Roger Machado: trajetória do técnico eslot eraluta antirracista inspira samba-enredo

Treinador do Inter é personagem da série do Globo Esporte RS "Nossa Voz", sobre o mês da consciência negra

Por Mariana Dionisio, Manuela Ramos, Mylena Costa, Alana Schneider e Andressa Mendes — Porto Alegre


Roger Machado: a trajetória do único técnico negro da Série A

Único técnico negro entre os 20 que comandam as equipes da elite do futebol brasileiro, Roger Machado tem se destacado não apenas pelos seus resultados à beira do campo, mas também pelaslot erapostura firme no combate ao racismo no futebol e fora dele, que acabaslot eraservirslot erainspiração para um samba-enredo.

O técnico do Inter é o segundo personagem da sérieslot erareportagens do Globo Esporte RS "Nossa Voz" Passado, Presente e Futuro", sobre o mês da consciência negra.

– Penso que tivemos evoluções, o país começou a olhar para essa questão. Porém, vejo que os avanços ainda são pequenos. Para mim, o futebol amplifica, cristaliza e aponta o que somos como sociedade – declarou o técnico colorado ao ser perguntado sobre a data recentemente, após a vitória sobre o Fluminense.

"Futebol cristaliza o que somos como sociedade", diz Roger sobre racismo

Jogadorslot erasucesso nos anos 1990, o ex-lateral não costuma esconder suas posições políticas, sobretudo sobre o racismo. Esse seu lado se tornou mais visível quando ele começou a assumir posiçõesslot eracomando como técnico, mas aflorou bem antes, nas conversas com a família, e foi crescendo ao longo dos anos com um hábito que ele cultiva, o da leitura.

Marcelo Carvalho, amigoslot eraRoger e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, organização que monitora e debate casosslot eraracismo no esporte, destaca que a presençaslot eraRoger como técnico negro é uma exceção que confirma uma regra ainda muito presente: a faltaslot eraoportunidades para profissionais negrosslot eracargosslot eracomando.

– O futebol está descobrindo que o racismo não é só quando alguém chama uma pessoa negraslot eramacaco. O racismo está quando a gente olha para os clubes e não vê pessoas negras no espaçoslot eragestãoslot eracomando. Quando a gente não vê treinadores negros. O Roger hoje não é só uma inspiração para quem sonha ser jogadorslot erafutebol, ele é uma inspiração para quem também sonha ser treinadorslot erafutebol, ser gestorslot erafutebol – afirma Carvalho.

As açõesslot eraRoger para mudar essa realidade não se limitam ao discurso. O treinador decidiu apoiar projetos relacionados ao tempo, como o "Diálogos da Diáspora", uma coleçãoslot eralivrosslot eravárias áreas do conhecimento e que busca dar visibilidade a autores negros e indígenas. Já são 28 livros publicados.

– A gente vê cada vez mais alunos negros e indígenas no espaço universitário. E vimos que o mercado editorial não acompanhava essa evolução. Criamos esse projeto para abrir portas para esses futuros autores – explica Tadeuslot eraPaula, professor da UFRGS e amigoslot eraRoger.

Roger Machado e Luiz Augusto Lacerda — Foto: Arquivo pessoal

slot era Inspiração para samba-enredo

Por tudo isso, a trajetóriaslot eraRoger é uma das inspirações para o samba-enredo que a Imperatriz Dona Leopoldina levará para a avenida no carnavalslot eraPorto Alegreslot era2025. A ideia é simples, mas carregadaslot erasignificado: contar a históriaslot erafiguras que desempenharam um papel crucial na luta contra o preconceito racial.

Luiz Augusto Lacerda, carnavalesco da escola e primoslot eraRoger, explica que a escolha do tema "A Cor do Futebol – A Imperatriz Marca um Gol Contra o Preconceito Racial" também reflete a maneira como ele vê o técnico:

— Roger não se curva. É um técnico negro que se posiciona, é um técnico negro que mesmo apanhando o tempo todo, ele não se curva.

Roger terá um lugarslot eradestaque no desfile da escola. É um reconhecimento àslot erapostura e ao seu papel na sociedade, motivoslot eraorgulho para a comunidade negra.

– O Roger, ele deve hoje ser encarado como um lanceiro negro. O posicionamento do Roger é a pontaslot erauma lança. Hoje se faz muito necessário que ele grite. Nós estamos ao ladoslot eraum ser humano ímpar, consciente do seu papel na sociedade, e que é sim motivoslot eraorgulho, não só para os seus próximos, mas para toda uma comunidade negra – conclui o carnavalesco.

Roger Machado, técnico do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional