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Temperatura, trabalho e termodinâmica
Pedro Caixinha caminha com chinelos confortáveis. Entracbet que esuma sala do CT do Red Bull Bragantino e, como um bom anfitrião, estende a mão para cumprimentar um por um da equipecbet que esreportagem do ge. A postura écbet que esalguém feliz e à vontade na casacbet que esque está há pouco maiscbet que esum ano. A conversa écbet que esquem tem trabalhado para fazê-la crescer e deseja uma estadia longa.
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Abre Aspas: Pedro Caixinha fala sobre o Bragantino e filosofiacbet que estrabalho
À frente da equipecbet que esBragança Paulista, o português Pedro Caixinha, já um fã da comida e do carnaval brasileiro, foi destaque no Brasileirãocbet que es2023. O Massa Bruta, mesmo sem ser um dos favoritos ao título, brigou pelo caneco na reta final e garantiu vaga na pré-Libertadores. Nesta quarta, às 21h30, ele tentacbet que escasa inverter a vantagem do Botafogo (perdeu por 2 a 1 no Rio) para chegar à fasecbet que esgrupos.
O treinador diz ter recebido propostas para deixar o Bragantino no fim do ano, mas recusou as ofertas. Prorrogou o contrato com o clube até 2025cbet que esolhocbet que esvoos mais altos.
– Eu gostaria muitocbet que esganhar títulos com o Red Bull, gostaria muito que esse projeto pudesse crescer e, a seu tempo, viesse a ser o que é o Leipzig, na Alemanha. É uma equipe que disputa todos os títulos, que tem essa condição. Nós ainda não temos. Se quiser falarcbet que essonhos, é poder conquistar títulos, fazer crescer o projeto e estar no patamar do que representa o Leipzig dentro do grupo, mas no contexto da Alemanha – destacou.
Aos 53 anos, Caixinha é mais um português que desembarcou por aqui. Mas, como ele mesmo se define, se tornou um cidadão do mundo. Deixou Portugal há 16 anos e, antescbet que eschegarcbet que esterras brasileiras, passou por sete países como técnico ou auxiliar.
Em 1h20cbet que esconversa com o ge, Pedro Caixinha falou sobre as impressões que tem tido do futebol brasileiro e da cultura local. A relação com os técnicos portugueses no Brasil e com o amigo José Mourinho também foram assunto do bate-papo. Assim como a forma que enxerga o futebol, as referências, o trabalho no Bragantino e as experiênciascbet que esoutros países.
- Nome completo: Pedro Miguel Faria Caixinha
- Nascimento: Beja, Portugal - 15/10/1970 (53 anos)
- Carreira: Beja-POR sub-19 (técnico), Vasco da Gama-POR (técnico), Sporting-POR (auxiliar técnico), Al-Hilal-ARA (auxiliar técnico), Panathinaikos-GRE (auxiliar técnico), Rapid Bukarest-ROM (auxiliar técnico), seleção da Árabia Saudita (auxiliar técnico), Leiria-POR (técnico), Nacional-POR (técnico), Santos Laguna-MEX (técnico), Al-Gharafa-CAT (técnico), Rangers-ESC (técnico), Cruz Azul-MEX (técnico), Al-Shabab-ARA (técnico), Santos Laguna-MEX (técnico), Talleres-ARG (técnico) e Bragantino-BRA (técnico).
- Principais títulos: Campeão mexicano Clausura (2015, com o Santos Laguna), bicampeão da Copa MX Apertura (Santos Laguna,cbet que es2014, e Cruz Azul,cbet que es2018), campeão da Supercopa MX (Cruz Azul,cbet que es2019), e campeão da Campeóncbet que esCampeones (Santos Laguna,cbet que es2015).
- Prêmios individuais: eleito o treinador do mês do Brasileirão 2023 (setembro e outubro).
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Praias, comida e carnaval: Pedro Caixinha revela conhecimentocbet que esBrasil no Abre Aspas
ge: Você tem pouco maiscbet que esum ano no Bragantino e esse trabalho ainda estácbet que esandamento. Nesse tempo à frente do clube, do que você mais se orgulha e há alguma frustração?
Pedro Caixinha: – O que me orgulha muito é aquilo que podemos traduzircbet que esdados e estatísticas do nosso comportamento. Fomos a equipe mais intensa no defender para a frente, no ataque à bola, a equipe que mais recuperava a bola no campocbet que esataque. Ser a melhor equipe nessas vertentes, num comportamento que é nosso, quer dizer que estamos no caminho daquilo que definimos. Isso nos deixa satisfeitos.
