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Por Bruno Cassucci, Felipe Ruiz e Joannafarm slotAssis — São Paulo


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Ana Paula Oliveira fala firme. Não apenas pelo tomfarm slotvoz grave e o jeito eloquentefarm slotse expressar, mas também pelo conteúdo do que diz. É assim desde jovem, quando ganhou notoriedade como uma das primeiras mulheres na arbitragem do futebol brasileiro, e não foi diferente nesta entrevista exclusiva ao Abre Aspas, do ge.

Dias após deixar o comando da arbitragem da Federação Paulistafarm slotFutebol, Ana Paula foi à sede da Globofarm slotSão Paulo e repassou momentos marcantes da carreira. Hoje com 45 anos, a ex-assistente relembrou a ascensão meteórica, a "noite fatídica" do errofarm slotjogo do Botafogo, o ensaio para a revista masculina Playboy e a aposentadoria precoce dos gramados.

Também falou da vida pessoal, do drama com o pai alcoólatra, dos ambiciosos planos para o futuro e do papel da mulher no futebol. Para ela, não basta ter espaço, é preciso também ter voz.

Leia abaixo a entrevista completa:

Você surgiu como um pontofarm slotluz pra representatividade feminina. Eu esperava que aparecessem muito mais Anas Paulas, mas não foi o que aconteceu. Por que ainda são tão poucas mulheresfarm slotcargosfarm slotcomando?
– Sem dúvidas (eu concordo), mas prefiro olhar o copo meio cheio. Avançamos. Se a gente olhar e ver a Edina apitando uma finalfarm slotCampeonato Paulista (deste ano) da maneira com que essa menina apitou... Eu estava com frio na barriga, porque a gente fez um treinamentofarm slotconjunto, todo o departamento sabia que era um divisorfarm slotáguas ela estar nessa grande final. E aí agradecer também ao presidente (da Federação, Reinaldo Carneiro Bastos) por ter comprado a ideia.

– Aí eu volto na minha primeira finalfarm slot2003. Quando eu recebi o telefonema do Zé Manoel (Evaristo) na época falando: "Menina, está tudo bem com você e a família?" Eu falei que sim. Eu tinha feito uma semifinal linda, que foi o jogo da Portuguesa Santista com o São Paulo. Foi um jogo espetacular, decididofarm slotdetalhes, que papai do céu estava comigo. Acho que eu tinha um anjo da guarda aquele dia, porque eu revejo aquele jogo e vejo os lances que eu acertei, confesso que não sei falar como eu acertei (risos). Já me falaram: "Por que você escolheu a arbitragem?". Porque era o único momento que eu tinha paz era ali. Era o meu melhor ali naquele momento.

Ana Paula Oliveirafarm slotentrevista ao Abre Aspas — Foto: Marcos Ribolli

Engraçado você falar que o único lugar que você tinha paz era no campo. Se tem uma coisa zero tranquila é apitar jogo...
– Meu papai era alcoólatra. Eu erafarm slotuma família periférica, meu pai perdeu tudo o que tinha. Teve problemas com alcoolismo, com drogas, então eu tive que começar a trabalhar muito cedo. Acabei virando chefefarm slotfamília com 15 anos para ajudar minha mãe e meus irmãos. Eu nunca tinha falado isso. Nunca citei. Então, onde eu tinha paz? No campo. Porque a minha vida forafarm slotcampo erafarm slotmuita responsabilidade, muita tensão efarm slotmuita preocupação com a minha mãe, os meus irmãos e as reações que o meu pai poderia ter quando bebia. Violência doméstica, que hoje se fala tanto. Eu vivi isso na pele, vi isso no meu dia a dia. Talvez por isso eu seja tão forte, talvez por isso eu não tenha tanto medofarm slotenfrentar algumas coisas. Quando eu ia pro campofarm slotjogo, iam me xingar, iam me ofender, e a única coisa que me tirava do sério era quando falavam da minha mãe. Meu pai foi importante porque me levou pro futebol...

Seu pai era árbitro, certo?
É, sem querer. Mas a minha referênciafarm slotser humano,farm slotvalor, era a minha mãe. E a minha falava: "Eu não sei como funciona isso, nem gostofarm slotfutebol, mas você vai ter duas mães. Uma que sou eu, e a outra do campo". Quando ela me falou isso, eu parei pra pensar e pareifarm slotbrigar, porque eu era briguenta. Arrumava confusão a torto e a direito (risos). Era briguenta, depois eu fui fazer terapia para controlar isso também. Eu falo que a terapia é uma benção, que faz a gente se conhecer e poder realizar nossos sonhos. Tirando essas ofensas que faziam com a mamãe, que eu conseguia anular porque era uma outra mãe, tudo que falavam não me feria, porque a minha realidade era mais dura.

