Conheça a bola criada por crianças que virou sinônimopix betresperançapix betrcampopix betrrefugiados na África

Garotos produzem bolas com materiais recicláveis e tentam vendê-las para gerar renda e melhorar realidade; reportagem do ge esteve no Malawi e apresenta como o esporte está inserido no dia a dia das pessoas que vivem no campopix betrrefugiados Dzaleka

Por Danilo Sardinha — Dowa, Malawi


Bola criada por crianças que virou sinônimopix betresperançapix betrcampopix betrrefugiados na África

Em uma vielapix betrterra, restospix betrplástico e pano vão sendo enroladospix betruma bexiga por pequenas mãos habilidosas. Uma corda fina dá o acabamento final, e uma seringa é improvisada para encher a bola. Quando ela fica pronta, as crianças, responsáveis pela produção, logo começam chutá-la pelas ruas do campopix betrrefugiados Dzaleka, no Malawi, na África.

Crianças criam bola com recicláveispix betrcampopix betrrefugiados no Malawi — Foto: Míriam Ramalho/Imagem cedida

A criatividade mostra o potencial dos garotos. O capricho na confecção ilustra o quanto a bolapix betrfutebol é importante para eles. A reportagem do ge esteve no campopix betrrefugiados Dzaleka e viu que ela é mais do que um objetopix betrdiversão. É vista como um instrumento para realizar sonhos. Ser jogadorpix betrfutebol pode ser o principal deles. Mas essas crianças também passaram a enxergar a bola como um meiopix betrgerar renda e, consequentemente, melhorar a realidade.

Produçãopix betrbolas no campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Míriam Ramalho/Imagem cedida

Desde o início deste mês, estão produzindo bolaspix betrmaior quantidade para vendê-las. Foram incentivadas por uma fotógrafa do Riopix betrJaneiro, que visitou o campopix betrrefugiadospix betrjulho deste ano como voluntária da Fraternidade Sem Fronteiras, uma organização humanitária brasileira que atua no local.

Produçãopix betrbolas no campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Míriam Ramalho/Imagem cedida

Míriam Ramalho viu a produção das bolas enquanto andava pelo campo e ficou admirada com o talento dos garotos, com idades entre 11 e 12 anos. Como formapix betrreconhecer o trabalho e incentivar o potencial criativo que possuem, encomendou duas bolas. Fato que surpreendeu eles.

– Perguntei quanto era e eles levaram um tempo para dar o justo valor. Em seguida, disseram que eram duas mil kwachas (equivalente a quase R$ 6). Elogiei o trabalho, fiquei com as duas bolas e paguei com uma notapix betrcinco mil kwachas. Como um raio, vi os dois moleques correndo e gritando com o dinheiro na mão. Parecia que tinham ganhado a Copa do Mundopix betrfutebol. Não consegui nem fazer mais fotos – contou.

Míriam pensou que a bola poderia gerar renda aos garotos se fosse vendida nas feiras locais. Outros voluntários que estavam com ela no Malawi souberam da história e se uniram para ajudar as crianças a começarem empreender na produção das bolas.

Fotógrafa Míriam Ramalho, do Riopix betrJaneiro — Foto: Danilo Sardinha/ge

Os garotos se animaram com a possibilidade e a ideia começou a ganhar forma. Evaldo José Palatinshy, diretor da Ubuntu Nation School (escola da Fraternidade Sem Fronteiras no Malawi), organizou uma campanha que arrecadou recursos para dar início à fabricação das bolas para venda.

– Eles vieram com as bolas. Pensei: “isso não pode parar aqui”. É um sentimentopix betrempreendedorismo, essa vontadepix betrsair deste lugar, a intençãopix betrtransformar essas bolaspix betruma fontepix betrreceita para eles, para as famílias. Resolvemos fazer uma campanha. Vender essas bolas simbolicamente por R$ 10 e, com esse dinheiro, para montar uma estrutura para eles começarem a trabalhar nisso. A ideia é tentar melhorar a qualidade das bolas, usar um material reciclável que seja mais resistente. Vamos trabalhar nesta direção – afirmou.