– Teve algo que não nos frustrou, mas nos deixou tristes: a quantidadecbet que eseliminações que tivemos no mata-mata. A equipe ainda não aprendeu a chegarcbet que essituaçõescbet que esdefinições. Não só no mata-mata, mas tambémcbet que esjogos importantes sentimos a pressão, o compromisso e a responsabilidadecbet que esonde esse jogo pode nos levar. É aí que temos que atuar um pouco mais no convencimento dos jogadores. Foram as semifinais do Paulistão, a segunda fase da Copa do Brasil, as oitavascbet que esfinal da Sul-Americana e três ou quatro jogos do Brasileirocbet que esque a equipe poderia chegar ao G-4. Demorou a chegar e poderia ter chegado à liderança do Brasileirão, nem que fosse por um parcbet que eshoras. Não conseguimos dar essa resposta. É aí que temos que começar a trabalhar mais a equipe, nesse contextocbet que esestresse competitivo elevado.
Isso é essencialmente algo emocional?
– Isso passa, essencialmente, por mim. Fui eu que não os foquei, não os convenci da maneira mais clara ou criei uma pressão excessiva sobre eles. Ou preparei o jogo tendocbet que esconta muitos fatores emocionais. Ou por não conter tantos fatores emocionais. Meu dever é prepará-los melhor. Espero que, neste ano, a preparação seja melhor nesse sentido quando estivermos diante desse mesmo contexto. Queremos dar uma resposta diferente. Controlar tudo o que se passa num jogocbet que esfutebol é praticamente impossível, mas, aquilo que dependercbet que esnós, temos que controlar.
O Bragantino chegou próximocbet que estítulos, mas ainda não conseguiu uma grande conquista. O que falta para esse objetivo se confirmar?
– Falta continuar a construir, cimentar, fazer crescer essa mentalidade vencedora. A equipe foi muito regular no Brasileirão. Foi onde teve mais ver a regularidade e foi onde teve mais regularidadecbet que estermos competitivos, comportamentais ecbet que esresultado. A equipe foi muito regular, mas queremos que tenha ainda mais consistência na abordagem do jogo, na forma como joga e que tenha sempre a vontade no dia a dia, crie o hábitocbet que esganhar.
– É importante criar o hábitocbet que esganhar, ter uma mentalidade vencedora. Há um conjuntocbet que esfatores que buscamos para criar essa mentalidade. Quando isso for criado, com naturalidade, algum troféu poderá aparecer. Vamos estar envolvidoscbet que esquatro competições, temos objetivos claros para todas elas. Vai ser no jogo a jogo. Apesarcbet que estermos definidos metas pontuais, queremos que a equipe tenha esse crescimento. Os comportamentos eles já colocam, mas queremos ver mais paixão, mais fome, mais vontadecbet que esganhar. Vamos querer que os comportamentos sejam feitoscbet que esformas mais selvagens, agressiva e coletiva para poder ganhar jogos. É isso o que queremos nesse crescimento da equipe. Construir, competir e conquistar.
Você trabalhacbet que esum clube que investe, principalmente,cbet que esjovens. Como você lida com essas diferençascbet que esgerações e como faz para gerir isso?
– Eu tenho passado mais tempo com os meus jogadores do que passo com os meus filhos. Os jogadores, grande parte deles tem a idade dos meus filhos. Conhecer os meus filhos é meio caminho andado para conhecer os nossos jogadores. Não podemos esquecer que somos a equipe mais jovem. Pelo menos, no ano passado, fomos a equipe mais jovem do Brasileirão. Era praticamente uma equipe sub-23. Há coisas que nos beneficiamos muito disso e há outras que possam ser desvantagens, que nós queremos que sejam vantagens também. Uma das grandes vantagens é convencê-loscbet que esrelação a esse processo e saber interagir com eles. Saber chegar com eles e conhecê-los para saber como pensam a vida, como vivem a vida e como é que eles vivem a vidacbet que esfunção, por exemplo, do que é redes sociais. Depois, convencê-los que o nosso jogo representa uma marca.
– A nossa marca é uma bebida energética. Logo, nosso jogo tem que ser energético. Gostacbet que escorrer riscos. É proativo. Procurar sempre aquilo que é o ganhar. Para procurar o ganhar, tem que constantemente atacando. Ou atacamos o gol, ou atacamos a bola ou atacamos o jogo. Essa juventude nos dá isso.
– Juntando isso com o que nós chamamoscbet que escomitê dos jogadores, que é uma coisa que já existia no ano passado, mas queremos criar ainda mais neste ano. Em sistemas democráticos, todos nós temos representantes. Queremos que o grupo eleja os seus próprios representantes para criar essa interação muito mais próximas. Que sejam eles, por exemplo, naquilo que é nossa definição dos objetivos, dos momentos críticos do jogo. Que sejam eles que acompanhem isso, que exijam isso, que estejam convencidos e apliquem isso. Há alguma coisa a falar com a parte técnica? É esse comitê. Há alguma coisa a falar com a parte diretiva? É esse comitê. Se for falar com a parte médica, é esse comitê.
