jogo de azarque vai ter início, meio e fim.
– Apesarbingo jogo de azarque no México não é tão diferente assim, hoje no América eu me sinto respaldado, mas porque a gente também vem ganhando, vem conquistando, então sempre que ganha é fácil dizer que o trabalho tem continuidade. Mas é momento. Eu vou procurar ao longo da minha carreira toda respeitar muito os processos, os ciclos. Quando eu sentir que tem um processo ali que terminou, seja porque foi muito vitorioso ou porque não foi vitorioso, tentar sentir a intuição também, o sentimento que a gente tem no peitobingo jogo de azarfazer uma trocabingo jogo de azarrota,bingo jogo de azarbuscar outro desafio. Foi exatamente como eu fiz na seleção. Era um sentimento que eu tinha,bingo jogo de azarque era um ciclo que tinha encerrado, mas não sabia exatamente o que ia ser o próximo. É super difícil para o treinador saber exatamente qual é o próximo passo, mas é escutar um pouco o próprio coração, a própria intuição e ir tentando tomar as melhores decisões possíveis. Não é impossível, claro que não. Mas não é tão fácil hoje ter um projeto que me faça trocar o que eu tenho no América. Não acho impossível, mas acho difícil.
Quando deixou a CBF e foi para o México, há três anos, você deu uma entrevista ao ge na qual explicava seus motivos: queria voltar ao trabalho diário no campo, encarar um novo desafio e também ter um projeto, como o que foi te apresentado pelo Atlético San Luis. Naquele momento era uma decisão que parecia muito arriscada, pois você estava assumindo o lanterna do campeonato. Hoje, após ser tricampeão mexicano pelo América, como avalia aquele movimentobingo jogo de azarcarreira que você fez?
– Com bastante orgulho. Porque foi uma decisãobingo jogo de azarsairbingo jogo de azaruma certa zonabingo jogo de azarconforto, onde a gente estava com uma certa estabilidade, por ter ganho uma medalha que nos dava um poucobingo jogo de azarpaz, pelo menos um ciclo olímpico a mais. Fomos para um clube que era um tremendo desafiobingo jogo de azaroutro país, sem nenhuma garantiabingo jogo de azarque ia dar certo, mas eu pensava que era isso que eu precisava para a minha carreira, também me desafiar, pegar um time com menos condições e ter que, a partir do trabalho, fazer a diferença. Tinha certezabingo jogo de azarque isso seria muito importante na minha carreira. Ter conquistado isso te dá força também, te dá chão para pra quando tu estás vivendo maus momentosbingo jogo de azarclubes maiores te lembrar das coisas que você já fez, um passado vitorioso que a gente teve e com certeza esse capítulo da minha carreira sempre vai me dar força pra onde eu estiver e sempre vai ser um motivobingo jogo de azarmuito orgulho.
O que foi apresentado pelo Atlético San Luis que te passou confiança no projeto?
– Foi tudo muito rápido. Na época, eu estava até convocado com o Tite. Estávamos no Equador para jogar Eliminatórias. Quando vem o primeiro contato eles têm muita pressa, já querendo decidirbingo jogo de azardois, três dias. Eu tinha que arrumar um tempinho ali no hotel, num momento pós-refeição para que pudesse atendê-los. Fizemos uma reunião virtualbingo jogo de azarque me impressionei com as pessoas que comandam o San Luis. A seriedade, a capacidadebingo jogo de azartransmitir para mim naquele momento um projeto realmente que parecia ser verdadeiro, tudo o que eles estavam me dizendo, a franquia com o Madrid, a intençãobingo jogo de azarfazer o clube ir trocandobingo jogo de azarnível aos poucos, a clara sensaçãobingo jogo de azaronde eles estavam...
– Eles não estavam ali me pedindo um título, e sim para estabilizar a equipe numa parte da tabela que não brigasse mais por descenso. Com a nossa capacidadebingo jogo de azarprospecçãobingo jogo de azarjogadores mais jovens, tentar fazer um projeto que tivesse muito futuro. Para isso, um contrato longo, com uma multa que parecia ser muito séria. Era tudo que eu queria ouvir naquele momento. Eu tinha a certezabingo jogo de azarque precisavabingo jogo de azarum novo desafio, que eu queria alguma coisa desse tipo. Eu tento prestar muita atenção nos sinais da vida. Como eu vinha pensando, me encorajando a dar um passo desse, foi exatamente nesse momento que eu veio um convite desse tipo, me parecia ali muito claro que era uma coisa que eu tinha que fazer, senão talvez eu me arrependesse, por mais que os riscos fossem altos.
Você estava na CBF numa posição cobiçada por muitos: campeão olímpico e trabalhando na comissão técnica da seleção principal, mas mesmo assim foi atraído por um projetobingo jogo de azarum timebingo jogo de azaroutro país, que não era grande. Você acha que faltou isso na CBF, um projeto que te oferecesse um horizonte lá dentro para que não precisasse buscar issobingo jogo de azaroutro lugar?
– Pode ser, né? Pode ser. O projeto ali na CBF era muito claro: primeiro era conquistar uma medalha. A medalha que se falava muito era a medalhabingo jogo de azarouro, né? Havia essa ambiçãobingo jogo de azarmanter a medalhabingo jogo de azarourobingo jogo de azarcasa, e a gente conquistou. Depois da conquista foi um período um pouco difícil para mim e difícil para a própria CBF, porque foi todo aquele momento conturbadobingo jogo de azarsaídabingo jogo de azarpresidente,bingo jogo de azarficar um período sem comando. Então ficamos todos ali dentro um pouco órfãosbingo jogo de azarsaber exatamente o que seriam os projetos e o futurobingo jogo de azarcada um. Pra mim, talvez mais difícil ainda por ter encerrado um ciclo e ficar esperando da instituição uma luz verde ou algum sinal. Claro, eu conversava muito com o Branco (coordenador da base), na época ele me passava a intenção da casabingo jogo de azarque eu fosse assistente da seleção principal,bingo jogo de azarque eu fosse uma memória viva alibingo jogo de azartodo esse trabalho da base que vinha sendo muito bem feito. Eu imaginava que essa proposta ia acabar vindo mais cedo ou mais tarde, assim que a instituição se ajeitasse a nívelbingo jogo de azarcomando.
– Mas, dentrobingo jogo de azarmim, eu tinha (o sentimento) que talvez fosse muito pouco, talvez ficar ali naquele momento fosse escolher por uma zonabingo jogo de azarconforto. E nunca foi assim a maneira que eu lidei com a minha carreira, eu sempre fui movido a desafios, eu acho que a nossa vida profissional passa muito rápido, ela é muito curta. Se a gente fica três, quatro, cinco anos optando por uma zona mais confortável, são anos que você deixabingo jogo de azarconquistar experiências que vão ser muito importantes para ti no futuro. Melhor do que aquilo que eu tinha vivido dentro da CBF era impossível, foi aquele ciclo olímpico vitorioso. Não imaginava o que viria, mas qualquer coisa (de fora) que viesse iria somar muito mais do que uma nova experiênciabingo jogo de azaralgo que eu já tinha, que eu já sabia exatamente como funcionava, que eu já tinha inclusive a fórmula do êxito. Eu queria uma coisa mais desafiadora e que me fizesse crescer profissionalmente.
O que você sentiu quando assistiu à final da Eurocopa e viu que o técnico era o mesmo que você venceu na final da Olimpíada, que já vinha trabalhando antes nas outras categoriasbingo jogo de azarbase da seleção, ascendeu, levou um montebingo jogo de azarjogadores que já conhecia e teve êxito na seleção principal? Passou nabingo jogo de azarcabeça algo como: “olha, poderia ter feito a mesma coisa comigo”?