Crianças criam bola com recicláveispix betrcampopix betrrefugiados no Malawi — Foto: Míriam Ramalho/Imagem cedida

No campopix betrrefugiados Dzaleka, o ge presenciou não apenas a produção das bolas, mas também conheceu a realidade do local e viu como o esporte está inserido no dia a dia das pessoas que buscaram refúgio neste campo. Há campeonatos locaispix betrfutebol e uma escola que incentiva a práticapix betrdiversas modalidades esportivas. Conheça abaixo.

pix betr Por dentro do campopix betrrefugiados

O Malawi está localizado no sudeste da África, ao lado Moçambique, Zâmbia e Tanzânia. De acordo com o balançopix betr2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI), é o sétimo país mais pobre do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) per capitapix betr1.711,84 dólares. A nação mais pobre do mundo, segundo o FMI, é o Sudão do Sul, também no continente africano, com PIB per capitapix betr455,1 dólares.

Campopix betrrefugiados Dzaleka, no Malawi — Foto: Danilo Sardinha/ge

O Malawi está na 172ª colocação do ranking do Índicepix betrDesenvolvimento Humano (IDH),pix betruma lista com 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU). O índice IDH do país é 0,508, classificado como baixo. O Brasil é o 89º colocado, com índice 0,760, classificado como alto.

O campopix betrrefugiados Dzaleka fica no distritopix betrDowa, a 41 quilômetros da capital Lilongwe. De acordo com o último balanço divulgado pela ACNUR (agência da ONU para refugiados),pix betr2021, são 52 mil pessoas vivendo no local.

A maioria dos refugiados (62%) é da República Democrática do Congo, mas há também refugiados do Burundi, Ruanda, Etiópia e outros países africanos. São pessoas que deixaram o paíspix betrorigem por diferentes motivos, como riscopix betrmorte pelas guerras civis, perseguições étnicas ou religiosas.

Campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Danilo Sardinha/ge

O ge percorreu o campopix betrrefugiados Dzaleka. Todas as ruas sãopix betrterra e as moradias são precárias, construídas com tijolo que não dura muito tempo e vai se desfazendo com as chuvas. As pessoas que estão no campo não podem trabalhar fora do local e a condiçãopix betrvida é difícil. A fome, por exemplo, é uma realidade para muitos. A ONU dá apenas cinco doláres por mês para cada refugiado.

Ao mesmo tempopix betrque há faltapix betrmuitos itens básicos no campo, sobra potencial nas pessoas que vivem no local. Há talentospix betrdiversas áreas. Alguns se destacam na música e na dança, outros na literatura, nas artes e por aí vai. O potencial esportivo também é nítido.

Campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Danilo Sardinha/ge

pix betr Esporte no campopix betrrefugiados

A prática do esporte ocorrepix betralguns espaços do campopix betrrefugiados Dzaleka. O futebol, pelo o que a reportagem pôde perceber, é predominante. Mas outros esportes, como basquete e atletismo, também têm praticantes no local.

Basquete no campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Danilo Sardinha/ge

Ao andar pelo campo, é comum ver jovens praticando esportes. Em dias da semana, garotos treinam e brincampix betrfutebolpix betrespaços abertos. Aos domingos, ocorrem partidas que atraem torcedores nos campospix betrterra.

O ge esteve na semifinalpix betrum torneio, disputada entre o Young Talent FC (equipe dos refugiados) e o Dowa Kammers (equipe malawiana). O ingresso custava 500 kwachas (R$ 2) e o campo era cercado por uma lona para que somente os pagantes conseguissem assistir ao jogo.

