Globo Esporte faz homenagem aos 100 anoscasa de apostas que pagam no cadastroJoão Cabralcasa de apostas que pagam no cadastroMelo Neto
João Cabralcasa de apostas que pagam no cadastroMelo Neto foi um poeta cuja obra se notabilizou sobretudo pela exatidão com as palavras. Tamanho era seu zelo com os versos que o pernambucano ficou conhecido como o "poeta-engenheiro". A escrita lhe parecia como a lapidaçãocasa de apostas que pagam no cadastrodiamantes brutos - que só se tornam joia preciosa após submetidos a minucioso processocasa de apostas que pagam no cadastrotratamento. Celebrado nesta quarta-feira - o diacasa de apostas que pagam no cadastroque completaria 100 anos - como um dos maiores nomes da nossa literatura, João Cabral quase seguiu outro caminho:casa de apostas que pagam no cadastro1935, enquanto rabiscava as primeiras linhas, ele foi campeão juvenil pelo Santa Cruz.
Era apenas o primeiro vínculocasa de apostas que pagam no cadastrouma relação que marcaria a vida do escritor. Curiosamente, tão afeito ao rigor formal, João Cabral era apaixonado por um futebol mais livre. Dotadocasa de apostas que pagam no cadastroalguma malícia - um espetáculocasa de apostas que pagam no cadastro"gestos harmônicos" e elegantes, distante da supremacia física que começava a se impor enquanto ele ainda escrevia.
João Cabral aposentou-se precocemente como jogador, mas jamais deixoucasa de apostas que pagam no cadastroacompanhar futebol. Ao longocasa de apostas que pagam no cadastrosua vida, o escritor deixou pistas do estilocasa de apostas que pagam no cadastrojogo que apreciava.
Entrevistas e algunscasa de apostas que pagam no cadastroseus poemas servem como fio condutor para entender o João Cabral apaixonado por futebol.
O poeta revelou a história ao jornalista Geneton Moraes Neto, também ele pernambucano,casa de apostas que pagam no cadastroentrevistacasa de apostas que pagam no cadastro1986. João Cabral afirmou que jogavacasa de apostas que pagam no cadastrocenter-half (espéciecasa de apostas que pagam no cadastroembrião do atual volante).
- Descobriram que a minha mãe era fanática pelo Santa Cruz, embora nunca tenha ido a um jogocasa de apostas que pagam no cadastrofutebol. A diretoria do Santa Cruz, então, foi pedir à minha mãe que me fizesse jogar pelo Santa Cruz. Joguei. Disputei o campeonato com o Torre e fui campeão juvenil pelo Santa Cruz,casa de apostas que pagam no cadastro1935.
Como aconteceucasa de apostas que pagam no cadastrouma época já distante, não há imagens conhecidascasa de apostas que pagam no cadastroJoão Cabral jogando. O pouco que restou foi uma única foto - num preto e branco que nem permite identificar as três cores do uniforme do Santa Cruz.
Em reportagem da Folhacasa de apostas que pagam no cadastroSão Paulo,casa de apostas que pagam no cadastro1999, o irmão mais velho, Virgínio Cabralcasa de apostas que pagam no cadastroMelo, então com 81 anos, explicou que João Cabral tinha um estilo próximo aocasa de apostas que pagam no cadastroDunga.
- Era um trator danado, mas era bom jogador, garantia.
Embora promissora, a carreira como jogador não foi adiante. No períodocasa de apostas que pagam no cadastroque ainda começava a se profissionalizar e pagar salário a seus jogadores, o futebol não era sedutor como hoje. Na entrevista a Geneton, João Cabral explica que, além disso, uma famosa dorcasa de apostas que pagam no cadastrocabeça que lhe acompanhou por muitos anos precipitou o fimcasa de apostas que pagam no cadastrosua trajetória como atleta.
O futebol perdeu um jogador. A literatura ganhou um mestre.
O poeta era torcedor do América, tradicional clubecasa de apostas que pagam no cadastroPernambuco que ainda existe - embora tenha deixado o períodocasa de apostas que pagam no cadastroglórias há muito no passado.
Seguidorcasa de apostas que pagam no cadastrouma equipe pouco afeita a vitórias, João Cabral mirava o campo não com o ardorcasa de apostas que pagam no cadastroum apaixonado por um único time - mas com o olharcasa de apostas que pagam no cadastroquem ama o espetáculo.
O poema "o Torcedor do América F.C." explicacasa de apostas que pagam no cadastrorelação com o clube. No breve texto, João Cabral defende que, quando raro, o triunfo é mais saboroso - já que o "desábitocasa de apostas que pagam no cadastrovencer" não cria o que ele chamacasa de apostas que pagam no cadastrocalo da vitória.
O Torcedor do América F.C
O desábitocasa de apostas que pagam no cadastrovencer
não cria o calo da vitória
não dá à vitória o fio cego
nem lhe cansa as molas nervosas.