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Abre Aspas: Pedro Caixinha falacbet que essucessocbet que estécnicos portugueses e amizade com Mourinho
Como funciona esse comitê no trabalhocbet que escampo? Da parte técnica e tática, qual abertura você dá para discussões com seus atletas?
– Nós queremos que seja semprecbet que esformacbet que esdiálogo, não um monólogo. Ano passado, tivemos aqui muitos monólogos. Neste ano, já começamos com alguns e queremos que essas coisas se transformemcbet que esdiálogo. Às vezes, o jogador jovem, um pouco mais imaturo, ainda não com o total conhecimento do treino e do jogo, é pouco interventivo, pouco participativo a questionar. Nós, treinadores, temos que ser questionados também. Esse comitê tem a ver um pouco com aquilo que é representatividade, que pode levar os outros.
– O que eu entendo ser uma equipe que tenha total liberdade, capacidade, adaptabilidade e entendimento do jogo? É aquela que, cada vez menos, tenha intervenção da nossa parte. Aquilo que nós fazemos aqui ao nível do treino, quando vão ao jogo eles não precisam estar à esperacbet que essinais externos. Isso é nossa responsabilidade, mas queremos que também seja responsabilidade dos jogadores dentro do campo. Se nós fomentarmos essa comunicação, discussão e diálogo, eles vão conhecer mais do treino e do jogo, vão nos questionar mais, vão fazer essa transferência para o jogocbet que esuma maneira mais facilitada.
– É nesse sentido que queremos que seja a intervenção feita da parte do jogador e,cbet que esparticular, daquilo que é o jogador para criarmos também lideranças dentro do campo. Entendemos que nos faltaram, e faltam ainda, lideranças importantes. É importante ter líderes, ter treinadores dentrocbet que escampo. Queremos fomentar aqueles que tenham essas características ou esse potencial.
Quantos jogadores fazem parte desse comitê?
– São eles que vão eleger. Acho que é importante, por exemplo, ter o grupocbet que escapitães. Lembro do (Luiz Felipe) Scolari, quando estavacbet que esPortugal, ele falou quando foi questionado sobre a questão dos capitães. Ele dizia, com toda a razão, que tinha diferentes líderes. Remeteu-se às lideranças que tinhacbet que es2002. Dizia que, por exemplo, o Cafú era o capitão porque tinha a braçadeira e tinha marcada essa liderança. Mas dava uma bola ao Rivaldo, ele liderava um jogo. O Roberto Carlos, se calharcbet que eslevantar o bom ambiente do outro lado, também é um tipocbet que esliderança. O Ronaldo Fenômeno, dê a bola e ele decide um jogo também. É um outro tipocbet que esliderança. Ou seja, ter diferentes tiposcbet que esliderançacbet que esum grupo acho que é importante.
– É importante essa maior participação, envolvimentocbet que estodos. Aquilo que foi feito no primeiro ano foi muito bom, mas agora é importante começar crescer. Sabemos que este ano vai ser mais difícil, por isso estamos tentando ser o mais detalhista possível. Este ano é importante entrar na fase dos detalhes. No ano passado, eram mais os comportamentos globais, que já temos claros. Agora, queremos mantê-los, mas entrar na parte dos detalhes.
O trabalho no Brasil exigiu desenvolver algumas áreas?
– Em todos os países há idiossincrasia. Acho que a forma como este clube está organizado e a forma como esta marca está organizada, facilita todo o processo. Quando facilita todo o processo é porque ele é pensadocbet que escima para baixo ecbet que esbaixo para cima. Ou seja, já existe uma filosofia. Eu não vim aqui mudar nenhuma filosofia Red Bull. A filosofia Red Bull está muito clara, muito marcada, e o Pedro Caixinha não é ninguém para dizer que agora vai ser desta maneira oucbet que esoutra maneira. Eu apenas tinha traços muito comunscbet que estermos daquilo que era a minha formacbet que esver o jogo, que as equipes que eu liderava jogavam muito próximo da maneira Red Bull.
– O Red Bull, por determinadas razões, procura um treinador com determinadas características. O clube já tem essa filosofia, o treinador tem essa filosofia, agora aqueles quecbet que esfato desenvolvem e são os principais atores para colocar essa ideiacbet que esprática são os jogadores. Os jogadores também têm que ter essas características. Quando é assim, é tudo mais fácil.
Ainda hoje há treinadorescbet que esquem você tenta se espelhar,cbet que esquem tenta se aprofundar e absorver conteúdo?
– Qual é no seu entender aquela equipe, no contexto internacional, que mais tem vindo a se destacar?
Manchester City, do Guardiola.
– O Manchester City já vem há algum tempo. Mas e agora?
Bayer...
– Bayer Leverkusen, do Xabi. O que o Xabi e acbet que esequipe estão fazendo que possa ser uma tendência no jogo e que todos nós temos a aprender? Porque é atual, está a dar resultados, é primeiro na Bundesliga. O que o Arteta fez no Arsenalcbet que estermoscbet que escrescimentocbet que esum projeto? O que o Liverpool fez nos seus tempos? O que o Manchester City faz? O que o Real Madrid faz na Espanha? O que as equipes que vencem na América do Sul fazem? Quais as tendências que essas equipes têm? Por trás dessas equipes, há treinadores. E nós gostamoscbet que esestar atualizadoscbet que estermos do que são essas tendências para poder ajudar e agregar uma peça àquilo que são nossas ideias. Há coisas que se veemcbet que esum e, se são boas, por que não aplicar? Uma peça que está a faltar no meu quebra-cabeça pode deixar a imagem mais clara e bonita.
Você já conhece bem o projeto do Bragantino. Mas neste um ano no futebol brasileiro, conhecendo outras equipes e outros projetos, como enxerga os projetos que há no futebol brasileiro?
– O que eu vejo é que há uma grande alteração dos clubes para SAFs, o que já lhes dá uma dinâmica diferente. Vejo que, no ano passado, dos treinadores que começaram o Brasileirão e chegaram até o fim, foram quatro ou cinco só. Ou seja, houve muitas alterações. Mas penso que, cada vez, há uma maior preocupaçãocbet que ester uma linha, uma orientação comum. Isso, para mim, écbet que esfato importante. Isso que defendo, isso que desejo que todos os colegas possam ter.
– Graças a Deus, encontramos este momento e esta relação empática que temos aqui no clube e com todas as pessoas que fazem partecbet que estodas as estruturas. É assim que gostocbet que esviver a vida. Assim que acho que nós podemos dar mais. Isso não quer dizer que haja menos pressão, porque nós somos os primeiros a colocar pressão. Quando faleicbet que esuma culturacbet que esexigência, a culturacbet que esexigência é a culturacbet que esexigir o máximocbet que escada umcbet que esnós. Somos nós que criamos essa cultura.
Você passou como técnico ou auxiliar por diferentes países. México, Portugal, Escócia, Arábia... Se tivesse que apontar uma peculiaridade, algo que você só encontrou no Brasil, seja na organização do futebol, seja no trato com os atletas, qual seria a peculiaridade? O que o Brasil temcbet que esúnico?
– Eu diria que há similaridades com o Méxicocbet que esdois pontos. Primeiro: naquilo que é o clube que fui encontrar, na forma como está organizado e nos permite ter esse dia a dia, essa relação, esse crescimento e este caminhar juntos. Depois,cbet que estermos daquilo que é competitividade do Brasileirão ou do Campeonato Mexicano, apesarcbet que eshaver uma grande diferença. Ambos são muito competitivoscbet que estermos daquilo que é a incerteza do resultado. Existe aqui um fator, que já existia lá, mas aqui existe mais, que é a intensidade competitiva. Ou seja, ter que jogar muitos jogos, muitas competições. A medida que isso vai caminhando para o final, ainda se adensa mais esse volumecbet que esjogos. É um fator que não encontreicbet que esmais nenhum lado.
No trato com os jogadores brasileiros, tem muita diferença para um jogador português, um jogador argentino, um jogador mexicano?
–Onde encontrei mais diferençascbet que eschegar ao jogador foi na Escócia. Por várias razões. Quando cheguei à Escócia, fomos comprados pelo Rangers por um milhãocbet que eseuros. Estávamos no Catar. Então, chegar um treinador do Catar para o Rangers, um treinador português... (balança a cabeça como se isso gerasse dúvidas). Teve um choque inicial. A forma como eu abordei, comecei a trabalhar, foi logo muito diretiva, muito clara e muito exigente. Não negociei um pouco as coisas, não analisei e entrei muito logocbet que esfrente. Não procurei o primeiro passo do convencimento. Aí aprendi muito que o convencimento era fundamentalcbet que estermoscbet que espoder depois vencer a inércia inicial.