– Passou, mas muito rápido. O sentimento foi primeirobingo jogo de azarorgulho,bingo jogo de azarter a certeza que a gente já tinha quando conquistou o ouro,bingo jogo de azarque foi difícil, suado, batalhado, que a gente enfrentou grandes rivais. Eu vi algumas rodasbingo jogo de azardiscussão da imprensa brasileira depreciando. “Ah, Jogos Olímpicos, as seleções mandam qualquer time para lá, o Brasil é um dos poucos que valoriza.” Não foi verdade. A Argentina foi com o que tinhabingo jogo de azarmelhor. Talvez a Alemanha pudesse ter ido com uma seleção mais forte, mas a Alemanha sempre é a Alemanha. E a Espanha, que foi a finalista, a gente quando estava preparando aquela final já tinha essa clara noçãobingo jogo de azarque aquilo ali era um jogo que poderia claramente ser um jogobingo jogo de azarseleção principal. A Espanha com a base toda da seleção que tinha acabadobingo jogo de azarjogar a Eurocopa, com aquele que hoje é o seu treinador da seleção principal, campeão da Eurocopa, talvez apontada como uma das grandes seleções do mundo, uma das favoritas para a próxima Copa. E a gente venceu a final com muito merecimento, não foi fácil. Vendo que hoje a Espanha chegou no nível que chegou, aumenta ainda mais o orgulho da gente da conquista, que a gente sabe que foi difícil e que ainda assim dentro do Brasil muito pouco se reconhece o valor dela. Mas já satisfaz imensamente saber que a gente teve muito mérito na conquista.
– Sobre estar ali na seleção ou não, eu sou muito tranquilobingo jogo de azarrelação a isso. Eu acredito que o postobingo jogo de azartreinador da seleção brasileira principal é uma cadeira muito pesada, requer e exige currículo, experiência, coisas que eu ainda não tinha e, mesmo sendo campeão olímpico, não me via do tamanhobingo jogo de azaruma seleção principal.
– Eu acho que tem treinadores muito mais capacitados do que eu para essa cadeira nesse momento. O que eu quero é um dia me capacitar e ser um postulante dessa cadeira. É exatamente esse caminho que eu estou fazendo,bingo jogo de azarganhar experiências, conquistar coisas importantes, vivenciar clubes importantes para um dia, quem sabe, aí sim me sentir merecedor daquela cadeira. Claro que na Espanha, país da Europa, o pensamento e a cultura são diferentes. Talvez a cadeira não seja tão pesada como aqui no Brasil. E eu, por ser daqui e ter exatamente essa noção, tento não fazer esse tipobingo jogo de azarcomparação, porque sei que são países muito diferentes, culturas muito diferentes. E que para sustentar, sentar hoje na cadeirabingo jogo de azartreinadores da seleção principal, tem que ter um currículo muito pesado, tem que ser muito forte, muito vitorioso, e é um processo que leva tempo, sem dúvida.
Você disse que vê muita gente capacitada pra estar no cargobingo jogo de azartreinador da Seleção. Mas,bingo jogo de azaruns tempos pra cá, a opinião pública parece caminhar num outro sentido,bingo jogo de azarque faltam opções e que, por isso, o Brasil deveria buscar um estrangeiro. Como você vê esse debate e o que você pensabingo jogo de azarum estrangeiro no comando da Seleção?
– Eu acho que temos treinadores brasileiros com currículo para isso. Acho que o Dorival é um deles, por merecimento ali está. Acho que já provou ao longo dabingo jogo de azartrajetória, que não é nada pequena e nadabingo jogo de azarfácil, simples. Ele foi provando competênciabingo jogo de azarvários e vários clubes,bingo jogo de azarmomentos diferentes, o que hoje o credencia a estar ali. Acredito que ele vai ter sucesso porque é um grande profissional, uma grande pessoa, um profissional que conta com a minha admiração e a minha torcida. E acho que o treinador (da Seleção),bingo jogo de azarpreferência, deveria ser brasileiro. Por quê? Porque eu acho que é diferente o sentimento que se tem, e aí posso falar com propriedade sobre isso. Quando a gente representa o nosso próprio país, vê a bandeira levantando quando toca o hino, o sentimento é outro. O orgulho, a vontadebingo jogo de azarvencer que se sente é imensurável quando se defende o seu próprio país.
– Eu procuraria sempre resolver esse problema do treinador buscando dentro do próprio país. Sebingo jogo de azaralgum momento entenderem que não existe ninguém com currículo suficiente para essa cadeira, que se contrate um estrangeiro, mas que seja um estrangeiro que tenha peso, que não seja só por ser estrangeiro. Que tenha trabalhos reconhecidosbingo jogo de azardiversas equipes e instâncias para merecer, porque é a camisa mais pesada do futebol mundial e tem que ser muito respeitada. Eu acho que não pode ser qualquer profissional a vestir aquela camisa. Se for para engrandecer a camisa, por uma trajetória linda, conta com o meu apoio, mas se for simplesmente por ser estrangeiro eu já sou totalmente contra.
Quando você decidiu sair da CBF, não teve nenhum projetobingo jogo de azarclube brasileiro que lhe foi apresentado que parecesse tão sólido quanto aquele do San Luis?
– Houve algumas conversas. Mas nada que tivesse avançado a pontobingo jogo de azarme fazer pensar. Sempre foram sondagens, conversas iniciaisbingo jogo de azarque não se chegava a falarbingo jogo de azarvalor, apenasbingo jogo de azarcomo é que eu via essa saída. Eu sempre me colocava aberto a conversar, mas nenhum clube apresentou uma oferta realmente concreta como o San Luis, do México. Eu acho que talvez o primeiro clube que apresentasse esse projeto mais concreto provavelmente eu teria aceitado, porque eu acho que o meu sentimento interno era essebingo jogo de azarmudança,bingo jogo de azaraceitar um desafio que me movesse.
Além desse projeto que o San Luis te apresentou, o que vocêbingo jogo de azarfato conhecia do futebol mexicano e da cultura do país?
– Eu conhecia pouco, né? Mais ou menos o que o brasileiro conhece da Liga Mexicana. Realmente a gente não presta muita atenção ou deveria prestar mais atenção na Liga Mexicana. Eu acho que naquele momentobingo jogo de azarque os mexicanos jogavam a Libertadores a gente tinha uma impressão do que era o futebol mexicano, e uma impressão positiva. Me lembro bem que qualquer time brasileiro que cruzasse com um mexicano sempre fazia um jogo muito difícil. Os brasileiros, no fundo, não queriam muito cruzar com os mexicanos por uma sériebingo jogo de azarrazões, entre elas o nível das equipes. A seleção mexicana sempre foi uma seleção que enfrentou o Brasil bem. Então eu tinha na minha cabeça uma liga que tinha força, que tinha poder econômico, que tinha bons jogadores.
– E o relatobingo jogo de azaralguns atletas, como por exemplo o Tiago Volpi. Ele falava muito bem da Liga Mexicana, falava que era um país muito bombingo jogo de azarviver, que se a gente pudessebingo jogo de azaralgum momento conhecê-lo deveria ir, porque todo brasileiro provavelmente vai gostar do que vai ver lá,bingo jogo de azartodos os fatores: comida, cultura e o próprio nível futebolístico. Eu tinha boas referências, mas não muitas. Acabei confirmando essas boas impressões que a gente tinha, porque realmente é uma liga muito forte, uma liga que tem cinco, seis clubes com muita força, com muito poder econômico, um nível técnico muito alto pelo poderbingo jogo de azarinvestimento desses clubes. Uma organização muito boa, um calendário justo, que dá um pouco maisbingo jogo de azardescanso do que o calendário brasileiro hoje. E um país maravilhosobingo jogo de azarse viver também.