Você mencionou a final do Paulistãofarm slot2003, mas depois vieram outros jogos grandes.
Quando eu cheguei num Gre-Nal,farm slot2005, e fui ovacionada pela torcida do Grêmio, pela torcida do Internacional antes do jogo e, num ato genuíno, fui no meio do campo e cumprimentei a galera. Isso nunca tinha acontecido num campofarm slotfutebol. As pessoas sentiam isso. Essa coisafarm slotenergia. Eu tive a felicidadefarm slotfazer grandes jogos. E eu não imaginava que ali eu estava sendo uma bandeira feminina, que estava abrindo espaço para as mulheres. Não só para a prática do futebol, mas porque naquela época o futebol feminino não tinha tanta representatividade. E dentrofarm slotcampo eu estava tendo uma representatividade diferente. Eu só queria me divertir, ser árbitra Fifa, estarfarm slotgrandes jogos, ter uma condição melhor para ajudar meus pais e meus irmãos. Eu não imaginava que isso poderia ser um problema cultural e social. Juro que eu não imaginava que isso estava vinculado a poder. Eu nem sabia que isso poderia existir.

Você colheu ônus e bônus daquela repercussão.
Eu falava o que eu pensava num bate-papo entre árbitros, ou até mesmo quando um dirigente vinha conversarfarm slotuma maneira muito p... Eu não tinha noção do impacto que a voz da Ana Paula tinha. Muitas coisas motivavam pessoas, mas acho que outras preocupavam pessoas. "O que é essa menina que transcendeu as quatro linhas? A imprensa quer falar, a marca esportiva quer patrocinar". Eu fui uma das primeiras árbitras a ter patrocínio remunerado. Eu acho que esse mercado foi aberto. Eu tinha chuteira, tinha roupa. Era um mercado que estava abrindo e que não existia.

Tinha uma Ana Paula mania?
Não era para tanto... Eram crianças copiando, mulheres se identificando. E isso ficou claro para mim quando eu fiz a revista (Playboy), porque nunca vi tantas mulheres numa noitefarm slotautógrafos. Então eu não tinha essa dimensão e não sabia que podia incomodar tanto fazendo o que eu faziafarm slotforma genuína. Isso eu aprendi, às vezes a gente incomoda até sem saber. Acho que isso me gerou mais cobrança, pegaram mais no meu pé. Hoje, se errou e foi punido, você cumpre a escala. Eu tive um problemafarm slotum jogo, estava escalada no fimfarm slotsemana e me tiraram da escala. Hoje, o futebol evoluiu, isso não acontece mais. Naquela época aconteceu.

Você acha que isso aconteceu por você ter uma personalidade marcante ou essencialmente por você ser mulher?
– Vou ser honesta: acho que a somafarm slottudo. Junta o fatofarm sloteu ser mulher. O fatofarm slotser muito honesta,farm slotter personalidade,farm slotnão ter medofarm slotfalar o que penso,farm slotme colocar.

– Eu acho que uma mulher empoderada assusta. Eu compreendo isso. Vão ter muitas pessoas que nos admiram, mas muitas pessoas que não concordam com o que nós somos. Até dentro da sociedade que a gente foi criada. E eu,farm slotfunção da minha históriafarm slotvida, tive que aprender a lutar. Eu tive que aprender a defender posições, caso contrário eu não estaria aqui. Não teria chegado onde cheguei. Talvez teria sido uma vítima da violência. Poderia ter morrido. Eu precisei lutar para estar onde eu estou.

Ana Paula Oliveira é ex-árbitra assistente — Foto: Marcos Ribolli

– As pessoas falam da forma como eu me expresso. Estou sendo eu, não estou sendo mal-educada, nem mais, nem menos. Mas a pontofarm slotisso incomodar. Eu já tenho o timbrefarm slotvoz grave, então dependendo do jeito que eu falo assusta. Eu prefiro ser essa pessoa que causa essas reflexões, causa essas inquietudes e que provoca essas sensações. Eu acho que lá atrás era uma menina, ingênua, que fui atacada e reagifarm slotforma errada. E isso atrapalhou o meu processo na minha carreira como árbitra. Eu respondi dirigentes que eu não poderia, não acho isso bonito, mas foi um momentofarm slotaprendizado. Mesmo eu tendo razão, não poderia ter agido da forma que eu agi como árbitra. E como gestora acho que eu evoluí muito.