– Aqui, penso que foi fácil a forma como nós chegamos aos jogadores, como eles nos receberam. Mas teve a ver também muito com a preparação prévia. Tivemos o acordo no fimcbet que esnovembro (de 2022), fomos à casa-mãe,cbet que esSalzburg (Áustria), fomos claramente conhecer aquilo que é a filosofia Red Bull. Chegamos aqui e conhecemos cada um dos departamentos, nos reunimos com cada um dos departamentos. Começamos a trabalhar isso durante o mêscbet que esdezembro. Em 2cbet que esjaneiro, parecia que já trabalhávamos aqui há uma eternidade.
Algo que os treinadorescbet que esfora do Brasil falam bastante quando chegam ao país é a questão do calendário, com muitos jogos, e a arbitragem. Isso é algo que também incomoda?
– Não. Nada. Quando viemos para o projeto, a única coisa que peço... A CBF tem lá os processoscbet que eslançar quatro, cinco rodadas e estarmos um pouco à espera quando elas vêm. Um detalhe importante é o planejamento. O planejamento não envolve só os jogos. Em função dos jogos, posso planejar os treinos. Em função dos treinos, posso enquadrar o equilíbrio dos diascbet que esdescanso, por exemplo. Gostocbet que ester essa informação antecipadamente. Mas penso que quem vem ao Brasil, já sabe que vai ter, pelo menos, quatro competições. Ou, ao menos, três competições. Então, está a criticar a si mesmo, porque sabe o que vem.
– Dos árbitros, não tenho nada a referir. Nada mesmo. Nunca falei sobre os árbitros durante o jogo. Procuro ter uma postura afável. Aprendi também durante o processo, ao longo desses anos, que aquilo que não posso controlar e não dependecbet que esmim, não pode alterar aquilo que é meu fococbet que esmaneira nenhuma. Os árbitros têm que ter a liderança do jogo. Às vezes, vão errar. Às vezes, vão acertar. Às vezes, vão utilizar bem a ferramenta do VAR. Às vezes, vão utilizar mal. Mas a minha relação com eles e, muito menos, as minhas queixas com eles, podem ser ali momentâneas no jogo, sem grande exuberância. Penso que tive esse cuidado e vou continuar a ter. Respeitar aquilo que é mais um elemento do jogo, que é o árbitro.
Se a CBF decidisse ouvir mais os treinadores, quais sugestões você daria?
– Na CBF nós não temos isso, mas na Federação Paulista tivemos uma reunião prévia para a preparação desse Paulistão. Uma coisa que falávamos para o Paulistão e pode ser levada para o Brasileirão tem a ver com o estado do gramado. Há equipes que têm que saircbet que esseu próprio estádio para jogarcbet que esoutro estádiocbet que esque as condiçõescbet que esgramado não são as melhores. Penso que a uniformização do campocbet que esjogo é uma medida importante, não ter que me preocupar se tem mais largura ou profundidade. Acho que deveria estar claramente definido o tamanho do gramado. E também a rega, ou antes do aquecimento ou depois, no final da primeira parte, antes do início do segundo tempo. Uma uniformização dessa regra (é necessário). Assim, sabemos quando vamos jogar como visitante quais são as condições do terrenocbet que esjogo. O espaçocbet que esjogo melhora o espetáculo, a dinâmica do jogo. A qualidade do jogo praticado, que jé é grande, com essas medidas pode ser melhor ainda.
Vem acontecendo debates sobre a prática do jogocbet que esgramados sintéticos. O que você pensa sobre isso?
– “Fifa approved”. Se a Fifa aprova, quem sou eu para dizer “not approved”. Há estudos que dizem que (o sintético) pode ser mais perigoso para lesões? Sim. Há agora uma normativa na Europa, porque existiu um “boom”cbet que esgramados artificiais e agora eles serão proibidos. Em qual lado está a verdade, eu não sei. Temos que nos adaptar a isso. Não fazemos treino nessas superfícies quando vamos lá jogar, é preciso se adaptar no momento. “Fifa approved”, nada a dizer. Vamoscbet que esfrente.
Você faloucbet que espadronização dos campos. Tem algum exemplo que você viveu nessa primeira temporada aqui que possa exemplificar essa questão?
– Não. Um ou outro estádio não tinha o gramado nas melhores condições, como o Mineirão, quando fomos jogar a primeira vez contra o Atlético-MG. O próprio Maracanã sofreu com algumas questões dessas e levou à alteração do nosso jogo, que coincidia com a proximidade da final da Libertadores.