Você pode explicar esse calendário e o formato do campeonato nacional? Até porque muita gente se questiona: como o Jardine já pode ser tricampeão pelo América se ele chegou no clube há dois anos? – O mexicano tem muita influência ainda do norte-americano. A gente vê que praticamente todos os esportes americanos vão terminarbingo jogo de azarplayoffs,bingo jogo de azarjogos eliminatórios. E o mexicano, sobretudo pela influência da televisão, vê esses torneios como muito mais atrativos. Se joga uma primeira fase todos contra todosbingo jogo de azarturno único, no que seria o primeiro turno do Brasileirão. Aí já entram nos playoffs, jogam os oito melhores para apurar o campeão do Clausura e do Apertura. No segundo semestre se joga o returno, tambémbingo jogo de azarturno único, e novamente playoffs na sequência. Isso torna o campeonato mais rápido e, pelo fatobingo jogo de azarserem jogosbingo jogo de azarmata-mata, acaba tendo um nívelbingo jogo de azaratratividade muito grande. Com isso, não tem a copa nacional, que seria a nossa Copa do Brasil, o que diminui o volume do calendário. Assim como não existem os estaduais. Seria mais ou menos um calendário brasileiro, mas sem os estaduais e sem a Copa do Brasil.
– Então, conquistar um tricampeonato é muito difícil. Eu acho quebingo jogo de azar50 anos é a primeira vez. Em torneios curtos eu acho que é a primeira vez. Há 50 anos, o América foi tricampeão, mas também era um formato um pouco diferente. O ponto negativo do calendário é que os times que chegam na final acabam não tendo o mesmo períodobingo jogo de azartreino,bingo jogo de azarpreparação ebingo jogo de azarférias. E como a gente vem chegandobingo jogo de azartrês finais consecutivas isso vai se acumulando. Daí a dificuldadebingo jogo de azarse ter um tricampeão, um tetracampeão, porque o desgaste vai aumentando consideravelmentebingo jogo de azarum torneio para o outro, mas a gente vai lutando contra a maré e tentando escrever história.
Você que viveu a realidade do Brasil e hoje vive a realidade mexicana, acha que seria viável os clubes mexicanos voltarem para Libertadores?
– Eu acho que seria bom, gostaria, estando no América,bingo jogo de azarjogar uma Libertadores. Concordo com a opiniãobingo jogo de azarque os grandes clubes mexicanos têm condiçãobingo jogo de azarbrigarbingo jogo de azarigual para igual com os brasileiros. A gente teve uma pequena amostra talvez desigual, no sentido do desgaste que o Botafogo estava, né? Foi o jogo no Mundial com o Pachuca, que sequer é um desses cinco, seis grandes do futebol mexicano, mas é um time que tem uma estrutura muito boa, que é capazbingo jogo de azarcompetir, demonstrou isso naquele jogo.
– Sobre a Libertadores, eu gostaria, mas acho muito improvável justamente pelo calendário, pela distância das viagens. Imagine a distância México-Uruguai, é uma viagembingo jogo de azarpraticamente um dia para jogar um jogo, voltar e já tem o jogo da liga. Eu torço que isso aconteça, mas acho que não é tão simples. Principalmente os brasileiros, por terem um calendário mais cheio, mais robusto, complicaria um pouquinho a vida. Seria bom para a competição, porque aumentaria o nível técnico. Acho que ébingo jogo de azarse pensar também numa competição incluindo a Major League. Poderia pensarbingo jogo de azaruma liga para competir com a Champions League, juntar os mexicanos, os norte-americanos, brasileiros, argentinos, uruguaios, fazer uma superliga nossa aqui das Américas para contrastar com a Champions League. Acho que seria uma ideia bastante interessante e que poderia ser viável se pensássemos o calendáriobingo jogo de azaruma forma um pouquinho diferente.
Fontes de referência
Abre Aspas: Clubes mexicanos na Libertadores? Jardine analisa prós e contras
Qual a repercussão do futebol brasileiro no México? As pessoas conhecem o Campeonato Brasileiro, os times, treinadores e jogadores?
– Eles veem, acompanham. Acho que nesse paralelo eles muito mais acompanham o brasileiro do que o brasileiro acompanha o mexicano, por motivos óbvios. Eu acho que a liga brasileira segue sendo a principal liga das Américas, com uma margem bastante considerávelbingo jogo de azarvantagem. Eu colocaria a liga mexicana talvez já como a segunda, por poder econômico. A gente vê como é fácil o mexicano tirar o bom jogador ou treinador argentino, isso vai fortalecendo muito. Chama muito a atenção deles o poder econômico hoje do futebol brasileiro, não é normal. Talvez a gente pense que seja normal por estar acostumado, masbingo jogo de azarfora, o mexicano se surpreende com os valoresbingo jogo de azarqualquer negociação.
– Geralmente, as minhas indicaçõesbingo jogo de azarjogadores são do Brasil. Então, quando eles vão sondar o preço, o salário, sempre é um susto no sentido negativobingo jogo de azaro brasileiro ganhar muito ou o preço estar muito caro. O Brasil já cobra preçobingo jogo de azarEuropa. Para dar um exemplo: Portugal é muito menor do que Brasil. Outro dia o Abel Ferreira comparou a liga portuguesa ao Campeonato Paulista e eu acho que a comparação dele é justa, é assim que eu vejo também, mas é uma liga que joga a Champions League, que tem clubes importantes e que muitas vezes a gente enxerga com arbingo jogo de azarinferioridade, mas que é um pouco esse jeito brasileiro tembingo jogo de azardiminuir as suas próprias coisas.
Essa experiência internacional deve te abrir a cabeça para muita coisa e eu imagino que seja inevitável fazer paralelos com o Brasil. Estando lá, quais reflexões você passou a fazer sobre nosso futebol? O que é feito no México e poderia ser replicado aqui?
– Esse formatobingo jogo de azarcampeonato eu acho que é interessante, ébingo jogo de azarse pensar, né? Talvez uma liga (por pontos corridos) como é aqui ebingo jogo de azaroutros centros do futebol premie um pouco mais a regularidade, mas realmente são campeonatos muito, muito longos, que parece que não terminam nunca. Quando se chega ao título do Campeonato Brasileiro você vê que as equipes estão esgotadas, é um torneio muito longo. Até pelo tamanho do Brasil, poderia se pensarbingo jogo de azaralguma fórmula diferente.
– Mas o que noto é principalmente essa visãobingo jogo de azarlá eu ser um estrangeiro. Aqui (no Brasil) a gente se incomoda um pouco com essa “invasão”bingo jogo de azartreinadores estrangeiros e a perdabingo jogo de azarespaço que o treinador brasileiro teve. Quando tu sai do país e passa a trabalharbingo jogo de azaroutra liga, percebe que o futebol hoje está muito globalizado, então na verdade somosbingo jogo de azartodas as ligas, basta a gente se preparar e se colocar à disposição desse tipobingo jogo de azarmercado. Acho que o treinador brasileiro deveria pensar com mais carinhobingo jogo de azaroutras ligas pelo mundo, porque como estrangeiro eu me sinto muito bem recebidobingo jogo de azaroutro país, me sinto querido pelo povo. Sem nunca perderbingo jogo de azarvista o teu país, mas entendendo que o futebol hoje está muito, muito globalizado e é quase uma obrigação para o profissional enxergar um pouquinho além das suas fronteiras.
E o tratamento dado ao treinador estrangeiro é diferente?
