De mascote da Ferroviária à finalista da Copa do Brasil: a trajetóriaDorival Júnior
De volta à Série B do Campeonato Brasileiro após 30 anos, a Ferroviária tem fortes ligações com Dorival Júnior, técnico da seleção brasileira. O atual comandante do Brasil já foi mascotinho, jogador e técnico da equipeAraraquara (SP), cidade distante 250 kmSão Paulo e onde Dorival nasceu.
O treinador desde pequeno frequentou a Fonte Luminosa. Seu pai, Dorival Silvestre, era um dos diretores do clube. Não bastasse a ligação paterna com o time, Júnior, como é conhecido na Morada do Sol, era sobrinhoDudu, ídolo da primeira Academia do Palmeiras, e também da Locomotiva.
Era com o tio que Dorival entravacampo na épocaouro da AFE, no início da década1960. Mesmo após a saídaDudu para o Alviverde, o pequeno continuava a entrarcampo como mascote da equipe. Ele estevecampo na entrega das faixas aos jogadores da Ferroviária, que1968 comemoraram o bi-campeonato consecutivo do interior. A equipe chegaria ao tricampeonato,1969.
As vivências dentrocampo ainda na infância fizeram com que o garoto criasse interesse pelo futebol. Não demorou muito para que ele ingressasse as categoriasbase da Locomotiva e ganhasse chances na equipe profissional.
Ele esteve no elenco da AFE que disputou a TaçaOuro,1983, campeonato que hoje equivale à Série A do Brasileiro.
A passagem no clube da cidade paulista foi curta, mas importante para que o futuro treinador tivesse uma carreira vitoriosa e chegasse a grandes clubes do futebol brasileiro, como Palmeiras e Grêmio.
A Ferroviária vivia um momento muito difícil no início dos anos 2000. Em 2002, a equipe disputava a Série A3 do Campeonato Paulista, e o técnico havia recém-encerrado a carreira como jogador. Ele recebeu uma proposta da Ferroviária para comandar o time na terceira divisão. Foi o primeiro clubeDorival.
No comando da Locomotiva, foram oito jogos, com duas vitórias, dois empates e quatro derrotas. No ano seguinte, quando estava como gerentefutebol do Figueirense, clube que Muricy Ramalho era técnico, assumiuvez a carreiratreinador.
A carreiraDorival Júnior como treinador é bem-sucedida. O ex-atleta conquistou três Copas do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, uma Copa Libertadores, alémdois Campeonatos Paulistas.
Enquanto o treinador crescia rápido, a Ferroviária demorou mais para chegar pertoseus diasglórias. A equipe precisou virar empresa2003 para continuar existindo e só retornou à primeira divisão do Campeonato Paulista com um acesso2015.
A rápida ascensãoJúnior fez com que a possibilidadeo torcedor afeano novamente ver o atleta no bancoreservas da Fonte Luminosa se tornasse um sonho distante.
Gustavo Ferreira Luiz, gerente do MuseuFutebol e EsportesAraraquara, conta que o treinador sempre era especulado para voltar à Ferroviária. Mas com Dorival despontando nacionalmente e comandando clubesponta, a possibilidade ficou cada vez mais difícil.
– Cada vez que a Ferroviária trocavatreinador, o nome dele vinha à tona. Só que ele começou a dirigir times grandes, que a Ferroviária não tinha condiçõescompetir. Foi aí que nós, torcedores, percebemos que ele estavaoutro patamar. A Ferroviária estava subindo, mas ele subiu mais rápido. Agora a AFE continua subindo. Quem sabebreve, numa Série A – indagou o torcedor.
* Guilherme Moro, estagiário, colaborou sob a supervisãoJoão Fagiolo