"Qualquer coisa utilizada para defender fortalezas ou cidades dos eventuais ataques inimigos". A definiçãobr apostasmuralha no dicionário brasileiro explica um pouco do apelido que Alex Roberto Santana Rafael ganhou no futebol.
Aos 31 anos, Alex Muralha coleciona polêmicas na carreira, muitas delas causadas por falhas enquanto defendia o Flamengo. Atualmente no Mirassol, o goleiro busca a redenção após ser titularbr apostasum dos maiores clubes do Brasil, chegar à seleção brasileira e ver a muralha emocional ser implodida por críticas que afetaram a família.
Uma dos momentos mais complicados foi na final da Copa do Brasilbr apostas2017, contra o Cruzeiro, no Mineirão. Na decisão por pênaltis, Muralha caiu para o mesmo lado nas cinco batidas dos cruzeirenses, não defendeu nenhuma e recebeu muitas críticas.
Alex Muralha recebeu o ge para um bate-papo na salabr apostasimprensa do moderno centrobr apostastreinamento do Mirassol. Muito solicito na apresentação antes da entrevista, não demorou muito para o goleiro dar uma pista da mágoa que carrega. Veja abaixo a entrevista completa:
ge: A passagem pelo Flamengo mudoubr apostasvida profissional e pessoal? Como foi lidar com a pressão e as críticas sobre o seu desempenho?
Muralha: – Vocês repórteres têm um peso muito grande para nós atletas. O que vocês falam a maioria das pessoas acredita. Não generalizo, mas alguns pegam muito pesado, e isso tem um impacto muito grande na carreira, na famíliabr apostasum jogador. Sofri muito, carrego até hoje. Saí do Flamengobr apostas2017 e até hoje carrego isso. Sei do meu valor, da minha qualidade, mas certas situações vãobr apostasum ponto que foge do lado profissional e atinge o pessoal. Muito pesado, hoje soubemos assimilar isso e temos uma cabeça muito boa. Para onde for, o que fizer será muito falado.
Melhores momentosbr apostasCruzeiro 0 (5) x (3) 0 Flamengo pela final da Copa do Brasil
ge: Chegou a se sentir perseguidobr apostasalgum momento? Jogar pressionado afeta muito o rendimento?
Alex Muralha: – Em certo momento fui o alvo. Todos esperavam um simples erro para atacar. Às vezes, eu tomava gol que qualquer outro goleiro tomaria, mas como era o Alex Muralha era o errado, o piorbr apostastodos. Isso vai deixando você pressionado, com a cabeça a milhão e sabendo que não pode errarbr apostasmaneira alguma. Aquilo me deu muitos ensinamentos. Independentemente do que você faça, seja bom ou ruim, vão criticar. Pode ser o melhor, pior ou mediano, masbr apostasalgum momento irão lhe apontar o dedo.
ge: Como você reagiu às brincadeiras que a torcida e até mesmo parte da imprensa faziam sobre pararbr apostaschamá-lobr apostasMuralha por causa das falhas?
Alex Muralha: – Estava treinando na academia, e o Bandeira (Eduardo Bandeirabr apostasMello, ex-presidente do Flamengo) chegou bravo. Ele tinha um carinho muito grande por mim, me mostrou (o jornal) e explicou o que estava acontecendo. Não tem problema querer mudar meu nome. Quem fez o Muralha foi a própria imprensa, que levou o apelido do Comercial-SP para o Brasil todo. Quando isso estoura, para você tirar é muito difícil. Quando cai na boca do povo, é impossível você tirar. Poderiam ter colocado dentro do jornal, mas colocaram na capa como se fosse um criminoso, um bandido. Um país onde a gente vive tanta coisa, colocar um jogadorbr apostasfutebol como um alvo é muito pesado. Aquilo marcou muito a minha vida. Vou levar isso para sempre, até quando pararbr apostasjogar.
Alex Muralha fez 77 jogos pelo Flamengo entre 2016 e 2018, sendo Campeão Cariocabr apostas2017.
ge: Pensoubr apostasalgum momento abandonar o apelidobr apostasMuralha?
Alex Muralha: – Nunca passou pela cabeça tirar o Muralha porque, quando fui convocado para a Seleção, o Tite falou: "Muralha, do Flamengo". Foi um apelido carinhoso que recebi, estourou. Por onde vou, todos me conhecem como Muralha. As pessoas acham que é meu nome, se tornou uma marca.
ge: Em uma entrevista para o Eric Faria, você falou sobre os impactos das críticas nabr apostasfamília. Como foi aquele momento?