– Eu acho que sim. Acaba tendo um pouco maisbingo jogo de azarpaciência. Talvez tu tenhas uma chance só, né? Quando tu sai do teu país, a liga que tu vais te dá uma chance como um treinador estrangeiro e talvez na primeira chance você não possa falhar. Vários estrangeiros aqui no primeiro trabalho foram ruins e provavelmente nunca mais terão uma segunda chance no Brasil. Em compensação, se contabiliza e se percebe muito mais as vitórias do treinador estrangeiro do que as derrotas. No teu próprio país sempre se amplificam mais as derrotas. No exterior a sensação é ao contrário, se valoriza lá. Eu fui muito festejado pela medalhabingo jogo de azarouro que eu conquistei. O mexicano valoriza muito a medalhabingo jogo de azarouro olímpica porque também é uma conquista que eles têm e que eles valorizam muito. E aqui no Brasil muito pouco se valorizou, essa é a sensação que eu tenho. A gente percebe o quanto se valoriza a parte vitoriosa do currículo do treinador estrangeiro. E muitas vezes no teu próprio país eles vão amplificar mais as tuas derrotas do que as vitórias. É assim que é.
No momento, apenas três times da elite do futebol mexicano têm treinadores nativos. Todos os outros são estrangeiros. Como isso repercute entre torcedores, jornalistas e os próprios treinadores mexicanos?
– O fenômeno no México está bem parecido com o do Brasil,bingo jogo de azaruma faltabingo jogo de azartreinadores mexicanos na liga, os treinadores mexicanos incomodados com esse pouco espaço, não entendendo muito bem o porquê disso. Quando vejo esse nívelbingo jogo de azardiscussão lá, faço paralelo aqui com o Brasil e é muito, muito semelhante. E me dou conta que hoje as fronteiras estão abertas. Esse movimento para fora que hoje os treinadores argentinos e portugueses estão fazendo nós deveríamos também fazer. Talvez perdemos um “timing” importante ali atrás, quando nós tínhamos treinadores brasileiros com currículo muito forte. Acabamos ficando aqui, os treinadores que tinham muito currículo foram se aposentando aos poucos. E essa renovaçãobingo jogo de azartreinadores foi muito mais lenta do que nesses países que eu falei. A Argentina está sempre exportando, o treinador que ganha lá rapidinho já sai, vai para o Brasil, vai para o México, vai para a Europa. E com isso já vão surgindo outros treinadores argentinos. A gente não vê treinadores brasileiros, nem uruguaios, nem paraguaios indo para o campeonato argentino, pra dar um exemplo. Isso vai gerando uma cadeiabingo jogo de azarmassabingo jogo de azarproduçãobingo jogo de azartreinadores, e a gente aqui esperando só o espaço dentro do Brasil.
– Isso preocupa bastante porque a gente começa a não ter um poderbingo jogo de azarexportaçãobingo jogo de azaruma mãobingo jogo de azarobra que deveria ser muito boa. Somos o país do futebol, somos pentacampeões do mundo, temos muitos méritos ao longo dessa história toda vitoriosa, sobretudo da seleção brasileira, mas acho que o treinador brasileiro não soube valorizar um pouquinho mais esses feitos, esse momentobingo jogo de azarglória que viveu. E hoje a gente vive um momentobingo jogo de azarperdabingo jogo de azarespaço muito claro, e eu tento fazer a minha parte indo na contramão disso, fazendo esse movimentobingo jogo de azarsaída ebingo jogo de azaraberturabingo jogo de azarmercado porque eu acho que é o único caminho. A gente ficar reclamando aqui dentro do Brasil não vai adiantar nada, o que a gente tem que fazer trabalhar e ir para fora e mostrar o nosso potencial, o nosso valor para poder abrir mais as portas.
Esse assunto é complexo. Você fala sobre o treinador brasileiro ir para fora e abrir mercados. Por outro lado, eu imagino que se os clubes daqui oferecessem projetos sólidos a vocês, treinadores jovensbingo jogo de azarascensão, e dessem respaldo para que vocês pudessem evoluir, talvez vocês também ficassem mais aqui. Além disso, a gente fala da Argentina que exporta muitos treinadores, mas o nível do campeonato local é muito ruim. Quem fica lá são os técnicosbingo jogo de azarsegunda ou terceira linha, porque os bons saem. É sustentável para clubes brasileiros trocarem jovens promissores, como você, por estrangeiros?
– São vários estágios, né? Eu acho que tem um período da carreira do treinador que é super interessante sair e acumular experiências diferentes,bingo jogo de azarligas diferentes. Vai acumular sucessos e fracassos, mas com isso vai se tornar mais experiente. E talvez abrir o mercado e chegarbingo jogo de azargrandes clubesbingo jogo de azaroutros países, como eu fiz, partindobingo jogo de azarum clube menor, com menos estrutura, mas apostando numa outra liga, num outro país. É um momento, né? Tem um momento onde, aí sim, os treinadores atingem um tamanho que o futebol brasileiro vai se interessar, e aí talvez seja interessante fazer um trabalho sólido dentro do Brasil.
– E chega um ponto, que é o que eu me referi,bingo jogo de azarque o treinador já tem sucesso comprovado dentro do país, ele já ganhou cinco, seis títulos nacionais, caso do Luxemburgo, do Felipão, do Abel Braga, do Muricy. Talvez esse movimentobingo jogo de azarsaída daqui seja para ir para uma liga importante, aí uma liga europeia... O próprio Tite agora claramente está querendo dar um passo como esse. Isso é muito importante para nós, treinadores emergentes, que estamos construindo ainda o currículo, porque são esses (medalhões) que vão levar o nosso nome, o nosso trabalho, o nosso “know-how” para ligas importantes, alémbingo jogo de azarabrir espaço aqui para novos treinadores surgirem. Esse movimento que eu acho que a gente não soube fazer, talvez há uma década: nem essa turma que ainda não tinha despontado pegou experiênciabingo jogo de azaroutros países, mesmo que fossebingo jogo de azarclubes menores, e nem os grandes, os cascudos, chamamos assim, fizeram esse movimento para fora. No campeonato argentino talvez os melhores treinadores já saíram, só que é o seguinte: tem 20 treinadores lá que vão jogar e se são os 20 treinadores medianos, um vai ser campeão e esse campeão vai chamar a atenção provavelmentebingo jogo de azaralgum time do Brasil que vai lá contratar porque ele é o campeão.
O Grêmio acababingo jogo de azarcontratar o Gustavo Quinteros, campeão argentino.
– Exatamente. Então, na minha visão, deveríamos exportar os melhores. No Brasil, os nossos melhores não saíram. E na Argentina, para fazer esse paralelo, os melhores já saíram há muito tempo, então eles já estão exportando até uma segunda levabingo jogo de azartreinadores, o que acaba tirando espaço (de brasileiros). Nessa briga por espaço a gente está realmente perdendobingo jogo de azartodos os fatores.
Mas a principal diferença hoje do Brasil para a Argentina é o poderio econômico. Aqui podemos trazer um português ou o campeão argentino. Mas os clubes argentinos não vão levar o campeão brasileiro.
– Sem dúvida. E talvez a grande explicaçãobingo jogo de azartodo esse movimento seja a parte econômica. Por que alguns treinadores não saíram no seu momento? Porque ganhavam muito bem aqui e provavelmente chegavam à seguinte conclusão: por que eu vou sair se eu já tenho um bom salário, estoubingo jogo de azarcasa, vivo perto da família? Tem essa parte também que existe, a gente não pode negar. Portugal é um país que eu tenho acesso a alguns treinadores, a gente se enfrenta e eles comentam que quem paga bem são dois, três clubes: Benfica, Porto, Sporting. Os outros clubes vão pagar salários que talvez nem na Série B do Brasil pagam. Então passa a ser muito atrativo para eles saírembingo jogo de azarPortugal para países como Brasil, México e qualquer outro país que pague relativamente bem, porque dentro do seu próprio país eles não têm uma força econômica que justifique ficar muito tempo. E acho que a Argentina é a mesma coisa.