Você encerrou a carreira com auxiliarfarm slotarbitragem muito nova, aos 30 anos. O que fez você decidir que não dava mais? Algo te faz refletir hoje e pensar que poderia ter apitado mais tempo?
– Foi a morte do meu pai. Acho que não foi dirigente, não foi o desejo da Ana, foi a morte do meu pai. A morte do meu pai foi um marco na minha vida, porque ele foi meu anjo e meu demônio. Meu anjo porque ele me deu o esporte, meu demônio porque eu vivo momentos com ele que não desejo que nenhum filho viva com seus pais. Mesmo assim, ele conseguiu deixar coisas boas. Não só para mim, como pra todos os meus irmãos. E mesmo na reta final, quando a gente se acertou. E o bom da vida é isso: a gente se perdoou.

Mas junto com isso teve a questão do teste que você não passou.
– Naquele teste físico que reprovei eu falei uma bobagem para um dirigente. Foi a única vez que eu errei. Porque eu sou muito educada, por mais que seja muito forte. Minha mãe me educou muito bem. Mas naquele dia o ímpeto falou muito forte. Porque eu reprovei, aí falei algumas coisas que não deveria ter falado. Não falei nenhum absurdo. Falei a verdade, mas da forma errada.

O que você falou?
– Deixa isso para lá.

O que te incomodou no teste?
– Eu estava lesionada, então não deveria ter corrido. Faltou um poucofarm slothumanidade. Eu tive que fazer sozinha. Tinha um documento ético da Fifa que me amparava, porque tinha acabadofarm slotvoltar dos Jogos Olímpicos. Estando lesionada, eu não precisava fazer o teste físico. Existiu uma sériefarm slotquestões ali que eu não precisava ter entrado na pista para correr lesionada sabendo que eu ia reprovar. Falei algumas coisas. Mas Deus é pai. No ano seguinte, voltei, fiz o teste físico e apitei a final do Campeonato Paulista. Tenho uma fênix no meu corpo, que representa esse retorno.

– Aí vivi uma outra decepção muito grande, porque eu passei no teste Fifafarm slot2008. Prometeram que iria voltar pra Fifafarm slot2009, mas não me devolveram o escudo. Aí foi um baque. E foi exatamente no ano que meu pai teve o segundo AVC. Juntou a decepçãofarm slotuma promessa não cumprida, do falecimento do meu pai e eu falei: "Sabefarm slotuma coisa?". Vamos deixar isso para lá, papai já foi. Acho que o legado já está escrito. Vamos reconstruirfarm slotoutra maneira. Ajoelhei chorando, pedi orientação divina, o que eu deveria fazer. Aí decidi que não voltaria mais ao campofarm slotjogo.

Depois disso, você mudafarm slotárea, passa a ser comentarista.
– Fui para a TV, fui para o jornalismo. Aprendi a ter olhar crítico nas coisas. Aprendi a ter essa visão da sociedade, que são relaçõesfarm slotpoder. Aprendi o que eu queria e não queria para mim. Aí volto pro futebol como aprendiz. Retomo o meu prestígio como instrutora internacional na CBF, na Conmebol, na Fifa. E coloquei como propósito o resgate da arbitragem feminina. Achei que fossem surgir outras Silvias Reginas e outras Anas Paulas, demorou muito para isso acontecer. E fico felizfarm slotter voltadofarm slot2014. Eu acreditofarm slotprojeto. Acredito que dinheiro é consequência, não o principal. E quando eu volto para o futebol, volto com esse propósitofarm slotevoluir,farm slotser uma instrutora. Efarm slotajudar árbitros e árbitras a realizarem os seus sonhos.

– Acho que o trabalho na CBF foi árduo, sofri muito lá também sendo a única mulher. Aprendi muito, mas também passei muitas mazelas. E agradeço muito a cada uma delas, porque me fizeram mais forte para estar onde estou hoje. Acho que nada nessa vida é por acaso, a ruptura tinha que acontecer naquele momento como aconteceu. Fui estigmatizada, fui marginalizada, fui atacada não só na área profissional, mas na pessoal por muito tempo. Mesmo depoisfarm slotmuito tempo no futebol ainda existia ataques à minha pessoa. Mas eu acreditava que as coisas viriam à tona.