Alex Muralha: – Fui muito criticado ebr apostascerta forma atingiu muito a minha mãe. Disse para ela sair, esquecer aquilo, mas mesmo assim ela queriabr apostasalguma forma me proteger. Acabou tomando remédios para dormir, aquilo me chateou muito e me pegou. Saíram do futebol e começaram a influenciar minha vida pessoal. Mesmo assim, valeu a pena passar por tudo isso porque meu sonho sempre foi ser jogador profissional. Hoje é muito fácil criticar, fazer que é difícil.
ge: Isso pesou para sair do Brasil?
Alex Muralha: – Precisava sair do Brasil naquele momento, minha família não suportava mais. Minha esposa, mesmo não me falando, sentia que ela estava mal, triste e resolvi ir para o Japão. Um país maravilhoso, meu filho Benjamim nasceu lá, consegui jogar tranquilo e com qualidade. Retornando ao Brasil, sabia que não poderia errar. Cheguei ao Coritiba e sabia que jogaria apenas quatro jogos, porque o Wilson machucou e assim que se recuperasse voltaria ao gol. Fiz os quatro jogos, ele acabou voltando, mas teve uma nova lesão e acabei jogando a Série B inteira, fui capitão e conseguimos o acesso.
ge: Apesar dos altos e baixos, como avalia a passagem pelo Flamengo?
Alex Muralha: – Minha passagem pelo Flamengo considero positiva, para maioria das pessoas talvez não. No meu primeiro ano no clube ficamos quase oito meses sem perder, brigamos pelo título, fui para a Seleção. Fui campeão estadual invicto, brigamos pelo títulobr apostastodos os campeonatos. O que o Bandeira plantou naqueles anos o clube está colhendo agora. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde voltaria a ser o grande clube que deveria sempre ser. Sou grato ao Flamengo.
ge: Voltando para o início dabr apostascarreira. Você trabalhou com o Fernando Diniz no Votoraty. Como era a relação com ele? Assim como você, ele foi muito criticado...
Alex Muralha: – Adorei trabalhar com o Diniz. Quem não conhece acha que ele é maluco, gritando ali na beira do campo. Mas é a personalidade dele. Ninguém tinha o estilobr apostasjogo dele no Brasil, sempre pedindo para jogar sem medo. Aprendi a trabalhar com os pés e foi muito positivo trabalhar com ele. Torço para que esteja num clube grande novamente. Ele sempre falava que não teve o prazer jogando que tem como treinador. Ele acredita muito naquilo e tenho certeza que vai dar certo.
ge: Ser convocado para a seleção brasileira muda a vida do jogador?
Alex Muralha: – Muda muito. Você olha do lado e vê o Daniel Alves, do outro tem o Neymar, Willian, Firmino, Alisson, melhor goleiro do mundo. Você ficabr apostaschoque vendo onde conseguiu chegar, ali você se sente bem. Todos são muito humildes e tratam bem. É um ambiente diferente, não é fácil chegar numa seleção brasileira e pude ter essa oportunidade, que está para sempre guardada no meu coração.
Muralha foi convocado três vezes por Tite, mas não chegou a jogar pela Seleção
ge: Muitos jogadores optam pelo Campeonato Paulista no primeiro semestre. É a melhor opção, foi o que pesou na escolha pelo Mirassol?
Alex Muralha: – Em São Paulo estão quatro grandes do futebol brasileiro, fora os times do interior. É uma vitrine muito grande, e todos têm como primeira opção jogar o Campeonato Paulista. A experiência que tive nos oito anos fora daqui, rodei muito nesse tempo e acabei amadurecendo muito mais rápido. O goleiro é diferente, somos cobrados pelas falhas e pouco elogiados pelas defesas e jogosbr apostasque somos determinantes nas vitórias. Estou aqui para jogar mais, claro que não tenho cadeira cativa, mas tenho condiçõesbr apostasser titular e mostrar meu potencial.
ge: Agora no Mirassol, o que espera da carreira?
Alex Muralha: – Muitas pessoas que não me conhecem ficam surpreendidas pela minha idade (31 anos). De fato, vivi muitas coisas no futebol e na vida que talvez uma pessoabr apostas31 anos não tenha vivido ainda. Estou feliz por jogar no Mirassol, um lugar onde me sintobr apostascasa. O Paulistão é um campeonato bom para disputar, uma decisão muito bem pensada. Preciso estar jogando, terei que fazer por merecer a vaga no time e preciso estar jogando para no segundo semestre acontecer algo melhor. Pensobr apostaster grandes conquistas pelo Mirassol, vou dar a vida e buscar o topo da tabela, brigar pelo título. Temos estrutura, condições e grandes atletas. Meu foco principal é jogar futebol.