Guarda-a sem mofo: coisa fresca,
pele sensível, núbil, nova,
ácida à língua qual cajá,
salto do sol no cais da Aurora
Como era também diplomata, João Cabral serviucasa de apostas que pagam no cadastrovários postos na Europa: viveu na Espanha, Inglaterra, França, Suíça e Portugal. Curiosamente, o poeta cerebral e que tinha o rigor como basecasa de apostas que pagam no cadastrosua obra desprezava a faltacasa de apostas que pagam no cadastroflexibilidade dos jogadores europeus.
Para João Cabral, o futebol como "espetáculo bonito" só era praticado pelos brasileiros, como deixa claro no "Futebol Brasileiro Evocado da Europa", cujo primeiro verso dá o tom do que vem a seguir: "A bola não é inimiga como o touro, numa corrida".
O Futebol Brasileiro Evocado da Europa
A bola não é a inimiga
como o touro, numa corrida;
e embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
Não é o utensílio impessoal
sempre manso,casa de apostas que pagam no cadastrogesto usual
é um utensílio semivivocasa de apostas que pagam no cadastroreações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúciascasa de apostas que pagam no cadastromão
É ilustrativo desse tipo particularcasa de apostas que pagam no cadastroapreço pelo jogo bonito o poema que João Cabral dedicou a Ademir da Guia. O ídolo do Palmeiras, afinal, era a antítese do estilo físico que começava a tornar-se regra no futebol: era puro cérebro enquanto os adversários eram só pulmão e pernas.
ADEMIR DA GUIA
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso)
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso,casa de apostas que pagam no cadastrodentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno,casa de apostas que pagam no cadastroandar na areia,
de água doentecasa de apostas que pagam no cadastroalagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
Os versos, publicados no livro Museucasa de apostas que pagam no cadastroTudo,casa de apostas que pagam no cadastro1975, não foram os únicos que João Cabral escreveu sobre um jogadorcasa de apostas que pagam no cadastroparticular. Outro Ademir também foi objetocasa de apostas que pagam no cadastrosua arte: o Ademircasa de apostas que pagam no cadastroMenezes, atacante pernambucano, ídolocasa de apostas que pagam no cadastroSport e Vasco, e artilheiro da Copa do Mundocasa de apostas que pagam no cadastro1950.
Do Queixada , o poeta exaltava a flexibilidade. A capacidadecasa de apostas que pagam no cadastro- recifense como ele - ir do mangue ao frevo sem tropeço.
A Ademir Menezes
Você, como outros recifenses,
nascido onde mangues e o frevo,
soube mais que nenhum passar
de um para o outro, sem tropeço.
Recifense e, assim dividido,
entre dois climas diferentes,
ambidextro do seco e do úmido
comocasa de apostas que pagam no cadastrogeral os recifenses,
como você, ninguém passou
de dentrocasa de apostas que pagam no cadastroum para o outro ritmo
nem soube emergir, punhal, do lento
secar-se dele, vivo, arisco
Talvez o poema que melhor exponha o tipocasa de apostas que pagam no cadastrofutebol que João Cabral gostava seja o Brasil 4 x Argentina 0. Nele, o escritor imagina um futebol livre das amarras dos esquemas táticos.
Ele sonhava com um jogo oposto ao que os críticos viam emcasa de apostas que pagam no cadastroliteruta. Sua utopia era uma partidacasa de apostas que pagam no cadastroque os jogadores subjugavam as regras imutáveis que então já vigoravam no esporte.
Imaginava jogadores brasileiros que tomassem as rédeas do jogo - após quebrarem a chave da gaiola e os quadros negros da escola. E, assim, deixaram os técnicos mudos, mas surpresos.
Brancos, no banco, com medo.
Brasil 4 x Argentina 0
Quebraram a chave da gaiola
e os quadros-negros da escola.
Rebentaram enfim as grades
que os prendiam todas as tardes
Nos fugitivos, é a surpresa,
vendo que tomaram-se as rédeas
(dos técnicos mudos, mas surpresos
brancos, no banco, com medo).
Estão presos os da outra gaiola
que não souberam abrir a porta:
ou não o puderam, contra o jogo
dos que estavamcasa de apostas que pagam no cadastrofora, soltos.
De certo também são capazes
de idênticas libertinagens
uma vez soltos, porém como
se liberar daquele tronco
em que os aprisionaram os táticos
argentinos, também gramáticos.
E enquanto os fugitivos seguem
com a soltura, a sem lei que os regem,
nos bancos é uma a indignação:
dos que vão vencendo e dos que não:
“Voltamos ao futebolcasa de apostas que pagam no cadastroontem?
Voltou a ser um jogo dos onze
Voltou a ser jogarcasa de apostas que pagam no cadastropião?
Chegou até cá a subversão?
Como é possível haver xadrez
Sem gramática, bispos, reis?”