Você falou dos ataques que sofreu. Teve um bem forte do Carlos Augusto Montenegro, que era dirigente do Botafogo, após um jogo contra o Figueirense,farm slot2007. Você teve prometido que voltaria à Fifa e não aconteceu. O quanto acha que aquele jogo pesou? E como enxerga aquela partida?
– Eu acho que foi uma noite fatídica, uma declaração infelizfarm slotum dirigente numa épocafarm slotque se podia agirfarm slotforma errônea. Acho que hoje, se um dirigente viesse a público e falasse metade do que ele falou a sociedade iria massacrar. Acho que naquele momento ele se sentiu legitimado para fazer o que ele fez. Infelizmente. E foi. Porque a minha carreira depois dali não voltou a ser a mesma. E se eu acho que teve interferência para o futuro? Eu acho que sim. Se eu sinto raiva ou rancor desse momento? Não. Repito: acho que tem coisas na vida que a gente tem que passar e Deus está preparando para algo maior. Se eu não tivesse passado por todos esses ataques ao meu âmago, talvez não tivesse tido força para liderar um grupo como eu tive nesses últimos quatro anos.

– Na verdade, agradeço a essa tragédiafarm slot2007, essa é a verdade. Agradeço a esse dirigente. Acho que se a Ana Paula cresceu, se fui estudar, se fiquei inquietafarm slotquerer entender o que estava acontecendo comigo, o porquêfarm sloteu estar sendo tão marginalizada, foi por isso. Sou grata a ele, sou grata ao meu pai. Eles me fizeram mais forte.

Ana Paula Oliveira: "Mulher empoderada assusta" — Foto: Marcos Ribolli

Você fala que aquela declaração do Montenegro hoje, 16 anos depois, não seria aceita pela mídia, pela torcida, pela sociedade. Então eu entendo quefarm slotalguma forma a gente evoluiu...
– Sem dúvidas.

Mas no que ainda precisamos caminhar especificamente para as mulheres no esporte e no futebol?
– Entendo que nós conseguimos ter espaço. De forma lenta, mas estamos conseguindo. Mas acredito numa coisa: não adianta conseguir espaço, precisa ter voz. Acho que nós, mesmo com boas decisões, com profissionalismo, capacidades, a gente ainda é escondida. Tem uma provocação que eu faço. Foram quatro anosfarm slotgestãofarm slotSão Paulo. Qualquer homem que tivesse entregado quatro anosfarm slotgestão, a repercussão desse nome seria um ícone para um posto maior. Será que a Ana Paula é vista dessa forma? Não sei. É a provocação que eu deixo.

– Acho que é nisso que precisamos avançar. Uma mulher pode falarfarm slotigual pra igual, pode ter essa força, essa respeitabilidade se ela for bem preparada, bem estruturada. O que ela tem a dizer? O que ela pensa? Quantas vezes vocês me viram falar dessa maneira nesses quatro anos? Essa é a provocação que eu deixo. Precisamos dar mais voz. Masfarm slotqualquer maneira? Não, temos que preparar essas mulheres para isso. Mas precisamos dar as devidas vozes. Precisamos deixarfarm slotser coadjuvantes. Eu acho que a mulher tem condições e deve querer um protagonismo. Isso não pode ferir ninguém. Ela merece o protagonismo se ela fez por merecer.

Você aparentava e ainda aparenta ser uma pessoa muito séria. Ao mesmo tempo, era e ainda é uma pessoa muito midiática, que acabou até se tornando uma personagem pop. Posou nua para uma revista masculina, participoufarm slotum reality show...
– Acho que associaram meu nome à polêmica e me levaram. Na verdade, foram escolhas. Quando eu fiz a revista, foi uma grande escolha, e isso se deve ao meu pai. Olha que louco. Porque meu pai tinha uma visão do futebol que eu estou tendo hoje. Era uma visão mais sistêmica. Ele era um homem muito inteligente, apesar das bobagens que ele fez. Meu pai falou: "Ana Paula, você está lutando, está chorando, mas o momento do futebol não te quer. E se te convidarem para a revista, você deve aceitar, porque você pode cair no anonimato, no ostracismo". Ele já estava com parte do corpo paralisado, ainda não tinha tido o segundo AVC. Foi tudo muito rápido, porque eu tive o jogo (Botafogo e Figueirense) e gerou toda a polêmica. A revista veio logo depois.