– Falando ainda nisso, temos aquilo que é a possibilidade da definição do calendário com um pouco maiscbet que esespaçocbet que estempo. Que seja mais democrático na tomadacbet que esdecisões. Vamos lembrar que o Campeonato Brasileirocbet que es2023 terminavacbet que es3cbet que esdezembro. De repente, passou para 6. Ok, não tem problema, a gente se adapta. Mas toda vez que há alteraçãocbet que esum jogo, ele envolve duas equipes. Não tem que ser só o time da casa a decidir. A outra equipe não tem voz para decidir? Em Portugal e na Europa, por exemplo, há um entendimento entre as duas equipes sempre que há alteração, com exceção feita a situações climáticas, que já está regulamentado. Acho que tem que haver uma abordagem mais democrática, não “eu posso, quero, mando, defino.”
Quais impressões você tinha do Brasil e foram confirmadas? E o que você encontrou aqui que não imaginava, que te surpreendeu positivamente ou negativamente?
– Acho que todas as grandes impressões são positivas. Eu só tinha conhecido o paíscbet que es2014,cbet que esSão Paulo, quando estava no Santos Laguna-MEX. Aqui foi o sorteio da Libertadores e nós viemos. Acho que as Datas Fifa ajudaram muito. Tive a oportunidadecbet que ester aqui a minha família,cbet que esparticular a minha mulher, e conheci aquilo que é a beleza que vocês têm como país. A oportunidadecbet que esdesfrutarcbet que espraia, porque eu adoro praia. Tive várias oportunidadescbet que esconhecer o Rio. É uma cidade que passei a adorar. Conheci Búzios, Canoas, que é muito próximocbet que esAlagoas e abaixocbet que esMaceió. Depois do fim do campeonato, conheci também Trancoso-BA. Todos destinoscbet que espraia, todos destinos fantásticos, onde desfrutei muito. Procuro também conhecer aquilo que é a realidade cultural, geográfica do país. Com isso, entender muito mais facilmente aquilo que são as pessoas e o próprio futebol. Quer queira, quer não, ele não pode estar desassociado daquilo que são as pessoas locais.
Da nossa cultura, o que te agrada? Em relação à culinária, à música...
– Começamos pela música. Tenho um grande amigo, que é da minha cidade, o António Zambujo, um grande músico português. Começou agora, curiosamente, a digressão aqui no Brasil. Vai tocar com alguns músicos brasileiros. Vamos ver se o calendário me dá oportunidade para poder acompanhá-lo. Gosto muito e sempre gostei muito da música brasileira. Obviamente, quando são alguns tiposcbet que esmúsica que tocam no balneário (vestiário), já não me identifico tanto (risos). Mas, no geral, a música brasileira,cbet que esautores brasileiros, eu gosto muito, me identifico muito. Também, a própria músicacbet que escarnaval. Sempre gostei muito daquilo que era músicacbet que escarnaval. Eu próprio fui um foliãocbet que escarnaval.
– Naquilo que é parte gastronômica, eu gosto muitocbet que esmariscos. Tive a oportunidadecbet que espoder deliciá-los, que nessas zonas é mais carne. Carne que,cbet que esfato, é muito boa. Eu gostocbet que esfazer churrascoscbet que escasa. Só ainda não tive a oportunidadecbet que esprovar a feijoada. A tão famosa feijoada, que acho que é servida às quartas e aos sábados aqui. Ainda não tive a oportunidadecbet que esprovar, mas quero.
Quando chegou ao Brasil, você tinha o desejocbet que esconhecer o Carnaval. Realizou esse desejo?
– Consegui, sim. Consegui ir com a minha mulher, com os meus assistentes. O clube nos deu essa possibilidade. Fomos assistir ao desfile no sambódromocbet que esSão Paulo e, obviamente, é uma coisa que gostamos muito. Dizem que o do Rio é bem melhor. Quem sabe um dia possamos ter a oportunidadecbet que esconhecer o sambódromo do Rio, durante o Carnaval. É totalmente diferente do nosso carnaval. Toda aquela exuberância, toda aquela organização, todo aquele conjuntocbet que escores, aquele conjuntocbet que esmovimentos, aquelas músicas... Isso mexe conosco.
O que mais faz faltacbet que esPortugal?
– Em primeiro lugar, aquilo que é família, sem dúvida. Depois, a questão gastronômica. Aquilo que normalmente sinto mais saudade é do meu peixe, do meu marisco,cbet que esvisitar restaurante A, B, C ou D. Portugal é tão pequeno que eu gosto, por exemplo,cbet que esircbet que esum restaurantecbet que esAlgarve, outrocbet que esLisboa, outro na Comporta, determinado restaurantecbet que esFátima, no Porto... Eu gostocbet que esfazer o meu roteiro gastronômico. Quando estou afastado mais tempo, é isso que sinto falta. Depois, da minha casa. Da minha casa como tal, do meu espaço,cbet que essentir que esse é meu espaço, é minha casa,cbet que escuidar dela, do meu cão. É basicamente isso que sinto falta.
