Conheça as origensAbner
Quando chegou ao Lyon neste ano, o lateral-esquerdo Abner falou da infância tímida e reservada, focada na família. A segunda convocação consecutiva para a Seleção principal mostra que a concentração demonstrada no interior paulista segue gerando frutos. Quem colaborou com esse processo se orgulha e (por que não?) sonha com Copa do Mundo.
A cidadePirapozinho, onde cresceu, tem pouco mais25 mil habitantes e fica localizada na regiãoPresidente Prudente, a cerca600km da capital paulista. O bairro o qual serviucenário para a infância do jogador é o Natal Marrafon, na periferia do município.
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Nele está a escolanível fundamental Ted Teixeira. A unidadeensino municipal teve Abner como aluno2006 a 2010. As lembranças preservadas levam a um aluno quieto, porém muito dedicado dentro da salaaula. Já na hora do intervalo, o menino se soltava nos rachões realizados no pátio.
Hoje auxiliarsecretaria, Maria Aparecida Rocha Nascimento, a Cidinha, atuou no postoinspetora durante seis anos, incluindo o período do atleta da Seleção por lá. A "Tia Cidinha" comandava o "treinamento", muitas vezes no decorrer dos 20 minutosintervalo, sem pausa para o lanche.
– Ele não dava trabalho. Não era muito notado nesta parte,estar envolvido com os demais. Na hora do intervalo, vinha direto brincar com a bola. Não fazia questãocomer o lanche. Ele me chamavatia: "Tia Cidinha, me dá a bola para brincar."
"Tia Cidinha" garantiu que foi uma das primeiras marcações duras encaradas pelo menino, embora ele fosse disciplinado. A atribuição voltada a zelar pela integridade física das crianças fazia a atenção ser redobrada desde o portão da escola.
– Estavatodas, falando para eles: "Cuidado"! Estava sempre atenta.
A professora Adriana Cícera da Silva Escola leva, como pode ser visto, no sobrenome o amor pela profissão. Ela leciona há 32 anos. Em 2006, recebeu o lateral como umseus alunos no primeiro ano do ensino fundamental.
As recordações trazem um menino bastante quieto, mesmo quando terminada a tarefasalaaula. Outro ponto destacado é o empenho demonstrado pela mãe, presente nas reuniões etodo o processo educativo, classificado posteriormente como bem-sucedido.
– Era uma criança bastante tímida, mas muito estudiosa. O que eu mais gostavaver era a participação da mãe, a Cláudia, nos estudos dele. Era muito presente. No primeiro ano, ele estava alfabetizado. Lia muito. Quando terminava, ficava quieto, pegava um livro e ficava lendo. E falava do sonhoser jogadorfutebol.
Principalmente por meio do comércioalimentos da família dela na cidade, Adriana explicou ter contato até hoje com os pais do jogador. A educadora ressaltou os valores religiosos cultivados pelos familiares, também apontados como relevantes para o processocrescimento, além dos esforços.
Rosângela Ferreira dos Santos Cesco é a atual diretora do Ted Teixeira. Ela não dirigiu a unidade durante o tempoAbner na escola, contudo avaliou o histórico do aluno e concluiu que o cenário foi bastante favorável para a disciplina demonstrada atualmente, tema da conversaParis,julho.
– Ele é muito lembrado como um aluno estudioso, dedicado, que gostavajogar bola na hora do intervalo, no pátio. Deixou saudade. Pode conferir as notas, são excelentes. E a família era muito participativa, isso faz a diferença.
Responsável por ser o primeiro lapidador do futebol do lateral-esquerdo, Alex Luís Pereira da Silva também deixou evidente a satisfação ao falar do pupilo. No ano passado, após Abner ser anunciado pelo Betis, da Espanha, o treinador deu detalhes do início, quando o garoto ainda atuava como meia (relembre).
Alex também trabalha como vigilante e segue com o projeto esportivo iniciado há 35 anos. O bate-papo desta vez, assim como com as educadoras, colocoupauta a disciplina a qual conduziu a revelação do Oeste Paulista até a Seleção.
– Não há o que falar dele na partedisciplina. A gente fica orgulhoso, saber que tiramos um garotouma cidadezinha como Pirapozinho para o mundo.
O "garimpeiro da bola", da mesma forma, enfatizou a ajuda da famíliameio aos desafios inerentes ao contexto. Alex conheceu os irmãosAbner, Jean (o mais velho) e Wesley, falecido2020decorrênciacâncer, depoister atuado profissionalmente no futebol. O treinador destacou o pai, Alcides, apontado como o grande apoiador.
– Isso foi determinante, o pai sempre foi o cara que os incentivou. E incentiva até hoje.
Claro que a consideração pessoal interfere, mas o primeiro treinadorAbner usou seus conhecimentos somados no mundo da bola para acreditar que a cria estará na Copa2026.
Independente disso, as educadoras garantem: as sementes já foram lançadas na cidade e novos frutos virãoquestãotempo – e novos esforços.
– É um orgulho muito grande, vendo onde ele está hoje. É um incentivo para as crianças. A gente fica muito feliz ao ver um aluno que passou por aqui estar onde está, e isso pode acontecer com outros – disse a "Tia Cidinha".
– É o desejotodo professor ver seu aluno se destacar – comentou a "prô" Adriana.
– Ele é uma referência. Que sirvaexemplo para os atuais alunos,correr atrás dos sonhos – finalizou a diretora.