Capa da Playboy com Ana Paula,farm slotjulho 2007 — Foto: Reprodução

Você chegou a recusar o convite do Playboy algumas vezes antesfarm slotaceitar, não é?
– Recusei cinco vezes. Eu não minto. Aí veio mais uma oferta. Meu pai falou isso, e eu fiquei preocupada, porque sentia que, pela forma como as manchetes estavam me massacrando, tinha acabado a minha carreira. "Não vou conseguir voltar", eu pensei. Aí veio essa luz no fim do túnel: a revista. Meus pais não tinham casa própria, minha mãe era serventefarm slotescola, meu pai depois do AVC não tinha condições. Eu e ela mantendo duas casas. Eu mantendo a minha e ajudando com a dela. De novo eu orei. Crescifarm slotberço adventista e católica. Conversei com Deus e falei: eu vou fazer uma proposta. Se eles aceitarem, é um sinal.

Pediu muito mais do que era oferecido?
– O valor era X, eu quase tripliquei e achei que eles não fossem aceitar. Era uma ediçãofarm slotjogos Pan-Americanos. Eles queriam a revista para esse período. Quando eles me ligaram falando que tinham aceitado, eu quase caífarm slotcostas. Não era para aceitar. Fiz uma proposta que achei que eles não iriam aceitar, para mim era muito, a ponto que deu para comprar uma casa para mamãe, quitei minha casa, comprei um carro, deixei dinheiro guardado. Foi o dinheiro que usei com o papai quando ele ficou enfermo. Foi um valor razoável para a minha realidade. Eles aceitaram, mas falaram, só tem um problema: você tem que fotografarfarm slotquatro dias. Em geral, todas as capas daquela época tinhamfarm slotum a dois meses para treinar, secar, tudo aquilo. Eu não tive nada daquilo, dei minha palavra num dia, no outro a gente assinou, e quatro dias depois eu estava fotografando. Foi natureba ao extremo. E tem a brincadeira do Photoshop: foi pouco usado, hoje eu usaria mais (risos).

Você teve que pedir autorização?
– Tive uma reunião com o senhor Marco Polo del Nero (ex-presidente da Federação Paulista). Tudo o que a gente conversou, ele cumpriu. É um profissional que, infelizmente, tem suas questões, mas que eu sou muito grata. E eu falei: "Senhor Marco, sei que se eu for talvez perca o escudo da Fifa, mas gostariafarm slotvoltar a São Paulo, que é minha casa". Ele falou: "Vá, faça e depois você volta". Isso foifarm slot2007. Em 2008 eu voltei e fiz a semifinal do Paulista. As pessoas falam: qual o seu jogo mais importante? E eu digo: é Guaratinguetá x Ponte Preta, na semifinal do Paulistafarm slot2008. Meu último jogo profissional marcante.

Quais foram as consequências da revista nafarm slotcarreira?
– Sabia que ela poderia gerar um problema para minha carreira. O curioso é que eu tinha feito todas as avaliações prévias, então não tinha que passar por outra avaliação. Mas me obrigaram a fazer avaliações para poder me tirar do quadro com solidez. Eu, infelizmente lesionada, dei motivo. Não vou negar, reprovei no teste. Mas não foi por que não tinha condições físicas, eu estava lesionada. A revista foifarm slotjunho, e eu pedi reintegraçãofarm slotagosto, não precisava fazer o teste. Treinei pesadofarm slotagosto, não estava previsto que eu teria que fazer essa prova. Mas tive fratura por estresse nas duas tíbias, coisa que acontece com atleta. O teste tinha mudado, a gente fazia um padrão e mudou para outro. Mas senti muita dor. Meu emocional tinha ido para o saco, tenho que admitir. O que eu sempre tive forte, o meu mental, ali perdi e isso impactou. Como sigo regra, uma vez que eu perdi a prova, não estava legítima para seguir e arquei com as consequências. Foi extremamente doloroso, mas fui digna, né?

Depoisfarm slottudo, você se arrependefarm slotter posado nua?
– Eu não tenho arrependimentofarm slotnada. Se não fosse a revista, talvez eu não tivesse chegado onde estou hoje, talvez meu pai não tivesse tido uma morte digna, talvez eu não tivesse tanta pazfarm slotdeixar um trabalho sabendo que minha mãe está segura. Tem coisas na vida que a gente não tem que se arrepender.