Você demonstra valorizar muito as relações interpessoais também no trabalho. De que forma você tenta atuar para criar esse ambiente que fique agradável para todos, mas que não seja um ambientecbet que espermissividade? Que haja cobranças, mas haja essa boa relação?
– O primeiro ponto é a definiçãocbet que esregras. Todos nós,cbet que escasa, temos nossas próprias regras. Dentrocbet que esum clube, também tem que ter essas regras. São regrascbet que estermoscbet que esdisciplina. Acho que tem que passar muito por aquilo que é responsabilização, cada vez mais. Mas não é uma responsabilização que tenha que ser imposta. Tem que haver responsabilidade com máxima liberdade. Todos sabem qual é o caminho e todos sabem o que se espera dele a percorrer esse mesmo caminho.
– Criar essas regras, inicialmente, não foi tão difícil. O grupo já estava com as coisas muito claras. O clube tinha isso ainda mais claro. O mais importante foi definir essa regra, onde há uma regracbet que esabertura para todos. Ao mesmo tempo, há uma culturacbet que esexigência. Se cumprirmos as regras, fica sempre tudo muito mais fácil. Há um conjuntocbet que esregras que nós chamamoscbet que escomportamentoscbet que esjogo, sobre os quais é aquilo que é nossa matrizcbet que esjogo, que são as principais referências. Sobre as quais os jogadores sentam e baseiam o seu jogo para poder ter mais liberdade para jogar. Isso que queremos.
Um dos países pelo qual você passou foi a Arábia Saudita. Como vê essa idacbet que estreinadores e grandes jogadores para o país?
– É um projeto muito claro que estácbet que escurso, chama-se 2030, do príncipe herdeiro. É um projetocbet que esabrir a Arábia ao mundo e colocar a Arábia no mundo. Eu estive lá pela primeira vez antescbet que es2010 e notei uma clara evoluçãocbet que estermos da cultura, princípio ecbet que estermos do que eram restrições que existiam, com total respeito ao que é cultura saudita e muçulmano. Na primeira vez que fui, nós íamos ao McDonald’s e aqui tinha a fila da família e, logo ao lado, tinha a fila dos solteiros. Eu estava sozinho e tinha que ir para essa fila. Em 2020, já não havia essa divisão, poderia estar toda a gente a conviver, já havia cinemas, espetáculos. Esse projeto 2030 écbet que esdesenvolvimento da Arábia Saudita. Uma das formascbet que escolocar um país na escala mundial é por meiocbet que eseventos esportivos.
Você voltaria a viver e trabalhar na Arábia?
– Aprendi a viver o aqui agora. Estou muito satisfeito aqui, muito feliz aqui. Onde fui mais feliz no futebol foi onde eu tive um projeto. E um projeto precisa ter tempo. Coincidentemente, foi quando conseguimos conquistar títulos, no Santos Laguna, onde estive três anos, e no Cruz Azul, onde estive dois. Ambos no México. Não gostocbet que esser saltimbanco, andar para aqui, andar para ali. Gostocbet que esme sentir bem, ter essa empatia recíproca com as pessoas e continuar no tempo para fazer crescer esses projetos. Me sinto bem aqui, não tenho vontadecbet que essair. Existiram ofertas nesses últimos meses, mascbet que estermos do que é minha gratidão, minha palavra, o reconhecimento pelo projeto, decidimos ficar.
Essas propostas foram do Brasil?
– É indiferente falar... Você tem que ser muito éticocbet que esrelação a isso, independentemente se foram do Brasil ou do exterior, foram propostas para mudança.
Historicamente, Portugal forma muitos treinadores. De uns anos para cá, temos notado isso cada vez mais no Brasil, com a vindacbet que esmuitos portugueses para cá. Como você vê esse movimento?
– Hoje, Portugal, alémcbet que estreinadores, têm jogadorescbet que esvariados e grandes campeonatos. Isso não começou com Mourinho, sendo ele o primeiro expoente máximo. Não começou com Abel (Ferreira) e (Jorge) Jesus, que permitiram a entradacbet que esoutros portugueses no mercado brasileiro. Começou com o professor Carlos Queiroz e o professor Jesualdo Ferreira, atravéscbet que eslevar o conhecimento da universidade para o campocbet que esjogo. Tem a ver com a evolução do que eram as comissões técnicas.