E o que você vê hoje como as principais barreiras para o treinador brasileiro que almeja a carreira no exterior? O idioma, por exemplo, é um dificultador? Para você foi fácil superar?
– O espanhol não deveria ser, é uma língua bastante fácil. Eu mesmo não falava, encarei o desafio e fui aprendendo no dia a dia. O básico ali a gente aprende muito rápido. No mercado da América do Sul, futebol chileno, uruguaio, argentino (o idioma) não deveria ser um empecilho. Eu acho que estamos perdendo tempo. Eu vejo com tristeza não ter treinadores brasileiros nas ligas argentina, uruguaia, chilena... Agora temos algum movimento com o Tiago Nunes, Gustavo Leal, mas é muito pouco para a forçabingo jogo de azartrabalho que a gente tem. O inglês, sim. Para nós brasileiros, aprender a falar inglês é muito importante. Se quiserem aspirar a ligas importantes, sobretudo na Europa, isso é um divisorbingo jogo de azaráguas para quem fala e para quem não fala.
Aprender inglês é algo que você tem no seu radar?
– Sem dúvida. Tenho um nívelbingo jogo de azaringlês básico, ruim eu diria, mas que eu pretendo aprimorar. Num futuro próximo não pode ser um empecilho. Eu me cobro bastante, a gente conversa entre nósbingo jogo de azartoda a comissão. Vamos dar uma acelerada nesse processo, porque acho que vai ser inevitável seguir abrindo fronteiras e,bingo jogo de azaralguma maneira, pegarbingo jogo de azaralgum momento alguma ligabingo jogo de azarque o idioma inglês seja importante.
Boa parte dabingo jogo de azarcarreira foi trabalhando com categoriasbingo jogo de azarbase. Quais semelhanças e diferenças você vê no processobingo jogo de azarformação no Brasil e no México?
– O Brasil a nívelbingo jogo de azarbase,bingo jogo de azarcategoriabingo jogo de azarbase, ele está muito à frente desses, pelo menos desses países, dessa plataforma que está o México. A gente tem muitas competiçõesbingo jogo de azarbase, se joga muito e tem muitos clubes que muitas vezes não são nem tão conhecidos a nível profissional, mas que têm trabalhos importantes na categoriabingo jogo de azarbase que formam muitos jogadores, inclusive para os times grandes. Tem o futsal, que é importante nos primeiros anos. Tem o futebolbingo jogo de azarrua, que ainda se joga no Brasil, se diminuiu muito, mas que tem o seu peso. O futebol na favela, o campeonato do bairro.
– Tudo isso potencializa muito e no México não existe. Não existe futsal. A gente tenta passar essa vivência que a gente tem aqui no Brasil para eles. Eles estão muito curiosos para ver o que eles podem fazer para melhorar a formação do jogador mexicano. O México não tem um volumebingo jogo de azarformaçãobingo jogo de azarjogadores tão grande a pontobingo jogo de azarestar exportando jogadores para outras ligas,bingo jogo de azarestarem constantemente debutando jogadores na primeira equipe. Não, é um trabalho muito bem-feito. masbingo jogo de azarum seleto grupobingo jogo de azarequipes, um seleto grupobingo jogo de azarjogadores, e que acaba conseguindo formar sempre uma boa seleção, mas num volume, num númerobingo jogo de azarjogadores pequeno perto desse universo que hoje é a formação do futebol brasileiro.
Você vê problemas na formação do jogador brasileiro estruturalmente?
– Eu acho que o brasileiro, nesse aspecto, reclama um poucobingo jogo de azarbarriga cheia, sabe? A gente sempre formou jogadores para as ligas importantes, para clubes importantes no mundo e segue formando, né? Eu estaria preocupado se não tivéssemos mais jogadoresbingo jogo de azargrandes clubes, mas a gente olha hoje o Real Madrid, temos dois atacantes titulares no Real Madrid, que é o principal clube do mundo. O seu rival, o Barcelona, o jogador hoje mais desequilibrante é brasileiro. Acabamosbingo jogo de azarvender o Endrick, que é um jovem talento, para o Real Madrid. Então, provavelmente o próximo centroavante do Real Madrid também vai ser brasileiro. Temos jogadores no Manchester City, no Manchester United, no Arsenal, a liga inglesa que é a mais forte do mundo, está recheadabingo jogo de azarjogadores brasileiros.
– Então acho que o Brasil segue formando muito bons jogadores, mas os resultados da seleção brasileira sempre vão pautar um pouco a qualidade do trabalho. Quando a seleção ganha, o Brasil volta a ser o país do futebol, tudo é uma maravilha. Quando o Brasil vai mal numa Copa, se discute todos esses fatores, e isso é assim desde que eu me conheço por gente e talvez um pouco antes até, inclusive. Mas não vejo o Brasilbingo jogo de azaruma crise técnica. Não há muito tempo ganhamos um ouro olímpico com essa geração que hoje está aí. Então eu sou muito otimista nesse aspecto,bingo jogo de azarachar que o Brasil para essa próxima Copa vai chegar muito forte, crendo nessa geração, nessa safrabingo jogo de azarjogadores, que alguns ainda não chegaram no seu ápice.
Gostaria que você falasse um pouco sobre o processobingo jogo de azarformação do treinador. Quais são as grandes diferençasbingo jogo de azarquando você sai da base pro profissional? E principalmente no seu caso específico, no qual essa transição se deu num time gigante do Brasil, o São Paulo. Você teve poucos jogos, foram 15?
– Treze.
E muita gente fala: “Não deu certo.” Como falar que algo deu certo ou nãobingo jogo de azar13 jogos? Enfim, o que você pode falar desse processobingo jogo de azarconsolidação como um treinadorbingo jogo de azarelite?
– É um processo longo para quem não foi jogador, que é o meu caso. Fui jogadorbingo jogo de azarbase, mas não conta muito. Eu procurei respeitar cada processobingo jogo de azarformação do treinador. Foram 10 anos no Inter, trabalhando com todas as categorias, sendo assistente, sendo treinador, acumulando vivências, trabalhando praticamente três turnos para acumular o máximobingo jogo de azarexperiência para que no dia que eu desse o meu passo à frente não faltassem essas experiências. Depois foi um ano rápido no Grêmio, mas um ano muito rico,bingo jogo de azarque eu já tive a primeira experiência no profissional. Depois, no São Paulo, mais três anos na base, mais um ano e meio no profissional, que totalizaram 15 anos. Uma faculdade normalmente dura quatro, cinco anos para formar um profissional. Foram 15 anos, eu considero um período justo, por uma formação bem sucedidabingo jogo de azarum profissional.
– Não me sinto um impostor. Esse é o pior sentimento que um profissional pode ter,bingo jogo de azarsimplesmente buscar um atalho, buscar desesperadamente estar ali sem se preparar para estar ali. Esse sentimento eu não tenho nem um pouquinho. Pelo contrário, me sinto merecedorbingo jogo de azarcada oportunidade que tive.
– Quando o Branco me convida para ser treinador da Seleção Sub-20 e, depois, da Seleção Olímpica, eu me sentia merecedor daquele cargo. Não foi porque o Branco é meu amigo ou porque o presidente me conhecia. Dentre os treinadores que competiam comigo naquele momento eu não via ninguém com currículo mais vencedor e mais forte do que o meu para, naquele momento, ser treinador olímpico. Esse sentimentobingo jogo de azarmerecimento é muito importante, porque se o treinador não o tem acho que ele não consegue ter vida longa no passo que ele dá, seja ele qual for. E aí, especialmentebingo jogo de azarseleção, tem um peso muito forte. Quando eu vou para o futebol mexicano eu já me sentia merecedorbingo jogo de azarganhar uma oportunidade,bingo jogo de azarpoder desenvolver um trabalho. Talvez o São Paulo foi o passo mais difícil, porque foi o primeiro passo da base para profissional, e sempre é um passo muito difícil. É uma mudança grande, um choquebingo jogo de azarrealidade,bingo jogo de azarpressão,bingo jogo de azartamanho das coisas. Passa a ter uma visibilidade tremenda, uma cobrança tremenda. Ainda estava formando a minha própria comissão técnica. Tudo isso são elementos que dificultam essa transição da base ao profissional. Isso não é pra mim, isso é pra todos. Por isso que muitos não conseguem vencer essa etapa, é uma barreira pesada para os profissionais da categoriabingo jogo de azarbase, mas que eu consegui vencer.