– Fui julgada? Fui. Mas quem me julga não me conhece. Nunca fiz nada desonesto, a revista foi dinheiro mais bem honesto que recebi na minha vida. Houve respeito, não invadiram a minha intimidade, não me destrataram.

Ana Paula Oliveira se aposentou como árbitra assistente aos 30 anos. Hoje tem 45 — Foto: Marcos Ribolli

Como foi voltar a apitar jogos depoisfarm slotposar nua? As pessoas levavam a revista para os estádios?
– Autografei revista na arquibancada. Teve treinador e jogador que me pediram no vestiário. São escolhas, se decidiu fazer, banca o que você fez. Eu decidi fazer, vou riscar uma parte da minha história? Qual o problema? Não fiz nadafarm sloterrado. O que me incomodou? Lamentavelmente, somos mulheres subjugadas. Eu fiz um nu artístico. Adoro arte, desenho, fotografo, escrevo poesia, a arte alimenta minha alma, me aquieta, me deixa serena.

– Ter feito o ensaio foi um privilégio, fui fotografada por um gênio da fotografia, o J.R. Duran, num ensaio artístico belíssimo. O que me incomodou foi a associação da mulher que faz uma foto com a mulher objeto. Eu tive, lamentavelmente, essa associação da mulher que fez um nu com a mulher objeto, algo que eu nunca fui. E se fosse, qual o problema? Cada um tem suas escolhas e a gente tem que respeitar. Essa associação me incomodou muito, mais pautado na minha construçãofarm slotvida, na minha formação religiosa.

Houve propostasfarm slotprostituição?
– Sim, recebi várias.

De gente do futebol?
– Prefiro não comentar, mas não necessariamente. Essa relação me incomodou um pouco a pontofarm sloteu responder: pera aí, compra a revista, eu autografo para você, mas o meu corpo não está à venda. É uma escolha e ela é minha. Precisei responder algumas vezes dessa maneira e, com o tempo, as coisas foram se encaixando. Esse foi o único desconforto.

Você deixa claro que a decisãofarm slotposar nua foi por questão financeira. De lá para cá, a remuneração dos árbitros melhorou?
Sem dúvida.

Reformulando a pergunta. O salário que os árbitros ganham hoje é o ideal?
Falandofarm slotremuneração: eu sempre acho que pode ser melhor. Árbitros são peças fundamentais no espetáculo. Não somos e jamais seremos protagonistas, o protagonista sempre será o clube, o campeonato, o atleta. Mas, para ele acontecer, eu preciso da equipefarm slotarbitragem. Então, a gente precisa também dar mais condições, e aí eu acho que a Federação Paulista estáfarm slotparabéns. Uma grande conquista dos árbitros agora foi ter à disposição uma grande redefarm slotacademias. A Federação Paulista é a que mais dá recursos, a que melhor paga seus árbitros. Poderia ser mais? Poderia. Pela importância, pela magnitude, deveríamos receber mais.

– A arbitragem tem que ser tratada como parte do espetáculo, não como algo que está à parte. O erro ou acerto desse profissional gera notícia, impactafarm slottudo. Só que se a gente comparar os valoresfarm slotreceita hoje aos valores que eu recebia... Rapaz, eu recebia para tomar cervejafarm slotvezfarm slotquando só, pelo amorfarm slotDeus. Não se compara, era piada. Eu realmente me tornei árbitra porque fui atleta desde pequena, queria ser jogadorafarm slotvôlei, não me realizei como jogadora, mas me realizei como árbitra, tanto que estivefarm slotduas Olimpíadas. Mas na época eu fazia o futebol como válvulafarm slotescape. Não era do futebol que eu tirava minha principal receita, eu era ninja. Trabalhavafarm slotdois empregos e fazia futebolfarm slotfinalfarm slotsemana, uma loucura.

Ana Paula Oliveirafarm slotentrevista ao Abre Aspas — Foto: Marcos Ribolli

Quais foram suas outras profissões?
– Eu fizfarm slottudo. Como fui formadafarm slottécnicafarm slotadministração, trabalheifarm slotempresasfarm slotcobrança, muitofarm slotdepartamentofarm slotRH, inclusivefarm slotempresas multinacionais, e paralelo a isso eu trabalheifarm slotagênciafarm slotturismo. Eu fazia uns horáriosfarm slotpacotes à noite, ficava preparando os pacotes para atender os clientes. Deixava pronto para os atendentes no dia seguinte. Efarm slotfinalfarm slotsemana estava na beirafarm slotcampo.