– O futebol evolui todos anos, como todas as áreas da vida. As tendências do jogo, do treino,cbet que eschegar aos jogadores e convencer os jogadores, da comunicação, da globalização, uma vez que trabalhamos muito fora do nosso país. Esse conjuntocbet que esformação que chega a nós como treinadores portugueses. Juntando os casoscbet que essucesso do Mourinho, numa escala global, os casoscbet que essucesso do Jesus e do Abel no Brasil, obviamente, podem abrir portas a pessoas como eu e muitas outras que depois vieram. Depois, a estar com a mão na massa e resultados fazem ou não a diferençacbet que estermoscbet que escontinuidade e abrir portas.
Há comunicação entre os portugueses que trabalham no Brasil?
– Procuro ter essa comunicação, mas, quer queiramos ou não, há uma maior proximidade com A, B, C ou D. Quando tenho essa possibilidade, eu faço. Com o Abel (Ferreira), tive um conhecimentocbet que escircunstâncias. Somos adversários, mas quando o Palmeiras esteve presentecbet que esdois Mundiaiscbet que esClubes,cbet que esum deles foi derrotado por uma equipe mexicana e,cbet que esoutro, estevecbet que esviascbet que esjogar contra uma equipe mexicana. Perguntem ao Abel onde ele conseguiu os relatórios dessas equipes mexicanas. Ou seja, essa interação tem que existir entre colegascbet que esprofissão, ainda mais colegascbet que esprofissão portugueses. Se um tem informação, por que não compartilhar com o outro? Eu vejo as coisascbet que esuma maneira totalmente aberta.
Essa relação hoje é estritamente profissional?
– É. Só conheci o Abel pessoalmente aqui. O contato que tive com ele foi nos três jogos que fizemos. Com o Luis Castro (ex-Botafogo), eu tinha uma relação mais próxima, apesarcbet que esnão estar com ele há muitos e muitos anos. O Ivo eu conhecia porque foi meu colegacbet que esclube. O António Oliveira eu não conhecia. O Armando Evangelista eu não conhecia, mas mantive muito esse contato e essa relação. O Pepa eu não conhecia. Eu saí há 16 anoscbet que esPortugal e não tive oportunidadecbet que ester tanto contato com eles. Quem era um pouquinho mais contemporâneo comigo era o Luis Castro, apesarcbet que esser um pouquinho mais velho. Comecei relativamente novo como auxiliar, mas hoje, com 53 anos, sou mais velhocbet que esrelação a esses colegas.
Você ainda mantém amizade com o José Mourinho? Tem falado com ele?
– A última vez que trocamos alguma mensagem foi quando jogamoscbet que escasa contra o Flamengo. É uma pessoa que nos deu muitocbet que estermos daquilo que era o treinador português. Há dois tiposcbet que estreinadores no futebol: aqueles que foram jogadores, quer queira ou quer não, têm outro estatuto. E tem aqueles que vêm por outra via, que vêm por uma via acadêmica, como foi o caso do Mourinho, como foi meu caso. Isso também abre portas, como ele nos abriu, para pessoas que não tinham tanto o contexto do futebol, não eram ex-jogadores, mas tinham o conhecimento, a capacidadecbet que esfazer coisas importantes no futebol.
– Essa relação surgiu com ele por um treinadorcbet que esquem fui auxiliar por muito tempo, o José Peseiro. Eles foram colegas da faculdade. O que ficou ali, através deles, foi o conhecimento e ficou essa relaçãocbet que esproximidade com uma pessoa que eu admiro muito. Foi uma pessoa fundamental para nos fazer abrir (a mente) e ver as coisascbet que esuma maneira diferente e, indiscutivelmente, com tudo aquilo que conquistou e tem para conquistar.
Em suas entrevistas, você fala muito do que aqui e agora, mas gostaria que você falassecbet que essonhos pessoais e profissionais que você tem.
– Sempre fui muito ambicioso, sempre adorei ganhar. Mas sei que ganhar custa muito, dá muito trabalho. Por isso, temos essa dedicação, para que vençamos a inércia e possamos estar mais pertocbet que esconseguir. Falandocbet que essonhos, eu gostaria muitocbet que esganhar títulos com o Red Bull, gostaria muito que o que é esse projeto pudesse crescer e, a seu tempo, viesse a ser o que é o Leipzig, na Alemanha. É uma equipe que disputa todos os títulos, que tem essa condição. Nós ainda não temos. Se quiser falarcbet que essonhos, é poder conquistar títulos, fazer crescer o projeto e estar no patamar do que representa o Leipzig dentro do grupo, mas no contexto da Alemanha.
E fora do futebol?
– Agora que meus filhos estão na faculdade, minha mulher pode estar mais tempo comigo. Eu sou um cidadão do mundo. Onde estiver bem, onde tiver muito boas condiçõescbet que estrabalho, vou estar feliz. Estar feliz é o mais importante, desfrutar o que faço no dia a dia.
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