Scooby e outros surfistas denunciam ameaçasfacçõesmeio aos resgates no RS

Big riders que ajudam a salvar as vítimas das enchentes revelam açõesorganizações criminosas

Por Tomás Hammes — Porto Alegre


Não bastasse os perigos inerentesentrarzonas completamente alagadas, os surfistas que atuam no resgate das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul relatam outra dificuldade: a atuaçãofacções criminosas. Segundo o relatoPedro Scooby, esses grupos têm ameaçado o trabalhosocorristas e voluntários e dificultado a retiradapessoasáreas atingidas.

Gruposurfistas que inclui Pedro Scooby e Lucas Chumbo se une para ajudar nos resgates

O gruposurfistasonda grandes, que está desde domingo no Rio Grande do Sul desbravando as águas com jet-skisbuscapessoas e animais que ficaram presos nas enchentes, conta que muitos socorristas relataram tentativasassaltos, alémprecisaremescolta policial para cumprir algumas missões.

– O primeiro dia foi um grande problema. Falavamassaltosjet-skis. Não conseguíamos resgatar pessoas porque estavam sob domínio das facções. Isso não está sendo falado na mídia. Bairro que falavam: “Não vai para lá, que voltarão sem jet-ski”. Momentos que queríamos tirar as famílias. Tivemos que recorrer à polícia, bote da Polícia Federal, Civil – conta Scooby.

Nesta sexta-feira, Scooby postousuas redes sociais uma foto ao ladoum policial após entrar com escoltauma escola da Região Metropolitana para mais um resgate. "Obrigado por todo apoio desde que chegamos aqui. A equipe dele (delegado Lacerda) que nos deu apoio ao entraruma das escolas que estava tomada pela facção", escreveu.

Scooby posta foto e agradece escolta policial — Foto: Reprodução

Willyam Santana é outro surfista que veio com Scooby ao Rio Grande do Sul ajudar nos resgastes. E assim como o amigo, passou por apurosuma operaçãooutra escola. Ao questionar se existiam vítimas a resgatar no local, avistou um homem armado.

– Perguntei se tinha gente para um cara. Tinha um bote vazio, com uma lona e sem motor. Vieram quatro, umminha direção. Pensei: "Putz, deu merda". Levantou a lona e mostrou os facões. Olhei o (Felipe Cesarano) Gordo e falei “cara, vamos sair agora”. Disse que o Exército estava chegando. Por sorte, chegaram mesmo. Um sacou a arma e pude ver – contou Will.

Na quarta-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou o reforço no policiamento ostensivo, com a chegada da Força Nacional ao estado. O secretário da Segurança, Sandro Caron, afirmou que o foco das autoridades é tanto o combate a saques nas ruas quanto a atuação nos locaisacolhimento. No total, 54 pessoas já foram presas desde o início das operaçõessocorro aos atingidos pelas enchentes.

Pedro ScoobyPorto Alegre — Foto: Tomás Hammes