Ainda hoje vários árbitros têm outros empregos...
– Eu digo que árbitrofarm slotelite hoje não precisa mais. Uma das coisas que a gente também precisa avançar é gestão financeira, é um tema importante. Hoje, os árbitrosfarm slotelite ganham muito bem na somatória. Não estou falando que não devam para ganhar mais, eles merecem e devem ganhar mais. Só que os árbitrosfarm slotelite, que atuam nos seus estados, no nacional e no cenário internacional vivem sófarm slotarbitragem. Se eu tivesse chancefarm slotvoltar a bandeirar um ano, cenário nacional, internacional, eu viveria sófarm slotfutebol. Se tivesse um erro e ficasse um mês fora, eu ficaria com um bom gerenciamento financeiro. Hoje dá. Na minha época era impossível.

– Um árbitro hoje ganha quase R$ 6 mil por jogo, fora a passagem, tudo. Se conseguir fazer um gerenciamento dafarm slotcarreira, você consegue viver um momentofarm slotbaixa. O que não dá é viver muito tempofarm slotbaixa. Os que não são da elite, que é quem eu estava trabalhando e cuidando com muito carinho, é o pessoalfarm slotsegundo pelotão ou que está começando. Mas os que estão começando conseguem gerenciar a vida deles com trabalho. Os intermediários não: invisto tudo ou não? Esses, sim, a gente tem que olhar com mais carinho, porque é sacrificante, eles precisam se dividir entre trabalho, treinamento, futebol e família, é difícilfarm slotgerenciar.

Mas essa elite que você fala representa uma fração pequena do totalfarm slotárbitros, não?
– Infelizmente, é a realidade dos jogadores também. Uma parcela minúscula bem remunerada e uma grande maioria que não tem essa renda. A realidade do jogador não é tão diferente da realidade do árbitro. Os que estão no topo da pirâmide conseguem ter uma vida muito bem sucedida. Os que não estão vão sofrer para chegar e talvez não cheguem, mas estão porque amam, assim como eu amava, era minha válvulafarm slotescape.

Recentemente vivemos um escândalofarm slotapostas. Vocêfarm slotalgum momento da carreira foi assediada ou depois, como gestora, ouviu algum relato do tipo?
– Graças a Deus, quando fui árbitra, nunca fui assediada. As pessoas sabem quem assediar. Como gestora, quando começaram as manipulações, a gente fez um trabalho educativo forte com os árbitros. Ser quem eu sou e a maneira como me coloco contribuíram muito, graças a Deus não se ouviu falarfarm slotárbitro envolvidofarm slotSão Paulo ou no Brasil, isso é motivofarm slotorgulho. No período da Máfia do Apito, do Edilson (Pereirafarm slotCarvalho), fiz jogos com ele, tive celular grampeado, dei declaração na Polícia Federal, mas graças a Deus passei limpa. É a provafarm slotque dá para passar por grandes furacões sendo inteiro, honesto, correto. Não é fácil, ter uma linha bem marcada como essa também te colocafarm slotquestões difíceis, mas eu prefiro passar por situações difíceis por ser reta do que ter aberturafarm slotcaminhos e amanhã perder tudo o que construí. Chegar até aqui foi muito doloroso e sofrido, não vou perder por pouca coisa. Eu falo para os árbitros: não vale a pena.

– Posso contar uma coisa para vocês? No passado, não foi uma abordagem comigo, mas presenciei uma abordagem com um terceiro. Eu tinha 20 e poucos anos, mas era tão tinhosa... Eu cheguei para o dirigente e falei: não faça isso, eu estou aqui hoje, vai lá e refaça. Eu vou ter que denunciá-los e não quero fazer isso.

Ana Paula Oliveira foi presidente da Comissãofarm slotArbitragem da Federação Paulista — Foto: Marcos Ribolli

Era um dirigente falando com um árbitro?
– Sim. Falei para ele: você vai lá e desfaça isso, por favor. E ele desfez. É isso o que digo: tem muita coisa que estou evoluindo como pessoa, mas tenho pensamento que ser omisso e permissivo eu estou concordando com o errado. O futebol mudou a minha vida, tenho um apreço e um carinho absurdo. Me dói quando as pessoas falam que o futebol é sujo, isso e aquilo. Ele tem seus problemas, mas há muitas pessoas boas e corretas, que querem fazer diferença e querem ver o futebol evoluindo. Precisamos tirar as pessoas ruins e investir nos novos e corretos que querem o crescimento deste produto, que é espetacular. O entretenimento do futebol alimenta muita gente, temos que ter consciência disso.

