TorcedoresesccasinoInter e Grêmio usam Gre-Nal como símboloesccasinoredenção após enchente

Adelar e Maria Helena foram atingidos pela enchenteesccasinomaio e reforçam o papel do clássico na reconstrução

Por Arildo Palermo, RBS TV — Porto Alegre


Adelar Marques vai acordar cedo no sábado e rumar para as imediações do Beira-Rio. Torcedor colorado, ele é proprietárioesccasinoum baresccasinofrente ao estádio e sabe que,esccasinodiasesccasinoGre-Nal, a clientela aumenta e é preciso se preparar. Do outro lado da cidade, nos arredores da Arena, a gremista Maria Helena Gonçalves estará ansiosa para mais um clássico na casa do rival. Um Gre-Nal especial, que marca o retorno da rivalidade ao Rio Grande do Sul.

TorcedoresesccasinoInter e Grêmio usam Gre-Nal como símboloesccasinoredenção após enchente

Os dois torcedores não se conhecem, mas têm muitoesccasinocomum. Adelar tem 53 anos. Maria Helena, 69. Um morava no Menino Deus, a outra mora no Humaitá. Dois bairros afetados pela enchenteesccasinomaio.

Como milharesesccasinogaúchos, viram suas casas e negócios tomados pela água. Viram os estádiosesccasinoseus clubes irreconhecíveis. Perderam móveis, documentos e dinheiro. Mas não perderam a esperança, nem abandonaram suas maiores paixões.

– Fui escolhida, assim como um monteesccasinogente, para testar a minha fé – disse Maria Helena.

Maria Helena Gonçalves, torcedora do Grêmio — Foto: Roberto Melo e Rafael Lenz/RBS TV

Figura frequente nas cadeiras na Arena, a professora aposentada precisou deixar seu apartamento às pressas quando a água subiu sem aviso. Pegou alguns objetos pessoais e foi buscar refúgio na casaesccasinofamiliares.

No caminho, viu mães com criançasesccasinocolo com água pela cintura, pessoas usando colchões como barcosesccasinobuscaesccasinorefúgio e sentiu uma tristeza profunda.

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A professora conta que sentiu algo semelhanteesccasinooutras duas ocasiões naqueles dias. Quando a água baixou, voltou para casa e encontrou o quarto decorado com as cores e itens do Grêmio revirado pela lama. E quando passouesccasinofrente à Arena e viu o tamanho dos estragos emesccasinosegunda casa.

– A minha tristeza triplicou. Triplicou porque, para mim, o Grêmio é a minha casa. É a minha segunda casa. Eu tenho uma históriaesccasinoamor com o Grêmio muito grande e a gente se entrelaçou mesmo no barro, na lama e na água – definiu ela.

Maria Helena Gonçalves, torcedora do Grêmio — Foto: Roberto Melo e Rafael Lenz/RBS TV

A relaçãoesccasinoAdelar com o Beira-Rio é tão intensa quanto e com certeza mais antiga. Ele nasceuesccasino6esccasinoabrilesccasino1971, exatamente dois anos após a fundação do estádio.

Lembraesccasinoter ido ver o Inter jogar pela primeira vez aos quatro anos, levado por um padrinho. E conta que daquele diaesccasinodiante o amor pelo Colorado só cresceu.

Foi dentro do Beira-Rio que o comerciante abriu o primeiro baresccasino2017, anoesccasinoque o Inter enfrentou as agruras da segunda divisão. Três anos depois, o empreendimento cresceu e mudou-se para a frente do estádio, na Avenida Padre Cacique.

Adelar Marques, torcedor do Inter — Foto: Roberto Melo e Rafael Lenz/RBS TV

Quando o Guaíba começou a tomar as ruas do bairro, ele temeu pelo pior e usou o CT do Inter como uma espécieesccasinorégua para medir o avanço das águas.

– Lá no Parque Gigante tem uma placa, com a frase O Clube do Povo. Toda hora eu ia lá para ver se a água estava subindo. E essa placa ficou toda submersa. Quando chegou ao clube, eu já percebi. Vai dar problema – pensou.

O comerciante perdeu tudo que tinha no bar. Balcões, cadeiras, geladeiras. Tudo foi levado pela água. Conseguiu salvar alguns alimentos perecíveis, que doou para um asilo próximo ao estádio.

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Entre o que foi destruído e o que deixouesccasinoganhar com o bar fechado durante cercaesccasinoum mês e meio, calcula um prejuízo próximo dos R$ 300 mil. Mas não se abateu. E quando o estádio reabriu no jogo contra o Vasco, no começoesccasinojulho, agradeceu aos céus.

– Obrigado, meu Deus. Obrigado. Foi um momentoesccasinoredenção. Não só para mim, mas também para um ambulante que fica na rua ali. Foi para todo mundo. Eu nunca pensei só na minha barriga, no bar. Nós aqui fortalecemos todos os bares – relatou.

Adelar Marques, torcedor do Inter — Foto: Roberto Melo e Rafael Lenz/RBS TV

Maria Helena também já recuperou a parte preferida da casa e várias das camisas do Grêmio que coleciona com carinho. Mas, assim como Adelar, ainda está reconstruindo a vida aos poucos, com muita fé. A expectativaesccasinoambos éesccasinoque o Gre-Nal possa trazer um poucoesccasinoalegria e ajudar na retomada do cotidianoesccasinomuitas pessoas. E que a enchente tenha deixado algumas lições.

– Eu senti isso quando vi os jogadores dos dois times com as pessoas na garupa, jogadores com jet-ski, jogadores estendendo a mão para todo mundo, independentemente do time. Nós temos que aprender a viver e conviver respeitando as diferenças. Não é muito fácil, mas temos que fazer isso – refletiu a torcedora.

– É um Gre-Nal simbólico para ambos os lados. Depoisesccasinotudo que a gente passou, a gente tem que se unir, sabe? É um recomeço para todo mundo. Gre-Nal é tudo. Gre-Nal é vida – comemorou Adelar.