– O caso do São Paulo acabou sendo curto, mas foi um períodobingo jogo de azarque as coisas não saíram como a gente queria. E faz parte do processo, assim como muitos treinadores experientes vão ter momentosbingo jogo de azarque as coisas não saem. A gente está podendo ver agora o Guardiola passando por um momento que ninguém imaginava que ele iria passar. Isso está sendo até bom, ele está humanizando a profissão e mostrando que todos estão suscetíveis a passar por um período sem conseguir vencer. Muitas vezes, mesmo o treinador fazendo tudo certo, ele não vai ganhar. Às vezes, fazendo muita coisa errada, ele ganha. Então, são diversos fatores. Por isso que para se analisar um trabalho acho que tem que olhar a trajetória, o currículo, os anos para trás e entender o que aquele profissional construiu, se teve mais êxitos ou mais fracassos, para poder realmente chegar a uma conclusão e não fazer um recortebingo jogo de azar10, 15 jogos ou um torneio, porque acaba sendo muito injusta a avaliação, tanto para bem quanto para mal.
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André Jardine relembra passagem rápida pelo time principal do São Paulo
Olhando para trás, você se arrependebingo jogo de azarter assumido o comando do São Paulo naquele momento?
– Nem um pouco, porque isso não faz parte da minha essência como profissional. Como é que eu vou negar um desafio desse tamanho? Sentia que a diretoria confiavabingo jogo de azarmim, o clube apostava muitobingo jogo de azarmim naquele momento. Os próprios jogadores devem ter dado bons sinais para a diretoria, no sentidobingo jogo de azarque eu já fazia parte do dia a dia. Ter êxito ou não, como eu falei, é multifatorial. Muitas coisas fizeram não dar certo naquele momento, mas não me arrependo nem um pouquinho, porque não deixambingo jogo de azarser experiências que eu carrego e que eu tento fazer diferente algumas coisas. A gente vai acumulando essas vivências e talvez aquele momentobingo jogo de azardificuldade ali tenha me ajudado tanto na seleção como agora no México a ter os êxitos que a gente vem tendo.
Mas por uma direção que parecia confiar muitobingo jogo de azarvocê, ela foi bem pouco tolerante, não acha?
– Porque assim é, o futebol brasileiro é assim. Talvez o único treinador que goze dessa maior paciência seja o Guardiola, que agora está aí há tantos jogos sem ganhar e segue no cargo, mas a nossa profissão é assim, isso vale para mim, vale para ídolos máximos dos seus clubes que assumem e têm muito pouco tempo. É um pouco o ônus da profissão. Quem não gosta muito deveria procurar outra coisa pra fazer. Eu já entendi como funciona e estamos dançando essa música há tempos.
Voltando a falar da formação do treinador e do seu casobingo jogo de azarespecífico, onde você busca conhecimento hojebingo jogo de azardia? Tem algum treinador ou time que é referência para você? Algum livro que te inspirou? Como é que você foi complementando esse teu trabalhobingo jogo de azarcampo?
– Eu acho que a minha história pessoal se explica muito pela certeza que eu tive muito rápidobingo jogo de azarque queria ser treinador. Com 20 anos eu tive quase que um chamadobingo jogo de azarvida ao mudar da Engenharia Civil, que eu cursava na época, para a Educação Física. Naquele momento já trabalhei numa escolinhabingo jogo de azarfutsal que já competia, tinha essa veia competitiva que estava muito fortebingo jogo de azarmim. E eu lembro exatamente do primeiro treino que eu dei,bingo jogo de azarir pra casa com a certezabingo jogo de azarque encontrei aquilo que eu queria para minha vida. Na faculdade, eu usava todo o tempo para me aprimorar naquilo que eu queria ser, eu queria ser um grande treinador.
– Também dou crédito a uma parte significativa da minha formação ao futsal. O futsal é um jogo muito parecido com o futebol, mas que no fundo quase não tem nada a ver, porque ele é muito mais dependente do treinador. Os movimentos, a maneira que os jogadores se conectam dentro da quadra, tudo depende muito do treinador,bingo jogo de azarcomo tu vendes o jogo,bingo jogo de azarcomo tu mostras o jogo para os atletas, e isso moldou um pouquinho a minha formabingo jogo de azartrabalhar desde muito cedo. Eu sempre me vi muito responsável por como o meu time jogava. No futebol também é um pouco assim, mas é menos, é mais intuitivo. O futsal é mais exigente para o profissional. Então, isso me ajudou muito a desde cedo assumir essa responsabilidadebingo jogo de azarque quando o time não joga bem, a culpa é minha, sabe? Não é o jogador que não jogou bem. Alguma coisa eu fizbingo jogo de azarerrado no processobingo jogo de azarelaboração daquele jogo ou da semana.
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No Abre Aspas, André Jardine explica escolha por virar treinadorbingo jogo de azarfutebol
Mas a evolução física dos jogadores não está transformando o futebolbingo jogo de azarcampo mais parecido com futsal?
– Sem dúvida, tem muita coisa já relacionada. Eu mesmo desde o início trazia conceitos e ideias do futsal. Tem alguns treinos que eu faço que tem tudo a ver com o futsal,bingo jogo de azarcinco contra quatro, como se fosse um momentobingo jogo de azargoleiro-linha, para o time aprender a jogar com um jogador a mais, a defender com um jogador a menos. Com cada vez menos espaço, cada vez as defesas mais compactas, o desafio passa a ser entrarbingo jogo de azarespaços reduzidos,bingo jogo de azartomar decisões com pouco tempo e pouco espaço.
Aindabingo jogo de azarrelação a treinadores que você admira ebingo jogo de azarfontesbingo jogo de azarconhecimento que você bebe, dá tempobingo jogo de azaracompanhar o futebol brasileiro? Tem algo que está sendo feito aqui que você olhabingo jogo de azarlá e gosta e até tenta replicarbingo jogo de azaralguma forma?
– Ah, semprebingo jogo de azarolho, né? A gente sempre, no diabingo jogo de azarfolga, a gente consegue olhar algum jogo, né? Quando tem o domingo livre vejo o Campeonato Brasileiro ou mesclo o Mexicano com o Brasileiro. Eu nunca tirei o olho do mais alto nível, na Premier League, no Manchester City, no Barcelona, no Real Madrid, estou sempre atento. Gostavabingo jogo de azaracompanhar o Klopp também para verbingo jogo de azarque linha que ele estava indo. Alguma ideia sempre surge dali. Mesmo tendo pouco tempo, às vezes vejo um resumo do jogo, já consigo entender se ele mudou alguma coisabingo jogo de azarum jogo para outro. Sigo com essa rotinabingo jogo de azartentar estar me atualizando.
– No Brasil, há algumas coisas interessantes. Os treinadores estrangeiros mudaram bastante a cara do que era o futebol brasileirobingo jogo de azar10 anos atrás. Tem muito treinador argentino e aí vem a semelhança com o que eu enfrento no Campeonato Mexicano, onde a maioria dos treinadores são argentinos. Tem uma característicabingo jogo de azarintensidade, muitos deles marcam homem a homem, a maioria tem jogado com linhabingo jogo de azarcinco na defesa, com três zagueiros, apostando numa marcação que te dê pouco espaço e muito mais voltado a não deixar jogar do que propriamente ser tão propositivo. E tu vai aprendendo a enfrentar esse tipobingo jogo de azarfutebol, vai te adaptando, vai tentando evoluir nesse aspecto. Acho que no Brasil está um pouco assim, com essa influência também portuguesa, tanto do Abel Ferreira, quanto do Artur Jorge também. A se destacar, acho que esse trabalho inicial do Filipe Luis tem sido um muito legalbingo jogo de azarse ver, também pelas suas influências, a maneira que ele conseguiu tão rapidamente fazer o Flamengo regressar a alguma coisabingo jogo de azarum passado recente, que trazia coisas boas para torcida.
Gostariabingo jogo de azarfalar do legado que foi deixado com aquela conquistabingo jogo de azarTóquio. 16 dos campeões olímpicos passaram pela seleção principal e cinco foram à última Copa do Mundo. Porém, pessoalmente, eu imaginava que a essa altura alguns desses jovens já teriam maior protagonismo na Seleção, o que ainda não aconteceu. Você também pensa assim? Gostariabingo jogo de azaruma avaliaçãobingo jogo de azarsobre a utilização daqueles jogadores na seleção principal.
– Eu tinha uma expectativa um pouco maiorbingo jogo de azaruso, né? Aqueles jogadores se dedicaram àquele processobingo jogo de azaruma forma incrível e conquistaram uma medalha que é muito significativa para qualquer país. Imediatamente (após o título) o Tite passou a usar, eu lembro bem, nas convocações seguintes o Matheus Cunha teve bastante chance, o Antony ganhou espaço na Seleção, o Douglas (Luiz) teve as suas chances, eu até acho que esse é um jogador que merece mais espaço na Seleção, vejo ele hoje como o principal volante do futebol brasileiro. O Bruno Guimarães seguiu ganhando espaço. O Claudinho não teve tanto espaço, e era um meia que a gente tinha bastante expectativa. O Arana se firmou, hoje é uma realidade na seleção. A duplabingo jogo de azarzaga foi Nino e Diego Carlos, e o Nino chegou a ter uma ou outra convocação, mas não decolou como a gente imaginava. O próprio Diego Carlos eu acho que poderia já ter tido mais chances, talvez.
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Jardine comenta legado deixado pela geraçãobingo jogo de azarourobingo jogo de azarTóquio para a Seleção principal
– Depende muito do treinador, é questãobingo jogo de azargosto, né? Mas eu imagino que poderiam ter tido um pouco maisbingo jogo de azarchances, alguns eu ainda acho que vão ganhar espaço, o Douglas Luiz é um jogador que para mim claramente é subutilizado na seleção principal, mas faz parte do processo, acho que o principal era naquele momento a gente dar chance para novos talentos, para jovens promessas do futebol. O caso do Martinelli hoje é uma realidade. O Paulinho era um jogador na Seleção olímpica que foi muito importante. Na Seleção principal ainda, para mim, teve pouca chancebingo jogo de azarmostrar, porque é um jogador que tem nível.
– A própria Seleção Sub-20, que era a próxima geração, vinha com jogadores importantes como o Savinho, que hoje já é uma realidade. Dentre outros aí que eu vou acabar esquecendo. Masbingo jogo de azarpouco tempo imagino que vão começar a ter mais chances. Foi um trabalho muito, muito bem feito, e que tem tudo para pelo menos deixar uma basebingo jogo de azarjogadores que, se o treinador quiser se apoiar numa base que tem entrosamento, que tem uma convivência, que já tem uma sinergia importante. ele pode se apoiar porque a receita está ali, teve sucesso. Mas vai depender muito do treinador que está a comando da seleção principal.
Ainda falando dessa geração, tem um jogador que eu queria me ater um pouco mais porque você conhece há muito tempo, o Antony. Sabemos dos problemas extracampo que ele enfrentou e é praticamente impossível desassociar isso do desempenhobingo jogo de azarcampo. Você acredita numa retomada do futebol dele?
– Não tenho dúvida que o Antony ainda não viveu o seu ápice futebolístico. Ele é bastante jovem. As coisas pro Antony foram todas muito rápidas, né? E como toda ascensão meteórica muitas vezes tem um períodobingo jogo de azarestagnação ebingo jogo de azardeclínio, que é normal,bingo jogo de azaroscilação. Acho que ele mesmo tem que se estabilizar nesse nível que ele está. Ele está no mais alto nível. Jogar no Manchester United não deve ser nada fácil, sendo uma das contratações mais caras da história do clube. Ele veio com esse peso, com essa cobrança, ainda não conseguiu se afirmar do jeito que ele imagina que possa. Eu tenho certeza que tem nível para isso. Para mim, ele já deveria estar sendo muito bem visto para essa Copa, para uma próxima provavelmente ele vai estar no seu auge futebolístico e também como pessoa a nívelbingo jogo de azarmaturidade,bingo jogo de azarexperiências.
– Não só o Antony, mas toda aquela geração provavelmente nessas duas próximas Copas vão estar vivendo os seus augesbingo jogo de azarcarreira. E é uma geração que, se a gente rever aquela final olímpica, a gente vai ter a clara sensaçãobingo jogo de azarque é um time que tem condiçõesbingo jogo de azarser campeão do mundo, porque ali estava enfrentando o que hoje é uma das principais seleções do mundo, e foi um jogobingo jogo de azarigual para igual, um jogo lá e cá, duríssimo. A gente poderia ter vencido já no tempo normal, vencemos na prorrogação, masbingo jogo de azarnenhum momento daquele confronto nos sentimosbingo jogo de azarinferioridade no sentidobingo jogo de azartalento,bingo jogo de azarpotencialbingo jogo de azarjogadores, potencial humano. Eu olhava pro banco e tinha Malcom, tinha Reinier, que é também um jogador que a gente acredita muito, Antony, Gabriel Menino, Paulinho... E na Espanha tinha o Asensio, enfim, tinha muitos jogadores que hoje já são realidade. Ali foi pau a pau, e eu quero acreditar que segue sendo assim. Quando nós cruzarmos com as principais seleções não vai faltar nível técnico para nós. O que a gente precisa ébingo jogo de azaruma equipe sólida,bingo jogo de azartempo, como o Dorival vem pedindo. Porque eu acho que por faltabingo jogo de azarjogador... não vai ser essa explicação se a gente não atingir o objetivo.
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Abre Aspas: Técnico estrangeiro na Seleção? Jardine opina
A conquista do ourobingo jogo de azarTóquio vem na sequência do título na Rio-2016. De alguma forma você tentou olhar para o Rogério Micale, primeiro técnico campeão olímpico do Brasil, para aprender com os acertos e erros dele na condução da carreira?
– Não só o Micale, mas todos os profissionais. A gente vai tentando aprender também com o erro dos outros, não somente com os nossos. O Micale é um grande amigo que eu tenho, um profissional que eu admiro muito e que viveu muita coisa parecida comigo,bingo jogo de azarganhar um ouro,bingo jogo de azartambém ter essa angústiabingo jogo de azarquerer dar um próximo passo, não saber exatamente qual passo dar. Ele acabou tendo as escolhas dele. O futebol brasileiro, como a gente sabe bem, não tem muita paciência. Muitas vezes um trabalho ruim já ganha um “carimbo”. Imagina se a gente fosse avaliar o Guardiola por essa etapa atual, como seria a nossa avaliação? Ele (Micale) sofreu bastante com algumas escolhas, está tendo que fazer uma volta bastante grande até para reconquistar espaço. Mas não só ele, a gente sempre está muito atento a cada profissional que viveu situações parecidas. A gente vai tentando aprender ebingo jogo de azaralguma forma não repetir erros e tomar caminhos que sejam aqueles que a gente acredita serem os melhores.