Quais são as questões mais urgentes para melhorar a arbitragem hoje?
– Em São Paulo, é ter uma estruturafarm slottreinamento bem determinada. É difícil falar estando fora. Posso me pautar pelo que a gente fezfarm slotSão Paulo. Subdividir ações, trabalhar com subgrupos, entender onde quer chegar, ter dados, e entender onde a gente mais erra, onde mais acerta, onde são as intercorrênciasfarm slotproblemas, quais tiposfarm slotproblema... Tenho que descobrir onde estou errando e, então, criar ações para solucionar. A gente precisa ter um estudo planejado, não sófarm slotcurto prazo. Curto prazo é o jogo. Só que se eu já sei que tenho histórico aqui, eu vou resolver o problema do jogo, mas já trabalhandofarm slotsituações a longo prazo. Em São Paulo a gente fez isso, atacou os jogos.

– Entregando bons jogos, teríamos tranquilidade para trabalhar treinamento dos árbitros, questõesfarm slotatualizaçãofarm slotregra, alinhamentofarm slottrabalho... O que é mão para um e mão com outro? Basta só com os árbitros? Não, tem que alinhar com os clubes. Primeiro ponto é fazer um estudo, quais são os principais problemas? Uma vez que detectar esses problemas, reunir os profissionais e definir os planos para sanar. E qual o tempo? Qual a tolerância, até quando posso me equivocar? É pensarfarm slotforma estratégica.

Por que você deixou a diretoriafarm slotarbitragem da Federação Paulista?
– Eu já tinha conversado com o presidente assim que tinha voltado da Europa, se não me engano no dia 30 (de setembro), e já começamos um diálogo dessa possível mudança. Eu já esperava essa saída, não digo que foi uma coisa inesperada. Aí veio a decisãofarm slotque era o momento, até porque veio uma reestruturação e eu entendo que,farm slotacordo com a visão do presidente, vão oxigenar o departamento. São pontosfarm slotvisões. Eu como liderança tenho que ter as minhas convicções, afinal ele me ensinou isso. Ele falou pra mim: "Acerte e erre com as convicções". E eu acho que quando a gente vai ganhando maturidade tem que ter a convicçãofarm slotolhar o projeto e falar "isso vai dar certo e isso pra mim não dá".

– Eu sou apaixonada pelo Reinaldo. Sou muito grata a ele no sentido humano. Fui árbitra com ele e me tornei gestora com ele. Mas somos duas pessoas, extremamente fortes, duas pessoas extremamente inovadoras e duas pessoas que temos a coragemfarm slotolhar um no olho do outro e falar dá para gente seguir, ou não. Com esse projeto não dá para gente seguir. E tudo bem. Acho que isso é grandeza. Ainda brinquei com ele: "A gente vai voltar a trabalhar junto". Porque os competentes se unemfarm slotnovo. E eu me considero competente, já o Reinaldo é extraordinário.

Que projeto é esse que te fez falar "não dá para seguir"?
– Fica difícil eu falar agora. Acho que temos que esperar os projetos saírem, porque eles estavam numa construção.

Ana Paula Oliveirafarm slotentrevista exclusiva ao ge — Foto: Marcos Ribolli

Quais seus planos para o futuro?
– Eu quero assumir a cadeirafarm slotgestão, e você sabe que isso vai ser um marco, porque na América do Sul a gente já tem a figura femininafarm slotduas grandes federações. Não são fortes como a nossa, lógico, mas já existe na América do Sul. Já existe uma representante na Turquia, se eu não estou equivocada. Então me dá o direitofarm slotsonhar. Por que não? Com todos os desafios, porque vai ser punk. Mas acho que seria um belo desafio. Acredito que a escola que eu tive aquifarm slotSão Paulo me qualifica pra isso.

Há espaço para isso na CBF?
– É um espaço que eu também entendo que a gente tem que conquistar. Do jeito certo, da maneira certa. Não só por ser mulher uma necessidade do nosso empoderamento. Acho que a gente precisa, sim, desse empoderamento , mas ele precisa ser legítimo. Eu sempre gostofarm slottrabalhar com essa legitimidade, ele tem que ser conquistado.

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