Semifinalpix betrtorneio local no campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Danilo Sardinha/ge

A torcida que comprou o ingresso assistiu à partida muito perto do campo. Não há arquibancada ou cadeira. As pessoas veem o jogopix betrpé, próximas às quatro linhas e aos árbitros assistentes. Algumas crianças, que não compraram ingresso, subirampix betrárvores ao redor do campo para assistir à partida.

Partida no campopix betrrefugiados Dzaleka — Foto: Danilo Sardinha/ge

No Dzaleka, há alguns moradores que eram atletas no paísespix betrorigem e seguem praticando o esporte no campopix betrrefugiados. Alguns desses atletas ou ex-atletas compartilham o que sabem dando aulas para crianças que vivem no local. Por exemplo, na escola Ubuntu Nation School, da Fraternidade Sem Fronteiras, alguns desses profissionais foram contratados e ensinam as modalidades esportivas para os alunos.

pix betr Incentivo à prática esportiva

A Fraternidade Sem Fronteiras é uma organização humanitária brasileira que atua no Brasil epix betrcinco países da África, com o intuitopix betrauxiliar pessoaspix betrsituaçãopix betrvulnerabilidade ou risco social. O Malawi é um dos países africanospix betrque a entidade tem projeto e atende as pessoas que vivem no campopix betrrefugiados Dzaleka.

Crianças da Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge

A organização emprega maispix betr700 pessoas refugiadaspix betrdiferentes frentespix betrtrabalho no projeto e mantém uma escola, a Ubuntu Nation School, com salas desde o ensino infantil até o fundamental. Há também um centro que atende crianças e jovens com deficiência, o Respire Care Center. Ao todo, são cercapix betr900 crianças atendidas, que recebem ensino e alimentação gratuitamente.

Aulapix betrtênis na Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge

O esporte na Ubuntu Nation School ocorre com aulaspix betrfutebol, vôlei, tênis, basquete e atletismo. A escola tem uma quadra poliesportiva, quadraspix betrtênis, uma quadrapix betrareia, um campopix betrterra para o futebol e uma pistapix betratletismo estápix betrconstrução. Há um projeto para a construçãopix betruma quadra coberta, mas que dependepix betrajuda financeira para sair do papel. Todo o trabalho da Fraternidade Sem Fronteiras, aliás, é mantido por meiopix betrdoaçõespix betrpadrinhos/madrinhas epix betrempresas parceiras.

Futebol na Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge

– A educação física, dentro do currículopix betrqualquer escola que valorize a formação integral, é extremamente importante. Na Ubuntu, a educação física passa a ganhar um espaço maior a partir do quarto ano. Não é só uma questãopix betrsaúde física, mas também uma questãopix betrsaúde mental para as nossas crianças e adolescentes. São variadas atividades esportivas que podem ser inclusivas, desenvolver o talento pessoalpix betrcada criança, a colaboratividade e também a competitividade. Tem atletismo, vôlei, basquete, futebol, tênis, vôleipix betrpraia, corrida, tem tudo. É uma escola que coloca o corpo da criançapix betrmovimento, com muita frequência – disse o diretor da Ubuntu Nation School, Evaldo José Palatinshy.

Gincana esportiva na Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge

Na semanapix betrque teve início os Jogos Olímpicospix betrParis, foi realizada na Ubuntu Nation School uma gincana com diversas modalidades, com entregapix betrmedalhas para todos os participantes. A profissionalpix betreducação física e voluntária Luísa Vieira,pix betrJuizpix betrFora-MG, foi uma das organizadoras da ação e destaca a importância para as crianças.

– O esporte é uma ferramenta importantíssimapix betrtransformação. Pudemos presenciar isso na Ubuntu Nation School, que tem uma estrutura maravilhosa. É um direito da criança essa oportunidade da prática esportiva,pix betrse identificar com uma modalidade e se desenvolver no esporte e através do esporte. É acreditar nas possibilidades. Isso gera transformação – comentou.

Crianças praticam atletismo na Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge
Criançapix betraulapix betrtênis na Ubuntu Nation School — Foto: Danilo Sardinha/ge