Jogo dos 7 erros: veja onde o Santos falhougoleada histórica no Beira-Rio

Falhas individuais e coletivas, ausênciacombatividade e escolhas erradas da comissão técnica ajudam a explicar o vexame sofrido pelo Peixe no Beira-Rio

Por Yago Rudá — São Paulo


O Santos foi derrotado e goleado pelo Internacional por 7 a 1 no último domingo. O resultado, o pior da história do clube no Campeonato Brasileiro, manteve a equipe na zonarebaixamento e agravou a crise no CT Rei Pelé. 

No Beira-Rio, o Peixe sofreu o primeiro gol com menosum minutojogo e abusou das falhas individuais e coletivas para dar espaço ao Inter fazer o que bem quisesseseu estádio. O ge lista abaixo os sete erros cruciais do Santos diante do Colorado. 

Inter x Santos, Vladimir e Valencia — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Faltacombatividade 

Não houve,noventa minutosjogo, um único momentoque o Santos tenha sido superior ao Internacional no Beira-Rio. Depoisquatro boas atuaçõessequência sob o comandoMarcelo Fernandes, a equipe deu a impressãorelaxamento e não ofereceu resistência alguma ao adversário.

Seja na marcação, nos contra-ataques ou até mesmo no jogo faladocampo, o Santos foi passivo no Beira-Rio. O Inter, que praticamente não tevedefesa agredida, fez mais faltas do que o Peixe: 18 a 9 – a maioria delas apenas para impedir o avanço adversário. 

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Dificuldadecontrolar a bola

O meiocampo do Santos esteve inoperante diante do Internacional. Em que pese ter terminado a partida com 49%posse, o número não traduz o que realmente foi a atuação da equipe ao longo da partida. Os 422 passes trocados pelo Peixe foram, emmaioria, entre os zagueiros na frente da própria área.

Tomás Rincón, Dodi, Lucas Lima, e depois Nonato e Rodrigo Fernández sequer chegaram próximosdar ao Santos algum controle do jogo. Encaixotados na marcação do Inter, os meias do Peixe não conseguiram se livrar da armadilha e deixaram a responsabilidade da armação nos pés dos defensores. Foi assim que Dodô e João Basso erraramsaídas que resultaramdois gols do Colorado.

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Falhas individuais 

De longe, o pior do Santos no último domingo esteve nos erros individuais: Kevyson marcou um gol contra, Dodô entregou a bola ao adversário na defesa, Basso quis trabalhar sozinho e foi desarmado na saídabola, e Vladimir sofreu um frango no segundo tempo. 

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Fora os lances que resultaramgol, como os acima citados, o Peixe apresentou outros diversos deslizes ao longo da partida. Para se ter uma ideia, o Santos perdeu a posse da bola105 oportunidades, contra apenas 89 do Inter – que teve mais o controle do jogo. 

Encaixe das peças 

O técnico Marcelo Fernandes apostou na manutenção do 3-5-2 para enfrentar o Internacional. Nos últimos jogos, o sistema tem se comprovado eficiente, porém no Beira-Rio foi uma catástrofe. Sem a intensidade e organização oferecida por Jean Lucas, suspenso, o Santos não teve respiro no meiocampo.

Time do Santos antes do jogo contra o Inter — Foto: Twitter / Santos FC

Peça-chave no esquema por contasua capacidadedrible e infiltração, Soteldo foi substituído pelo parado Julio Furch, que tem como característica a finalização e a imposição na bola aérea. As opções do treinador descaracterizaram a formação coletiva, o que resultouum time perdido e facilitou consideravelmente o trabalho do Internacionalcampo. 

Faltavelocidade 

Com o argentino Julio Furch sendo a duplaMarcos Leonardo no ataque, o Santos ganhou na bola aérea e no jogo físico, mas perdeu força no setor criativo. As opçõesprofundidade estavam concentradasKevyson, pela esquerda, e Lucas Braga, pela direita. A dupla, alémsobrecarregada na marcação, estavaum péssimo dia individualmente. 

Kevyson marcou um gol contra no primeiro lance do jogo e, dalidiante, perdeu a confiança. Lucas Braga, que deixou uma avenida na marcação, não teve fôlego para chegar ao ataque. Quando o Santos precisou, as beiradas do campo não estavam disponíveis. A consequência direta disso foi a quase inefetiva participação dos atacantes no jogo. 

Substituições 

O Santos foi para o intervalo perdendo por 4 a 0 e com vários problemas a serem consertados. Na volta para o segundo tempo, Marcelo Fernandes sacou Lucas Lima, Dodi e Kevyson e mandou a campo Rodrigo Fernández, Nonato e Júnior Caiçara. 

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Na prática, o treinador alterou apenas as peças, mas não o sistema. A marcação na lateral teve uma significativa melhora, porém o meiocampo permaneceu exposto e, pior ainda, com mais dificuldade na saídabola. Na frente, os dois centroavantes permaneceram alheios à partida, enquanto a defesa era bombardeada pelas bolas longas do Inter. Faltou um certo conservadorismo para preservar o clube da goleada. 

Ausênciareação 

Em que pese o fatoo Internacional ter sido superior do início ao fim, o aspecto anímico do Santos foi um grande problema demonstradocampo. Ao sofrer os gols, o time praticamente não reagiu, não esbravejou e não se cobrou um ao outro. O Peixe deu espaços, deixou o adversário propor o jogo, e repetidamente cometeu os mesmos erros. 

Nem mesmo o capitão Tomás Rincón tomou as rédeas durante a partida. O goleiro Vladimir – outro líder do elenco – chegou a esboçar uma ou outra reação com seus companheiros, porém foi empilhando falhas e, aos poucos, perdendo a confiança. 

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