Você citou três vezes o Guardiola já espontaneamentebingo jogo de azarassuntos diferentes. Hoje no mundo me parece que existem duas correntes extremistas: para uns, o Guardiola é o maior treinador da história do futebol mundial, um revolucionário, o cara que mudou o jogo; e existe o outro lado que diz que o Guardiola padronizou o futebol mundial e tirou a cultura identitáriabingo jogo de azarcada país. Você estábingo jogo de azarum desses extremos?
– Eu admiro muito o Guardiola, eu cito ele porque é sempre a forma mais fácilbingo jogo de azara gente pegar o extremo, o expoente maior e que também vive mal os momentos. Hoje a gente pode falar isso. Parecia que nunca ia acontecer com ele (de viver uma má fase). Eu até me sinto mais aliviado, se acontece com ele é porque acontece com todos. A sensação é que todos os outros treinadoresbingo jogo de azaralgum momento já tiveram seus altos e baixos. Parecia que com o Guardiola nunca ia acontecer. Para mim, é um grande profissional. Talvez a equipe mais referência entre todas que eu já vi na minha vida seja o Barcelona dele, e quebingo jogo de azarjogobingo jogo de azarposição não tinha nada. Era um jogobingo jogo de azarmuita mobilidade,bingo jogo de azaruma possebingo jogo de azarbola bonitabingo jogo de azarse ver, muito coletivo. Então aquela referência eu carrego comigo e acho que vou carregar para sempre. É impossível me libertar porque eu vivi aquele momento e eu vibingo jogo de azarperto aquela equipe jogar. E quando você vê, passa a acreditar que aquilo é possível. Por mais que seja difícil reproduzir, mas alguns padrões ficaram. Eu acho que nem ele conseguiu reproduzir nas equipes seguintes. Hoje ele vive essa cultura do jogo posicionalbingo jogo de azaruma forma muito forte, acho que ele faz melhor do que ninguém. Todos que tentam copiar vão se sentir frustrados nesse aspecto porque ele domina nuances e pormenores desse jeitobingo jogo de azarjogar como nenhum outro domina.
– Mas a gente vai aprendendo, os treinadores todos são esponjas. Não existe uma forma, não existe uma verdade, existem influências, conceitos, ideias que a gente vai pegando e reinterpretando à nossa forma. Eu sou um pouco eclético, assim como na música, que gostobingo jogo de azartudo. No futebol também, eu gosto um poucobingo jogo de azartudo. Vejo valor num jogobingo jogo de azardefesa e contra-ataque. Acho bonito quando é bem feito. Também admirava o Mourinho no jeitobingo jogo de azarjogar dele. Também admirava o Klopp, nesse jeito muito intensobingo jogo de azarpegar a bola e tentar fazer o golbingo jogo de azardois, três segundos. Eu tento pegarbingo jogo de azartodas essas boas ideias que vão surgindo, tento ver naquilo que a minha equipe é mais capaz, que tem mais a ver com os meus jogadores, com o meu clube, tento aplicar as melhores ideias possíveis e assim eu vou indo.
Você viu a sériebingo jogo de azarTV "Ted Lasso"?
– Vi, gosto bastante. Acho uma série que no início parecia ser boba. Os dois, três primeiros capítulos eu pensei que eu ia odiar, mas eu terminei amando, porque o personagem tem uma profundidade na relação com as pessoas que tem tudo a ver com a nossa profissão. É contagioso. O treinador tem esse poder do contágio, né? Para bem ou pra mal. Eu acho que na essência é o que o Ted Lasso trata. Passou a ser também um personagem que eu tenho um carinho muito grande, gosto, me inspira, porque acho que explicabingo jogo de azarforma resumida o nosso trabalho do dia a dia, que é tentarbingo jogo de azaralguma forma contagiar as pessoasbingo jogo de azarforma a inspirá-las a tirar o que cada uma tembingo jogo de azarmelhor.
E quais hobbies você tem?
– Hojebingo jogo de azardia aquilo que mais me distrai para desconectar é a Fórmula 1, eu adoro. Eu sou do tempo do Senna, do Piquet, e aí a morte do Senna fez a gente se afastar um pouquinho da Fórmula 1, todo brasileiro, até por trauma, por não querer mais aceitar que não tinha mais o nosso ídolo, apesarbingo jogo de azaramar também o Barrichello e o próprio Felipe Massa. O Barrichello, para mim, é um grande desportista brasileiro. Eu não perco uma corrida, a não ser quando tem jogo.
Então ganha ainda mais peso a torcida do Checo Pérez, pilotobingo jogo de azarFórmula 1 que é torcedor fanático pelo América.
– O Checo estava nas finais, ele é um americanista, um esportista que lá no México é um ídolo tremendo, a gente torce muito por ele.
Fontes de referência
Fórmula 1 e Ted Lasso: Jardine revela relação com piloto e diz ser fãbingo jogo de azarsériebingo jogo de azarTV
Em alguns momentos da nossa entrevista você mencionou a MLS, a liga norte-americanabingo jogo de azarfutebol. É algo que você está olhando, que te atrai para o futuro?
– Eu acho que o brasileiro,bingo jogo de azarforma geral, vê a Major League como uma liga pequena, uma liga semiamadora, porque talvez fosse assim há uma década atrás. Muitos jogadores iam pra lá pra encerrar a carreira, né? Mas hoje mudou completamente. Tem jogador bastante jovem indo pra lá. E o que eu vejo da estruturação da liga e dos clubes me impressiona. Eu acho que só na Europa que vai ter estrutura igual, centrosbingo jogo de azartreinamentos modernos,bingo jogo de azarcampos impecáveis, estádios impecáveis, arenas novas, e clubes que estão crescendo, tendo mais poderbingo jogo de azarinvestimento para poder vir aqui contratar um jogador jovem brasileiro, como foi o Talles Magno, e agora o Gabriel Pec está fazendo sucesso lá.
– São clubes e estruturas que chamam bastante a atenção. E aí, obviamente, pela estrutura que o país oferece, por toda a segurança que tem os Estados Unidos, poder saber que o teu filho vai ter a melhor educação possível, são coisas que te fazem pensar, juntar um pouco uma liga atraente com um país bombingo jogo de azarse viver. Deveria passar na cabeçabingo jogo de azartodo treinador, principalmente dos brasileiros. Eu imagino que, conforme o brasileiro for descobrindo a evolução da Major League, vai aumentar o interessebingo jogo de azarfazer esse movimento migratório para lá. Tem muito pouco treinador brasileiro, ou quase não tem, se não me engano tem um, é muito pouco para o que é hoje a Major League, deveríamos ser um número maior lá.
Para arrematar: o que da cultura mexicana você já trouxe para abingo jogo de azarvida?
– A cultura mexicana tem muita coisabingo jogo de azarcomum com a brasileira. A comida é muito boa, é uma comida mais apimentada. No começo a gente estranha, mas depois acostuma. No café da manhã, por exemplo, é comum ter os ovos mexidos com o feijão. No início parecia estranho comer feijãobingo jogo de azarmanhã, hoje eu vejo aquilo e me apetece. Um bom burrito, um bom taco, comida para qualquer horário do dia, seja almoço, seja janta... Se come muito bem no México! É um povo que vive num astral muito parecido com o do brasileiro, leve, positivo, as praias são maravilhosas, como as praias do Brasil, acho que não tem tanta diferença assim. Quando temos folga, eu gosto muitobingo jogo de azarpassar dois, três diasbingo jogo de azarCancún. A gente vai agregando experiências.
Vai ter uma pimentinha no churrasco do Jardine então.
– Uma pimenta na massa ali vai ter ou no feijão, um toquezinho a mais apimentado (risos).
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